Ahmad de Gaza, ontem, dia 380.
O sociólogo Pedro Adão e Silva (PAS) escreveu ontem sobre o declínio da empatia na sociedade, assim, demasiado em geral. Não refere o papel do capitalismo sem freios e contrapesos neste processo de desumanização, apesar de ser um tema clássico da sociologia, da economia moral.
Entretanto, dezenas de crónicas depois, PAS continua sem empatizar publicamente com o martirizado povo da Palestina, vítima de um holocausto colonial perpetrado pelo Estado de Israel. Já empatizou com Kamala Harris, vice-Presidente de um país que acha legitimo atacar civis do lado errado da linha de cor.
Há silêncios que têm de ficar registados. O poder de escrever três vezes por semana no principal diário nacional acarreta responsabilidades, como Carmo Afonso bem sabia.
E haja memória e história: por comparação com a guerra da Ucrânia, a social-democracia lusa tem sido, em geral, de um silêncio sepulcral; sempre é melhor do que a social-democracia alemã, claro, cuja sombra do apoio vocal ao genocídio do povo palestiniano paira por aí, fazendo lembrar o opróbrio de 1914, o apoio à guerra imperialista. Há um cheiro a químicos no ar.
A falta que faz um Olof Palme, a social-democracia europeia a sério, de recorte tão anticolonialista quanto eurocético.
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