quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A economia não tem uma bola mágica, mas pode ter uma agenda

«Segundo a imprensa económica, a maioria dos economistas prevê agora uma recessão. Os economistas não prevêem recessões. Quase todos falharam as recessões de 2001 e de 1990-91. As previsões dos economistas funcionam como um indicador atrasado que mostra que já podemos estar de facto numa recessão. As previsões dos economistas acompanham uma bateria de indicadores (...) que mostram que a economia entrou provavelmente numa recessão. O facto de até os economistas reconhecerem o estado calamitoso da economia apenas fecha o argumento». Dean Baker do Center for Economic and Policy Research em artigo no The Guardian. Vale a pena ler o resto, nomeadamente as suas propostas para um relançamento da economia norte-americana em bases mais sustentáveis do ponto de vista social e ambiental. Keynesianismo de esquerda. Para acabar com a hegemonia da direita na condução da política económica. É preciso «pensar o impensável». Título de um excelente livro sobre o poder das ideias, produzidas e difundidas pelos chamados think-tanks, na construção de três décadas de neoliberalismo. Esta hegemonia só pode ser revertida por uma agenda progressista forte. A crise económica por si só não gera soluções políticas. Intelectuais públicos como Dean Baker sabem isso. Aprender, aprender sempre, com a direita gramsciana.

3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado pelo excelente artigo de Susan George.

cadeiradopoder disse...

Mais ou menos como agora, com a crise do subprime nos EUA, todos os sinais dizem que provavelmente estaremos numa crise económica.

A. Cabral disse...

Bem, nao e' verdade que os economistas nao preveem recessoes, alguns nao fazem outra coisa...

Mas de resto concordo, e' um pormenor tecnico dizer que nao estamos em recessao quando o investimento ja furou o chao.