terça-feira, 24 de julho de 2018

A memória é um país distante (IV)


«A política é linguagem. Quando a linguagem muda, é também a natureza da política que muda. A brutalização dos actos começa com a brutalização das palavras: estupefação, ressentimento, exclusão, racismo, frieza, criminalização e, finalmente, a política da morte, aceite ou planeada. Tudo o que os seres humanos fazem é preparado por palavras. É disso que hoje se trata, numa escala idêntica ao que se passou há oitenta anos. Em 1938, os representantes de 32 Estados reuniram-se na cidade termal francesa de Evian, entre 6 e 15 de julho, para discutir como poderiam ser distribuídos 540 mil judeus oriundos da Alemanha e da Áustria. A conferência foi um fracasso e, poucos meses depois, durante as perseguições de novembro, muitos judeus foram assassinados, as suas lojas saqueadas e as sinagogas incendiadas. A comunidade dos povos tinha falhado.»

Georg Diez, Monsterworte

Apesar das manifestações de simpatia pelos judeus perseguidos pelo Terceiro Reich, os delegados da Conferência de Evian, em julho de 1938, não chegaram ao acordo que permitiria a sua distribuição e acolhimento nos respetivos países (sendo invocada, entre outras razões, a incapacidade para receber mais refugiados ou os perigos raciais que daí adviriam). Meses depois, em novembro, muitos destes judeus encontravam-se entre as vítimas da Noite dos Cristais.
Em 1979, lembrando a reação de Hitler às notícias sobre a conferência («eu espero que o outro mundo, que tem uma profunda simpatia por esses criminosos, seja realmente generoso e converta essa simpatia em ajuda concreta. Da nossa parte, estamos prontos para colocar todos esses criminosos à disposição destes países (...), em navios de luxo se necessário»), o vice-presidente dos EUA, Walter Mondale, sublinhou o que estava em causa: «vidas humanas e a decência e respeito próprio do mundo civilizado. Se cada nação em Evian tivesse naquele dia concordado em receber 17 mil judeus, todos os judeus que foram vítimas do Reich poderiam ter sido salvos. (...) Evian começa com grandes esperanças. Mas falha o teste da civilização».

23 comentários:

Anónimo disse...

Tenho alguma relutância em acompanhar o seu raciocinio, Nuno Serra. Acaso os paises presentes em Evian foram confrontados com a escolha "ou os recebem os vão para abate "? Supondo que não, e sabendo-se que era de cidadãos alemães que se tratava, sem outra "culpa formada" que não o de serem judeus, que é que poderia levar os ditos paises a considerar que não se estaria primordialmente perante um problema interno da Alemanha ? É que isto de julgar os actores da História depois dela ter ocorrido, é sempre muito mais fácil do que antecipar acontecimentos que em contexto se podem afigurar simplesmente inconcebíveis. Resumindo: não me parece um bom paralelo com o que se estará a passar na actualidade, onde andaremos bem pior do que em Evian, por inúmeras razões.

Alves

R.B. NorTør disse...

Impossível acusar o Nuno Serra de estar a julgar actores da História ex post e acabar com a frase de resumo. Seria bom decidir se o Nuno está a julgar a História ou a estabelecer paralelismos, antes de vir para aí com acusações de tudo e o seu contrário.

Nuno Serra disse...

É isso, caro R.B. NorTør, pretende-se apenas assinalar a semelhança que parece existir entre duas conferências, separadas no tempo por oitenta anos. Nada mais que isto.

S.T. disse...

Os paralelos históricos nunca são perfeitos, apesar de poderem encerrar lições para a acção presente ou futura.

No caso é extraordinário que se considere aceitável que um estado, neste caso a Alemanha nazi se tenha proposto expulsar meio milhão dos seus cidadãos e que houvesse o dever moral de outros países os acolherem. Sobretudo porque não eram refugiados e não tinha havido conflito prévio.

O texto de Mondale é o resultado do colapso de uma aventura imperial e nesse aspecto existe um paralelo muito mais evidente com a situação presente em que uma parte (resta saber que parte) dos supostos refugiados é proveniente de países afectados pelas guerras imperiais americanas no Médio Oriente e em que, na condição de aliados, os estados europeus também têm uma quota de responsabilidades.

É particularmente delicada a situação de afegãos e iraquianos que serviram como intérpretes e outros serviços de apoio à ocupação pelos aliados ocidentais.

O mesmo já não se pode dizer dos imigrantes económicos sobretudo provenientes da África sub-sahariana.

Ainda em relação à conferência de Evian convém lembrar que se os judeus alemães eram só pouco mais de meio milhão, enquanto que as vitimas judias do nazismo foram seis milhões, oriundas de todos os países ocupados pelo nazismo. Portanto, convém colocar as coisas em perspectiva. Isto é, no máximo Evian teria reduzido as vítimas judias em 10%. E os ciganos? E os comunistas? E os homosexuais e opositores políticos do nazismo?

E já agora lembrar que o Sr. Mondale esqueceu convenientemente a vergonha que foi o internamento dos cidadãos americanos de origem japonesa durante a II Guerra Mundial.
Também aqui uma minoria étnica viu vidas destruídas, haveres confiscados, anos de vida perdidos sem qualquer justificação que não fosse o formato dos olhos.

Em suma, a prudência aconselharia a que se fôsse mais selectivo nos paralelos que se traçam para lá de vagas semelhanças.

Já agora, há um outro paralelo que nunca levantou tanta celeuma e no entanto é muito mais gritante, que é o tratamento que as autoridades australianas têm sistemáticamente dispensado ao "boat-people" que tentam migrar para a Austrália.
S.T.

Anónimo disse...

O moralista vê tudo pelo prisma da moralidade! A política e os seus problemas são morais! E ele sabe sempre o que é correcto e tem em si a perfeição moral para julgar os outros. Marx bem se sabe que fugia da moralidade como o Diabo da Cruz, dizendo que a sua política não tinha nada de ideologia moral. É preciso estudar muita coisa para ter um posicionamento político razoável, não chega a fisga dramática da moral! Bem sei que da trabalho estudar... Tenho especial prazer em desafiar esses mundialistas beatos, em doar a maioria do seu capital e rendimento a todas as pessoas em pobreza no Mundo, como um utilitarismo global exige, ou os direitos humanos universais exigem. Perante este desafio descem à Terra, e a sua auto-imagem de perfeição moral, com que assediam os outros, relaxa por momentos. Já reparei que o Nuno Serra é o moralista de serviço aqui no Blog, por isso questiono o que pretende fazer face à insustentabilodade da população mundial actual, em que 1,6 terras são consumidas actualmente, e a população continua a crescer! O que lhe diz o seu moralismos arrebatado sobre este facto científico (sim é preciso estudar para o saber)? O moralista resolve problemas de extrema complexidade com a sua fisguinha moralista simplória... Isto não é forma de fazer política a sério!

Jose disse...

As palavras de violência nem sempre significam que se convertam em acção violenta. O fim violento tão desejado à burguesia só a multiplicou.

Quanto ao acolhimento de indesejados a questão é saber-se se os indesejados são candidatos a integrarem-se nos destinos de acolhimento ou a aí se comportarem como colónia relativamente autonomizada. Está na moda nunca se discutir esta alternativa como se fosse irrelevante.

Quanto ao acolhimento de refugiados há que saber se a sua aceitação é condicional - em função da condição que a originou - ou definitiva. Tudo se trata como se fosse definitiva e sem excepção para os descendentes que nasçam no destino de acolhimento.
Acresce que, à sombra de uma solidariedade que pressupõe uma aceitação cega e incondicional, aos perigos na origem se associam os perigos no trajecto como razão igualmente legitimadora do direito ao acolhimento.

Todo o excesso gera excessos.

S.T. disse...

A crença infundada nas abolição das fronteiras é um dos erros mais perniciosos e perigosos do cardápio neoliberal e globalista.

Acho uma certa graça que pensadores como Elon Musk advoguem que a humanidade se deve expandir para Marte até por uma razão de segurança. Ter uma espécie de backup off-site para se algo correr mal dar à humanidade um hipótese de recomeço.

Claro que a ideia esconde uma outra, que é a de fornecer um meio de sobrevivência a quem tenha dinheiro para o pagar em caso de ameaça global à sobrevivência planetar. Isto é, os mais ricos escapam e os outros f_._._m-se.

Ora, a primeira linha de defesa para a sobrevivência da humanidade enquanto espécie é a sobrevivência dos ecosssistemas básicos da nave espacial Terra.

Segunda linha de defesa é o número. Quanto mais formos e mais diversa a nossa capacidade de sobrevivência em habitats hostis melhores são as possibilidades de que um ou outro grupo sobreviva a uma catástrofe.

Terceira linha de defesa, esta mais ligada à civilização, é a redundância dos sistemas.
Ao contrário de outros eu vejo as divisões civilizacionais como vantajosas do ponto de vista da resiliência. Se a Rússia ou a China tiverem sistemas de organização e de produção tecnológica independentes das ocidentais, na eventualidade de uma catástrofe global que atinja um dos blocos, os outros podem mais fácilmente recuperar porque em termos sistémicos são redundantes uns em relação aos outros.

Claro que em caso de conflito nuclear generalizado é duvidoso que por mais enterrado que alguém esteja consiga sobreviver. Mas no caso de um asteróide ou de uma erupção, de uma epidemia ou de um supervulcão a redundância que os blocos proporcionam pode ser preciosa.
S.T.

S.T. disse...

A crença infundada nas abolição das fronteiras é um dos erros mais perniciosos e perigosos do cardápio neoliberal e globalista.

A teoria das zonas monetárias óptimas deveria poder ser usada para criar localmente as condições para um desenvolvimento mais rápido e mais centrado nas vantagens e constrangimentos locais. A experiência ensina que os grandes espaços monetários mais fácilmente criam choques assimétricos que prejudicam regiões umas em relação às outras. A divisão em zonas mais pequenas privilegia a adaptabilidade e o equilíbrio. E converter uma moeda noutra com o advento da informática é ridiculamente simples.

Sabe-se por exemplo que o Franco CFA através do peg que mantém ao euro é um factor de atraso de crescimento para os países que o usam. Esses países cresceram menos que os outros países africanos e a razão é simples: Como a moeda não é adequada às condições económicas dos países que a usam favorece as importações de bens em detrimento da exportação de produtos locais. Isso é excelente para as elites compradoras locais que vivem da distribuição e consumo das importações mas é claramente um travão à instalação de indústrias exportadoras nesses países e ao seu desenvolvimento em geral.

Não é pois de espantar que uma boa parte dos imigrantes que arriscam a vida no Mediterrâneo seja oriunda de países da área do Franco CFA. Quem quiser entender que entenda.
S.T.

S.T. disse...

E voltando ao post do Nuno Serra há que introduzir alguns elementos de precisão.

O primeiro é que Evian não teria resolvido o problema de 90% dos judeus que sucumbiram no Holocausto. Não quer isto dizer que 10% de um povo seja despiciendo mas a verdadeira solução seria a contenção do nazismo e não as tentativas de apaziguamento que foram feitas entre outros por Chamberlain.

Novos papéis revelam episódios esquecidos do prelúdio da guerra:

https://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/europe/russia/3223834/Stalin-planned-to-send-a-million-troops-to-stop-Hitler-if-Britain-and-France-agreed-pact.html

Outro ponto de consideração é que o grau de preparação dos soviéticos na altura era baixo o que deve ter pesado na decisão do pacto de não agressão Molotov-Ribbentrop.

Voltando também a Mondale, estranha-se tamanha preocupação humanitária com os refugiados vietnamitas pró-Saigão depois de anos de bombardeamentos indiscriminados do Vietnam em todas as modalidades possíveis: Em "tapete", com napalm, com quimicos como o agente laranja, etc.

Aquilo que se pode dizer é a velha frase, "Ai dos vencidos!". E isto independentemente do campo em que se situem.

Agora tirar dos exemplos citados ilações moralistas para a presente situação dos imigrantes no Mediterrâneo é assim um bocadinho "a esticar".
S.T.

S.T. disse...

Para os números das populações judaicas antes e depois da II Guerra consultar:

https://www.ushmm.org/wlc/en/article.php?ModuleId=10005161

S.T.

Anónimo disse...

"O fim violento tão desejado à burguesia só a multiplicou".?

Tem graça, é a ( grande) burguesia que exerce uma selvagem violência sobre os demais

Temos como exemplo, o exemplo do próprio jose, que em Dezembro de 2014, em pleno consulado pafista/troikista se expressava assim ameaçando todos os que não lhe respeitassem a ordem nova da direita europeia:

"Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios."

Anónimo disse...

"Quanto ao acolhimento de indesejados a questão é saber-se se os indesejados são candidatos a integrarem-se nos destinos de acolhimento ou a aí se comportarem como colónia relativamente autonomizada"

Isto é uma auto-critica à forma como os colonialistas se comportaram como colónia autonomizada, impondo uma aceitação incondicional definitiva? Tudo se tratando como se fosse definitiva e sem excepção para os descendentes que nasceram no destino de acolhimento imposto?

Não se sabe todavia os perigos do trajecto dos colonos. Terão também sido invocados como razão igualmente legitimadora do direito do acolhimento forçado?

R.B. NorTør disse...

Caro S.T., quanto vale uma vida humana? É que a pergunta era tão válida há oitenta anos como o é hoje. É que se só 10% é que se salvavam, então era a mesma coisa fazerem algo ou não? E se há oitenta anos os nossos avós não haviam sido ainda confrontados com a automatização do mal absoluto (ou com 70 anos de paz relativa), poderemos nós alegar tamanha, vá lá, atenuante?

S.T. disse...

Talvez eu não tenha sido suficientemente claro.

10% claro que não seria despiciendo, mas a questão já acima posta por outrem: "ou os recebem os vão para abate" foi ou não posta aos delegados da conferência de Evian?

Aponto no entanto que a táctica de apaziguamento seguida entre outros por Chamberlain se revelou desastrosa. Evian era claramente um dos elementos dessa táctica de apaziguamento.
Como o foi a entrega dos Sudetas.

Recordo o discurso de Churchill no Parlamento Britânico em 19 de Maio de 1939:

"Winston Churchill, made a passionate speech where he urged Chamberlain to accept Stalin's offer: "There is no means of maintaining an eastern front against Nazi aggression without the active aid of Russia. Russian interests are deeply concerned in preventing Herr Hitler's designs on eastern Europe. It should still be possible to range all the States and peoples from the Baltic to the Black sea in one solid front against a new outrage of invasion. Such a front, if established in good heart, and with resolute and efficient military arrangements, combined with the strength of the Western Powers, may yet confront Hitler, Goering, Himmler, Ribbentrop, Goebbels and co. with forces the German people would be reluctant to challenge."

Se se der ao trabalho de ler o artigo do Telegraph de que dou o link verá que nesse aspecto Stalin estava muito mais consciente do que os seus homólogos ocidentais de que o nazismo teria que ser contido pela força das armas.

E se se pergunta quanto vale uma vida humana também é legítimo perguntar-se se umas vidas valem mais ou menos que outras, porque mortos civis na II Guerra foram entre 21 a 25 milhões. Só a União Soviética contou 4,5 milhões, de acordo com a wikipédia:
https://en.wikipedia.org/wiki/World_War_II_casualties

https://en.wikipedia.org/wiki/World_War_II_casualties#Non-Jews_persecuted_and_killed_by_Nazi_and_Nazi-affiliated_forces

Por outro lado, é de uma hipocrisia sem limites a utilização que Walter Mondale fez do insucesso de Evian, pelas razões que apontei.

Tal como é de uma hipocrisia sem limites a preocupação humanitária de governos que colaboraram activamente na desestabilização e destruição dos países donde são originários muitos dos refugiados.
S.T.

Anónimo disse...

Muito bom este link de ST

Jose disse...

A última convenção subliminar que a esquerdalhada adotou para evitar ter de se ater a uma realidade que nega os seus pressupostos é amalgamar factos vagamente similares em momentos historicamente diferenciados em crenças, poderes e tecnologia.

A África despeja-se na Europa? Pois há uns duzentos anos atrás não houve europeus que se estabeleceram em África?
Há que acolher todos os que se atiram ao mar. Pois não havia uns portugas que podiam ir para África, assim tivessem uma carta de chamada?
E por aí fora num cena trafulha que tem a pretensão de que se lhe chame dialética!

S.T. disse...

Já que estamos com a mão na massa de refugiados e imigrantes, proponho a leitura de um artigo basto interessante da Social Europe:

"Meeting The Migration Challenge And Reforming Capitalism Through Mutual Solidarity"

https://www.socialeurope.eu/the-migration-challenge-and-reform-capitalism-through-mutual-solidarity

A meu ver padece de uma dose talvez excessiva de ideias utópicas, mas em muitos pontos faz uma análise correcta das questões da imigração e dos refugiados.

Alguns excertos, como aperitivo:

"When Merkel flew to Turkey, what was the deal? “You take one, we’ll take one back,” as if the currency is, “We don’t want these people. You take them, and we’ll take some of the people you don’t want.”

That is both a disgusting formulation but absolutely misses the opportunity that we can make the global economy work in the interests of the most desperate people on earth, which are the refugees displaced from their homes."

"90% of my time is working with African governments, and their nightmare is that their young people are starting to get this narrative that hope lies in getting out. I’m working with the Governor of Ghana – very fine government; President, Vice President, Finance Minister, very good, better than most of Europe’s top three. Ghana is growing at 9% (last year). They’re doing a good job.

There’s no way that the Government of Ghana can create economic opportunities that are better this year than getting a job in Europe – no way. That doesn’t mean we’ve got a right to lure the brightest and best young Ghanaians to Europe. They’re needed in Ghana.

Inadvertently, people think that they’re performing some great [morally noble act by saying, “Welcome to Europe,” luring bright young people away from their real obligations and opportunities within Africa, to come and lead frustrated lives on the streets of Rome, which is what the reality is."

"Africa needs jobs by the million. Instead, we’re luring Africans by the thousand to get into boats. That is deeply irresponsible and unethical because, once Africans get to Europe, they discover the reality, but they’re trapped because to go back and face your friends is to be humiliated."

"What Africa needs is empowered production, not entitled consumption. It doesn’t need our charity, it needs our firms."

"Instead what happened was we got less than 5% of Syrians moved to Germany, but highly selectively. Who moved to Germany? Young, well-off men, so approximately 40% of all the Syrians with university degrees are now in Germany.

40%?

So, less than 5% of the population but around 40% of graduates. Exactly the people who will be needed to rebuild Syria. This is so irresponsible it needs to be called out."

"We should start by saying: “What will a sustainable policy look like?” I believe that we can very rapidly build a very broad consensus, across both the left and the right, on what a sustainable policy will look like.

A sustainable policy will, I think, have three features. One is it will be ethical. It will meet our ethical duties towards refugees and towards the people in poor countries who desperately need credible hope. They need opportunity."
S.T.

Anónimo disse...

"A última convenção subliminar que a esquerdalhada adotou para evitar ter de se ater a uma realidade que nega os seus pressupostos"?

Deixemo-nos de tretas. A realidade nega os pressupostos da esquerda.

Só confirma os pressupostos da direita que berra em processo de vingança e de ameaça:
"Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios."

Anónimo disse...

"A África despeja-se na Europa? Pois há uns duzentos anos atrás não houve europeus que se estabeleceram em África"?

Há duzentos anos? Então o colonialismo não persistiu durante bem mais tempo?
E como foi o acolhimento destes europeus, candidatos a integrarem-se nos destinos de acolhimento feitos estabelecidos em África?

Terão também sido despejados, nesta linguagem de despejos quase poética?

Anónimo disse...

"Pois não havia uns portugas que podiam ir para África, assim tivessem uma carta de chamada?"

A carta de chamada enviada pelo regime de salazar, para os portugueses irem matar e morrer em África?

Anónimo disse...

"E por aí fora num cena trafulha que tem a pretensão de que se lhe chame dialética!"

Quem é que chamará dialéctica à cena trafulha?
O único que diz isto é o próprio jose

Saberá o que é dialectica?
Trafulha sabe com toda a certeza. Cenas também. Mas isto assim dito deste modo?

Mas não haverá por aí alguma alma caridosa que lhe explique que esta coisa de juntar palavras em jeito de mantra religioso, dá apenas para uma boa gargalhada?

S.T. disse...

Que não me levem a mal este apontar meticuloso de erros de análise que autores como o Nuno Serra de boa-fé porventura cometam.

Eu, mais do que ninguém percebo como descobrimos que as fontes de informação que considerávamos fidedignas se revelam inquinadas e aquilo que em boa-fé acreditávamos ser excelente afinal é uma mistificação. E se por vezes trago pontos de vista "heterodoxos" ou desafiadores é porque eu próprio por vezes também já me debati com a perplexidade e a sensação de ter sido ludibriado por angélicas intenções.

O ponto de interesse é pela reflexão percebermos um quadro mais vasto em que alguns elementos novos lhe mudam completamente o significado.

Já tinhamos por exemplo percebido até que ponto é uma exploração ao nosso país o UK atrair a quase totalidade dos enfermeiros que as universidades portuguesas produzem. A coisa vai ao ponto de o UK quase não formar enfermeiros. Simplesmente não precisa!
Claro que há aqui interesses conflituantes: A vantagem pessoal de quem vai agarrar um bom emprego lá fora mesmo se isso seja péssimo para o país que nele investiu.

Significativamente o entrevistado do artigo da Social Europe fala dum caso semelhante:

"You know, his friends – other Sudanese doctors in Britain – think he’s crazy. There are more Sudanese doctors in London than in the whole of the Sudan. It’s an ethical disgrace that Britain has run a health service in which it’s recruited Sudanese doctors rather than train doctors here. Britain has three of the top ten universities in the world. Africa doesn’t have any. The idea that we need African-trained doctors is absurd. Africa needs British-trained doctors."

E já agora confirma-se que os refugiados sírios que vão parar à Alemanha são aqueles com mais formação, tal como eu tinha previsto num comentário algures lá para trás.

S.T.

Anónimo disse...

Aprender sempre. Reflectir de olhos abertos
E agir com cabeça