O keynesianismo ecológico, sob a forma de um «New Deal verde», é uma das ideias mais interessantes que tem circulado no campo da esquerda nos últimos tempos. Trata-se de fazer face, em simultâneo, às crises económica e ecológica através da adopção de planos que incluem investimento públicos maciços nas áreas das energias renováveis ou dos transportes públicos (com especial destaque para o transporte ferroviário).
As falhas dos mercados são por demais evidentes – das externalidades à descoordenação dos investimentos, passando pela incerteza radical que só o pólo público é capaz de atenuar. A iniciativa privada não chega lá sozinha. Muito menos em épocas de crise aguda. E na ausência de políticas contra-cíclicas fortes, ficamos trancados num ciclo depressivo vicioso.
Nos EUA, o programa de Obama integrou parcialmente estas ideias e acho que a actual conjuntura pode levar à sua adopção. O Centre for American Progress - dirigido por James Podesta, que lidera agora a equipa de transição de Obama - publicou recentemente um estudo coordenado por Robert Pollin da Universidade de Massachusetts em Amhrest. Um dos meus economistas preferidos. Pollin propõe um detalhado «programa de recuperação verde» para a economia norte-americana, argumentando que este teria, entre outras virtudes, um impacto bastante positivo na criação de emprego em sectores com futuro numa economia mais amiga do ambiente. Uma versão resumida apareceu na The Nation. Intervenções conjunturais com impactos estruturais.
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4 comentários:
Isto é muito importante, também à luz do recente relatório da AIE, o WEO 2008
Dentro do mesmo espírito, chamo a atenção para a publicação da new economics foundation intitulada A Green New Deal. E não percam o blogue TripleCrunch.
É entusiasmante mesmo o nome Green New Deal por si só.
Mas é importante que se saiba do que se está a falar especificamente- muitas aparentes invenções sustentáveis como os biocombustíveis se têm revelado flops estrondosos enquanto que outras importantes, como a agricultura biológica e manufactura de pequena escala são flagrantemente pouco apelativas.
Outrora era nítido que se precisava de unir um país com infraestruturas como agora será necessária autonomia face a crises energéticas mas enquanto que uma ponte é uma ponte uma tecnologia sustentável que compense não é algo tão claro como isso.
Isto deve-se sobretudo ao facto de este ter de ser um New Deal dos comportamentos e da educação e não dos equipamentos.
Há, além dos apontados, outros efeitos políticos não negligenciáveis. Somente por via de uma relativa independência energética - e esta via é a mais politicamente correcta - a América consegue resolver os seus problemas no Médio Oriente e deixar de estar permanentemente sujeita à chantagem do lobby judaico.
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