segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Não se esqueçam que é preciso acalmar os mercados...

A duplicidade do FMI em acção: para o Reino Unido, onde as consequências da austeridade conservadora também já se vêem nos indicadores económicos medíocres, o Fundo recomenda estímulos económicos, segundo o Negócios. É claro que o Reino Unido pode desvalorizar a sua moeda, que já perdeu 25% do seu valor face às principais moedas, assim incentivando as exportações, e o seu Banco Central pode financiar os défices. Outro mundo? Como assinala Paul De Grauwe, um dos mais influentes especialistas na economia da zona euro, um economista que sensatamente abandonou a crença na eficiência dos mercados financeiros, a verdade é que o Reino Unido, apesar de ter uma dívida pública superior em percentagem do PIB, financia-se a taxas de juro mais baixas do que o Estado espanhol, por exemplo. Razão? A tal soberania monetária, a emissão de dívida numa moeda que se controla: “os países membros de uma união monetária são reduzidos ao estatuto de uma economia emergente” porque precisamente se financiam numa moeda que não controlam, estando muito mais dependentes dos voláteis sentimentos dos agentes que operam em mercados irresponsavelmente liberalizados, expostos à necessidade de incumprimentos e a ajustamentos estruturais que só agravam os problemas. Conclusão que se repisa pela enéssima vez: uma união monetária sem finanças comuns, sem dívida pública comum, sem um Banco Central que financie os Estados em dificuldades, é intrinsecamente instável. Agora é a vez da Itália e da Espanha. PIIGS. E que acrónimo inventar para incluir o Chipre?

7 comentários:

Anónimo disse...

E mesmo com tudo isso a Economia Britânica está a ter uma performance bastante medíocre. É caso para perguntar o que irá acontecer a Portugal. Muito provavelmente iremos enfrentar anos de estagnação.

Os que estão a fazere tijolo dizem que bossa senhoria benceu.... disse...

Pi(er)ci(n)gs

Em 90/91 a desvalorização da libra
nem por isso resolveu os problemas

e agora com a indústria farmacêutica na Irlanda e a química e a metalurgia deslocalizadas desde a europa de leste ao hindustão

o que é que a Grã-Bretanha pode exportar competitivamente além de máquinas ferramentas e aviões...

Rolls Royce e Bentleys tanto se vendem com a libra inflaccionada como com ela em baixa

Tomás Guevara disse...

A grã-bretanha assinou um pacto de morte com o liberalismo de thatcher.
Foi vê-la afundar-se
E enquanto se afundava,enquanto perdia a prosápia de potência colonial,foi vê-la continuar com tiques imperialistas mas agora ao serviço dos estados unidos.
Blair?
Blair foi um...da pior espécie,um mentor de uma via que nunca existiu,ou melhor que continuou a conduzir a inglaterra nos mesmos trilhos dos de thatcher.Uma espécie de cavalo de Tróia,com tudo o que isso tem de pejorativo
E ainda por cima que se revelou um criminoso,cúmplice de bush e co-responsável pela maior número de mortos neste nosso século XXI.
É obra.
Altura é da grã-Bretanha se portar com alguma seriedade e responsabilidade e iniciar algo de revolucionário
Não pode ser só o "continente" a iniciar revoluções.Como a grande Revolução Francesa que abriu as portas à época moderna.

Quanto ao comboiadas...mais mole nos comentários a tentar escapulir-se das acusações de ...?
não manchemos esta página (pelo menos hoje)

Diogo disse...

Para que se compreenda de vez como é que funciona a finança internacional…

Bué Vara? disse...

Deve ser primo do Armando da Vara

Os esquizóides têm todos varas....

é genético....

João André disse...

Acrónimo? Simples: SICPIG

Carlos disse...

Pois... e quando o BoE tiver que parar com a emissão de moeda para financiar o défice porque a inflacção está a 2 dígitos, como vai ser... alguém vai querer emprestar dinheiro ao Estado britânico a taxas de 4% e 5%, quando em troca recebem libras que desvalorizaram 10% ou 20% num ano??

O génio da inflacção foi posto fora da garrafa. Actualmente os estímulos monetários que inicialmente foram apresentados como temporários em breve passarão a permanentes. Sem um crescimento constante do crédito (=dívida=dinheiro) o sistema financeiro congela; as dívidas deixam de ser pagas e basicamente a liquidez evapora-se deixando a descoberto a insolvência de todo o sistema (ele ja está insolvente, mas o "buraco" foi tapado com liquidez dos Bancos Centrais e Estados por enquanto. Quando a diferença entre o output económico real e a quantidade de dívida (crédito=dinheiro) começar a alargar cada vez mais, aí sim teremos inflacção galopante. (Atenção que não excluo um cenário de deflacção e destruição de crédito no entretanto, mas inclino-me fortemente para que o endgame seja inflaccionário pelas razões que referi).

Isto vai acabar muito mal. Desde 2009 que a unica coisa que se tem feito é empurrar a crise para a frente atirando dinheiro para o problema. Ora bem, as familias ja estou com divida até ao pescoço, bancos idem, e o estado também. E embora uns países estejam piores que outros, no fim de contas estão todos no mesmo barco. É uma questão de tempo até que a própria Alemanha se depare com um nível de dívida impossível de pagar.

Ou se reformula o sistema monetário e limpamos a dívida em excesso do sistema, e nos preparamos para um novo paradigma que aí vem (pico do petroleo e outros recursos naturais) ou estamos todos lixados com F grande.