sábado, 3 de abril de 2021

Boa caminhada

Em plena crise pandémica, o governo tem vindo a promover de forma vergonhosa o vício do jogo: da publicidade imparável na televisão à raspadinha do património, parte de um problema mais geral de adição institucionalizada com tantos custos sociais. 

A propósito da raspadinha do património, João Miguel Tavares pergunta: “é isto um governo socialista?” Não, claro que não, é um governo liberal, apostado em aumentar a chamada liberdade de escolha pela compra e venda, deslegitimando ao mesmo tempo a ideia de imposto. 

O liberal Tavares critica, convocando padrões de injustiça social com marcas de classe, ainda que relativamente obscurecidos pelas classes de A a E. Implicitamente, convoca a ideia de liberdade positiva, assente na autonomia determinada coletivamente, contra a compulsão de tantos mercados. Este é o caminho, já percorrido por muitos ao longo da história, para a superação do liberalismo. Boa caminhada.

8 comentários:

Anónimo disse...

Condena o socialista mas não condena o chamado social-democrata ou «passista» que tiranizou o país durante 4 anos, onde a raspadinha foi promovida com introdução do imposto de Vítor Gaspar de 20% sobre o jogo. É isto o que identifica João Miguel Tavares e seus pares: uma enorme hipocrisia (paga em opinião, a bom preço, numa coluna do jornal Público).

Jose disse...

Prossegue a caminhada de empastelamento ideológico em que toda a não regulação é liberalismo e o liberalismo é caminho para o fascismo.
A par dessa caminhada, nunca critérios morais são chamados a serem servidos por regulação, deixando o caminho livre ao materialismo que se ambiciona conduzir ao totalitarismo.

Tavisto disse...

Vergonhoso, a raspadinha da "cultura" ter ido avante.

Pela negativa, ficou célebre a frase salazarista: beber vinho é dar de comer a 1 milhão de portugueses. Mutatis mutandis, poder-se-á dizer: jogar na raspadinha é dar cultura a 1 milhão de portugueses.

Anónimo disse...

«Prossegue a caminhada de empastelamento ideológico em que toda a não regulação é liberalismo...» Jose prossegue com algumas críticas indiretas ao blog que assina diariamente.
«...e o liberalismo é caminho para o fascismo.» Jose contraditório, após assinar vários comentários que são fascizantes.
«A par dessa caminhada, nunca critérios morais são chamados a serem servidos por regulação, deixando o caminho livre ao materialismo que se ambiciona conduzir ao totalitarismo.» Como já é costume, um labirinto de palavras que nunca se percebe o que quer dizer.

Anónimo disse...

O João Miguel Tavares é uma espécie de António Ferro à procura de um Ditador.

A.R.A disse...

Deveras curioso que o Jose culpe a ideologia por uma crítica tão válida que apenas peca por redutora pois a fatura da sorte também é o sinónimo de miserabilismo estatal pois tal crítica reporta com mais propriedade para o plano ético e moral da figura Estado como responsável dos desígnios do país.
É que a derradeira ironia reside de facto no modo como um governo de esquerda insiste numa ideologia capitalista impregnada de um populismo serôdio na vã tentativa de se furtar a uma responsabilidade que é sua procurando "financiar-se" em jogos de azar.
Que tal modus operandi tenha sido parido pelos Pa(r)f's era expectável agora ser perpetuado por um governo socialista amparado pelos partidos à sua esquerda é deveras lamentável.

Jose disse...

Recordo o coral de indignados quando da exigência de número de contribuinte nas facturas.
O liberalismo esteve então em alta; proclamava-se que o cidadão não era agente do fisco.

Houve um tempo em que o jogo tinha regulamento estrito, espaço reservado de acesso condicionado; os casinos fechavam no inverno.
Hoje é uma praga social.

O jogo é ambição de lucro sem esforço proporcionado.
A raspadinha é o apelo à satisfação instantânea.
Tudo apelos de que há ecos recorrentes no espaço público.

Anónimo disse...

«Recordo o coral de indignados quando da exigência de número de contribuinte nas facturas.»
Jose ainda recorda com nostalgia o governo de Passos Coelho.
«O liberalismo esteve então em alta; proclamava-se que o cidadão não era agente do fisco.»
Cai novamente a máscara do Jose, ao revelar a sua ideologia.
«Houve um tempo... Tudo apelos de que há ecos recorrentes no espaço público.»
Jose tenta ser poeta, mas nada lhe sai bem. É mais um labirinto de palavras de alguém sempre muito contraditório e totalmente alheio aos princípios de um debate em democracia e liberdade.