quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Vencer o medo que nos paralisa

 
Chegou a hora de, finalmente, a sociedade portuguesa perceber que o Tratado Fiscal Europeu, ao travar a política que em escala adequada nos poderia salvar do desastre, fará de Portugal um país de emigrantes, envelhecido, pobre e definitivamente periférico. Não foi este o projecto europeu a que Portugal aderiu em 1986, mas não é uma alternativa responsável ficar à espera das eleições alemãs de Setembro, ou da quimera de uma Europa federal e democrática, para sabermos se o país pode ser salvo.

Uma alternativa viável e portadora de fundada esperança existe, embora a maioria da população ainda tenha medo dela. À direita e à esquerda, são muitos os que infundem o medo enunciando as calamidades que ocorreriam se deixássemos o euro. Uns dizem que não haveria dinheiro para salários e pensões na função pública – o que é falso, porque seria possível emitir moeda para cobrir o défice primário (défice sem juros) sem qualquer risco de hiperinflação. Outros lembram que uma grande desvalorização corresponderia a uma perda equivalente no valor das poupanças – o que é falso, porque elas apenas seriam penalizadas por uma subida dos preços através dos produtos importados, portanto numa escala muito inferior. Outros ainda dizem que os bancos iriam à falência – o que é falso, porque o estado deveria nacionalizá-los para garantir os depósitos e preservar o seu funcionamento, pelo menos enquanto gere a reestruturação da sua dívida externa. Os argumentos contra a saída do euro, muitos deles revelando ignorância e má-fé, têm livre curso na comunicação social, enquanto os argumentos a favor são quase um tabu. Para sairmos desta crise vamos ter de vencer o medo que nos paralisa.

(Do meu artigo no jornal i)

9 comentários:

Os desempregados arrombavam-te a casa disse...

Agente tá habituada a arrombar as casas das élites desde o escudo a cinco cêntimos de dólar e o escudo a meio cêntimo apenas 4 anos depois...
Aqui só escapou a casa do juiz, porque era ele que comprava o ouro.
Agora com IP's e mais fácil.
Dantes vendiam-se os Amstrads e os Wang e 286 para Angola e Guiné-Bissau.Agora equipamento em segunda mão a 30 euros por PC, só mesmo prá sucata.

Anónimo disse...

É uma boa solução, o Yene desvalorizou já mais de 15% e os assalariados jovens aumentados em 1%, a 10 mil ienes ao dia, nem reclamaram.Não podem é comer atum, mas comem só menos 2 macdonalds em 100.
É ir ver o preço do BigMac em 27 de Dezembro e em 4 de Janeiro.
10 mil ienes ao dia eram quase 120 dólares, agora são?
Sou muito mau a fazer contas.

João Carlos Graça disse...

Olá, Jorge!
"Portugal fora do Euro, já!"
Chega de palhaçadas. Basta de palavras ocas. Basta de punhetas a grilos, que é ao que corresponde toda esta contestação de rua, nos media, etc., que quando chega ao momento da verdade volta para trás e se encolhe, e diz que devemos confrontar a Troika e a "UEM", sim, mas "por dentro", e patranhas semelhantes.
O BE alinha em meter medo ao povão, dizendo-lhe que se se libertasse das hienas seria ainda pior, etc.; o próprio PC fecha-se em copas e a maior parte do tempo assobia para o lado.
Dos outros já nem falo, claro. São um trio pior que patético, todos no bolso de Don Corleone e dos outros Banksters que mandam nisto: os senhores da terra.
É uma tristeza. Este país, todo este povo está a ser dizimado, vai ser ainda muito mais chacinado aos magotes e as elites políticas, mesmo as de esquerda, não são capazes de articular um bê-á-bá mínimo de estratégia viável, que permitisse pensarmos em sair disto com vida.
Todos, claro. Como nação, como povo. Não na modalidade do "salve-se quem puder" em que nos vamos cada vez mais afundando...
Que é basicamente aquilo em que estamos, com o povão cheio de medo de "sair do Euro", e uma elite política - de esquerda, também essa, ou sobretudo essa - que lhe diz que sim senhor, que tem de refilar, sim, mas "cá dentro", porque sair realmente seria o apocalipse, a catástrofe, o fim-do-mundo-em-cuecas, etc.
A maior parte das vezes, confesso, acho que isto tudo está tão bloqueado, que só me apetece adormecer e voltar a acordar apenas daqui a dez anos, quando toda esta estupidez criminosa objectiva ou subjectivamente responsável, objectiva ou subjectivamente cúmplice, que hoje ocupa a cena política portuguesa, tivesse sido varrida, e de vez.
Não sei bem como, confesso.
Mas é a verdade. É mesmo o que sinto, desculpa lá.

R.B. NorTør disse...

Nao concordando com a saída do Euro e/ou da UE, concordo na íntegra com este artigo.

De facto, o projecto Europeu que vivemos nos dias de hoje apenas guarda uma breve semelhança com o que nos foi prometido e sendo assim devia-se, no mínimo, falar mais abertamente sobre a possibilidade de sairmos de um ou do outro, ou ainda de ambos.

Anónimo disse...

Cristalino.! e, claro, apoiado.

Anónimo disse...

Amigo Bateira:
Há alguns anos atrás, alguém disse: "há mais vida para além do deficit" - tinha razão, pois, actualmente estamos a gozar a boa vida que há além do deficit.
Com o aprofundar da crise vai haver muita gente dizer o mesmo do Euro - é tentador voltarmos a ser "donos" da nossa moeda.
.....
Mas, amigo Bateira: será assim tão fácil sair "unilateralmente" do euro, "pagando em escudos" as dividas aos nossos credores externos?
Será que estes credores não poderão depois decidir unilateralmente fechar os seus mercadores às nossas exportações/importações?
Será que a nossa saida "unilateral" não irá colocar toda a zona euro em risco?
Será que depois da saída, continuaremos a receber fundos comunitários? - cerca de 3.000 milhões anuais, aprox.2% do PIB.
Serão assim tão pequenas as perdas dos forretas dos depositantes?
Será que....(fico por aqui - muito mais haveria que questionar).
......

Jorge Bateira disse...

Caro anónimo (24 Fev, 21:36)

As suas dúvidas têm resposta aqui:

https://docs.google.com/file/d/0B00H3y0k3iMSbVpraktwT2hocjg/edit?pli=1

Lembro também que, a par da situação em Portugal e pelas mesmas razões, a degradação financeira, económica e social da Grécia e da Espanha sugerem que vários países acabarão por deixar o euro.
Cumprimentos.

Fuga de Capitaisa disse...

Acabarão e nem por isso ficarão melhor pois dependem de importações para manter a economia a funcionar

Anónimo disse...

De resto, quem vai investir em Portugal se daqui a uns anos se pode comprar o país por metade do preço ou menos.