domingo, 16 de março de 2025

Haja nacionalizações


Considerando a necessidade de concretizar uma política económica antimonopolista que sirva as classes trabalhadoras e as camadas mais desfavorecidas da população portuguesa, no cumprimento do Programa do Movimento das Forças Armadas; Considerando que o sistema bancário, na sua função privada, se tem caracterizado como um elemento ao serviço dos grandes grupos monopolistas, em detrimento da mobilização da poupança e da canalização do investimento em direcção à satisfação das reais necessidades da população portuguesa e ao apoio às pequenas e médias empresas; Considerando que o sistema bancário constitui a alavanca fundamental de comando da economia, e que é por meio dela que se pode dinamizar a actividade económica, em especial a criação de novos postos de trabalho; Considerando que os recentes acontecimentos de 11 de Março vieram pôr em evidência os perigos que para os superiores interesses da Revolução existem se não forem tomadas medidas imediatas no campo do controle efectivo do poder económico; Considerando a necessidade de tais medidas terem em atenção a realidade nacional e a capacidade demonstrada pelos trabalhadores da banca na fiscalização e controle do respectivo sector de actividade; Considerando, finalmente, a necessidade de salvaguardar os interesses legítimos dos depositantes...

Decreto-Lei de 14 de Março de 1975 sobre a nacionalização da banca.

Fez na passada sexta-feira cinquenta anos que uma das medidas fundamentais de defesa da democracia e da economia nacional foi aprovada. Não há democracia, sem subordinação do poder económico ao poder político, o que implica controlo democrático de setores estratégicos da economia, a começar na banca. Afinal de contas, os grupos económicos foram o esteio do fascismo. 

A privatização da banca fez parte do processo de esvaziamento económico da democracia, feito para privatizar lucros, à custa de quem trabalha, como hoje acontece hoje em dia, e para socializar prejuízos, como acontece sempre nas crises financeiras que entretanto, graças à privatização e liberalização dos sistemas financeiros, se multiplicaram.

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