quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Alocução aos socialistas

Continuemos nas leituras de férias.

Desta vez, citando a intervenção de António Sérgio, no banquete de celebração do 1º de Maio, em 1947:

"(...) Aos nossos socialistas, quanto a mim, compete-lhes resistirem ao tradicional costume de se empregarem espertezas e competições de pessoas para apressar o momento em que hão-de chegar ao poder, e nunca considerarem as outras secções democráticas (as outras orientações do esquerdismo) como suas competidoras numa corrida para a meta, como suas concorrentes num mercadejar político, na grande feira tumultuosa das ambições de mando.

Não, meus amigos, não. A esses outros democratas (ou só políticos ou sociais) deveis vós tratá-los como colaboradores fraternos para as partes comuns dos vossos programas de acção (em, Portugal pode havê-las, essas tais partes comuns, pelo atraso económico em que o País se encontra); e isto, ainda no caso dos demais democratas não usarem convosco do mesmo modo. Antes de tudo, buscai prestigiar-vos ante a nação inteira pelo timbre moral da vossa alma cívica; porque (como acreditais, creio eu) não é indispensável conquistar o poder para se influir de facto na orientação do Estado.

Governareis de facto (ainda que seja por intermédio de outros) se souberdes enunciar algumas ideias níticas - práticas precisas, pontuais, concretas, - de acordo com a orientação que a nossa época exige (a da planificação económica para o bem comum, ou seja, portanto a da planificação socialista)  se tratardes de conquistar um grande prestígio moral. Não tenhais a ânsia de vos alcandorar no poleiro com prejuízo das qualidades a que se tem chamado ingénuas. As habilidades dissipam-se; os carácteres mantêm-se.

Se alcançardes o prestígio intelectual e moral - e uma organização bem cuidada - os outros um dia vos hão-de vir procurar, pedindo apoio e aliança, e até oferecer o comando; ou então os governantes vos hão-de tomar as ideias, para as colocar no governo, a comandar a Nação. Não cuideis de saber do que estão fazendo outros grupos, do que se diz, do que ocorre. Não: preparai-vos a vós; aperfeiçoai-vos a vós; organizai-vos a vós. Pensai na qualidade dos companheiros de luta, muitíssimo mais do que na quantidade deles.

Antero condenou, com a mais cabal das justiças, no artigo intitulado O Socialismo e a Moral, o que chamava de o ciúme e a invejas recíprocas. Não existem ciúmes e invejas recíprocas entre os vários componentes da vossa grei socialista: nem tão-pouco os ciúmes, nem tão-pouco as invejas, para com os homens que compõem as outras facções da esquerda. Seja o vosso lema a unidade. Por mim, quero trabalhar pela unidade, pelo entendimento recíproco, pela existência de relações de convivência amável entre os homens políticos de orientações discordes. Incorrigivelmente ingénuo, fraterno, cordial."

E mais, de forma ainda mais ousada, com perguntas de furar olhos: 


"E muito antes da data desse mesmo artigo, quando era ainda estudante, escrevia Antero este trecho:  

Se já alguma hora na história impôs aos que falam alto entre os povos obrigações de seriedade, de profunda abnegação, de sacrifício do eu às tristezas e misérias da humanidade, de trabalho e silencioso pensamento; se alguma hora lhs mandou serem graves, puros, crentes, é certamente esta do dia de hoje. 

Tais afirmações do nosso apóstolo socialista, naquele ano de 1865. E agora? E hoje em dia, senhores? Neste ano de 1947? Não virão a propósito muito bem ainda? E se se aplica actualmente este preceito anteriano a todos os cidadãos que falam alto entre os povos, não terá ele aplicação infinitamente mais válida - mais imperativa, mais rígida - aos que se honram de falar em nome do Socialismo? Creio que sim. Digo que sim.

Há talvez companheiros que discordam disto. Pergunto-me, todavia, se não concebem, esses, uma escola socialista, ou um partido socialista, pelos moldes de algumas das facções burguesas, que eram meras sociedades de conquistar o mando para angariar empregos para os seus partidários, para exercerem influências a favor dos seus sócios, para lhes darem importância no viver nacional.

Ora, eu julgo que a existência de um partido desses (quando os haja, algum dia) não poderá interessar nenhum socialista sincero, de têmpera dos socialistas que aqui estão presentes. Apego-me à esperança de que sereis sempre anterianos. Quero crer em vós. Quero esperar por vós."       

58 comentários:

Jose disse...

Tempo em que o socialismo e a sua planificação eram uma esperança e não um comprovado fracasso.
Tempo em que a inteireza do carácter individual era valor maior.
Tempo em que se propunha ao grupo representar esse valor individual e não que ao indivíduo se impusessem os interesses do grupo, definidos em termos de poder e renda.
Tempos ante-pós-modernismo.

S.T. disse...

Falando de unidade...

Talvez seja de ter em conta esta iniciativa:

https://www.rt.com/news/436064-germany-wagenknecht-stand-up/

S.T.

Pedro disse...

Unidade quando neste mesmo blog têm trolls de extrema esquerda a insultar quem aborde assuntos incómodos para as máfias instaladas do aparelhos partidário-sindicais?

Devem estar a brincar.

S.T. disse...

"Unidade quando neste mesmo blog têm trolls de extrema esquerda a insultar quem aborde assuntos incómodos para as máfias instaladas do aparelhos partidário-sindicais?"

Ui! Não me diga nada! :)

Até têm um troll salazarista!!! Residente! E não há post em que não meta o colherão.

E mais! Também têm um troll pafista, um tal aónio-pimentel-cunhal-cunha-ulisses-não-sei-quantos que volta repetidamente com nicks diferentes, sempre a tentar envenenar a conversa.

Diz-se que este aónio-pimentel-cunhal-cunha-ulisses-não-sei-quantos é profissional e faz parte de uma "trollfarm" europeísta sediada na Holanda.

Eu não sei se acredite, mas de facto esse aónio-pimentel-cunhal-cunha-ulisses-não-sei-quantos só defende os interesses do complexo bancário-exportador alemão e o eurocrapismo bruxelense. Que se dane!

Felizmente que tem havido um esforço para não deixar sem resposta este duo infernal.

A meu ver falta é dar o passo seguinte. Não só rebater as parvoíces destes dois mas estabelecer um debate saudável sobre o assunto central aqui do blog.

Neste aspecto regista-se ainda um certo atraso. É que rebater os argumentos estafados do "duo infernal" é canstivo que se farta!

O que significa que o "duo infernal" alcança parcialmente o seu objectivo: Apesar de não dominar a argumentação e dar das suas respectivas ideologias uma horrenda imagem (o que é excelente!) ainda assim poluem as caixas de comentários e esterilizam o debate, cumprindo assim parcialmente o seu objectivo.

S.T.

S.T. disse...

Compreendo e simpatizo com a intenção por detrás deste post, mas tenho algumas dúvidas que seja frutuoso nos seus resultados.

Mas sobre isso daria a palavra a Chantal Mouffe:

"Je pars de l’idée qu’obtenir un consensus en politique est, par principe, impossible. Car la politique, c’est justement, par définition, le domaine de l’antagonisme, du conflit. La politique consiste à établir une frontière entre un «nous» et un «eux», et tout ordre politique est fondé sur une certaine forme d’exclusion. La réflexion sur la démocratie doit reconnaître l’antagonisme. Une politique démocratique doit établir les institutions qui permettent au conflit de ne pas s’exprimer sous la forme d’une confrontation ami-ennemi, mais sous la forme que j’appelle «agonistique» : une confrontation entre adversaires qui savent qu’il ne peut y avoir une solution rationnelle à leur conflit, mais qui reconnaissent le droit de leurs opposants à défendre leur point de vue. Si on nie l’antagonisme et qu’on n’essaie pas de lui donner une forme agonistique, il risque de se manifester sous la forme d’une confrontation entre des valeurs non plus politiques, mais morales et non négociables, ou sous des formes essentialisées de nature ethniques ou religieuses."

in

https://www.les-crises.fr/chantal-mouffe-obtenir-un-consensus-en-politique-est-par-principe-impossible-par-sonya-faure-et-anastasia-vecrin/

Mas seria uma excelente ocasião de ouvir outras opiniões, para ver se conseguimos superar a esterilização imposta pelo "duo infernal".

S.T.

maria disse...

ao duo infernal, é deixá-los a "falar calados"!!! não lhes dar troco... que tal??

Pedro disse...

Caro ST.

Podem ter trolls salazaristas à vontade que só ajudam á discussão.

Ou é a favor da censura?

O que se passa é que, precisamente, o assunto deste post é a unidade dos socialistas.

Logo a sua observação não tem puto a ver com o que eu disse.

Ou a unidade do socialismo agora está a cargo dos salazaristas?

A minha observação é que estão socialistas a destruir alegremente essa unidade.

Se não quer mesmo perceber não posso fazer nada.

S.T. disse...

"ao duo infernal, é deixá-los a "falar calados"!!! não lhes dar troco... que tal??"

É uma hipótese, embora IMHO não seja uma solução.

Por duas razões, fundamentalmente.

Primeiro porque muitas vezes é uma excelente oportunidade para explicar melhor, aprofundar um tema ou até dar uma perspectiva completamente diversa à questão.

Segundo porque abandonar o espaço aos trolls neoliberais é como se renunciássemos a denunciar o mal-fundado das suas teses.

Voilá! É por isso que insisto que é necessário reconquistar este espaço com comentários inteligentes e pertinentes.

É como quando um cão se habitua a mijar à vossa porta. Se não lavas e pões enxofre para o afastar todos os canídeos das redondezas passam a ir lá marcar o território. E o fedor...

S.T.

Jose disse...

Estou com a maria: antes o silêncio do que a desconversa.

Além disso o silêncio nunca desacredita o silencioso. Muito prudente.

Pedro disse...

O socialismo um fracasso?

Não vá por aí que a social-democracia nórdica é o maior sucesso social da história humana.

Se cair vai ser por ser derrubado e não por qualquer defeito próprio.

maria disse...

a questão é que se só respondes aos trolls, ou como queiram chamar, toda a conversa se torna em torno do que eles propõem e não o que realmente me interessa que é a discussão de ideias! renunciar a falar com eles?! pois concerteza!

bom fds no sol da caparica!!! não se escaldem pois vai estar muito calor e não mandem foguetes...

Paulo Marques disse...

Pedro,

Os "socialistas" já voltaram a ser progressivos e a defender a prosperidade ou ainda continuam com o Schwarze Null über alles a mandatar o empobrecimento permanente? É que se é para isso, que se continuem a enterrar sozinhos.

S.T. disse...

Paulo Marques Levanta uma questão muito relevante.

De que "socialistas" é que o Pedro se reivindica? Dos que estão sob a forma do SPD num governo com Merkel e cuja política financeira é indistinguível da da CDU (alemâ)?

Será dos "socialistas" sindicalistas amarelos alemães que nem ganham e com o seu dumping laboral nem deixam os colegas europeus ganhar?

Será que o Pedro é pró-Euro? É que isso baliza logo a discussão possível.

S.T.

S.T. disse...

Quanto à Maria, não sei de que se queixa... :)

Por acaso não serão as minhas respostas aos trolls suficientemente didáticas?

As minhas intervenções não dão boas dicas para outros pegarem em assuntos e pontos de vista interessantes?

(Modo controle de qualidade ON)

S.T.

S.T. disse...

E voltando à vaca fria, qual é a unidade que o Pedro acha que está a ser destruída?

É que eu não fiquei assim lá muito impressionado com a sua performance num post aí em baixo.

As suas intervenções têm precisamente aquele carácter moralista que em minha humilde opinião não contribui rigorosamente nada para a unidade da esquerda.

E olhe que eu até vou mais longe e advogo explícitamente o frentismo.

Alguém se deu ao trabalho de ler o artigo do Les Crises de que dei o link acima?

Por que será que consigo trabalhar com gente desde uma ponta à outra do espectro político?
E no entanto não deixo de ter as minhas "exigências".
S.T.

Jose disse...

Socialismo só há um: fim da propriedade privada dos meios de produção

Social-democracia é capitalismo, que pode ir do moderado ao amordaçado.

Mas o que se vê por aí, reclamando-se de socialistas, são meros chulos do capitalismo, sem projecto outro do que o de satisfazer a raiva a quem tem mais e mamar o máximo no processo.

Anónimo disse...

Meros "chulos" ?

Jose volta a um tema do seu agrado.

Passa a vida a defender os offshores

Anónimo disse...

Mas independentemente das suas afinidades com os ditos "chulos" continua a impressionar a linguagem "técnica" do jose:
"chulos e mamar"

Uma linguagem máxima?

Anónimo disse...

Dirá jose:
"Tempo em que o socialismo e a sua planificação eram uma esperança e não um comprovado fracasso".

Hum..Este quer fazer-nos passar por parvos. Alguma vez este tipo teve esperança no "socialismo?"


Dizia ele,alto e bom som, a 30 de Agosto de 2013, em pleno ano de chumbo passista/
paulista, completamente despido das teias da " inteireza do carácter individual" e do
"grupo representar esse valor individual" (?!) e tretas adjacentes:

Jose dixit:
"Nazi, fascista, salazarento,...
Tomo-os por elogios quando vindos da canalha que defende trabalhadores de 1ª e de 2ª sendo que os de 2ª têm que sustentar os de 1ª!!!!
Cambada de cabrões a defender a nomenclatura a que pertencem ou a que aspiram!!!!"

E agora jose avança com este "mamar" doce a ver se passa?

Alguma dignidade por favor

Jose disse...

«... trabalhadores de 1ª e de 2ª sendo que os de 2ª têm que sustentar os de 1ª!!!!»

Consulta os teus arquivos Cuco e verifica se os 'trabalhadores de 1ª' não serão os reformados abrilescos, aqueles dos melhores 5 dos últimos 15, ou ainda mais mama que isso.

Pedro disse...

ST.


Eu sou independente, não pertenço a nenhum grupo porque não subscrevo de forma total nenhuma corrente política.

Mas socialmente identifico-me com a VERDADEIRA social-democracia - a de Attlee ou com a social-democracia nórdica actual.

- O SPD actual não é um partido social-democrata.

Tal como a maioria dos partidos socialistas e social-democratas europeus vendeu-se ao neoliberalismo.
Desde Schroder, Mitterrand, Blair e Mário Soares, esses partidos são tão neoliberais como Tatcher ou Reagan.

- Quanto ao euro e até a UE, seria a favor se baseados nos valores social-democratas que a Europa já teve.

Hoje em dia está demonstrado que essas instituições não passam d instrumentos do neoliberalismo e do nacionalismo alemão, pelo que quanto mais depressa sairmos melhor.

Pedro disse...

ST.

Qual unidade?

Nenhuma, porque nunca existiu.

O exemplo que dei foi, precisamente, dessa falta de unidade. Que obviamente não é de agora.

Só para falar neste blog, aqui há uns anos tentei abordar a questão das sucessivas derrotas da esquerda a nível mundial nas ultimas gerações e fui insultado, provavelmente pelo mesmo troll, que afirmava que a esquerda vai de vitória em vitória e que eu não podia trazer essa "propaganda direitista" para aqui.

Você não gostou da minha prestação?

Bem, se para gostar vou ter de fingir coisas como que nos últimos 40 anos a esquerda acumula as mais brilhantes vitórias mundiais, que não faz mal o Robles se ter tornado multimilionário com a gentrificação urbana ou fingir que os partidos da esquerda não concentram as atenções no apoio aos funcionários públicos em vez de nos trabalhadores mais desprotegidos, então é melhor que não goste.

É que eu falava de unidade de pessoas bem intencionadas e racionais, não de máfias e rebanhos.

Para isso já temos os neoliberais no poder.

Pedro disse...

José.

Social democracia é capitalismo moderado ou amordaçado?

Como, por quem e porquê?

Pelos princípios capitalistas que vemos em wall street? Não, obviamente.

Por conceitos socialistas de bem comum.

A social-democracia permite o capitalismo mas controla-o e orienta-o para o bem colectivo segundo princípios socialistas.

Logo é uma forma de socialismo moderado.

Jose disse...

Fico curioso em conhecer a diferença entre 'capitalismo moderado' e 'socialismo moderado'.

Algo mais que não seja a treta de ir 'a caminho do socialismo'.

S.T. disse...

Interessante!

Presumindo que o partido mais próximo da "berdadeira social-democracia" seja o PS (que por acaso é o partido com responsabilidades governamentais) é interessante notar que os apelos lancinantes do Pedro à aplicação da legislação laboral vigente se dirijam às estruturas sindicais e não às autoridades competentes com capacidades inspectivas.

O que acha o Pedro? Este comunicado do PM italiano é ou não social-democrata? :)

http://www.governo.it/articolo/comunicato-del-presidente-del-consiglio-conte/9844

Tradução automática de um parágrafo:

"Este Governo pretende dar um sinal claro de mudança: a partir de agora todos os concessionários serão obrigados a reinvestir a maior parte dos lucros na modernização das infra-estruturas que receberam em concessão, terão de cumprir mais rigorosamente as obrigações de manutenção para com eles. Em termos mais gerais, eles devem entender que a infra-estrutura não é uma receita financeira, mas um bem público que o país e, portanto, os cidadãos estão dispostos a confiar aos seus cuidados apenas enquanto o lucro que é derivado é amplamente compensada pelas garantias de "proteção e segurança absoluta" da vida dos usuários e de uma "gestão verdadeiramente eficiente" do serviço."

(A enfase a bold é minha)

Como bónus, https://www.zerohedge.com/news/2018-08-17/looks-italian-default-back-menu

E uma pergunta pérfida: Qual é a exposição dos bancos portugueses ao crédito à Turquia?
S.T.

Anónimo disse...

Afirma pedro:
"Eu sou independente, não pertenço a nenhum grupo porque não subscrevo de forma total nenhuma corrente política".

Acho muito bem. Assim higienizado e limpinho. Que se mantenha assim e não venhadepois esmolar apoios e compromissos.


Afirma pedro:
"Mas socialmente identifico-me com a VERDADEIRA social-democracia - a de Attlee ou com a social-democracia nórdica actual".

Continuo a achar muito bem. Até com letras maiúsculas e tudo. Até a citação anterior de Attlee lhe foi proveitosa,aprendendo alguma coisa. Cada um é livre de ter as suas opiniões.

Mas francamente tentar identificar a" social-democracia nórdica actual" com o que era a dita social-democracia?

Anónimo disse...

Afirma pedro:
"Quanto ao euro e até a UE, seria a favor se baseados nos valores social-democratas que a Europa já teve"

A europa já foi baseada nos valores sociais-democratas? Quando cozinharam o euro?

Ahahah

Anónimo disse...

Afirma pedro a 16 de agosto de 2018 às 21:01:
"A minha observação é que estão socialistas a destruir alegremente essa unidade."

Afirma pedro a 18 de agosto de 2018 às 11:57:
"Qual unidade? Nenhuma, porque nunca existiu".


O que andarão socialistas a destruir e que nunca existiu?

E ainda por cima alegremente

Anónimo disse...

Afirma pedro:
"Só para falar neste blog, aqui há uns anos tentei abordar a questão das sucessivas derrotas da esquerda a nível mundial nas ultimas gerações e fui insultado, provavelmente pelo mesmo troll, que afirmava que a esquerda vai de vitória em vitória e que eu não podia trazer essa "propaganda direitista" para aqui".

Pobre pedro. Ainda tem as marcas de tão inusitado insulto?

Talvez um psiquiatra?


E o pedro, que não é de direita, nem de esquerda e que devia estar receptivo a uma "frente comum", vem para aqui lamuriar-se com os problemas do seu umbigo?

E agir assim desta forma de menino paranóico a ver um troll a perseguir o menino pedro?

S.T. disse...

O Pedro óbviamente não sabe que a concentração do esforço sindical em empresas e sectores onde a sua eficácia de acção seja máxima é apenas uma questão de relação custo/benefício.

É discutível como critério, mas quando o movimento sindical está sob ataque cerrado por todo o lado eu acharia isso compreensível. Se isso é estratégicamente correcto a longo prazo é outra questão que neste momento não sabemos responder.

Quanto ao Robles, não vejo porque há-de um social-democrata ter alguma coisa a apontar ao pobre do (rico) homem.
Vai-me dizer que há uma regra que proíbe os militantes social-democratas de ganhar uma pipa de massa se a ocasião lhe surge? Deve estar a gozar cá com o preto! LOL
A questão do Robles não vale nem a energia gasta nos LCDs que nós usamos para ver as cusquices do caso.
S.T.

Anónimo disse...

Afirma pedro:
"Você não gostou da minha prestação? Bem, se para gostar vou ter de fingir coisas como que nos últimos 40 anos a esquerda acumula as mais brilhantes vitórias mundiais, que não faz mal o Robles se ter tornado multimilionário com a gentrificação urbana ou fingir que os partidos da esquerda não concentram as atenções no apoio aos funcionários públicos em vez de nos trabalhadores mais desprotegidos, então é melhor que não goste"

Continua pedro no mesmo registo. Ora choramingas e apelativo, ora moralista e pregador, ora insultuoso e difamador.

Primum: a discussão futebolística para que pedro quer arrastar o debate pode ser interessante quando pedro está a debater quem ganhou mais taças ou mais jogos de matraquilhos. Mas é um pouco idiota para aqui, tanto mais que não é minimamente crível alguém ter alguma vez dito que "nos últimos 40 anos a esquerda acumula as mais brilhantes vitórias mundiais".

Escusa assim pedro de fingir alguma coisa. Basta limitar-se apenas à verdade, lolol

Secundum: o Robles tornou-se multimilionário com a gentrificação urbana? Sério? Multi qualquer coisa?
E o que é que isto tem a ver com a unidade? De esquerda ou de uma frente mais ampla?

Isto o que é? Um pretexto"moralista" para não assumir o que quer que seja? Um pretexto para casar com Robles? Para não casar com ele? Para centrar a discussão na esquerda de Robles? Nas esquerdas que estão para lá de Robles? Para estigmatizar tudo e todos por causa do Robles? Um pretexto para essas figurinhas tristes?

Tertio: Não gosta de funcionários públicos? Não gosta que tenham atenção? E têm assim tanta atenção? E uma enorme parte desta atenção não resulta e não traduz esse mesmo ressentimento sentido pelo pedro face aos FP?

A atenção sobre os funcionários públicos afecta as decisões racionais sobre o que fazer e como o fazer? O amuo rancoroso como forma de mostrar pretexto para não se assumir, seja lá o que isso represente?

E a não atenção sobre os trabalhadores mais desprotegidos é um chegar à frente para chamar a sua atenção exactamente para quem? Os que citou, quando confrontado com a coragem destes para fazerem greve, minimizou as ditas greves e fugiu logo para os braços dos "seguranças"?
Mais pretextos para estas fitas que não levam a lado nenhum?

Anónimo disse...

Caro ST

Eu sei que traduzir quando hoje dispomos de instrumentos relativamente eficazes para o efeito é uma perda de tempo

Mas é muito útil quando o faz nos parágrafos que são de facto muitíssimo interessantes. Como esse que citou sobre o PM italiano.

Pedagógico e directo. Com a "papa" já servida. Thanks

Anónimo disse...

Substituindo-me ao tão prezado Cuco ( já era tempo de jose ter um pouco de repouso com esta fixação familiar pelos cucos):

Afirma jose:
"«... trabalhadores de 1ª e de 2ª sendo que os de 2ª têm que sustentar os de 1ª!!!!»"
Consulta os teus arquivos Cuco e verifica se os 'trabalhadores de 1ª' não serão os reformados abrilescos, aqueles dos melhores 5 dos últimos 15, ou ainda mais mama que isso"

Curioso como o "mamar" doce de jose desapareceu logo, presto, súbito. E apareceu logo fugazmente aquele verdadeiro jose que em 2013 pensava que o caminho de regresso ao 24 de Abril seria imparável

Anónimo disse...

Mas tenho uma má notícia para jose

Não, os trabalhadores referidos por jose não são os "reformados abrilescos" '
(que ódio a Abril ,hein?)

Nem os dos 5 dos últimos 15

Nem os ainda "mais mama que isso."
( que linguarejar, hein?)

Não. Está aqui tudinho:

https://arrastao.blogs.sapo.pt/2880397.html

Mais os p.q.p.do jose ( JgMenos, na altura) à Constituição da República Portuguesa e às decisões do Tribunal Constitucional.

Anónimo disse...

Afirma pedro a 16 de agosto de 2018 às 21:01:
"A minha observação é que estão socialistas a destruir alegremente essa unidade."

Afirma pedro a 18 de agosto de 2018 às 11:57:
"Qual unidade? Nenhuma, porque nunca existiu".

Afirma pedro a 18 de agosto de 2018 às 11:57
"É que eu falava de unidade de pessoas bem intencionadas e racionais, não de máfias e rebanhos"

Qual unidade? A que estão alegremente a destruir ou a que nunca existiu?

(as máfias foram as denunciadas por Jack London ,escritor que as denunciou e que se recusava a ser da "posta do meio" como é o caso de pedro?)
( os rebanhos serão os rebanhos dos que se dizendo que não sendo do rebanho fazem parte do rebanho dos que dizem que o não são? )

Jose disse...

«a concentração do esforço sindical em empresas e sectores onde a sua eficácia de acção seja máxima é apenas uma questão de relação custo/benefício»

Tradução: é uma questão de poder mamar no contribuinte.

Pedro disse...

St.

Acabei de escrever que partidos como o PS são neoliberais e você atribui-me a sua (deles) social democracia ficticia.

Quando a argumentação começa a descer ao nível de fingir que não se vê o que o outro lado escreve está a descer ao nível do troll anónimo que anda aí a rosnar ás ordens de um qualque comité central.

- O facto de eu me dirigir ás estruturas partidárias e sindicais de esquerda é precisamente por as estruturas estatais a quem isso competia não estarem a cumprir o seu dever por o estado estar capturado pelo neoliberalismo, por mão dos partidos da direita como o PS.

Ora eu acreditei que a esquerda está do ladodos trabalhadores em geral, pelo que seria natural pressionar o estado nesse sentido.

Mas parece que fui totó em acreditar nisso e que me estão a querer explicar que está do lado só dos trabalhadores bem colocados. Parece que há alguns mais iguais do que os outros.

- Quanto ao comunicado italiano, uma social democracia verdadeira simplesmente não entregaria serviços e equipamentos públicos em massa a concessionários privados. E se entregasse alguma coisa não os começava a fiscalizar só depois das pontes começarem a cair.

Pedro disse...

St

- Se será bom abandonar a grande massa dos trabalhadores a favor de sectores privilegiados?

Precisa mesmo que lhe responda a isso e de pensar muitas décadas sobre o assunto?

Será bom justificar a propaganda da direita ao ponto de ter grande parte dos trabalhadores a insultar os funcionários públicos?

- Quanto ao multimilionário da gentrificação do bloco. O problema não é ser multimilionário, embora como marxista ele é que o devesse ter.
O problema do ponto de vista da social democracia é mesmo a gentrificação. Estando o neoliberalismo a dissolver as comunidades e a por em causa o direito á habitação através de negociatas de especuladores como o Robles, um social democrata estaria preocupado em contrariar essa ação neoliberal e consideraria uma traição um politico eleito para isso estar a fazer o jogo do inimigo quando não está nos comícios a pregar o contrário do que faz.

É como se o Attlee estivesse por um lado a criar o serviço nacional de saúde e por outro a desmantelá-lo para criar uma rede de hospitais privados dos quais seria sócio ficando multimimionário no processo.

Que vocês não tenham capacidade de perceber o descrédito que isto lança no combate ao neoliberalismo é verdadeiramente espantoso.

Pedro disse...

Jose

Se fica mais descansado, em vez de lhe chamar socialismo moderado, chame-lhe capitalismo moderado pelos valores socialistas.

Entretanto a iniciativa dessa moderação partiu do sector socialista de acordo com princípios socialistas de sentido de colectividade contra o hiper-individualismo liberal.

Pedro disse...

Quanto ao troll anónimo, hoje não estou para lhe dar trela.

Francisco disse...

A conversa desviou-se um bocadinho do seu tema e passou a a girar em torno de pessoas ou figuras ou não sei quê, aspectos esses sem qualquer interesse neste contexto.
Admitindo que é possível voltar à vaca fria, deixo aqui uma observação deliberadamente provocatória: depois dos estudos de Adam Smith e de Karl Marx, e excluindo a virtude da famosa mão invisível cuja inexistência está hoje empiricamente demonstrada até à exaustão, continuarão os socialistas/sociais-democratas a acreditar nessa história de um capitalismo na produção para um socialismo na distribuição? É que passa por aí o eixo central de todas as contradições.

José Cruz disse...

A alocução aos socialistas,aqui transcrita e recordada,para muitos,dos que,como eu,nem era ainda nascido,tem o valor histórico de recordar uma época e um contexto,muito diferente do actual.Em 1947,passada a derrota das forças nazis e fascistas,que ensombraram e juncaram de mortos todo um continente,havia que promover a luta contra um sistema ditatorial que continuava a asfixiar o país.Nessa luta pontificavam muitas vozes e ainda maiores silêncios e a desmobilização e atraso do país,impunham uma vontade de agregação de núcleos socialistas dispersos e de outras forças democráticas que vieram a convergir no MUD.
Nos dias de hoje,tanto o contexto,como as forças em presenca,são completamente distintas e muito do que o apelo de António Sérgio pretendia,não tem a prioridade de então.

Jose disse...

Pedro,
Valores socialistas têm um único fundamento: fim da propriedade privada de dos meios de produção.

Falar em valores sociais e o papel que historicamente os socialistas tiveram na sua afirmação, a par de muitos outros contributos que os precederam e acompanharam, não são socialismo.


Socialismo é no presente um arcaísmo propiciador de memórias de miséria moral e material e só útil para exprimir ódios.

Pedro disse...

Francisco

Quem transformou em "tabu religioso" a teoria de que o estado não pode produzir foram os neoliberais.

A social democracia defende um sistema misto. Não proibindo a iniciativa privada, que respeita pelos seus valores de flexibilidade, o estado social-democrata também não deixa de intervir na produção - em caso de necessidade para o bem colectivo.

É assim que as social-democracias privatizaram várias indústrias.

Attlee por exemplo, nacionalizou a indústria do aço e a frente popular francesa nacionalizou a indústria do armamento, a indústria do petróleo norueguesa é estatal etc.

Claro que se for perguntar aos gajos que HOJE passam por "social-democratas" é o mesmo que ir perguntar à Tatcher - papagueiam-lhe os ensinamentos de Milton Friedman como se fossem os dez mandamentos.

Mas eu estava a falar da social-democracia a sério, antes de ser traída por escroques como Blair, Schroder e Soares.

Anónimo disse...

O Pedro é apenas o que parece ser ou é mais do que isso?


Anónimo disse...

Pedro não sabe ler. É que já o questionaram sobre Robles e o seu marxismo. Não conseguiu perceber, não conseguiu juntar as palavrinhas ou adormeceu?

Pedro precisa de ler mais. Nem que seja um mínimo só para ter ao menos a consciência das atrocidades que diz

Ê francamente doloroso ou francamente divertido?

Anónimo disse...

Afirma pedro:
"chame-lhe capitalismo moderado pelos valores socialistas."

Ahahahah

Afirma pedro:
" iniciativa dessa moderação partiu do sector socialista de acordo com princípios socialistas de sentido de colectividade contra o hiper-individualismo liberal".

Ahahahah

S.T. disse...

Eu peço desculpa de insistir nalguns pontos que só marginalmente têm que ver com o post.

Aliás José Magalhães colocou muito bem em perspectiva as circunstâncias que rodeiam o discurso de António Sérgio.

O que eu pretendo sublinhar é que a unidade pela unidade não é solução para coisa nenhuma.

Quem se tiver dado ao trabalho de perceber o que leva um PM de um governo populista supostamente de direita a rescindir a concessão de uma autoestrada cuja essa concessão foi adjudicada por governos "de esquerda" fica com a noção clara de que as linhas de demarcação ideológicas e partidárias estão completamente subvertidas.

É essa a lição fundamental a reter.

Para os que se interessem pela questão da ponte italiana há um texto longo em italiano, que no entanto tem interesse por confrontar as práticas em termos de concessões rodoviárias em vários países europeus:

http://ilpedante.org/post/un-autostrada-pubblica-il-caso-asfinag

(O Googletranslate deve fazer um bom trabalho de tradução)

Interessante é também comparar com os casos portugueses como os da Lusoponte e outros.

Em que é que isto é relevante para o assunto do post?

É que não há alianças possíveis com uma esquerda que perdeu a orientação básica e fundamental do que é o interesse público.

Acham normal que a grande preocupação de comentadores do PD italiano tenha sido a queda em bolsa das acções da concessionária da ponte de Génova? Que unidade é possível com essa gentinha?

Ok, no caso português houve a "vacina" do governo Passos, mas isso correspondeu a uma reavaliação clara dos fundamentos económicos das teses e orientações do PS? Em minha humilde opinião não, e aí é que está o busílis.
S.T.

Anónimo disse...

Afirma pedro:
" O facto de eu me dirigir ás estruturas partidárias e sindicais de esquerda"

Mas que estruturas partidárias e sindicais de esquerda serão estas? Este blog é uma estrutura partidária? ou um sindicato?

Este pedro é um bom aldrabão.

S.T. disse...

Francisco faz muito bem em tentar recentrar o debate.

A minha perspectiva assenta muito mais na análise dos fluxos financeiros do que na ortodoxia ideológica ou teórica. E o meu interesse é também muito mais as tendências civilizacionais que as economias engendram do que pugnar por classes específicas.

O momento político a nível global é extremamente delicado.

Assistimos a uma crise grave do hegemon global que pode ter consequências civilizacionais importantes. Tanto pode resultar em atrozes guerras que liquidem uma grande parte da humanidade como no acelerar de um processo de multilateralização do poder a nível mundial como prelúdio à ascensão de um novo hegemon: A China.

Decisões "bizarras" e aparentemente inexplicáveis de líderes das grandes potências só encontram explicação neste contexto geoestratégico global.

Só a partir deste quadro é possível estabelecer escolhas baseadas no que cada um dos intervenientes pode oferecer ou ameaçar. E isso ainda condicionado ao contexto geoestratégico particular do país que se queira analisar.

Só a partir deste nível (para baixo!) é possível pensar em termos de escolhas ideológicas ou partidárias.

Para complicar a questão surgem os grandes colossos da informação globalizada que se pautam por interesses genéricamente alinhados pelos do presente hegemon mas não necessáriamente com a liderança actual do presente hegemon.

É escusado explicar como a simples orientação política de uma empresa como o Face, sem qualquer constrangimento legal ou regulação pode determinar ou pelo menos balizar o pensamento de muitos, mas mesmo muitos milhões de cidadãos.

Socialismo na distribuição? Não me parece. Já ficarei muito feliz se a cada vez que entrar na minha cozinha não encontrar uma máquina ou robot de venda automática ou um frigorifico a gritar comigo que preciso de comer mais peixe e menos ovos ou que falta leite.

Mas devo ser eu que estou a ser pessimista.

S.T.

S.T. disse...

Ainda no seguimento da oportuna chamada de atenção do Francisco, faço notar que a verdadeira margem de escolha do cidadão lambda é muito mais limitada do que aparenta.

E essa margem de escolha será tanto menor quanto mais cresça a influência já descomunal de um poder corporativo imune aos mecanismos de escolha democrática dos estados. Pode até suceder que regimes menos democráticos averbem maiores sucessos na contenção do poderio das grandes corporações.

E depois temos os paradoxos da segunda (por enquanto) maior economia: Capitalismo formal e nalguns casos selvagem, empresas formalmente capitalistas mas de propriedade estatal, controlo estrito das liberdades individuais e graves restrições à liberdade de pensamento.
Nada que faça prever essa fórmula "um capitalismo na produção para um socialismo na distribuição".

Debruçando-nos mais um pouco sobre este canto a que chamamos Europa observamos um hegemon regional, vassalo do hegenon global mas que impõe a nível regional uma ideologia económica completamente desacreditada a nível cientifico mas aplicada enquanto instrumento de dominação política e da opinião pública quer interna quer dos seus estados vassalos.

Também aqui não vejo nenhuma tendência para "um capitalismo na produção para um socialismo na distribuição". Apenas vejo a continuação e o reforço do controlo das opiniões públicas por todos os meios, e já nem sequer repugna ao aparelho do poder o recurso a instrumentos de censura ainda que disfarçados em formas de combate às ditas "fake news".

Quais são as forças que realmente têm alguma hipótese de moldar o futuro da Europa e particularmente da EU? E quais são entre essas forças as que possam trazer mais bem-estar e equilíbrio ambiental aos povos da EU?

S.T.

Anónimo disse...

Grande parte dos trabalhadores a insultar os funcionários públicos e os professores e os enfermeiros?
Assim a insultar como o Pedro? Um rebolucionario neoliberal ao serviço de quem?

Pedro disse...

Ao troll anónimo.

ZzzzzzzzZZzzzzRÓÓNC

Pedro disse...

St

As linhas estão subvertidas porque a maior parte dos partidos social democratas foram capturados pelo neoliberalismo.

Quanto á necessidade de alianças, é a diferença entre a actual geringonça, em que a esquerda apoia um governo de direita moderado pela necessidade desse apoio e um governo de direita sem limitações, como o de Passos.

Apesar de tudo santa geringonça.

Quanto á surpresa de atitudes não neolib por parte de governos de tendência nacionalista isso deve-se ao facto de quanto mais nos aproximamos do fascismo mais saímos do terreno da direita clássica.

O verdadeiro fascismo é antiliberal, logo anti-neoliberal.

O fascismo é estatizante e defende formas de estado social, na realidade não pertence verdadeiramente á direita.

Daí a actual tentativa da direita de ligar o fascismo á esquerda. Claro que tal pretenção é falsa, mas sendo o fascismo uma construção que sai dos moldes tradicionais de esquerda e direita, os dois lados têm material suficiente para passar toda a eternidade a atribuir-se mutuamente a filiação do fascismo como ideologia.

Não sendo os actuais movimentos de extrema direita, como o que deu origem ao actual governo italiano ou o de Le Pen, propriamente fascistas, não há dúvida que com eles nos começamos a aproximar desse campo.

Daí as "surpresas". Não me admirava nada de Marine Le Pen ter uma política social mais socialista que a de Hollande, caso seja eleita. O que também não é muito difícil.

Anónimo disse...

Este Pedro é mesmo o que parece ser.

S.T. disse...

De um modo geral sim, o fascismo, sobretudo o italiano, tinha muitas preocupações sociais.

No entanto não concordo com a caracterização de "estatizante", pelo menos não no que se refere à propriedade. O que se observa é a adopção do industrialismo com a protecção dos empresários nacionais e a adopção do corporativismo como doutrina laboral.

Já no que toca à politica monetária, a da Legga e até do FN francês estão nos antípodas do fascismo italiano dos anos 20 e 30 do século XX.

Recorde-se que Mussolini optou pela versão (à época) do euro: Aderiu ao padrão-ouro e adoptou políticas deflacionistas e de sobrevalorização da moeda com os mesmos resultados desastrosos do euro dos nossos dias.

S.T.

Pedro disse...

ST

O fascismo não era contra a propriedade privada nem a livre iniciativa mas era a favor da intervenção e controle do estado sobre os mercados.

O slogan basilar do fascismo - nada fora do estado tudo dentro do estado - é bem exemplificativo dos seus objectivos a longo prazo.

Entretanto, como eu disse, o fascismo tinha elementos comuns tanto à esquerda como à direita, pelo que em certos casos alinhou com os liberais - como com o flirt que teve com Pareto.

Que inverteu assim que se confirmou a falência do liberalismo com a crise de 29…

Seja como for é um erro perigoso ir na propaganda da esquerda que o fascismo seria um fenómeno puramente de direita.

A verdadeira extrema-direita é o neoliberalismo e a direita conservadora.

Ao considerar o fenómeno misto do fascismo como "A" extrema-direita, estamos a branquear o extremismo neoliberal ou conservador que aparecem como ideologias "moderadas" e ás vezes até "de centro" em contraposição com o extremismo fascista.

Não são. Esses é que são a extrema-direita.

O fascismo é extremista mas não é de esquerda nem de direita. É de fora dessa grelha.

Anónimo disse...

Este Pedro é um ignorante com simpatias fascistas

A solução para os seus problemas ideológicos passava por meter os do partido de Robles e mais uns tantos em sacos e lançá-los ao mar

Uma solução à medida dos fascistas e da extrema-direita. Do lumpen do proletriado. Dos gorilas fascistas