segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Deprimente
O Prémio “em memória de Alfred Nobel” do Banco Central da Suécia foi atribuído a Eugene Fama, um dos defensores da hipótese dos mercados eficientes, imbatíveis máquinas de processamento de informação, que por definição não se enganam. Crises financeiras geradas pelos mercados financeiros liberalizados também por inspiração de Chicago? Nem pensar, já que a culpa é dos governos, disse Fama recentemente. Mas o “Nobel” também foi atribuído a Robert Shiller, um dos que deu fundamentos comportamentais, a tal economia com humanos lá dentro, à mais robusta hipótese crítica da instabilidade financeira dos mercados com rédea demasiado solta, pondo alguma, pouca, água na fervura do entusiasmo mercantil. Dar uma no cravo e outra na ferradura, mesmo que a linguagem do comunicado de imprensa procure eliminar estas questões? Mais ou menos, já que Shiller é conhecido por advogar que a solução principal para as eventuais falhas dos mercados é a construção de ainda mais mercados, para mais contingências, construídos com a ajuda de economistas pagos para o efeito, como Shiller. O neoliberalismo, nas suas várias versões, está bem e recomenda-se do ponto de vista político. As crises financeiras não existem e se existem resolvem-se com mais do mesmo. Deprimente.
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8 comentários:
Há bons Prémios Nobel e maus Prémios Nobel. Bom mesmo é o do Krugman que diz as coisas certas. O resto é para esquecer e deprimir.
tanto quanto me parece a freadmaniana universidade de Chicago gerou a quase esmagadora maioria dos nobel
E mesmo o Krugman diz coisas certas para a América que o ouve! O problema de ouvir economistas a falar de economia, perdoem-me os autores do blog, é que se economia fosse ciência, não tinhamos chegado onde chegámos. Muito menos tantas vezes nos últimos 20/30 anos!
Este Nobel até convém ser distanciado dos outros (e não pertence ao ramalhete que o Alfredo nos legou) bem que se podia chamar Nobel da Astrologia e Cartomância, tantas as voltas e cambalhotas que dá!
A elite da finança e das corporações está apostada em destruir a Nações.
Armadilhou o sul da Europa pelo endividamento, quer com a colaboração de políticos medíocres, quer fazendo os estados resgatar com o seu dinheiro a corrupção financeira. Eles querem destruir as soberanias… dividir/dissolver as Identidades para reinar… tudo para criarem uma "massa amorfa" de gente inerte, pobre e escravizada e assim melhor estabelecerem a Nova Ordem Mundial: uma nova ordem a seguir ao caos – uma ORDEM MERCENÁRIA (um Neofeudalismo)... ou seja, a 'Ordem Natural' que emerge de um 'barril de pólvora' (leia-se, o caos organizado pela alta finança).
{nota: andam por aí muitas marionetas... cujo trabalhinho é 'cozinhar' as condições que são do interesse da superclasse - alta finança, capital global}
Permito-me deixar um link para uma crítica a um dos livros do Robert Shiller "The Subprime Solution: How Today’s Global Financial Crisis Happened, and What to Do About it". Uma análise crítica das teses do nobelizado e dos seus falhanços com a sua defesa da "democracia financeira" . Se o meercado não funciona temos que melhorar o mercado, pensa Shiller: "l’inexistence d’un système complet de marché compromet l’efficience des marchés en empêchant les prix de jouer leur rôle. Il convient alors de mettre en place un système financier efficient, où les prix refléteront sûrement la valeur et la qualité des biens et services". Realmente deprimente.
http://www.etudesfoncieres.fr/2013/10/livre-the-subprime-solution-how-today-s-global-financial-crisis-happened-and-what-to-do-about-it/
Eu não gosto das posições políticas do Fama mas esta crítica é injusta e sugere que o João Rodrigues não percebe muito bem o que é a EMH.
Poucos economistas terão contribuído tanto para a justiça social como o Fama. Pense nos milhões poupados por pequenos aforradores, em particular os participantes em fundos de pensões, graças ao Fama. Dinheiro que teria ido para os bolsos da elite financeira dos brokers e banqueiros.
E para acabar com a depressão nada melhor do que ir às Manifs da CGTP dia 19 na Ponte (quer o governo queira, quer não) e dos colectivos do Que se Lixe a Troika dia 26 que fará o cerco a São Bento (até que o governo caia...)!
Carlos: você acertou em cheio. Vem-se das manifestações com outro espírito, sabia? E isso também conta.Sabia?
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