quarta-feira, 28 de outubro de 2020

A irresponsabilidade é um luxo


Não podemos ter pessoas de classe média ou média baixa a morar em prédios classificados.

Relativamente à Comporta tivemos, neste período, um aumento da procura por parte de clientes high-end, que procuram exclusividade, segurança e privacidade num ambiente de proximidade com a natureza, o que, no período em que vivemos, só nos dá ainda mais segurança e conforto para o desenvolvimento do projeto (...) A personalização da oferta é fundamental para conquistar o consumidor de luxo. Algo mais subjetivo e que se sente, sem se ver, ou seja, a experiência. Daí estarmos otimistas, talvez a pandemia tenha acelerado a transformação que já antecipávamos, ou seja, a democratização do luxo, o elitismo para todos. 

Miguel Guedes de Sousa, “Amorim Luxury Group - Founder CEO JNcQUOI”. 

Paula Amorim é a pessoa mais rica de Portugal e para lá do rentismo fundiário e do capitalismo fóssil aposta fortemente no mercado do luxo e da ostentação. Um dos exemplos recentes e mais expressivos do que apodei de porno-riquismo é realmente o clube de que é proprietária com o marido, Miguel Guedes de Sousa, na Avenida da Liberdade, o JNcQUOI. O francês rivaliza sempre com o inglês no consumo conspícuo em mais uma época de desigualdades pornográficas na história do capitalismo. 

Não consta que a festa em espaço fechado que aí decorreu com dezenas de jovens ricos de Cascais tenha sido interrompida à bastonada, ao contrário de outras festas de jovens pobres, em espaço aberto, mas distantes do centro da capital. 

Que digo eu, não foi de festa que aí se tratou, mas sim de “jantar com DJ”, segundo afirmou o clube, em reacção a dezenas de infecções por Covid-19. “Um escândalo na alta roda”, noticiou uma revista agora pouco cor-de-rosa. O distanciamento aí é sempre social, mas não terá sido físico. 

Dizem que com grande poder vem grande responsabilidade. No caso do grande capital vem sempre grande e luxuosa irresponsabilidade, na ausência de poderes compensatórios à altura. Aliás, a ficção do mercado livre, alimentada por batalhões de economistas, tem precisamente por função ocultar o poder e a responsabilidade. A pandemia e a catástrofe ecológica que com ela se imbrica expõem todas as grandes irresponsabilidades nesta forma insustentável de capitalismo. 

Como na Galp, de que a família Amorim é a principal acionista, vai ser preciso muito mais investimento em relações públicas, ou seja, em propaganda na comunicação social. E talvez a criação de uma cátedra Amorim em economia sustentável numa dessas faculdades de economia onde tudo se vende possa também ajudar no esforço de propaganda.

17 comentários:

Unknown disse...

Pois ele há um mercado para ricos?
Espantoso!
Nunca visto!

Anónimo disse...

A PORNOGRAFIA é mais obscena quando é sustentada pela "segurança social" dos ricos, aquela que está a substituir a SEGURANÇA SOCIAL dos pobres.
Pior que uma crise, é aproveitar a crise para manter no ativo empresas insustentáveis.

Joaquim Ribeiro disse...

A Comporta, foi onde o Champalimaud, realizou a festa do sexo em plena pandemia

Anónimo disse...

Bela tentativa para esconder a verdadeira Pornografia do que se denúncia, com a pseudo-pornografia tola da segurança social e das Empresas insustentáveis
Insustentável mesmo ê a demagogia barata. Holandesa para ser mais chique.

HFR disse...

De vez em quando é bom - mesmo na rapidez efémera dos posts - alguém chamar os bois pelos nomes (ou as vacas, neste caso), não deixando apenas o jogo nas mãos dos economistas neoliberais, em que se transformou o nosso mundo dos media. Capitalismo há só um e a única forma de o triturar é mesmo olhando do ponto de vista político, sempre com a luta de classes na retina.

Jaime Santos disse...

O João Rodrigues teria mais razão para falar se a forma de capitalismo que defende (se é que a defende) fosse outra coisa que não o modelo de capitalismo de Estado à chinesa, que não me parece que seja mais sustentável do que o de Paula Amorim. E depois, tem a grave desvantagem de nem sequer existir numa sociedade pluralista onde os trabalhadores possam lutar pelos seus direitos.

Quando o PCP tiver a coragem de condenar a tralha chinesa, cubana, venezuelana, angolana (onde esta forma de porno-riquismo vive a paredes meias com a miséria mais abjecta, aliás Amorim é sócio de investidores angolanos na Galp, não é?) etc, etc, talvez tenha alguma moral para condenar o porno-riquismo e exigir o seu fim, muito embora eu ache que o objectivo primeiro de um Partido Progressista seja acabar com a pobreza e reduzir as desigualdades, não acabar com os ricos.

Mas lá está, o PCP não é um Partido Progressista e sim Conservador...

Manuel Galvão disse...

Não se preocupe, João Rodrigues. Eles que são pretos que se entendam. Ainda por cima têm dinheiro de sobra para frequentar os hospitais privados. Aqueles hospitais que andam aflitos para arranjar clientes Covid, pois o SNS açabarca-os todos...

E se transmitirem a doença o outros, fica tudo em família, pois eles não se dão com a ralé.

JE disse...

Deixemos para lá o racismo larvar de joão pimentel ferreira naquela sua figura sinistra de apanha-bolas em processo de desconstrução idiota.

Há clientes e há doentes. A linguagem dos neoliberais resvala para a que lhe é familiar. Arranje-se aí uns clientes para os hospitais privados que parece que estão aflitos para arranjar clientes.

Tem azar o galvão pimentel ferreira...Até para acenar com a mão e fazer o seu espectáculo habitual lhe falta a realidade dos factos. Hoje ficámos a saber que os "Hospitais privados sem disponibilidade para receber doentes covid em Lisboa"

Lá se lhe tomba a ronha. Fica tudo em família, perdão, em famiglia

JE disse...

Mais elucidativo é o "testemunho pessoal" de Jaime Santos.

Porque é "interessante" seguir-lhe o seu percurso e ir apanhando os bocados bem representativos dum que agora compete com Cavaco Silva para ver quem é mais "social-democrata"

Deixámo-lo há pouco confrontado com a sua incapacidade em ler um simples texto, por acaso também de João Rodrigues. Marca menor ( porque medíocre) da "qualidade" intrínseca desta espécie de elites. Ou marca maior se estiverem em causa outras coisas mais feias.

Confrontemos de novo JS com o seu alvoroçado alvoroço. E cotejemo-lo com o texto de João Rodrigues.

E o que diz este último?

JR transcreve um pedaço abjecto do linguarejar de um porno-rico, a salivar pelas "oportunidades de negócio" criadas pela pandemia.Mete náuseas ler as palavras do tal personagem de topo dentro das elites do "Capitalismo fóssil e do rentismo fundiário"

Mas JR vai mais longe e denuncia o "jantar com DJ", marca apropriada para revelar o esterco desta gente. O seu modus vivendi afinal compagina-se com o panfleto publicitário do sr guedes.O distanciamento na alta roda é sempre social, mas não terá sido físico, na expressão feliz do autor do blog.

Já o sabíamos. É esta a espécie de trampa que representa a trampa do grande capital.

E o que faz JS?

JS salta como uma mola verdadeiramente "social-democrata" mas ao estilo cavaquista.

Nem uma palavra sobre o que se denuncia. Nem um gesto para apontar ou as palavras do sr Guedes ou para se demarcar das festas privadas dos privados representantes desta espécie de elites.

Nada. JS salta como uma mola para se atirar com ódio, com rancor,com raiva, sobre quem denuncia a porcaria que ele quer ocultar assim desta forma tão"interessante".

Atira ao mensageiro. E é vê-lo a falar desta forma de complexado frustrado na China e no PC,qual espantalho patético a ver se espanta o alvo do debate para longe das suas elites.

E é atrás dum discurso indigente ( medíocre, como esta espécie de elites) sobre uma espécie de direito moral à palavra, que agora as nossas elites querem pura e simplesmente calar quem ousa chamar o nome aos bois.

Esta atracção pela censura e pelo totalitarismo sempre foi uma imagem de marca de muitos dandies neoliberais

A pergunta impõe-se:

Será que JS quer que lhe paguem uma cátedra Amorim em neoliberalismo envergonhado?

Anónimo disse...

Há um mercado para ricas e ricos. E para porno- ricos e porno-ricas também
A novidade é que já não têm vergonha e saem a fazer publicidade aos seus planos de prima-donas ao assalto
Aí na Holanda tèm alguns representantes

Miguel disse...

É gente que tem um je ne çais quoi que os outros não têm.

Ana Maria disse...

Este texto de João Rodrigues é sintomático do pecado capital da esquerda lusa: querer acabar com os ricos! Os social-democratas querem contudo acabar com os pobres!

Ana Maria disse...

Do ponto de vista psicanalítico, o impulsionador inconsciente e psicoevolutivo para o socialismo é apenas um: a inveja.

https://www.veraveritas.eu/2016/05/manifesto-social-liberal.html?m=1

Jose disse...

Onde acaba a dor-de-corno e começa a análise socioeconómica é fronteira indefinida que encontra nos muito ricos o espaço de plena expressão da primeira e de negacionismo de uma evidência: o que faz as micro, pequenas e médias riquezas não difere substancialmente do que faz as porno. É a mesma e única humanidade.

Anónimo disse...

Como dizia Bill Mitchell há dias, estamos a assistir à NECROSE do regime.

JE disse...

Ana maria, que não é outra senão joão pimentel ferreira depilado e perfumado, retoma as suas idiotices habituais.

É tudo uma questão de inveja segundo o seu parecer psicanalítico psicoinvolutivo mascarado pela sua inconsciência de matriz

"Não se diz justiça social, diz-se inveja" denunciava João Rodrigues sobre a "sabedoria convencional"

É só esperar um pouco e eles vão cair na panela.E repetem as mesmas idiotices roufenhas desta forma tão mimosa

Uma nota importante: cuidado com o site indicado aí em cima. Os trafulhas não brincam em serviço

JE disse...

Jose é especialista de pouca coisa.

Mas parece que agora se assume como o sendo da dor de corno.E da indústria porno

Os gostos de Jose são algo da sua exclusiva competência. Mas francamente elevar um pouco o nível do que se debate seria mais proveitoso.

Também houve quem tentasse tapar com estas "humanidades" o escândalo do Ballet Rose. Um em que chafurdaram ministros de Salazar, altos dignitários do regime fascista, membros do clero e boçais grandes patrões.

(Necrosados do regime,como de forma tipica, diria o pobre do joão pimentel ferreira)