Em 1943, Michal Kalecki publicava um breve e “arguto” artigo, a expressão é de Keynes. Afiançava que “a antipatia [da burguesia] com os gastos governamentais, ou seja, com o investimento ou consumo público, é superada pela concentração de gastos públicos em armamentos”. Para Kalecki isso era particularmente assim no fascismo, onde os sindicatos foram suprimidos e onde “a máquina estatal está sob o controlo direto da parceria entre grandes empresas e fascismo”.
É um artigo útil para Estados enredados numa UE desenhada para travar alternativas reais, onde a despesa socialmente útil será sacrificada, sob novos pretextos, se as elites do poder levaram a sua avante. No Financial Times, têm a virtude de expor o plano neoliberal em toda a sua crueza: cortar no Estado social, construir um Estado de guerra, enfrentando os problemas de estagnação com rearmamento e logo com destruição.
Os velhos e novos processos de fascização virão por arrasto, se esta corrida para o abismo não for travada. Infelizmente, se depender da social-democracia e dos verdes com bombas, e a avaliar por sucessivos pronunciamentos por essa UE afora, não só não será travada, como será alimentada. Querem enredar-nos em mais guerras sem fim, o corolário lógico da convergência com o complexo militar industrial dos EUA. O plano dos federalistas europeus sempre foi a convergência com a economia política dos EUA.
A partir desta periferia, temos de ter a coragem de dizer não. Sim, devemos deixar de pensar como se estivéssemos no centro. Estou certo que este tema estará presente nos combates sociais e político-eleitorais que se avizinham.
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