quinta-feira, 10 de março de 2016

O discurso


«Saúdo a representação legítima e plural da vontade popular expressa na Assembleia da República. E garanto a solidariedade institucional indefetível entre os dois únicos órgãos de soberania fundados no voto universal e direto de todo o Povo que somos. (...) O Presidente da República será, pois, um guardião permanente e escrupuloso da Constituição e dos seus valores, que, ao fim e ao cabo, são os valores da Nação que nos orgulhamos de ser. O valor do respeito da dignidade da pessoa humana, antes do mais. De pessoas de carne e osso. Que têm direito a serem livres, mas que têm igual direito a uma sociedade em que não haja, de modo dramaticamente persistente, dois milhões de pobres, mais de meio milhão em risco de pobreza, e, ainda, chocantes diferenças entre grupos, regiões e classes sociais.
(...) Dito de outra forma, o poder político democrático não deve impedir, nos seus excessos dirigistas, o dinamismo e o pluralismo de uma sociedade civil – tradicionalmente tão débil entre nós –, mas não pode demitir-se do seu papel definidor de regras, corretor de injustiças, penhor de níveis equitativos de bem-estar económico e social, em particular, para aqueles que a mão invisível apagou, subalternizou ou marginalizou. (...) Temos de cicatrizar feridas destes tão longos anos de sacrifícios, no fragilizar do tecido social, na perda de consensos de regime, na divisão entre hemisférios políticos.»

Marcelo Rebelo de Sousa

Não sabemos como será o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, ontem empossado presidente da República. Sabemos que será o mandato que Marcelo Rebelo de Sousa entender dever ser o seu. De momento, assinale-se um discurso de tomada de posse que não desmerece, em diferentes passagens, o movimento de consciência colectiva que se ergueu, de forma crescente e diversa, contra a destruição e a iniquidade a que o país foi sujeito nos últimos anos.

18 comentários:

Dias disse...

Sem qualquer dúvida, uma passagem que merece todo o apreço.
Já é tempo de termos um guardião permanente e escrupuloso da Constituição e dos seus valores.
Oxalá que tenhamos um PR que sabe interpretar a sua função, e não um tipo armado “em professor de finanças nacional”, aliás, de tão maus resultados…

Jose disse...

Sem dúvida um discurso de confortável treta uma vez que a palavra dever só aparece para «não impedir e para corrigir» não se sabe bem quanto e o quê.
E se há «compromissos para cumprir», aos longos anos de sacrifícios seguir-se-ão longos anos de sacrifícios.
E se um dos hemisférios se chama geringonça pode esperar sentado pelos consensos de regime!!!

Anónimo disse...

Ainda assim, na perspectiva do BE e do PCP, não foi suficiente para a cortesia protocolar da Assembleia da República para com o titular de outro órgão de soberania recentemente eleito.
Depois queixam-se de que o Presidente é de "facção" quando essa "facção" começa logo a ser cavada pelos próprios no dia da investidura e perante um discurso destes. Não há qualquer gesto, por mais tímido que seja e sem necessidade de qualquer comprometimento político, de convivência democrática. Uma vergonha.

Anónimo disse...

No 1º dia PCP e BE deixaram bem claro: para eles o novo Presidente da República não é o Presidente de todos os portugueses. É um presidente de facção. Logo no 1º dia, logo no 1º discurso! É assim que começam as "facções". Depois ... queixam-se!

Anónimo disse...

"Não há qualquer gesto, por mais tímido que seja e sem necessidade de qualquer comprometimento político, de convivência democrática. Uma vergonha."

vergonha é mudar de opinião conforme lhe dá mais jeito como o viscoso marcelo faz...

onde estava a precupação do viscoso e cinico Marcelo com as desigualdades obscenas quando o grande amigo Ricardo Salgado andava a destruir a economia do país?

o viscoso Marcelo está (agora) precupado com os pobres? então porque não dá as largas centenas de milhares de euros que ganhou à pala da propaganda que fez anos a fio nas tv aos pobre?

Anónimo disse...

"vergonha é mudar de opinião"?

Para que serve o debate se "vergonha é mudar de opinião"?

De qualquer forma, aplaudir um discurso protocolar de tomada de posse, ainda para mais um "discurso de tomada de posse que não desmerece, em diferentes passagens, o movimento de consciência colectiva que se ergueu" como muito bem menciona o post, não vincula ninguém e muito menos se pode considerar uma "mudança de opinião". Seria, apenas, um acto de cortesia de um órgão de soberania para outro. Os deputados do PCP e do BE foram mal educados, desconsideraram um órgão de soberania, e quiseram começar desde já a cavar o fosso da "facção" de forma ostensiva. Sem que nada até ao momento o justificasse. Em suma, a mudança de postura que levou à 1ª viabilização de um governo de esquerda, tão elogiada por representar a inclusão dos dois partidos na normalidade democrática, não passou afinal de cosmética temporária. No fundo nada mudou.

Carlos Sério disse...

Ao “legitimar” o Parlamento e ao fazê-lo “legitimando” o governo nele aprovado, o governo do PS apoiado pelo BE,PCP e Verdes;
Ao aludir ao 25 de Abril fazendo recordar o que a direita neoliberal quer esquecer;
Ao vincar o papel fundamental da Constituição e do respeito que ela merece;
Ao realçar a luta pela justiça social e pela criação da riqueza que chegue às pessoas criticando deste modo a visão neoliberal da “economia primeiro e depois as pessoas”;
Ao referir que o poder económico se deve subordinar ao poder político;


Marcelo distanciou-se do PSD de Passos Coelho, rompendo com a visão e com as políticas neoliberais tóxicas do anterior governo. Contradizendo a PàF quanto à legitimidade da governação de António Costa; quanto ao respeito e obediência á Constituição; quanto à visão economicista da economia e ao papel do estado na economia e na distribuição da riqueza.

Foi um discurso favorável ao governo e desfavorável a Passos Coelho e Paulo Portas e, neste sentido, refreia os intuitos de instabilidade permanente, de “subversão” que a direita neoliberal se esforça por instalar e manter ao não reconhecer como “legítimo” e desde a sua posse o governo de António Costa.



Jose disse...

Às 11:40 o esgoto golfou...

Anónimo disse...

O "dever"?
Ah. Esta pesporrência em torno do "dever" para os demais e do "haver" para uns tantos.
O elogio da riqueza néscia, do Capital néscio, do lucro,nada mais do que o lucro e apenas o lucro é a marca de água da direita e da direita-extrema.

A palavra "geringonça" tornou-se na palavra de abertura da oração quotidiana. Do fundo do esgoto reaparecem ( sempre lá esteve?) os tempos obscuros de antanho?

"Curto e crosso" gritam as hostes em busca de.

Anónimo disse...

Sabemos bem das capacidades que os humanos têm em desdizer-se. E´ do conhecimento geral a saga de políticos corruptos tirocinados nos partidos que formaram o Arco da Governança. Sabemos!
E, isto, meus senhores, tanto pode ser dito de Marcelo R. de Sousa como de António Costa.
Jamais esquecerei o celebro mergulho no Tejo e a vinda de Burro a Lisboa, feitos maiores destes dois senhores !
O “culto da perversidade” continua a dar frutos e eis que um e´ Presidente da Republica e outro e´1º ministro…
Se me contassem isto há 40 anos dizia que era mentira..!
Agora não venham pra ca com essa de que o povo e´
O culpado…
Quanto ao discurso, já ouvi melhor da bocarra de Le Pen…Não quer dizer Peva… De Adelino Silva


Anónimo disse...

""vergonha é mudar de opinião"?

Para que serve o debate se "vergonha é mudar de opinião"?"

não seja hipocrita nem básico anonimo das 12:29.

as pessoas podem mudar de opinião, mudar de opinião conforme o que lhe dá jeito não só revela mau caracter como é mau para o debate e para a democracia, e dizer uma coisa hoje e amanhã oposta é algo que o viscoso e cinico Marcelo é conhecido.

vamos dar um pouco de tempo ao viscoso Marcelo, os tempos que se seguem vão exigir ações concretas e nessa altura eu quero ver como esta criação dos media se vai comportar, por enquanto sao apenas discursos liricos.

Anónimo disse...

A estória do "presidente de facção" com que um anónimo acena pela qaurta vez é uma estória mal contada que já fora ontem abordada
A repetição do tema é aasim deslocada. O "depois queixam-se de que o Presidente é de "facção" remete-nos para quê? Para a desculpabilização de Cavaco? Mais vale então assumir-se como "cavaquista"em vez de se andar à procura de gambuzinos.

Porque ainda há liberdade para se aplaudir e não aplaudir. Porque ainda não manda a "cortesia protocolar" hipócrita ou não hipócrita. Porque os responsáveis partidários até teceram comentários simpáticos ao recém-nomeado. Porque parece que se desconhece o tal "protocolo" em forma de cortesia. Porque isto não quer mesmo dizer nada e o que vai mesmo valer são as políticas concretas e os actos reais.

Portanto a estória mal contada não passa disso mesmo.Ou então é um pretexto para outra coisa menos "protocolar".

Estamos no reino da comédia? A frontalidade como se assumem as coisas é um bem e muito melhor que esta treta. Pior, do que esta pseudo-treta porque o não aplauso não significa nem má criação, nem "descortesia".

Agora bora lá ir tentar cavar um fosso noutro sítio qualquer porque este já deu o que tinha a dar

Anónimo disse...

Não me parece que haja qualquer "esgoto" no comentário do anónimo das 11 e 40.

Chamar Marcelo de "viscoso" é um rótulo pouco agradável mas que é compartilhado por muitos. Importa sim ver o que vai acontecer.
Chamar a atenção para o papel de Ricardo Salgado na economia do pais é até educativo. E o que é certo é que um passava as férias à custa de.
A preocupação com os pobres também é uma questão que pode legitimamente ser levantada.

"Não sabemos como será o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, ontem empossado presidente da República".Nem mais.Veremos então o que se vai passar.

Quanto a "esgotos",ísso é outra coisa. Passa pelo ódio aos "não normais", pela defesa do cacete, da pesporrência e da porrada dada a tempo, por um outro pano de fundo e outra motivação.
Por coisas bem mais sinistras. Mas aí o esgoto reconhece-se não só pelo vocabulário, pela ideologia e pelo cheiro.

José Cruz disse...

As frases do discurso acentuadas no post são já passado.O ritmo imposto por esta presidência é, acima de tudo, alucinante.O dia de hoje demonstra-o, só por si, em tudo o que disse na cerimónia protocolar na sessão de cumprimentos com os embaixadores acreditados em Portugal. E os discursos, este de hoje e o de ontem, não diferem no tom, nem na mensagem. Marcelo não é homem de manobrar nos bastidores, de se mover na sombra, para favorecimento de partidos, grupos de interesses, ou das consciências pouco leves dos arregimentados ao beija mão e conformados com a liturgia do joelho no chão. Diz o que tem a dizer, em que não exclui ninguém, nem se exclui a si próprio do dever de denunciar o que está mal e o que na sua opinião, poderá ser feito para inverter a situação. Pela primeira vez, em muitos anos e alguns mandatos, não parece habitar em Belém um azedo velho do Restelo.

Anónimo disse...

sabujo zé está cada vez mais ligado ao discurso de latrina
pobre sabujo zé
as fraldas da incontinência fecal andam a incomodar pois não conseguem suster não o que vem pela via normal mas o que vem do seu despovoado crânio

quanto ao debate a coisa resume-se tão só a isto
depois do seboso Cavaco tudo o que vem a seguir só pode ser igual ou melhor
Cavaco foi o ground zero
um presidente que jurou uma constituição que detestava
um presidente que recusou uma pensão a salgueiro maia e a deu a ex-pides
se calhar um deles é o sabujo zé
sabujo zé é claramente um vocacionado para chibo

As Bombinhas da Catrina disse...

A esquerdalhada já está com saudades do Bombo da festa que foi Cavaco.

Ficaram sem Bombo, mas alguns intelectuais já estão querendo pegar no Marcelo.

É que sem um Bombo as esquerdas tugas não têm projectos na cabecinha, ficam ocos.

Anónimo disse...

Ah!
Que indigência esta que aparece quase como marca de água duma direita tão tonta como pesporrenta.

Vejamos:
-"Esquerdalha"? Tchtchtch...que pobreza tão grosseira.

-"saudades"? Tchtchtch...de que parte do roteiro foi este buscar esta treta? Dum roteiro pré-escrito com toda a certeza, que não teve a inteligência de adoptar à realidade?

-"Bombo da festa que foi Cavaco"? Tchtchtch...que estremecimento enternecedor perante Cavaco, que, coitado, seria apenas um pobre tambor nas mãos da esquerdalhada. Aqui mistura-se alguma cumplicidade ( agora envergonhada)com a impotência pelo facto de não poder ocultar aquilo que Cavaco de facto foi ( e já aqui reproduzido neste post com em tantos outros). Nada mais resta do que esta pequena ruminação a ver se passa?

-"alguns intelectuais já estão querendo pegar no Marcelo".Tchtchtch... Ah! Os malvados destes intelectuais.A cabotinice mental tenta encontrar nos outros a "intelectualidade" que lhe falta no argumentário? Um complexo de inferioridade? Eu acho sinceramente que se trata mais dum gesto dum "coitado" a esgrimir contra os seus fantasmas a sua inóspita capacidade cognitiva.

-"Sem um Bombo as esquerdas tugas não têm projectos na cabecinha, ficam ocos" Tchtchtch....mais uma prova que estamos provavelmente perante um amante de telenovelas ou um frequentador habitual de blogs duvidosos e mal frequentados. Porque não lembra ao diabo, para provar a sua teoria, vir-se oferecer como Bombo em substituição do seu tão chorado Cavaco.

Fica para depois uma análise mais detalhada desta espécie de protecção tecida pelas "bombinhas" destas e doutras terras em torno de Santana. Provavelmente estamos perante mais uma vez o famoso complexo de orfandade.

antónio m p disse...

Sempre que alguém faz questão de afirmar que será “o presidente de todos os portugueses”, eu pergunto se isto é uma promessa de pluralismo ou uma ameaça contra quem se julgue à margem da sua tutela.

Quando Marcelo fez questão de dizer que, como Presidente, «não é nem a favor nem contra ninguém», eu pergunto se isto é uma promessa de imparcialidade (impossível) na luta entre os espoliados e os privilegiados ou uma declaração de inutilidade da sua função.

E quando ele diz que «temos de ser fiéis (nomeadamente) à União Europeia e à NATO», eu pergunto se elas nos pediram algum juramento novo de fidelidade ou se pretendeu simplesmente inibir algumas bancadas de o aplaudirem.