sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A aposta alemã?

Segundo o The Guardian de hoje, o governo alemão parece não estar muito interessado em participar no plano de salvamento da economia grega avançado pelos franceses. Será que os gregos terão que recorrer ao FMI? O governo grego encontra-se numa situação em que aceita as normais condições impostas por esta organização (cortes na despesa, aumento dos impostos, reformas no sistema de pensões, etc), sem beneficiar de qualquer empréstimo. No mínimo, paradoxal.

Entretanto, esta manobra do governo alemão mostra bem quais as intenções. Finalmente conseguirão o que tentaram nos anos noventa. Uma união monetária sem os países do sul da Europa. Está na altura de estes começarem a articular as suas posições políticas no seio da UE. Caso contrário, podemos começar a pensar o que fazer num potencial cenário de saída do euro.

3 comentários:

CCz disse...

Agora é tarde de mais, com as novas regras de decisão o Kentucky tem mais força nos EUA do que Portugal na UE.

Luís disse...

A Alemanha diabólica, a França boazinha... e em Portugal, o movimento redentor!

Esta tanga da economia política; esta tanga das promessas que se cumprem a si próprias; todas estas tangas.. toda esta boa ideologia de classe média!

Agora a sério; a Alemanha está tão refém da situação como o estão a Grécia, Portugal ou a Espanha. Não pode deixar reconhecer a falência dos mesmos, porque a seguir ia ter que salvar o sistema bancário interno; não os pode expulsar do euro... porque ao fim ao cabo ia ter que fazer a mesma coisa.

É preciso que os senhores percebam que a dívida vai-se tornar o peso morto das economias do Sul. Objectivamente não lhes vão restar muitas opções: ou a UE organiza uma forma de reescalonar e/ou abater parte da dívida (o q envolveria a passagem de todos os títulos que os sistemas bancários detêm sobre estes países - divida publica e privada - para um holding estatal e o exercício de condições por enparte do BCE de uma taxa de juro sobre essa dívida entre 1-2%); ou então esses países podem simplesmente repudiar a dívida e refazer as suas bases de acumulação para os dia seguintes.. ao fim ao cabo a infraestruturação social está quase feita.

Claro q a primeira solução exigiria uma rasgo de inteligência (o q certamente não se consegue entregado a supervisão ao Vice Constâncio...); e a segunda exigiria coragem e inteligência contra o imperialismo. Como a primeira é menos exigente, é melhor apostarmos todos nessa...

Mas ainda ficamos com um problema.
Qual o nível de dívida que os países do Sul conseguem, ao nível de concorrência actual, suportar? Zero ou nicles ou muito pouco. Nas condições actuais, históricas de produtividade e concurrência capitalistas os países do Sul são loosers em quase toda a linha: inserção dependente, desindustralização precoce, ausência de grupos empresariais internos de fomento da produção em sectores chave da estrutura de despesa da população portuguesa.

Na ausência de um saldo líquido de acumulação interna positivo (Daniel Gros) a mecânica do endividamento vai continuar a verter o capital/poder de compra para as mãos dos do costume: banca, classe média do Estado, monopólios naturais e respectivas entourages.

Assim reza "o espírito do tempo"! (fabrico alemão, por sinal)

Luís disse...

É uma questão de solvência; de procura solvente (Fraçois Perroux - O Capitalismo). Antes da procura outra.. como é q se chama.. sim... procura efectiva, "efectiva", que é uma coisa muito British, ainda vou preferindo a outra; Madame Curie me permita, mas hoje a metáfora é sua.