quarta-feira, 20 de julho de 2011
A austeridade falhou
Assim não dá: até a The Economist reconhece que a “austeridade e o crescimento não combinam”, que nos raros casos em que a chamada “consolidação orçamental expansionista” funcionou existia uma política monetária de redução dos juros e/ou uma política cambial de desvalorização da moeda, ou seja, nada que seja relevante hoje em dia para Portugal, como temos insistido. A grande fezada de dirigentes europeus e nacionais, que insistem em não perceber que a perversa austeridade está hoje no centro dos problemas económicos e políticos europeus, não se vai concretizar e eles sabem disso. Aí vamos nós rumo a mais uma grande recessão, a um grande desperdício de recursos, a uma grande erosão da confiança. Para quê? Para facilitar a consolidação de uma economia de baixa pressão salarial, a erosão total de direitos arduamente conquistados e a captura privada de bens públicos, estilo doutrina do choque? A questão de Joseph Stiglitz, no Económico de ontem, é a mais pertinente: “Até que ponto devemos continuar a experimentar as ideias que falharam?”
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5 comentários:
“Até que ponto devemos continuar a experimentar as ideias que falharam?”
Frase lapidar. A aplicar a todas as ideias e em particular a todas as ideias económicas que falharam. Não apenas a algumas!
Caro João Rodrigues
Desculpe lá, homem, mas: "assim não dá"? Não dá mesmo?
Desculpe lá, João, mas até dá. Depende da perspectiva, claro. Mas olhe que dá... olhe que dá... é o próprio João, aliás, a identificar belamente para que é que dá:
"Para quê? Para facilitar a consolidação de uma economia de baixa pressão salarial, a erosão total de direitos arduamente conquistados e a captura privada de bens públicos, estilo doutrina do choque". Voilà!
Não foram essas ideias que falharam, caro João. De modo nenhum. Resultaram, e em cheio! Foi pessoal como o Stiglitz e o João. Esses é que falharam, precisamente em não terem percebido que ESSA ERA A IDEIA!
O Stiglitz não digo, mas pelo menos o João: já percebeu agora?
Concordo com o senhor João Carlos Graça, tenho muita dificuldade em acreditar que políticas que beneficiam poucos e prejudicam muitos sejam implementadas de forma inocente ou ingénua...até acho que há demasiada condescendência perante as "soluções" abjectas que são aplicadas e sugeridas.
Se queremos permanecer no EURO precisamos de incentivos fiscais consideráveis à criação de emprego.
Como o mestre dizia : resolvida a questão do emprego os restantes problemas económicos resolvem-se por si.
A tese da chamada "consolidação orçamental expansinista" segundo a qual a austeridade orçamental contribuiria para um maior crescimento da actividade económica no curto prazo é wishful thinking e uma versão moderna da curva de Laffer que, na melhor das hipóteses, apenas poderá funcionar em situações muito particulares. Mas não quer dizer que a austeridade não seja a única forma de rebalancear a economia corrigindo os desequilíbrios externo e orçamental. Pode parecer muito contraditório mas para mim não há muita diferença entre os que afirmam que "a austeridade orçamental promove o crescimento" e os que afirmam que "a expansão orçamental promove a sustentabilidade das finanças públicas e o equilíbrio externo". Ambas estão igualmente erradas.
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