«O Executivo não perde a oportunidade de assumir o atraso dos indígenas que governa e garantir a reverência da civilização superior. A notícia de que, no exato dia em que se disputam as eleições europeias, terá início uma conferência que reúne em Portugal os líderes das instituiçoes da "troika" deve ser encarada com triste naturalidade. (...) Não sei se devemos interpretar tudo isto como um descarado ato de propaganda ou - na hipótese em sentido oposto - como um sinal de indiferença arrogante face às eleições por parte de instituições que gozam de nula ou escassa "accountability" democrática. Independentemente da intenção, porém, a organização do evento representa uma provocação objetiva ao regular funcionamento da democracia. Infelizmente, também não espanta que tal desrespeito seja caucionado pelo executivo português. (...) Dificilmente quem projeta a imagem da sua propria menoridade pode ser respeitado pelos seus "credores"».
Hugo Mendes, «Que se lixem as eleições»
A interrogação do Hugo Mendes é certeira: a conferência do BCE em Portugal a 25 de Maio (dia de eleições para o Parlamento Europeu), constitui um despudorado gesto de propaganda ou é «apenas» a exibição alarve de um desprezo pela soberania democrática dos Estados? E não será, aliás, de considerar como válidas as duas hipóteses?
Passos Coelho ensaiou hoje uma tentativa de branqueamento político do significado desta conferência, equiparando-a à final da Champions League, que se realiza «em Portugal no dia da reflexão», como lembrava o primeiro ministro a Catarina Martins (BE), no debate quinzenal no Parlamento. E fiquem com mais um detalhe, que é toda uma metáfora: o BCE autorizou a Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM) a cunhar, no corrente ano, 520 mil moedas de dois euros, alusivas ao 40º aniversário do 25 de Abril.
Não sejamos, pois, ingratos: não só nos vai ser permitido votar a 25 de Maio (apesar dos sérios riscos de as eleições poderem perturbar a conferência da troika, que se realiza oito dias depois da concretização da profecia de Paulo Portas, do «1640 financeiro»), como ainda vamos poder andar no bolso com moedas comemorativas dos 40 anos do 25 de Abril. Viva a democracia, viva o protectorado, viva a soberania!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Era usar as moedas do 25 de abril em fisgas à porta da conferência... É só uma ideia...
A paspalhada não encontra melhor solução de se afirmar do que pôr-se em bicos de pés a despropósito!
Já tenho saudades da troika...e mal começou a restauração; a última´prolongou-se de 1640 até 28 anos depois!
Jose a fazer o seu papel de paspalho e a por-se em bicos dos pés?
Um troikista é sempre um troikista.As saudades são reais e continuam outras saudades estas do 24 de Abril?
A interrogação está também em como é que estas "coisas" têm a lata ainda de falar em democracia?
E este raspar no fundo da decência, este rastejar perpétuo, esta falta de verticalidade, esta submissão constante, este vergar aos ditames da troika. esta contínua falta de respeito , esta falta de coragem , esta manifesta falta de discernimento para compreender que estas coisas passam das marcas e que só seres muito reles podem subscrever tais jogadas.
Restauração?Começou a restauração?Só alguém conivente com a troika e com este saque pode dizer tal coisa.Alguém profundamente ligado a coisas como portas, coelho, cristas, catroga, dias loureiro...e obviamente a todas as merkel deste mundo.
De
DE - para além da costumeira análise psico-política, uma blasfémia!
Democracia? Tal palavra em gente sem outra obediência que não a do catecismo comunista é blasfémia.
Enviar um comentário