É sabido que o problema estrutural da zona euro que deu origem à crise esteve foram os desequilíbrios externos dos países pertencentes ao euro. No quadro da moeda única, os países do Sul foram acumulando défices, os países do Norte excedentes. Os excedentes do norte serviram para financiar os défices do Sul. Tomando a zona euro como um todo, a sua posição era, no entanto, razoavelmente equilibrada em relação ao exterior.
Entretanto, com a imposição dos programas de austeridade e empobrecimento geral dos países do Sul, a posição internacional da zona euro alterou-se. Os excedentes do Norte mantém-se, mas os défices do Sul quase desapareceram (ver primeiro gráfico). O resultado é um excedente crescente da zona euro em relação ao exterior. Como pode ser uma posição excedentária um problema?
Duas razões. Primeiro, se a zona euro se mantiver sem grandes sobressaltos internos (na verdade, um cenário inverosímil), a tendência será para o euro se valorizar em relação a outras moedas. O tão propagandeado motor da recuperação económica do Sul, as exportações, estará assim comprometido, por maior que seja a “desvalorização interna”. Segundo, os excedentes externos têm como natural contrapartida a acumulação de activos (créditos) da banca dos países excedentários da zona euro sobre o exterior (ver segundo gráfico abaixo). Em caso de sobressalto financeiro, estes activos estarão em risco sem que a banca europeia possa, ao contrário do que acontece hoje dentro da União Europeia, garantir politicamente o reembolso dos seus créditos. Assistimos assim a um retomar dos mesmos mecanismos que estiveram na origem da crise financeira internacional, com a banca europeia numa posição bem mais vulnerável. Isto não vai correr bem.
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1 comentário:
então qual seria a situação ideal?
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