Um grande economista, um excelente homem: António Barros de Castro
António Barros de Castro, um grande economista brasileiro e um excelente homem, morreu no domingo no Rio. A imprensa e a comunidade académica brasileiras exprimem uma forte comoção e são justas com ele.
António era o que todos os economistas devem ser, um economista do desenvolvimento. Fez parte dos que mais influenciaram o pensamento económico brasileiro a seguir a Celso Furtado, entre eles Maria da Conceição Tavares, a portuguesa que há muitas décadas se tornou figura destacada na vida do Brasil. A sua vida e a sua obra são marcos importantes na formação e difusão do pensamento estruturalista, na tradição cepaliana. Foi presidente do banco nacional de desenvolvimento, o BNDES. A sua boa influência exerceu-se também noutras funções importantes. Era doutor em Economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e foi professor do Instituto de Economia da UFRJ.
Na sua produção científica destacam-se obras como Introdução à Economia: Uma abordagem estruturalista, Sete Ensaios sobre a Economia Brasileira e A Economia Brasileira em Marcha Forçada. Obras daquelas que têm de ser estudas quando se pensam as políticas públicas, as estratégias nacionais e regionais, o desenvolvimento, isto é, os temas a que a economia tem de regressar para ser fonte de conhecimento.
Morreu vítima de um desabamento, a estudar no escritório da sua casa, numa rua íngreme com calçada portuguesa da zona de Humaitá, no Rio. Uma casa onde se oferece à sobremesa as cores, os cheiros e os sabores de uma paleta imensa de frutas tropicais, cada uma explicada pelo seu nome. E se oferece igualmente um imenso calor humano, juntamente com uma inteligência cativante. António Castro sabia, como poucos, explicar e discutir a economia, isto é, as interdependências que formam os sistemas económicos, as razões que os tornam dinâmicos, os factos que os alteram.
Encantava-se com Lisboa e interessou-se pelo estudo da economia portuguesa do Estado Novo. Tinha-se tornado um estudioso da China, motivado pela sua inquietação constante e desafiado pelo que muda e transforma.
Por razões muito pessoais sinto uma imensa mágoa pelo se falecimento trágico. Mas, como economista, sinto-me feliz por saber que, entre os economistas, há homens cultos, cativantes, sabedores e fulgurantes, como António Castro.
José Reis
2 comentários:
um agro-economicista
Está-me cá a parecer que és o mesmo doido que aparece com vários «nick names» marados. Há dias deixei este comentário abaixo, mesmo que não sejas o outro, aplica-se também a ti como uma luva:
Em Lisboa, ao cimo da Av. de Roma, por detrás de uma vedação de ferro pintada de verde, há remédio para o teu problema.
Trata-te depressa porque a tendência é para que isso piore.
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