sexta-feira, 3 de agosto de 2018

«Sou um economista social-democrata radical»

«Defino-me como um economista político institucionalista. Olho para a economia como um sistema aberto influenciado em permanência por variáveis institucionais, legais, políticas, ambientais, tecnológicas e que assume que a única forma de compreender devidamente as economias é levar em consideração estes vários factores. Implica uma atitude de abertura em relação a outras ciências sociais e grande consciência do aspecto contingencial de qualquer processo económico. Sou um economista de esquerda na medida em que tenho uma determinada visão de esquerda, posiciono-me enquanto social-democrata radical, o que significa que aceito a economia de mercado, mas também parto do pressuposto de que a economia de mercado para funcionar de forma eficiente e justa exige que seja fortemente impura. Ou seja, que na sociedade, a lógica de mercado não se imponha a todas as esferas da vida humana. (...) Há um livro que acho uma metáfora magnífica para perceber a ciência económica, O Jogo das Contas de Vidro, do Hermann Hesse. Conta a história de um mestre desse jogo mais ou menos hermético ao qual se dedica uma comunidade de génios. Jogavam aquele jogo de manhã à noite, demoravam muitos anos até se tornarem peritos, porque é um jogo de sofisticação crescente, e quanto mais anos passavam naquela comunidade mais sofisticados e geniais se tornavam, mas também mais dificuldade tinham em viver no mundo secular porque tinham pouca capacidade para perceber as regras, as dinâmicas, as lógicas. E há o momento em que a personagem principal chega a mestre mágico do jogo das contas de vidro e é colocado no mundo secular. Apercebe-se que a sua genialidade e a sua posição de topo naquela comunidade é-lhe absolutamente inútil para compreender o mundo complexo que é a vida real. Isto, infelizmente, é um retrato muito próximo de como vivem muitos economistas académicos.»

Da entrevista de Isabel Lucas a Ricardo Paes Mamede no Público de ontem (e que vale muito a pena ler na íntegra).

35 comentários:

Anónimo disse...

Estamos numa altura em que ser radical é ser-se de esquerda, estamos numa altura de muito pouco esclarecimento.

Anónimo disse...

Essa do "modelo nórdico" citado pelo Paes Mamede fica bem em qualquer título de jornal, mas é típico de charlatão. Os países nórdicos são social-liberais. Têm muito mais liberalismo económico do que aquele que o PSD defende. Na Suécia, por exemplo, os transportes públicos são todos geridos por privados. Na Dinamarca, pode-se fazer greve, mas o patrão pode despedir a seguir. Portugal deve ser o país mais à esquerda no quadro da União Europeia. Na Holanda não há SNS e funciona tudo por seguros de saúde. Na Holanda e Suécia a maioria das escolas da rede pública são privadas e funciona tudo por cheque ensino. Na Holanda até o trânsito é regulado por privados para a polícia fazer o seu core-task: apanhar ladrões. Este académico, a par com Louçã, é mais um dinossauro que parou no tempo. O modelo nórdico a que se refere era quando a economia crescia a dois dígitos e havia um baby boom. Este tipo apenas ecoa palavras vãs e vazias, sem conteúdo nem substância.

Os países nórdicos há muito abandonaram a social-democracia clássica, não por questões ideológicas, mas por questões pragmáticas. Isto daria um tratado, mas está relacionado essencialmente com elevados crescimentos económicos e baby-boom no pós guerra, porque como dizia Medina Carreira, não há estado social sem dinheiro, pois os médicos e professores não são pagos em víveres. Os nórdicos há muito que adotaram um modelo social-liberal, que se distingue do modelo liberal americano, na medida que o estado continua a garantir os direitos fundamentais, mas não tem de ser o estado a executá-los. Na Holanda ninguém fica à porta do hospital se não tiver dinheiro, visto que por lei somos todos obrigados a ter seguro, e o estado só paga se a pessoa não tiver dinheiro para tal. Em suma, os nórdicos há muito que abandonaram esse modelo "clássico" o qual o académico diz defender. E claro que o académico também o sabe, di-lo por puro marketing político, porque fica sempre bem dizer que somos de esquerda e defendemos o modelo nórdico. Também não nos diz, que mesmo já sendo liberal-sociais, os nórdicos têm cargas fiscais muito superiores à nossa. Na Dinamarca salvo erro a carga fiscal é metade do PIB. Agora imaginemos entregar metade do PIB em Portugal ao Estado, considerando que em Portugal os salários são muito mais baixos. Lá está, o académico não falou do essencial, nem a jornalista perguntou, e ficámos apenas a saber que gostaria de ter sido baterista e que foi muito feliz em Odivelas.

Anónimo disse...

De 2000 para cá temos a Dinamarca com 10 anos superávit, a Finlândia com 9, a Suécia com 11 e a Noruega desde 2000 só teve superavits. Mas depois passam à categoria de economistas estrela e ninguém tem a coragem de comparar as coisas que dizem com como que se caracterizam. Então baseiam-se em países com finanças públicas organizadas e defendem para Portugal défices maiores? Não bate a bota com a perdigota. Já agora o maior défice Dinamarquês desde 2000 foi 3,5%, o Finlandês 3,2% e o Sueco 1,6%... Portugal desde 2000 teve em 13 anos mais défice orçamental que o mais alto dos Nórdicos. Enquanto continuarem a ir na conversa do défice ser inofensivo nunca iremos passar para o pelotão da frente.

Geringonço disse...

O Ricardo não é radical, outros sociais democratas como Franklin D. Roosevelt disseram (discursos algo inflamados e com antagonismo de classe) coisas mais radicais que qualquer coisa que tenha lido do Ricardo, aliás, se Franklin D. Roosevelt fosse vivo seria considerado comunista.

O Ricardo é convencional, não é radical, é o neoliberalismo que faz parecer os convencionais radicais....

Jose disse...

O radical não impressiona, assim o pensamento seja correcto e realista.

Francisco Alves disse...

Hahaha

Anónimo disse...

O Pimentel Ferreira continua a botar as asneiras do costume

Cansa e fica-se farto desta anedota que continua por aqui depois de ter tido um arrufo com a cena que a nossa querida Nadia lhe fez

Nada de muito preocupante. Estas cenas acanalhadas são o seu pão nosso de cada dia

Pobre

Anónimo disse...

O radical não impressiona?

Mas porquê? Devia impressionar?

E o que é isso de pensamento correcto? Ou realista? Será o TINA que advogava a trupe neoliberal capitaneada pela troika e tendo ao leme Passos Coelho?

Mas francamente que inanidades são estas?

Anónimo disse...

Afirma joão pimentel ferreira:

"... fica bem em qualquer título de jornal, mas é típico de charlatão".

Ficamos imediatamente a saber que estamos na presença de um ressabiado. Um ressabiado pafista que se esmera no uso da sua linguagem peculiar. A dos sociais liberais ou dos liberais-sociais, eufemismos em uso para os neoliberais.

Anónimo disse...

Afirma joão pimentel ferreira:

"Têm muito mais liberalismo económico do que aquele que o PSD defende".

Vemos que estamos de novo na propaganda a que este tipo se entrega.

Vamos colocar mais pontos nos is:

O neoliberalismo é uma trampa. De neoliberalismo económico estamos nós fartos. Só os aldrabões da seita pretendem vender a encomenda como se de coisa honesta se tratasse.

Pimentel ferreira é militante do PSD. Tal tentativa de passar um juízo crítico face a Passos Coelho faz lembrar um aldrabão a esconder que o é, para fazer passar-se como isento ou apartidário

Fede, tal como o tipo que andou a impingir a Fertagus e os seus negócios de rentista

Anónimo disse...

Mas o discurso odiento a propagandear a sua doutrina ideológico-partidária continua e assume aspectos sinistros:

Afirma João pimentel ferreira:
"Na Dinamarca, pode-se fazer greve, mas o patrão pode despedir a seguir".

Estamos na presença do sonho húmido de qualquer barata neoliberal, ao serviço do poder discricionário do patronato

Acabar com as greves. A bem ou mal. Podem fazê-las. Mas depois podem ser despedidos, com toda a liberdade. Patronal e neoliberal

A bem da nação e do sacrossanto lucro.

Heil?

Anónimo disse...

Continua joão pimentel ferreira naquele seu estilo de propagandista em serviço à seita.

E continua revirando os olhos e a papada contra o SNS. Em nome dos seguros,
dirá, assumindo o seu perfil de homem de negócios em busca do saque.

Pena, herr pimentel ferreira.

A saúde é um direito. Não é pasto para a agiotagem que procura servir.

Anónimo disse...

E continua joão ferreira pimentel virando-se contra o ensino público e promovendo a trampa do cheque-ensino

Pena herr pimentel ferreira, mas estas tretas já foram aqui desmentidas e desmascaradas. Não sei quantas vezes. Invariavelmente pimentel ferreira abandona a discussão e começa a fazer-se passar por outrem ou parte pura e simplesmente para o insulto. Uma vez até fez o diagnóstico que o que fazia falta a quem o contestava era não ter "comido" umas alemãs ou suecas. Quando lhe perguntaram se era também esse o caso da Nádia ou da Matilde, em relação aos alemães e suecos, partiu para o insulto e pose de prima dona.

Anónimo disse...

E continua no seu processo de vendedor da banha da cobra a tentar impingir-nos a sua ideia da coisa, com a mão totalmente nas ditas coisas:

Afirma joão pimentel ferreira: Na Holanda até o trânsito é regulado por privados para a polícia fazer o seu core-task: apanhar ladrões"

Percebe-se que queira assim privados pagos ao preço da uva mijona, a fim de poderem ser mais facilmente comprados.Os negócios privados, entre privados, funcionam sempre melhor
E numa linguagem de tecnocrata ignorante afirma que o core-task da polícia é "apanhar ladrões"

Este joão pimentel ferreira tem um método assaz curioso de debitar asneiras como se verdades fossem. Não, a tarefa principal da polícia não é apanhar ladrões. É isso e muito mais. Mas a tralha neoliberal está habituada a estes chavões idiotas, apresentados nas caixas de comentários de forma tão manifestamente idiota e ignorante

Qual será o core-task do joão ferreira pimentel?

Pois, é esse mesmo.

Unknown disse...

Gostei de ler a entrevista... de resto, muito na linha da pessoa que se antevê nos programas de economia que passam na TV. A sua auto definição de "social democrata radical" fez-me alguma impressão e não deixa de ser um pouco o sinal dos tempos: a social democracia já é qualquer coisa que transporta o anátema dos tempos liberais, ou neoliberais, que passamos. Mas, vistas bem as coisas, parece verificar-se uma melhoria da situação, que está a recuperar em algumas zonas da europa: Espanha, na Alemanha, Inglaterra... e em Portugal. Uma opinião, a minha, evidentemente de alguém que - destas coisas - fala com o empirismo de quem não realmente do que se passa verdadeiramente.

F.Soares

Anónimo disse...

Que discurso patético este sobre o académico, mais o académico e o académico

Que treta medíocre esta. Isto são "argumentos?

Parecem mais manifestações de inveja impotente pelas limitações deste que se rasteja perante o académico.

Paulo Marques disse...

Eu não estou a ver como é que alguém que fala em défice e desemprego estrutural é minimamente radical, são conceitos puramente neo-liberais. Os países nórdicos também já tiveram melhores dias, as escolhas "de mercado" notam-se de cima a baixo na sociedade.

Jose disse...

O ridículo desta treta do neoliberal é a sua função de negar que tudo que dá de comer aos autores da treta tem na liberdade individual e iniciativa privada a sua fonte.

Anónimo disse...

Gostei do seu comentário Fernando Soares. Cumprimentos.

Unknown disse...

Retribuo com gosto os seus cumprimentos...
Se gostou é, certamente, porque concorda que a social democracia na Europa, já teve piores dias. Sobretudo, o que se passa hoje em Espanha é cá uma aragem, uma brisa, que dá gosto nestes dias de calor - que o PSOE estava quase morto e enterrado!
Haja esperança, que a máquina trituradora da comunicação social tiñosa (dos TINAs) começa a sofrer rombos...

Anónimo disse...

Há aí um tipo que diz:
"O modelo nórdico a que se refere era quando a economia crescia a dois dígitos e havia um baby boom"

Havia um baby boom? Este tipo apenas ecoa palavras vãs e vazias, sem conteúdo nem substância.

Anónimo disse...

E depois o mesmo tipo emprenha-se, perdão embrenha-se num discurso tão surrealista como irreal. E até cita o Medina Carreira embrulhado no baby boom e no estado social que não deve haver porque não há víveres. Junte-se agora o modelo social dos neoliberais nórdicos e dos sociais-liberais dos americanos e temos um tratado

Um tratado é francamente demais. Isto é a que se resume a defesa senil e repetitiva da "mão invisível " do mercado a abocanhar a sociedade.

Anónimo disse...

Temos assim que o charlatão é afinal quem chama charlatão a outrem. João pimentel ferreira himself, a comportar-se da forma do costume

E dele ficámos a saber que gostaria de ter sido poeta e que até tentou justificar as suas tentativas frustradas em forma de livrinho, deste modo tão singelo:

"Este livro nasceu do sangue, da paixão, do primor pelo verso acutilante, do desejo pelas fêmeas fecundas das etnias e dos cultos diferentes dos meus; este livro germinou da melancolia introspetiva e do desejo passional, degradante, humilhante, flagelador, mas tão profícuo à escrita versal e venial, plasmados em sonetos petrarquianos, quadras ou poemas-livres."

Pedrada, perdão, pernada, perdão petrarca aqui tão lindamente plasmada

Pois.

Anónimo disse...

Sobra todavia a inveja e a frustação:

Diz o tal pimentel ferreira:

"Mas depois passam à categoria de economistas estrela".

Inveja e frustração por ninguém olhar para aquele que ´se considera a si próprio como a estrela do espectáculo e que passa o tempo no palco .

E não é que ninguém liga ao discurso do baby boom e do pragmatismo ?

Anónimo disse...

Na Venezuela eles foram verdadeiramente radicais: retiraram agora cinco zeros à moeda para não deixar as pessoas enriquecer em demasia, tal a abundância.

Anónimo disse...

O Cuco para variar, em vez de contrapor com factos e argumentos, revela a sua obsessão e amor-ódio por um tal desconhecido Pimentel, no meio de um chorrilho de ofensas.

S.T. disse...

Radical? Que exagero!

Algum dia um verdadeiro radical agarra assim no corrimão de uma escada?

Parece um velho! LOL

S.T.

Anónimo disse...

A social democracia parece perdida na sua coerência, as manifestações de diferença são apenas uma questão de sobrevivência. A artificialidade é o contrário da substância.

Anónimo disse...

Ainda há quem não tenha percebido que essa história do pelotão da frente foi contada por imbecis que fizeram dos outros imbecis ainda maiores.

Agora voltar à mesma trampa... é potenciar os imbecis e a imbecilidade

Anónimo disse...

Lá está o pobre Pimentel a dizer que não é nada com ele e a atirar as culpas para cima de um tal Cuco. Enquanto retorna ao campo da Venezuela, para ver se tira alguma coisita

Quanto ao amor/ ódio aí declarado....Parece que se trata apenas de desejos inconfessados do pobre Pimentel. Olha se a Nadia sabe, nem os votos renovados o vão desta vez safar

Jose disse...

A TINA em linguajar esquerdalho é outra coisa… pelo menos o funcionalismo público sente-se melhor, que é quanto basta para validar a doutrina.

Anónimo disse...

"A social democracia parece perdida" tão-simplesmente porque não há dinheiro, e o pouco que há vai para juros, para a banca e para as elites do funcionalismo.

Anónimo disse...

Jpse volta-se contra TINA?

Pobre Jose. Prefere esconder debaixo da cama o TINA e acenar com o Diabo

Andou dois anos nisto, o coitado

Anónimo disse...

Depois de ter andado aos papéis e de ver as suas idiotices aí em cima negadas (e até ridicularizadas), pimentel ferreira volta de mansinho.

Às 00 00 de 4 de Agosto e às 9 e 56 de 5 de Agosto.

Este paleio da treta, como factor amplificador da demagogia do coitado e do seu trabalhinho em prol da causa:

Daquele neoliberalismo da trampa, claro

Anónimo disse...

As elites do funcionalismo são o governo de passos coelho e seus muchachos.

Os boys que proliferaram no tempo do bloco central de interesses, tiveram um ponto alto naquele governo de psicopatas criminosos ao serviço de outros interesses.

O "não há dinheiro " é outra treta. As PPP consumiram mundos e fundos aos recursos públicos.Só a Fertagus e a Metro Sul do Tejo (MTS), custaram ao Estado 202,5 milhões de euros, entre 1999 e 2013, de acordo com auditoria realizada pelo Tribunal de Contas.

Só o dinheiro que o Estado paga para sustentar os hospitais privados permitia reforçar em grande o SNS

Só o dinheiro desviado por um euro predador, permitiria relançar a nossa economia