Nasceu ontem, desde que se soube que a Moody’s nos reduziu a lixo, um novo movimento: o dos neo-indignados.
Ele é o Presidente, ele é Passos Coelho, ele são os banqueiros, eles são os comentadores da TV… São todos. Até a madrinha alemã e as suas primas da Europa fazem chegar postaizinhos de pêsames. Todos achavam ontem que as agências de rating desempenhavam uma função, ou pelo menos que faziam parte da paisagem. Pedro Guerreiro falou por todos eles, escreveu em bom português o manifesto dos neo-indignados.
A reacção lembra a do cônjuge traído – “dei-lhe tudo e agora isto?” Pois é, eu compreendo, ela é uma megera: foram anéis, contas bancárias, casas de férias e agora que acha que não vais conseguir pagar as dívidas vai-se embora – oh mercados ingratos!
Mas agora falando a sério para os neo-indignados. Digam lá: não chega já de brincar ao bom aluno para de passagem nos fazer engolir como terapia de choque o vosso programa de abertura aos negócios do espaço da provisão pública, de destruição do direito do trabalho e dos direitos dos trabalhadores, de consolidação dos privilégios com a reconstrução das barreiras de classe no acesso aos cargos públicos e privados, à escola, aos melhores espaços na cidade, a paraísos artificiais de férias permanentes na natureza?
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6 comentários:
e até já têm hino:
http://blaguedeesquerda.blogspot.com/2011/07/tudo-o-que-o-pedro-devia-dizer-moodys.html
As reacções dos neo-indignados (bem visto!) oscilam entre a ingenuidade e a hipocrisia, entre o murro no estômago e o terrorismo.
Mas o que não falta mesmo são preconceitos: qualquer ideia que não se enquadre no mainstream da comunicação e da política – esse mesmo que nos “guiou” até aqui, é para o bota-abaixo. Veja-se por exemplo a reacção mitigada e por vezes jocosa, à tomada de posição de José Reis et als na queixa contra as ditas agências de rating.
O artigo de Pedro Guerreiro é de grande lucidez, muito bem escrito, recomendado aos neo-indignados daqui e de Bruxelas (bem, do anfitrião das Lages é que não virá de certeza o outro rumo para a UE…)
o mundo tem 7 mil milhões
e os antigos escravos ganharam algumas alforrias
não deixassem a indústria química migrar com os altos fornos
a eco logia sem chuvas ácidas
paga-se em nível de vida
neo-indignados porquê?
a europa afunda-se lentamente
é apenas isso e se o núcleo industrializado centro europeu se mantiver já não é mau
as fábricas de sardinha enlatada estã in Marrocos
o concentrado dus tumates de Marrocos à China
queriam exportar ketchup italiano
para a china?
é que do português já se foi há muito
isto ài cada Major Castro Caldas
pelo menos o largo do Caldas
ganhou umas luzes ou uns luízes?
nem tudo o que brilha é ...trash
As reacções dos neo-indignados oscilam entre a ingenuidade e a falta de senso comum
ou de capacidade de adaptação
ou de análise
ou...
Esta indignação dá que pensar...
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