quarta-feira, 22 de março de 2017
Para sempre?
O momento João Duque de Jeroen Dijsselbloem, na excelente fórmula de Nuno Serra, é a versão grosseira de uma ideologia económica inscrita nas regras do euro. Nunca esqueçamos as instituições, as políticas, que dão força material decisiva às narrativas. Quem esquecer isto, quem ficar pelas pessoas, comete um erro intelectual e político decisivo, alimentando a ilusão de que isto muda com a simples rotação de pessoal político.
Precisamente no mesmo dia em que foram conhecidas as declarações de um símbolo da destruição da social-democracia europeia pelo euro, ficámos a saber, graças a Rui Peres Jorge, que o BCE quer ultimato a Portugal: mais reformas ou sanções. Agora que estão convencidos que o perigo deflacionário foi esconjurado, vem ao de cima a mesma chantagem de sempre, a mesma lógica golpista contra as democracias de sempre, as mesmas reformas com a mesma lógica de sempre: transferir recursos de baixo para cima, de dentro para fora. Para sempre?
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13 comentários:
Quem poderia prever há um ano que a "Geringonça" viria a usufruir de tal estado de bem-aventurança política, sem paralelo na nossa história política na atual era constitucional? Interrogava-se Vital Moreira no seu Causa Nossa.
Tudo muito bonito, só que o BCE não esta´pelos ajustes a´ portuguesa e já avançou ou vai avançar tipo “Ultimato Inglês” com contramedidas, ameaças de expulsão da União e o que mais lhe aprouver, já que os “padrinhos”, PS e PSD, transferiram nossa soberania para o império germanófilo.
Será que esta gente só se sentirá bem de Cócoras? de Adelino Silva
Para sempre?
A pergunta é mesmo essa. Até quando?
E já que estamos em maré de falarmos em transferência de recursos, que tal explicar o que pode significar uma saída do Euro, sobretudo se for impreparada e baseada na ideologia? O João Rodrigues é que se apressou a falar em política inflacionista aqui atrasado. Tal como com o Senhor de nome impronunciável, pela boca morre o peixe. Que tal ser minimamente franco e em vez de arrancar as vestes, falar no possível derretimento das poupanças dos Portugueses ou no facto de que qualquer coisa como 25% da dívida dos Portugueses ao Exterior (Estado e Privados) não se encontra sujeita à legislação nacional e que em caso de saída do Euro isso pode deixar muita gente falida e sem emprego? Das duas uma, ou ainda não percebeu isto, ou se percebeu se calhar até nem se importa nada (os revolucionários de todas as cores pensam todos o mesmo, 'never let a crisis go to waste')...
As declarações destas duas individualidades Duque e Dijsselbloem poderiam causar danos irreparáveis em qualquer democracia de verdade, mas como na U.E. a sem-vergonhice e´ rainha…tudo pode acontecer. “Gastam dinheiro em “copos e mulheres” e “pedem que os ajudem” são palavras que só um derrotado pode balbuciar.
Se algum cidadão ainda tivesse dúvidas sobre a não-democracia europeia existente, ainda que se julgo social-democrata, as palavras dilacerantes para todos europeus do sul, ditas por estes senhores doutores da mula-russa, aí estão para confirmar. de Adelino Silva
Jaime Santos:
Fartos de falar no que pode significar uma saída do euro estamos nós. Tal como estamos fartos de falar o que significa continuarmos neste euro.
O que parece é que o senhor não tem estado atento ao debate que se vai produzindo. E se tem limitado a reproduzir a vulgata que têm repetido os europeístas de todas as cores.
Como este holandêz. Como o Duque. Como agora o BCE do "nosso amigo" Constâncio
A derrota do partido de Jergen Dijsselbloem foi estrondosa , mas não é certo que este perca o lugar de presidente do Eurogrupo . Nesta farsa de democracia que é a UE no essencial quem manda é a Alemanha e no eurogrupo o intratável Sr Wolfgang Shauble. O holandês sabia isso e foi um fiel servidor de Shauble que certamente tudo fará para o manter . Como de resto os recentes acontecimentos provam.
O eurogrupo é uma instância informal , não está enquadrada nos tratados , apenas considerada no terceiro protocolo do Tratado de Lisboa que afirma que " os ministros das Fnanças dos Estados cuja moeda é o euro se reúnem entre eles de maneira informal " e que elegem um presidente pela maioria dos seus membros por dois anos e meio . Uma das instituições mais importantes e poderosas da U.E. não é escrutinada e é " informal " .
Como é informal decide das suas regras de funcionamento . Foi assim que em junho de 2015 na cimeira da crise Grega o servil Jeroen Dijsselbloem pode decidir a exclusão do Eurogrupo do ministro das finanças Yanis Varoufakis um dos seus membros...
Sobre este funcionamento mui democrático os zelotas do Euro e os devotos do "europeísmo " fazem silêncio .
Por acaso em vésperas das eleições holandesas o maior partido da oposição fez uma proposta para o estudo da permanência da holanda na eurozona
A iniciativa de propor o abandono da Eurozona coube ao maior partido da oposição. A proposta de elaborar um relatório a respeito foi aprovada por unanimidade no parlamento holandês.
Nós ocntinuamos de olhos postos na Alemanha e na Holanda a obedecer aos seus ditâmes e a tentar fazer aquilo que eles nunca nos permitirão: tomar nas nossas mãos o nosso destino como povo e como nação.
(os revolucionários de todas as cores pensam todos o mesmo, 'never let a crisis go to waste')... Olhe que não… JS olhe que não…
O factor principal não e´ chegar às últimas consequências, sobretudo se for preparada e baseada na Ideologia marxista.
«A saída do euro pode significar um evento revolucionário só por si».
Lembrar que não seria a primeira vez que a bancarrota assolaria nosso país, nos idos de 30/40 do XX seculo, uma boa parte dos empresários portugueses foram levados a falência por mor, mais uma vez, das amizades germânicas.
Mas e objectivamente, o que esta´ em causa e´, antes de mais, a “Libertação de Portugal”, deixar de ser feudo do sub-imperio tanto politica, social como economicamente, isso sim – fazer valer a nossa economia sem constrangimentos. Por a´ prova, livremente, as nossas capacidades de comerciar ainda que em “ Globalização”. Sem mais. de Adelino Silva
"Em 1970, Henry Kissinger interrogava-se em tom de ironia: «A Europa, que número de telefone?».
Hoje, já não podia repetir a ironia, bastava telefonar para a Senhora Merkel ou para o seu intratável ministro das Finanças, de tal modo a «Europa» se tornou alemã. E para saber os números dos telefones podia dirigir-se à CIA, que os tem registados e vigiados.
Os profissionais do europeísmo podem continuar a falar numa União entre iguais, podem continuar a contar a «sua» história da construção europeia e a repetir o catecismo dos seus mitos que não alteram a realidade de uma Europa cada vez mais comandada por uma só potência e cada vez mais desigual.
Hoje é-lhes mais difícil, sem hipocrisia ou cinismo, repetir as fórmulas vazias: «a Europa é a coesão económica e social; a solidariedade; o nivelamento por cima; a paz; o nosso futuro!»
Os refugiados que ficam no Mediterrâneo, o comportamento da União Europeia em relação à Grécia e aos países do Sul, o dumping social e fiscal, os níveis de desemprego e a pobreza mostram-nos uma Europa do capital financeiro cada vez mais distante dos legítimos anseios e aspirações dos povos.
Vendem a ideia de uma construção europeia democrática, num método original de pequenos passos, quando do que se trata é do bom e velho método Jean Monnet, que sempre quis uma Europa federal, consultando o menos possível os povos. A dissimulação, a opacidade e a imposição têm sido os grandes vectores da construção europeia."
(cont)
"A história dos diversos referendos e a incrível história do Tratado Constitucional rejeitado pelo povo francês e holandês e que dois anos depois foi instituído, sem consulta, no Tratado de Lisboa, o do «conseguimos, pá!», dão-nos o verdadeiro retrato de uma construção antidemocrática feita longe dos povos.
Giscard d'Estaing, que tinha presidido aos trabalhos do projecto de Constituição para a Europa, declarou então: «As propostas institucionais do Tratado Constitucional encontram-se integralmente no Tratado de Lisboa, mas numa ordem diferente. A razão é que o texto não deve lembrar muito o Tratado Constitucional».
Alguns meses mais tarde, Nicolas Sarkozy diria a um grupo parlamentar europeu: «Há uma divergência entre os povos e os governos, um referendo neste momento colocaria a Europa em perigo, não teríamos tratado se tivéssemos um referendo em França».
O mesmo método é aplicado na negociação secreta dos tratados internacionais – veja-se o Acordo de Comércio com o Canadá, CETA, no funcionamento do Eurogrupo ou do todo poderoso Banco Central Europeu – órgão não eleito.
Os burocratas de Bruxelas ao serviço dos grandes interesses e do capital financeiro decidem o futuro dos povos, concedendo que existe não na construção, mas no funcionamento da União Europeia aquilo a que chamam candidamente e eufemisticamente «défice democrático».
Do alto da sua arrogância, consideram que o aumento da indignação, da revolta, da rejeição desta Europa e do euro se deve à falta de conhecimento dos cidadãos, que não compreendem o papel dos especialistas, a globalização, a necessidade das reformas. Os burocratas de Bruxelas não querem reconhecer que os povos rejeitam as suas políticas por muitas e boas razões.
Quando as consultas populares não correm bem, como no caso do Brexit, não hesitam em afirmar em tom classista que foram os menos instruídos os que mais votaram negativamente, como se não fossem estes os que mais sofrem na pele as humilhações e as consequências das políticas de concentração da riqueza.
Espantam-se depois pelo crescimento daquilo a que chamam de populismo, como se este não fosse o resultado das promessas não cumpridas, das políticas neoliberais, do aumento das desigualdades, da liquidação de direitos e do Estado Social, das negociatas e corrupção, da falta de credibilidade dos partidos e políticos que em rotativismo têm estado no poder.
(Carlos Carvalhas)
Não sei que é o autor@:
"Meu caro Jeroen Dijsselbloem,
Deixa-me dizer-te duas ou três coisas sobre a malta cá dos países do sul, que pareces não conhecer bem. Nós não gastamos o dinheiro só em mulheres e álcool. Também há quem gaste dinheiro em homens. Mas isso é raro. É verdade que gostamos muito de estar com homens ou mulheres – depende de cada um – mas costumamos tê-los de borla. Quer dizer, não fazemos como na Holanda, o teu país, que tem o maior número de prostitutas por metro quadrado em todo o mundo e até as põe à venda em montras. Aí é que se gasta muito dinheiro mal gasto em mulheres. Talvez não saibas, mas há quem diga que no Verão vêm muitas mulheres do teu país à procura de homens no meu país. Duvido que eles lhes paguem alguma coisa.
Também não gastamos assim tanto dinheiro em álcool. Até porque não temos muito dinheiro para gastar em coisa nenhuma. Bebemos algum vinho, é verdade, mas é mais por razões de saúde e para dar trabalho aos nossos agricultores. Eu sei que no teu país a bebida preferida é o leite. Aqui também bebemos disso, mas é de manhã e com café. Às refeições ou quando vamos sair a qualquer lado não costumamos beber leite. E mesmo que quiséssemos não podíamos porque temos menos vacas que no teu país. Fica a saber que os gajos mais bêbados que conheci em toda a minha vida foram dois holandeses lá para os anos 80, que costumavam acampar na Barragem de Castelo de Bode e apanhavam um pifo que durava quinze dias. Mas eram admiráveis porque ao fim da tarde atravessavam a barragem a nadar de costas, completamente bêbados, e não chegaram a morrer. De mulheres parece-me que não gostavam muito. Devia ser para pouparem dinheiro para a pinga.
Mesmo assim, é melhor gastar dinheiro em vinho do que em haxixe ou outras drogas, como no teu país. Nós não temos cá desses cafés onde se podem fumar umas ganzas em liberdade, mas temos umas belas tascas com mesas de mármore onde se bebem uns copos de três, se joga à sueca e canta à alentejana.
Não fiquei muito admirado com o que tu disseste. No teu país 40% do território fica abaixo do nível do mar e as pessoas são as mais altas da Europa. Deve ser para poderem tirar a cabeça fora de água e espreitarem para o sul para ver o que se passa por cá. Mas de certeza que isso não faz muito bem ao pescoço. Aqui somos mais baixos e até um pouco mais gordos. Não vem grande mal ao mundo porque, como tu reconheces, as mulheres gostam assim. Também não estamos abaixo do nível do mar porque a maior parte do mar é nosso.
Há no entanto uma coisa em que tu podias ser quase como alguns portugueses. És do Partido do Trabalho mas trabalhas pouco. Há quase 20 anos no Parlamento da Holanda, depois no Parlamento Europeu e agora como Ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, também temos cá desses trabalhadores. Depois, li por aí que não conseguiste acabar o Mestrado mas que te intitulaste Mestre até seres apanhado. Estás a ver, desses também cá temos.
Olha, vou-me despedir com um conselho. Tu estudaste economia agrícola. Porque é que não te dedicas a apalpar tomates para ver se estão maduros? ;-)
Se o amigo Paulo Coimbra publicasse aqui uns gráficos com a evolução do crescimento económico e o do desemprego, desde a década de 60 do sec.XX até aos tempos actuais, provavelmente (a julgar pela sua simplista conclusão sobre a Alemanha) concluiria que a democracia fez mal ao crescimento económico e ao emprego.
Não presuma, por favor, as minhas conclusões. Para além dos adjectivos também tem argumentos para apresentar?
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