O projecto de um Green New Deal para os EUA tem sido politicamente defendido por socialistas norte-americanas como a extraordinária congressista Alexandria Ocasio-Cortez. Do ponto de vista intelectual, nos EUA, economistas políticos como Robert Pollin são incontornáveis no robustecimento deste ponto de partida, que hoje parece radical, para enfrentar a ameaça verdadeiramente radical das alterações climáticas em sociedades desiguais.
Num excelente vídeo de popularização desta economia política da esperança, Ocasio-Cortez imagina-se daqui a uns anos, já com cabelos brancos, a viver um presente em que o impossível se tornou inevitável, incluindo no plano ferroviário. E, já se sabe, a expansão da ferrovia é também o símbolo maior da valorização do comum, de um reaprender a viver colectivamente.
Os globalistas de quase todos os partidos devem notar que ela é a narradora de uma história do futuro em que a nação é o espaço fundamental para uma revolução democrática que teve a economia como objecto, apelando a uma certa ideia de comunidade de destino. Continua a não haver nada mais poderoso do que uma comunidade política que pode ser imaginada de formas radicalmente distintas. A retórica dos socialistas norte-americanos é fiel à promessa da música já clássica: “esta terra é a nossa terra, esta terra foi feita para ti e para mim”.
Para os europeístas de quase todos os partidos neste rectângulo, reparem como a UE é um obstáculo de monta para qualquer ideia nesta senda: do investimento público maciço à desglobalização dos circuitos económicos, passando pelo controlo público do crédito, tudo o que é necessário fazer exige uma confrontação nacional com a UE realmente existente.
A UE é sinónimo de globalização cada vez mais intensa e ambientalmente insustentável, agora acompanhada de uma retórica ambiental fraudulenta, de supostas soluções de mercado para os problemas criados pelas forças de mercado, incluindo a insistência nas taras especulativas ineficazes dos mercados de direitos de poluir, e, claro, sinónimo de austeridade permanente, de ataque permanente ao Estado social de base nacional. E sem este, não há transição que nos valha, porque o medo e a insegurança atingem as classes populares. E sem a sua mobilização esperançosa jamais existirá algo que se assemelhe a uma economia ecológica.
Por cá, também na questão ambiental, precisamos de uma sagaz articulação de patriotismo, até para promover politicamente a desglobalização económica, e de internacionalismo genuíno.
15 comentários:
«a UE é um obstáculo de monta para qualquer ideia nesta senda: do investimento público maciço à desglobalização dos circuitos económicos, passando pelo controlo público do crédito»
Do primeiro já temos a dívida,
Do segundo temos a barateza chinesa e arredores
Do terceiro temos má memória
«sem a sua mobilização esperançosa jamais existirá algo que se assemelhe a uma economia ecológica»
Que tal começar por separar os lixos, é preciso muita esperança para a civilidade?
«promover politicamente a desglobalização económica, e de internacionalismo genuíno»
O regresso ao campo e comércio de vizinhança, e uns conselheiros cubanos a explicar como ser genuinamente miserável e feliz.
Penso que a melhor resposta para este tipo de discurso que agora procura meter preocupações ambientalistas onde dantes estava (e ainda está) o desejo de regressar a soluções que faliram nos anos 70, é este artigo no Social Europe:
https://www.socialeurope.eu/the-limits-of-the-nationalist-left
Não, João Rodrigues as soluções económicas nacionais não sobreviveriam num mundo onde a pirâmide tecnológica é global. Para problemas globais, são precisas soluções multi-nacionais... E não são Estados supostamente soberanos, em competição permanente, como sempre foi, que lhes irão dar corpo...
O internacionalismo sem organizações multi-nacionais é um mito bonito porque lhe faltam os dentes... Ou então não passa de cinismo ao serviço do imperialismo, como bem se viu com o imperialismo soviético...
Esquece-se que a construção europeia permitiu 70 anos de paz. E isso é mesmo muito...
Mais uma vez um excelente comentário, que tem desta vez uma surpresa.
O trazer aqui THIS LAND IS YOUR LAND
“esta terra é a nossa terra, esta terra foi feita para ti e para mim”.
O tema original é de Woody Guthrie, escrito em 1940, onde ele especificamente protestava contra a desigualdade de classes. Há pelo menos duas quadras que muitas vezes não são cantadas. Uma delas:
"Nas praças da cidade, Na sombra de um campanário;
No intervalo do escritório, eu vi o meu povo.
Tinham fome, e eu estava lá perguntando,
Esta terra é feita para você e para mim?"
É difícil ouvir isto e não nos lembrarmos das Vinhas da Ira, de John Steinbeck
("Woody" Guthrie
Se jose conhecesse um pouco mais deste, ainda dava mais pinotes do que os que dá aqui.
Mas como esta não é a "especialidade" do sujeito, há que aceitar que toda esta agitação resulta do post de João Rodrigues)
´Vejamos:
"investimento público maciço".
Jose não gosta do investimento público. Já o sabíamos
Mas podia não ser desonesto quando fala que deste "já temos a dívida"
Como é que se esquece da dívida privada, mais elevada e para a qual contribuíram aqueles seus banqueiros amigos, terratenentes blablabla, seus administradores e conselhos de administração, aos quais jose quer agora fazer passar por "bancários"?
Jose continua em órbita
"desglobalização dos circuitos económicos"
Não gosta. Claro que não. Dá-lhe jeito e aos negócios. O que não se percebe é como associa esta à "barateza chinesa e arredores"
Será porque os seus amigos banqueiros mais os seus amigos, Portas e Passos, privatizaram o que era nosso, aos chineses?
Será porque lhe sente a terra fugir debaixo da terra com o salto que a China deu e com a enorme quantidade de pessoas que foi subtraída à pobreza na China?
Será porque detesta um mundo menos unipolar e não quer deixar de cantar aqueles hinos ao poderio da força e da máquina americana?
Mas jose também não gosta do"controlo público do crédito". A má memória que ele tem é que durante o tempo de efectivo controlo público os caos de corrupção e de crédito malparado não apareceram.
Surgindo com a reinstalação dos tais banqueiros nos bancos privatizados. E com a promiscuidade abjecta entre o privado e o público, em que uns saltavam para os outros com aquela cumplicidade própria de mafiosos.
Se jose quer que lhe lembremos as negociatas do bloco central ( mais o PP à ilharga) é só dizer.
E os nomes dos que foram colocados à frente da Caixa Geral ( e do Banco de Portugal, já agora)
Quem não se lembra do ministro Paulo Macedo, nomeado ministro da saúde, tendo ligações tentaculares ao negócio da saúde? E agora à frente da CGD,depois dos seus negócios na banca privada, a cumprir o desígnio que estas coisas têm?
"sem a sua mobilização esperançosa jamais existirá algo que se assemelhe a uma economia ecológica"
Jose tem medo de várias palavras. Uma delas,já se sabe é "Luta". Outra é essa coisa de "mobilização"
Ou então
Ou então é uma mobilização à moda de jose.
Mobilização é a "separação dos lixos". Já está
É bom ler um pouco mais de Naomi Klein em que esta diz que a única resposta adaptada à ameaça climática é a “pulverização da ideologia do mercado livre"
Fiquemo-nos pelos lixos, diz jose.
Percebe-se porquê
Um exemplo, que mostra como o fim de vida programado de milhares de maquinas e utensílios tem tudo a ver com o sistema capitalista , com terríveis consequências para o ambiente:
A obsolescência programada ocorre quando um produto vem de fábrica com a predisposição a se tornar obsoleto ou parar de funcionar após um período específico de uso – geralmente um tempo curto.
Dessa forma, as empresas lançam produtos no mercado para que sejam rapidamente descartados e substituídos por outros.
De acordo o Global E-waste Monitor 2017, relatório elaborado pela Universidade das Nações Unidas (UNU), em parceria com a União Internacional das Telecomunicações (UIT) e a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), em 2021, o lixo eletrónico global deve atingir 50 milhões de toneladas. Um número assustador, decorrente de aparelhos de última geração, como smartphones e tablets, passando por eletrodomésticos, lâmpadas e até pneus.
https://www.publico.es/sociedad/obsolescencia-programada-provoca-48-millones-toneladas-co2-ano.html
La obsolescencia programada provoca 48 millones de toneladas de CO2 al año
"«promover politicamente a desglobalização económica, e de internacionalismo genuíno»
Jose (que não sabe quem foi Woody Guthrie porque senão ainda ficava mais agastado) não gosta
Não gosta nem da desglobalização (e já percebemos porquê) nem muito menos do internacionalismo genuíno
Não gosta de uma dimensão humana da vida. Crisma de miserável, esquecendo-se que esta máquina do Capital é que vai triturando cada vez mais gente, condenando-a à pobreza genuína.
Falemos nos USA?
"A propaganda do "way of life” dos EUA que o império e seus apaniguados procuram tornar global não passa de uma refinada e hipócrita mistificação.
Mais de 100 milhões de habitantes dos EUA vivem no limiar da pobreza; 46 milhões vivem na pobreza, dos quais 14 milhões de crianças. Os baixos salários forçam 52 por cento dos trabalhadores das cadeias de comida rápida nos EUA a recorrerem à assistência pública. Não esqueçamos que estes baixos salários representam aumento de lucros para a oligarquia e perdas para o Estado por via dos impostos e aumento dos custos sociais, que são materiais e imateriais.
Diariamente são encarceradas 50 000 menores; por ano morrem 1 297 crianças por ferimentos com armas de fogo; 20 milhões de crianças recebem ajuda alimentar. Quanto à mortalidade infantil os EUA ocupam o 20º lugar em 35 países da OCDE e quanto à pobreza infantil o 29º lugar.
Segundo estimativa do National Runaway Switchboard o número de jovens fugitivos, desaparecidos ou sem abrigo poderia atingir os 2,8 milhões.
Há 44,2 milhões de jovens com dívidas estudantis, cujo valor astronómico ultrapassa 1,4 milhões de milhões de dólares. https://studentloanhero.com/student-loan-debt-statistics/
Quase um terço da população não tem instrução ou é escassamente instruída, número que cresce 2 milhões por ano, escreve Chris Hedges em America the Illiterate.
O 1% dos mais ricos confiscou 95% do crescimento económico a seguir a crise, após 2009, enquanto que 90% empobreceu. Nos últimos 5 anos o 1% mais rico ganhou pelo menos 6,1 milhões de milhões de
dólares. (3 Shocking Ways Inequality Keeps Getting Worse in America, Paul Buchheit)
O governo dos EUA enterra centenas de milhares de milhões de dólares em programas militares, ao mesmo tempo que corta na assistência social à pobreza, aos que não têm habitação, cuidados de saúde, escolas, ou alimentação. A solução da oligarquia e do Congresso ao seu serviço perante a abissal dívida do Estado é: vão buscar aos pobres.
Congress' Solution: Take from the Poor, AndreDamon.
Os EUA são na realidade uma sociedade disfuncional. Um conceito distorcido de liberdade – que cessa à porta das empresas e nos media – baseado no individualismo e na alienação, cortou os laços sociais designadamente no trabalho ao atacar o sindicalismo, desconstruindo a natureza gregária do ser humano. Os massacres que se repetem, as centenas de cidadãos mortos anualmente pela polícia, os 2 milhões de presos, os 6,8 milhões de "convicted felons", os 60 000 mortos por overdose em 2016 (numero que aumenta que nem as séries já escondem é profundamente destrutivo.
Eis o que o capitalismo tem para oferecer aos povos e que indiferente à vontade dos cidadãos se quer aprofundar até ao limite na UE."
( Daniel Vaz de Carvalho)
Jose ( que não sabe o que é isso d “esta terra é a nossa terra, esta terra foi feita para ti e para mim”)
Jose( que não sabe quem é "Woody" Guthrie)
Jose, dizíamos nós, prefere falar em "Conselheiros cubanos"
Pois é:
"Hoje milhões de crianças dormirão na rua, nenhuma delas é cubana"
"Mesmo nos ricos e poderosos EUA,crianças dormem na rua. Crianças têm fome. Mas não na pobre e na fraca Cuba socialista. Isso não te faz pensar? Será que é mesmo enchendo de dinheiro o rabo do empresário que vamos melhorar alguma coisa?"
«um produto vem de fábrica com a predisposição a se tornar obsoleto»
É confusão.
A predisposição para a obsolescência é nos humanos e está cabalmente demonstrada na verborreia acima.
As máquinas estão destinadas a desgastarem-se e a serem substituídas por outras tecnologicamente mais eficientes.
Uma pequena fraude este comentário acima
Mas particularmente útil. Situa jose onde jose acha que se encontra. Obsoleto
Mas se acha que já está assim, ele que o assuma e não tente ver nos outros as suas qualidades
O resto reflete apenas a gula dos “ empresários “. Sem qualquer interesse pela humanidade e pela Terra
É o capitalismo predador. Com este jose a tentar negar uma realidade que lhes faz perigar os lucros e o saque
Ass JE
Um artigo do Público Espanhol, bem fundamentado e claro, põe aí um fulano a tentar contrariá- lo com slogans publicitários idiotas
Parece que se confirma a resposta adequada a uma pergunta feita por aí em cima por alguém
Será que é mesmo enchendo de dinheiro o rabo do empresário que vamos melhorar alguma coisa?
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