domingo, 27 de janeiro de 2008

A economia tem de ser de esquerda

O esquerda.net tem vindo paulatinamente a afirmar-se como um dos melhores sítios de informação e análise à esquerda. Este excelente dossier sobre a crise financeira mostra isso mesmo: uma boa combinação de artigos informativos e propositivos, com abertura e pluralismo. Afinal de contas as tradições económicas à esquerda - tributárias de Marx ou de Keynes - exibem muitos pontos em comum que devem ser hoje particularmente sublinhados. Leia-se este artigo do excelente economista marxista Michel Husson: «Para sair suavemente da situação actual será necessário de facto que as principais economias se reorientem para a procura salarial, o que suporia uma repartição dos rendimentos mais favorável aos assalariados. Mas os capitalistas dispõem, graças à mundialização, de uma relação de forças de tal forma favorável que não têm nenhuma razão para enveredar espontaneamente por esta via».

As propostas keynesianas do Prémio Nobel Joseph Stiglitz ganham agora uma nova urgência: «Devíamos começar por reforçar o sistema de seguro-desemprego, porque o dinheiro recebido pelos desempregados será gasto imediatamente (. . .) A assistência federal deveria vir na forma de apoios à reconstrução das infra-estruturas mais importantes. Mais apoio federal para os orçamentos de educação dos estados também reforçaria a economia no curto prazo e promoveria o crescimento no longo prazo. O mesmo acontece com os gastos na promoção da conservação de energia e da redução de emissões [de carbono]».

Em comum a defesa de que o «capitalismo purificado» não tem como sair espontaneamente da crise, resultado dos seus desenvolvimentos internos, sem causar devastação económica e sofrimento social evitáveis e assimetricamente distribuídos.

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