sexta-feira, 20 de junho de 2008

Educação em debate

O Público de ontem (acesso limitado) dá notícia de um comunicado da Sociedade Portuguesa de Matemática sobre as provas de aferição onde se diz o seguinte:

«Não é credível que as negativas tanto no 4.º quanto no 6.º tenham caído este ano para menos de metade por os alunos terem melhorado extraordinariamente as suas capacidades matemáticas de um ano para o outro.»

Será mesmo assim? Estará o Ministério da Educação de facto a "trabalhar para as estatísticas"?

Tendo em conta que a Educação tem sido um dos sectores mais polémicos deste Governo, vale a pena participar na discussão que a Opinião Socialista (PS-Porto) realiza amanhã no auditório do Instituto Superior de Serviço Social.

15 comentários:

MFerrer disse...

Apenas uns tontinhos e irresponsáveis é que consideram o Ministério da Educação responsável pelos conteúdos dos exames.
A função destes senhores é completamente autónoma e responsável!
Chega de mentir e de agitar contra quem conseguiu transformar já a Educação neste País!
mais trabalho de profs, de alunos, de pais e da comunidade!
Mais aulas de substituição , mais equipamentos modernos nas escolas, mais escolas topo de gama, mais formação para os profs...
Haja respeito!
MFerrer

João Dias disse...

As opiniões que tem chegado do meio profissional docente é que de facto está a decorrer uma "engenharia estatística". Os próprios alunos sentem que este período pré-eleitoral se vai reverter em facilidades. Tudo o que se passou nas escolas não aponta para estes resultados, professores que se queixam de neste ano ter sido subtraído tempo para leccionar, em virtude da trapalhada burocrática da preparação para o regime de avaliação. Quem estuda a evolução da educação, dos resultados garante que este "sucesso" de um ano para o outro não é credível, sou obrigado a concordar, não porque não acredite nos alunos, mas porque efectivamente não aconteceu nada na escola que justifique esta súbita mudança, e mesmo que houvesse melhorias não se reflectiam assim massivamente de um ano para o outro. Uma Ministra da Educação não deve recorrer ao populismo e demagogia com tanta frequência, tentando criar um clima divisionista e estupidificante, insinuando que quem não acredita nestes resultados não acredita nas qualidades dos alunos.

MFerrer disse...

Você nem nos professores acredita!
Menos ainda no trabalho. Apenas reproduz lugares comuns fora da realidade. E a realidade está aí: Na esmagadora maioria das escolas o ano lectivo, apesar de toda a agitação, decorreu com elevação. Essa de justificar menos tempos lectivos porque os profs andavam em passeatas, é de mestre.
Coitados, não os deixaram trabalhar!Perdão, passear!
Se os resultados são bons , é pq os exames são fáceis. Se são maus, é pq a ministra não presta.
Se os alunos aprendem e trabalham é pq há um clima de medo e de perseguição nas escolas, se os alunos batem nos profs e estes não se dão ao respeito, a culpa é da Ministra.
Mas vc não se envergonha de tão pouca massa cinzenta ???
E que tal uma visita a uma escola que funcione?
Onde o C.Directivo tenha prestígio e se faça respeitar? Onde os professores exigem continuar, ano após ano?
Onde a integração na Comunidade seja um facto e não uma bandeira ao vento?
Onde os materiais e a propriedade pública sejam estimados?
Onde a biblioiteca seja um ponto de reunião habitual?
Onde os funcionários sejam respeitados?´
Onde os profs não faltem?
Onde os resultados dos exames sejam normais e onde não há abandono escolar?
Conhece?
Pois eu conheço !
É uma escola Pública, melhor, até é, um Agrupamento Vertical em Território Educativo de Intervenção Prioritára, situado em zona muito carenciada e nos arredores de Lisboa. Não conhece, não é?
Só conhece as notícias dos jornais que primam pela reprodução da miséria e do negativismo nacional.
?Só conhece Colégios Privados onde a liberdade perdeu há muito a competição para o autoritarismo. Onde a inclusão social é zero. Onde a única expressão é o egoísmo individualista e onde os profs estão todos a recibo verde, sem vínculo, e que nnem piam sobre o que lhes mandam fazer.
MFerrer

João Dias disse...

Eu não costumo responder a comentários de baixo nível, mas...

Saiba que tenho extrema proximidade com professores, a minha família próxima exerce, portanto você dizer que eu não acredito em professores cai-me em saco roto. Não vale a pena tentar inverter o paradigma, quem não acredita nos professores não sou eu, é quem constantemente age em contra ciclo à vontade dos mesmos, é quem ignora as opiniões desses mesmos profissionais, foram estes mesmos profissionais que levantaram dúvidas em relação à qualidade dos exames.

Não vale pena também fazer o contraponto com a minha opinião como se eu fosse um defensor do ensino privado, porque não sou, embora isso possa dar muito jeito para a sua pseudo-argumentação contra um pseudo-ataque à escola pública.

"Essa de justificar menos tempos lectivos porque os profs andavam em passeatas, é de mestre."

Convém ler o que eu escrevo, caso contrário corre sérios riscos de não me estar a responder a mim, mas um figurino que a sua imaginação tratou de criar à medida pequena dos seus argumentos.
Na realidade eu disse:

"professores que se queixam de neste ano ter sido subtraído tempo para leccionar, em virtude da trapalhada burocrática da preparação para o regime de avaliação."

Não disse que os professores andaram em passeatas, e nem sequer foi eu que o disse, foram os professores, que tiveram imenso trabalho a preparar as escolas e os seus regulamentos para este novo sistema de avaliação e da polémica figura do Director. Ou seja, eu disse o contrário do que você disse que eu disse, eu disse que estes trabalharam imenso, de tal forma que perderam tempo para aquilo que é fundamental...leccionar.

"Só conhece Colégios Privados onde a liberdade perdeu há muito a competição para o autoritarismo."

Este ministério ao criar a figura do Director, foi precisamente para recuperar uma figura de autoridade, veja lá se aprecia assim tanto o trabalho deste ministério da Educação.

Repare que os professores e sindicatos de professores criaram petições e movimentos contra este modelo, e chumbam a actuação desta Ministra.
Entre esses professores encontra-se o eleito como melhor professor Arsélio Martins, pelo menos, isto deve dar que pensar.

MFerrer disse...

Comentário de baixo nível?
Só se for o seu.
O meu é educado e frontal. Não ando a espalhar rumores nem boatos.
Baixo nível?
Esse deve ser o dos tais professores a que chama, com graça, o meio-profissional-docente.
Talvez mesmo, meio-docente-profissional.
Não gostou dos argumentos que apresentei?
Paciência!
Apenas correspondem a factos e não a corporativismos bacocos que trouxeram a Lisboa 100.000 professores agitados pela CGTP e pelo PCP.
Quando vc se informar melhor e não correr a foguetes, quando deixar de propalar boatos sob a capa de informações que lhe chegam do tal "meio profissional", pergunte que lhe respondo com frontalidade. Nem vale a pena puxar dos seus galôes. Eu também não o fiz. Falei do que sei pq vejo. Não pq me tivessem dito em conversa de café
MFerrer

João Dias disse...

"Apenas correspondem a factos e não a corporativismos bacocos que trouxeram a Lisboa 100.000 professores agitados pela CGTP e pelo PCP.
"


Já podia ter dito isto mais cedo, assim já sei "com quem" estou a falar.

Boatos?
Nuno Crato tomou uma posição pública sobre os exames, vários professores tomaram posição em blogues e manifestações sobre esta política do Ministério da Educação...
O clima de insatisfação é geral, chegou às ruas e chega-me a mim através de pessoas próximas.
Quem não quer ver, não vê.

MFerrer disse...

A menos que vc não esteja realmente de boa fé,
a - Confundir autoridade democrática com autoritarismo não acredito que o caracterize.
b - Insistir em puxar de argumentos de autoridade, já lhe disse que me não impressiona
c - Também não sei se o que diz sobre o Prof Arsélio, corresponde à realidade. É que sabe, eu estava presente quando lhe foi entregue o prémio de melhor professor...como também estava presente na mesma sala onde foram entregues prémios mais "gerais" como por exemplo o da Liderança nas Escolas. O prof Arsélio até pode ser UM excelente professor. Não tenho qq dúvida!, Não conheço é os resultados gerais na escola onde lecciona. O ambiente de trabalho, o nº de faltas por professor e os resultados da aprendizagem.
Portanto não me repita que tem conhecimentos na educação. Tenho iguais, pelo menos! Ou que priva com professores. Isto não vai lá por osmose!
Não embarco é em boatos nem em tudo que é propaganda política.
d - Foram as estruturas representativas dos profs, inseridas e controladas pelo PC que vieram publicamente afirmar que assim, desta forma, com trabalho acrescido e passeatas, eram os alunos que ficavam prejudicados visto eles não terem tempo para tudo.
Aqui, desculpe mas sei do que falo e vc apenas reproduz slogans sindicais: Ainda este ano os meus netos tiveram menos um terço das aulas de português e de matemática pq os profs faltaram e a escola, por acaso aquela que é considerada a melhor em Lisboa, faltaram e não deram aulas de substituição.
e - Vc não me apresentou um único argumento sobre tudo quanto disse no meu comm.,, 22/6 às 11:00h, sobre uma escola verdadeiramente assumida como tal, e que lhe descrevi em detalhe!
f - Está também enganado quanto ao facto de eu não ver. Vejo e bem, há muitos anos. Vejo o trabalho sério de muitos profs e a bandalheira de outros tantos. Vejo a campanha grossa, sem educação, e politicamente motivada contra este Ministério. Vejo ainda que nunca estes movimentos ditos de esquerda, alguma vez se levantaram contra políticas destrutivas da Escola Pública de Manuela Ferreira Leite ou de Davide Justino! Esses sim, tinham um plano para acabar com a Educação Pública. E que fez a esquerda? Nada, absolutamente nada.
g - Quando, na maior confusão, os profs ainda não tinham colocação em Outubro de 2005 o que fez o PC e a CGTP? Vieram para rua exigir responsabilidades? Não! Ficaram calados.
h - Estes tais movimentos espontâneos que vc considera muito bons, e muito democráticos representam o quê? Já ouviu certamente as Ass. de Pais e o que pensam da política deste Ministério?
Vc sabe por acaso quais os critérios de avaliação de alunos em países tão atrasados como o Reino Unido, a Alemanha, a própria França?
O seu conhecimento osmótico da realidade é muito parcial e limitado, tenha lá paciência.
Vale a pena continuar a argumentar consigo que morre de amores por colar rótulos e que "já me conhece"?
Se desejar continuar esta conversa agradeço que se cinja a argumentos sobre a realidade da educação . Pode deixar os rótulos, as minhas preferêncuias polícas - desconhece - e os boatos de lado. Ao nível das ideias e dos factos estou à vontade.
MFerrer
MFerrer

MFerrer disse...

Sou pai e sou avô. Apoio este Ministério, as suas políticas e os seus objectivos.
São a favor das nossas crianças.
Apoio também todos os professores que empenhadamente prosseguem o seu trabalho e desejam ajudar os seua alunos!
Estou contra todos os reaccionários que querem continuar a ter 50% de abandono escolar, que queriam promoções automáticas sem avaliação do trabalho e do mérito de cada um!
Lamentoa utilização das nossas crianças como reféns daqueles que durante décadas se aproveitaram de governos fracos para exigirem mordomias e salários em troca de nada.
Estou contra milhares de professores com horários zero e contra outros milhares que não dão uma aula há anos e anos e que lutam corporativamente nos sindicatos, contra as aprendizagens, contra a escola a tempo inteiro e as aulas de substituição. Esses nem professores são.
MFerrer

João Dias disse...

Gosto mais assim, com alíneas.

a) Não estou a confundir autoritarismo com autoridade, estou claramente a identificar um caso aonde existe um aumento massivo de poder num só cargo. Repare que os vários departamentos elegiam os seus representantes, o departamento de matemática elegia o seu coordenador, o de História o seu...etc. Com a figura do Director isso acabou, é o próprio que selecciona todos os coordenadores de departamento, não é preciso perceber muito de democracia para perceber que isto é um recuo democrático e uma má opção. É um recuo porque tira poder de decisão aos professores, é uma má escolha porque o Director é uma figura que pode claramente exercer autoritarismo e criar mecanismos de promoção menos claros, dado que vai ser também avaliador, e porque não estará logicamente tão habilitado a seleccionar os coordenadores dos departamentos quanto os profissionais que constituem esses mesmos departamentos. Logicamente que o Director pode consultar os professores na sua escolha, mas o perigo é que pode também não o fazer e ter outros critérios que não os estritamente profissionais.

b - Não usei argumentos de autoridade, disse e repito, que me chega diariamente insatisfação para com este Ministério. Ou seja, estou simplesmente a dizer que existem profissionais descontentes, se acha que o facto de algum destes serem meus familiares é um argumento de autoridade, então olhe, não posso fazer nada por si.

c- Sobre o Arsélio Martins:

"Arsélio Martins, vencedor do prémio professor do ano, o sociólogo Boaventura Sousa Santos, a ex-deputada do Bloco de Esquerda Cecília Honório e o historiador e deputado bloquista Fernando Rosas são algumas das personalidades que subscreveram o manifesto fundador deste movimento. O Movimento Escola Pública "
Link

Não estou a comparar os meus conhecimentos sobre educação com os seus, a minha área profissional é outra, estou a debater consigo enquanto cidadão que se preocupa com a educação, estamos os dois em posição de cidadãos que conhecem a educação nas mesmas condições. Se quiser deixar de se auto-vitimizar está à vontade, estou aqui para debater educação de igual para igual.

e- O que você fez nesse comentário foi idealizar um escola de qualidade e a minha resposta só pode ser de concordância, quero também uma escola de qualidade. Mas não é por isso que debatemos, é porque você acha que estas políticas conduzem a isso e eu não. E sobre estas políticas você não disse quase nada. Ainda por cima, acusa-me de usar argumentos de autoriade, quando no fim desse comentário diz conhecer uma escola excelente que eu não conheço, dando a entender que o meu caro é um nobre defensor da escola pública e que todos os que discordam desta política ministerial querem o fim da mesma. Essa linguagem já é conhecida, é o famoso "ou estás connosco, ou contra nós", veiculada em grandes potências em tempos de invadir e estropiar inocentes. Mas depois vão 100 mil professores para a rua e cai tudo por terra, de quem é a culpa? É do PCP e da CGTP...

f- Não fez nada? Mas você vê o que acontece no parlamento? Até o PS na altura fazia oposição a essa política de educação.
Link

g- Quer dizer, quando o PCP e a CGTP manifestam contra este governo é "corporativismo bacoco", mas deviam-no ter feito quando foi da trapalhada das colocações, ai já agradava mais ao meu caro por o governo era outro. Quer dizer, se vamos ver as manifestações que o PS não fez...podíamos chegar a conclusões desastrosas para o mesmo, embora erradas porque os partidos actuam ora com manifestações, ora com palavras.

h- Esses movimentos representam a classe docente e uma luta pela salvação da Escola Pública.

Sim, já ouvi em debates, e sei que ouve uma nova associação de pais que se criou porque achou que a actual estava demasiadamente colada a esta Ministra.

O problema não estava destes exames não estaria tanto nos critérios, mas não grau de exigência científico exigido aos mesmos, portanto escusa de disparar ao lado.

Claro que vale, eu continuo a argumentar consigo depois de você tecer imensas considerações pejorativas sobre o meu intelecto.

"Estou contra todos os reaccionários que querem continuar a ter 50% de abandono escolar, que queriam promoções automáticas sem avaliação do trabalho e do mérito de cada um!"

Concordo consigo, vamos avaliar o patronato, vamos avaliar toda a comunidade, e mais, só 10% dos avaliados podem ascender aos melhores ordenados. Aliás os professores ao avaliarem os seus netos diziam-lhes assim, "meninos, só dez por cento de vocês é que vão passar". Será assim o meu caro já compreende o que está em causa?

Anónimo disse...

Não sou professor, mas a minha mulher lecciona há já 8 anos. Também tenho uma filha com 11, a qual acompanho de perto a sua evolução na escola.
Deve já ter percebido que estou "um pouco" por dentro do sistema educativo pois falo com a minha mulher sobre estes assuntos que também me atingem.
Vejamos:

"Sou pai e sou avô. Apoio este Ministério, as suas políticas e os seus objectivos.
São a favor das nossas crianças."

É claro que somos todos a favor das nossas crianças. Coitados de nós se não o formos.
No entanto, eu não apoio o ministério, as suas políticas e os seus objectivos.
Existem várias razões: desde o facilitismo dado em exames para escamotear estatísticas, até à falta de autoridade com que os professores foram dotados.
Até acredito que a escola que referenciou seja um exemplo do bom que se pode fazer no ensino. Mesmo assim acho dificil que me arranje mais "exemplos" como este e um dos problemas é mesmo esse: é para inglês ver.
A minha mulher tem que concorrer todos os anos a uma vaga. Portanto deve entender que ela já passou por muitas escolas (região Lisboa e Ribatejo) e o que ela me diz é que a situação tem-se vindo a deteriorar em vários sentidos desde que este governo iniciou estas políticas educativas.
Talvez devesse olhar para outras escolas, não sei. Mas a verdade é que uma escola não é indicativo do que se passa a nível nacional. Talvez se referi-se a ela como um oasis no deserto, assim até faria sentido...

"Apoio também todos os professores que empenhadamente prosseguem o seu trabalho e desejam ajudar os seua alunos!"

Tenho o mesmo sentimento que você. No entanto não entendo como o ministério quer deitar tudo por terra criando sistemas ambíguos de avaliação, não reconhecendo o trabalho pós-laborar efectuado pelos professores, retirando poder e autoridade na sala de aula e criando um sistema de avaliação que prima pelo facilitismo, dando mais trabalho aos professores que tem que ensinar aos alunos aquilo que não aprenderam em anos anteriores.
A minha mulher é uma boa professora e gosta da sua profissão. É exigente mas adorada pelos alunos - como assisti agora no final do ano lectivo. No entanto, ela está seriamente a pensar em desistir da profissão pois sente que o sistema educativo está a ser mal dirigido tanto para os alunos como para os professores. Ela realmente não ve saida das políticas que o próprio ministério criou e prevê um futuro muito negro para a educação.

"Estou contra todos os reaccionários que querem continuar a ter 50% de abandono escolar, que queriam promoções automáticas sem avaliação do trabalho e do mérito de cada um!"

Tentar explicar o abandono escolar, atribuindo-o a uma hipotética falta de produtividade ou de motivação dos professores é no mínimo um atentado ao bom-senso crítico. Desafio-o a reconhecer uma das principais (se não a principal) razões do abandono escolar: situação económica do agregado familiar do estudante.
Eu por uma vez tive que fazer uma pausa no meu trajecto escolar e não foi devido aos professores. Mais, vários colegas meus estiveram na mesma situação e a razão foi, nem mais nem menos, a falta de rendimentos.

"Lamentoa utilização das nossas crianças como reféns daqueles que durante décadas se aproveitaram de governos fracos para exigirem mordomias e salários em troca de nada."

Esta é uma visão redutora de toda a situação. É lamentável que alguma pessoas tentem desculpabilizar os sistema em sí e as pessoas que o comandam - através da várias políticas dos vários governos - e por toda a culpa nos professores e nas suas reinvidicações.
Lamentável é a forma que os governos lidam com a classe dos professores. Mais parecem parente pobres do resto da função pública. Desprovidos de vários direitos alcançados pelas demais classes da coisa pública. As pessoas só lutam quando sentem na pele a falta de apoio e reconhecimento de quem os comanda. Se não respeita essa luta, não respeita a classe dos professores e muito menos os alunos.
A reinvidicação dos professores é uma acção acessória na vida de um professor e é dirigida à classe e não aos alunos directamente. Os alunos são atingidos, neste caso, indirectamente por se tratar de problemas criados pelo poder e não pelos professores em sí.

"Estou contra milhares de professores com horários zero e contra outros milhares que não dão uma aula há anos e anos e que lutam corporativamente nos sindicatos, contra as aprendizagens, contra a escola a tempo inteiro e as aulas de substituição. Esses nem professores são."

Cada vez mais mostra o seu real sentimento por esta classe: despreza-os. Mas ao mesmo tempo acredito que aprecia o professor que nada diz e que nada luta quanto à sua situação profissional. Que vê os seus alunos avançarem na sua vida académica sabendo que, embora certificados, não se encontram qualificados para enfrentar o mercado de trabalho pois o sistema é facilitista.
Embora o sindicalismo possa trazer alguns "vícios". Classificar os professores que se acham no direito democrático (sim porque os sindicatos fazem parte LEGAL E INTEGRANTE de qualquer sistema democrático - o qual não é só eleições e partidos) de defender a sua classe é uma das maiores atitudes anti-democráticas que se pode assistir.
Se o senhor é do PS, deve achar-se militante da chamada "esquerda moderna". Pois é tão moderna que já se esqueceu do que é ser de esquerda. Só pessoas que se esquecem dos valores sociais que uma vez defenderam é que são capazes de "diabolizar" os sindicatos. Isso meu amigo, pode ser tudo menos esquerda.

João Dias disse...

esqueci-me da alinea d

d- Mas qual trabalho acrescido e quais passeatas? Não quer ser mais específico? É que assim até parece a tal conversa de café...
O que aconteceu foi que os professores estiveram ocupados em elaborar regulamentos internos e preparar as escolas para a trapalhada que este Ministério fez.

Anónimo disse...

Se os resultados são bons , é pq os exames são fáceis.

Esta é só para sí:

"Basta saber ler para fazer exame de Química"

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=961006

Se quiser também posso por o link para uma crítica similar feita pela sociedade nacional de matemática. Esta em relação à prova de matemática.

Realmente, você tem que "largar" essa sua retórica e ficar-se pelos factos, que como vê, estão à sua frente e são claros como a água.

Anónimo disse...

Parece que não consigo por o link como deve ser. Segue uma transcrição da notícia:

"
A Sociedade Portuguesa de Química criticou, esta segunda-feira, a existência de "questões extremamente elementares" no exame nacional de Física e Química A, realizado sexta-feira, considerando que algumas perguntas "exigem apenas que o aluno saiba ler".

Realizada por cerca de 54 mil estudantes do ensino secundário, a prova desta disciplina, nuclear para quem quer seguir Medicina, é uma das que conta com mais alunos inscritos.

Num breve parecer disponibilizado na Internet, exclusivamente sobre a parte de Química, a Sociedade salienta que "todas as perguntas [do exame] se ficam por questões extremamente elementares", criticando ainda a persistência na prova "de algumas questões já 'batidas' em anos anteriores".

Ressalvando não ter conhecimento dos critérios de correcção estipulados pelo Ministério da Educação, a SPQ lamenta igualmente a existência de "questões que pouco ou nada exigem de conhecimentos prévios em Química".

"Exigem apenas que o aluno saiba ler um texto ou os eixos de um gráfico", não precisando "sequer de ter grandes competências a nível da interpretação", critica a Sociedade, apontando como exemplo duas das perguntas da prova.

No ano passado, o exame de Física e Química A do 11º ano figurava entre as três provas com a média mais baixa, com 7,2 valores.

Na altura, o Ministério da Educação decidiu anular uma questão daquele exame, alegando que a incorrecção na formulação de uma pergunta "inviabilizava a concretização de uma resposta correcta". Para não prejudicar os alunos na classificação final da prova, a tutela decidiu que a nota de cada um dos estudantes que realizou o exame seria multiplicada por 1,0417, o que levantou polémica.
"

Anónimo disse...

Quem escreveu isto ? Terão sido os sindicatos ? O PCP ?

Não ! Foi a Sociedade Portuguesa de Matemática:

"
Sociedade Portuguesa de Matemática diz ser impossível comparar resultados com anos anteriores



A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) considera que é impossível saber se os alunos melhoraram a matemática a partir das provas de aferição, porque estes testes têm critérios e níveis de dificuldades diferentes todos os anos

Dados divulgados hoje pelo Ministério da Educação (ME) revelam que quase dois em cada dez alunos obtiveram negativa na prova de aferição de Matemática do 6º ano, um resultado bastante melhor que o registado o ano passado, quando 41 por cento dos estudantes chumbaram no exame.

Como é habitual, os alunos do 4º ano registaram melhores resultados que os colegas do 6º, com apenas 8,8 por cento dos alunos a obterem nota negativa, dos quais 0,4 por cento com nível E.

Em 2007, quatro em cada dez alunos do 6º ano tiveram nota negativa na prova de aferição de Matemática, enquanto no 4º ano quase 20 por cento dos alunos teve «Não Satisfaz».

«Ninguém sabe comparar os resultados das provas, porque estas têm sido feitas com critérios e com graus de dificuldades diferentes pelo que não é possível chegar à conclusão de que os alunos estão melhores assim como não é possível concluir que estão piores a matemática», disse à Lusa o presidente da SPM, Nuno Crato.

«O ME não tem conseguido fazer provas de aferição e, em geral, exames que sejam fiáveis e que permitam obter dados que sejam medíveis de ano para ano», considerou.

Nuno Crato recordou que, já na altura das provas de aferição, a SPM considerou que estas foram demasiado fáceis para o nível de escolaridade dos estudantes e que, por isso, os resultados dos alunos poderiam ser bastante piores se os enunciados fossem «mais exigentes».

Mais de 230 mil alunos dos 4º e 6º anos de escolaridade realizaram em meados de Maio as provas de aferição, cujas classificações não contam para a nota final dos alunos, servindo para uma reflexão colectiva e individual sobre a adequação das práticas lectivas, segundo o ME.

Lusa/SOL
"

MFerrer disse...

Como não tenho nenhuma obrigação de vos dar mais explicações,nem me parecem merecê-las, convido-vos apenas a visitarem alguém que, com mais tempo e maiores argumentos, vos ajudarão a pensar estes assuntos da Educação:
"O discurso do "facilitismo", ou o ataque ideológico à escola pública", por Hugo Mendes em
http://pensamentodomeiodia.blogspot.com/2008/06/o-discurso-do-facilitismo-ou-o-ataque.html
Pode ser que aprendam alguma coisa.
MFerrer