sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Contra importações do império em declínio


Digam que Portugal é um país racista e apouquem com este ou outro epíteto os vossos concidadãos, chegando a considerá-los “deploráveis”. 

Apodem a classe operária de “indivíduos sem qualificações”, já que as pessoas imprescindíveis adoram que as desqualifiquem, e continuem a defender que a universidade é o caminho universal para o sucesso dito meritocrático. Reduzam tudo à velha aposta liberal das “carreiras abertas aos talentos”, até porque não há nenhum problema que não se resolva com educação. 

Apodem de reacionário ou de pior quem ache que tantos trabalhadores sofrem uma pressão concorrencial excessiva, devido à globalização dos fluxos, e de irrealista quem queira recuperar o protecionismo e tornar a fronteira economicamente relevante, por forma a gerar alguma segurança social e a recuperar alguma soberania democrática. Digam que isso equivale à autarcia. Oponham a isso o cosmopolitismo do cidadão dito global. E invistam tudo nos Estados Unidos da Europa, já que a cópia do império liberal pode ser muito melhor do que o original. 

Promovam os “activistas” e secundarizem os militantes, os que nos sindicatos e nos partidos se dedicam ao paciente e disciplinado trabalho de organização, da acção coletiva que persiste no tempo. Elogiem a diversidade pulverizadora, a que culmina na anti-política primeira pessoa do singular. Falem de todas as desigualdades menos da que mais conta, a de classe. 

 Promovam políticas assistencialistas, com condição de recursos, para os “pobres” ou invistam nas quotas para as “minorias”, abandonando a igualdade cidadã e as políticas universais que lhes subjazem, do pleno emprego aos serviços públicos para todos, sem distinções. 

Importem para a vida nacional a perversa retórica minimalista dos “direitos humanos”. Falem dos vossos concidadãos como falam dos refugiados, vítimas sem agência. 

Invistam recursos políticos no apoucamento do patriotismo, promovendo a autoflagelação histórica.

8 comentários:

Geringonço disse...

Invistam em carreiras político-mediáticas a defender o "mais Europa".
Da vossa bolha euro-cosmopolita chamem de deploráveis os milhões que não fazem parte da vossa bolha de privilégio.
Saiam de partidos porque acham que não têm holofotes suficientes direcionados em vocês, criem a seguir um partido(?) para terem mais holofotes, mais palco na comunicação-manipulação social...
Ignorem o problema estrutural da zona Euro, mas também não digam que o problema é do trabalhador, do desempregado, do precário porque como bons euro-cosmopolitas têm que passar a ideia (e apenas isso...) que têm consciência-social e que têm intenções (mentira) em resolver os problemas do povo.

E não se esqueçam de acusar de colaborador anti-semita (uma mentira deplorável repetida na comunicação-manipulação social) um líder de um partido que queria afastar-se da doutrina neoliberal e que não tinha apreço pelo projeto “Europeísta”.
E para acabar com quaisquer ambições anti-neoliberais (através do partido) humilhem ainda mais e suspendam esse ex-líder do partido mentido mais uma vez sobre a conivência anti-semita!

Os euro-cosmopolitas, gente tão boa, tão democráticos...

JE disse...

Por isso é que João Rodrigues é imprescindível neste blog

Anónimo disse...

Excelente post.

JE disse...

De facto João Rodrigues tem também esta qualidade insuspeita.

Põe pimentel ferreira a debitar esta verborreia de pseudo-rebolucionário da treta para ver se passa.

Qual elefantesco cavalo de tróia





JE disse...

Temos assim e segundo o breviário pulitikpo de geringonço que há uns que querem investir em
carreiras político-mediáticas a defender o "mais Europa".
São os investidores da política. O nó górdio passa mesmo por aí. Pelos investidores

Os travestis deste género querem que acreditemos na veracidade dos seus pergaminhos. Depois saem-se com estas preciosidades.

Mas há mais
Diz o sujeito:
"Da vossa bolha euro-cosmopolita chamem de deploráveis os milhões que não fazem parte da vossa bolha de privilégio."

Há uma bolha a chamar de deploráveis aos milhões que não fazem parte da bolha. Um rebulucionário não diria melhor.

Há mais:
"Saiam de partidos porque acham que não têm holofotes suficientes direcionados em vocês, criem a seguir um partido(?) para terem mais holofotes, mais palco na comunicação-manipulação social.."
Tudo é uma questão de holofotes e de palco. Os travestis deste tipo são assim E depois h+a os partidos. E a saída deles

E que dizer desta frase:
"ignorem o problema estrutural da zona Euro, mas também não digam que o problema é do trabalhador, do desempregado, do precário porque como bons euro-cosmopolitas têm que passar a ideia (e apenas isso...) que têm consciência-social e que têm intenções (mentira) em resolver os problemas do povo".

Parece o Zequinha a debitar uma redacção idiota para tentar mostrar que não o é


Vem em seguida o piscar de olhos kulto, com referências a Corbyn, denunciando a canalhice que lhe fizeram.

Pena que mesmo aqui se descaia. Diz ele que Corbyn "não tinha apreço pelo projeto “Europeísta”.
Um dos problemas de Corbyn foi não ter demonstrado mais e com mais veemência esse apregoado afastamento do projecto europeísta.
Tentou manter-se neutral e deixou outros cavalgarem o processo

Mas isto é algo que escapa aos sermões de catequista em busca de certificado com palco atrás

Anónimo disse...

Como descrever este post em duas palavras? Ah já sei, falsa dicotomia.

Anónimo disse...

Falsa dicotomia?

Parece o da fabula. Estão verdes, não prestam

Não gostou da imagem ao espelho, este

JE disse...

Como descrever este post em duas palavras? Ah,já sei, na mouche