terça-feira, 15 de março de 2016

A irresponsabilidade de Cristas

No discurso de encerramento do congresso que a coroou, Assunção Cristas disse (e cito a TSF): "Sabemos que o sistema de pensões irá falhar". É uma afirmação profundamente irresponsável, por dois motivos.

Primeiro, porque não existe fundamento para uma afirmação desta natureza, pelo contrário: o recente relatório sobre o envelhecimento nos países da UE estima que, mesmo sem qualquer alteração de regras e assumindo um cenário económico e demográfico pessimista, a despesa com pensões em percentagem do PIB em 2060 será inferior em Portugal ao que é na actualidade (e muito próxima da média europeia - ver gráfico abaixo). Isto não diz tudo sobre o sistema, mas seguramente não sugere que estamos perante o colapso do sistema de pensões.



Segundo, o único efeito que pode ter uma tal afirmação é fazer aumentar a desconfiança em relação ao sistema público de pensões, sugerindo aos actuais contribuintes que não faz sentido pagar se no futuro não vão beneficiar (e há alguns que caem na esparrela). O resultado pode ser uma deterioração das receitas da segurança social pública - será este o resultado pretendido?

Mas a irresponsabilidade de Cristas vai mais longe: logo a seguir acrescentou que "vai estudar" o "problema". O que me leva a perguntar: não seria melhor guardar a afirmação bombástica que fez até ter estudado o dito problema?

16 comentários:

Anónimo disse...

A Sra. De Cristas pelas provas que deu durante 4 anos enquanto ministra daquilo que se não vê – A Agricultura— só poderia inventar…
O P. Portas retirou-se pela fresquinha não viesse por ai algum escafandrista a´ procura de vestígios de submarinos… bancos e etc. e tal, deixando-a flutuar em “Mar Morto”
O mal desta senhora ex. reside no seu hereditário ADN político-social. Vem de longe… vem da barbárie germanófila, vem da constituição de 1933. De Adelino Silva

Jose disse...

Se não é um falhanço do sistema a sua incapacidade para manter as condições das reformas em pagamento para os próximos e futuros reformados, numa degradação progressiva e inevitável, não sei a que possa chamar-se falhanço!

Mas disso é que os abrilescos não querem falar e muito menos justificar.

Anónimo disse...

Um espanto é que Cristas era a ministra da agricultura do governo anterior.Ora ao que assistimos é ao implodir quotidiano daquela política e ao emergir dos problemas gravíssimos do sector.
Com o silêncio comprometedor,cúmplice e abnegado de quase toda a comunicação social:

"O anterior Governo e a política de direita governaram para o grande agronegócio, enquanto obrigavam a pequena agricultura a inscrever-se nas finanças para vender umas couves.
Foi o Governo para os grandes interesses, defendendo a agricultura de cariz industrial e atacando a agricultura familiar. Por acção do anterior Governo, foi aprovada a lei da eucaliptização, a contento das celuloses, foi destruída a Casa do Douro, para desregular as relações entre a produção e a comercialização de vinho generoso, foram retirados os secadores de arroz de Alcácer do Sal à Associação de Agricultores do Distrito de Setúbal para os entregar aos grandes proprietários da região.
Nos últimos quatro anos, foram destruídos mais de 153 000 empregos na agricultura. Acentuou-se a distribuição desigual dos apoios — 300 agricultores recebem 60 milhões de euros, receberam mais do que os 120 000 agricultores mais pequenos. Acatou-se o fim das quotas leiteiras que está a asfixiar muitos produtores. Promoveu-se o processo tendente ao fim dos direitos de plantação de vinha e nada de fez para limitar a ação abusiva da grande distribuição, que continua a ficar com 75% do valor produzido pelo sector agroalimentar, enquanto o agricultor fica apenas com 10%."

Cristas que agora toma "conta" do PP. Até que.

João Martins disse...

Peço desculpa por este comentário lateral ao tema do comentário. Ricardo, como é que aguente a "condescendência" com que o trata aquela aventesma com quem partilha o programa de televisão?

Anónimo disse...

Tenho a mesma questão que o João Martins

Anónimo disse...

Um tipo aí em cima não sabe o que é um "falhanço".
Enrodilha a questão, embrulha-a naquela pesporrência habitual para quem Abril é o demónio na terra a justificar jejuns e cacetada. No fundo arrasta a situação para canto.

"Esquece-se" da governança e do saque quotidiano a quem trabalha. Ignora que o tal "sistema" não é filho de pai incógnito e que o assalto à sua sustentabilidade no quadro público tem responsáveis e tem suporte ideológico atrelado.

O caso em concreto é mais grave todavia do que esta "ignorância" sobre o "falhanço". É que o roubo de pensões e de reformas foi saudado, incentivado,aplaudido por quem agora invoca o "falhanço" certo e inevitável. Em prol da sustentação de agiotas e de dívidas publicas oneradas com os negócios privados. Com o suporte ideológico da ordem referida atrás. Da Nova Ordem?

Mas a pieguice face à ex-ministra da agricultura, que obriga a este reflexo pavloviano, oculta um dado. O conselho para "o estudo" atempado e prévio à proliferação de comentários enviesados e ideologicamente afinados.
A este responde o silêncio.

O estudo sempre foi uma coisa contra-natura para certo tipo de gentes.

Anónimo disse...

A Sra. De Cristas parece interessada no tal “Estado Democrático de Direito”, conforme os interesses das classes dominantes interna e externamente.
O Sr. De Macedo saiu do “Oásis” em defesa das margens (etárias) niveladoras do estado social.
O Sr. De Santos como criador dos “PEC´s” faz lembrar o que já foi - “ministro enunciador de crises”.
E há tanta gente nova, erudita na área da engenharia económica, sem emprego…De Adelino Silva

Jose disse...

Há uma versão em que o sistema de pensões pode na verdade ser considerado não um fracasso, mas um assinalável sucesso.
Os abrilescos sacaram e, com o pequeno intervalo do PaF, sacam ao limite.
Mais uns anos de geringonça e podem podem declarar-se bem sucedidos e, como sempre,quem vier atrás que feche a porta!

António Pedro Pereira disse...

José,
Pobretana de espírito.
E tu, vives de quê?
Aqui plantado a debitar baboseiras todos os dias, não és pensionista abrilista?
Salazarento como és, devias ter a pensão que o teu querido botas instituiu e generalizou à população portuguesa, numa das duas modalidades: a fome ou a emigração clandestina.

Anónimo disse...

Ao José
“Mais uns tempos de geringonça” e vossas senhorias direitinhas nunca mais piarão…Sabendo que o povo abriu os olhos, se calhar ate´ vão contra os actos eleitorais que tanto adoram e tentarão impor uma nova ditadura.
Mesmo na posse dos meios de comunicação social, sentem-se inseguros com a dita. Esta já não lhes chega… e tem dificuldade em recriar novos métodos de perversão politica para isso.
Bastou o povo abrir um pouquito a pestana… e adeus “Paf”, Puf !
Como e´ de seu dever saber - o Estado deve a´ Segurança Social alguns milhares de milhão porque
Governo, PSD/CDS, obstruiu transferências legais e obrigatórias para esta S. Social. Défice obliged… de Adelino Silva

Anónimo disse...

O regime político instituído pela Constituição Actualizada da Republica tornou-se oligárquico - é promiscuo e não democrático. Claro, não é ainda um regime tipo “Estado Novo” totalitário, longe disso, que proibia a Liberdade de Reunião, Liberdade de Expressão etc. e de Comunicação. É um regime mais hábil, que trabalha praticando-a mas distorcendo-a enormemente.
Com a última revisão constitucional criaram-se uma vasta gama de mecanismos de contrapeso para esvaziar qualquer processo de mudança social efectiva…
Ela foi reconfigurada dividindo o Estado entre dezenas de grupos de interesses particulares, que se reproduzem como cogumelos – “Os mais hábeis, os mais fortes e os mais ricos” vivendo basicamente às custas dos recursos públicos.
Não admira, portanto, que os Coelhos, Relvas, Portas e Cristas, só para citar alguns, tenham a sua Ressurreição
De Adelino Silva

Anónimo disse...

Ao José
“Mais uns tempos de geringonça” e vossas senhorias direitinhas nunca mais piarão…Sabendo que o povo abriu os olhos, se calhar ate´ vão contra os actos eleitorais que tanto adoram e tentarão impor uma nova ditadura.
Mesmo na posse dos meios de comunicação social, sentem-se inseguros com a dita. Esta já não lhes chega… e tem dificuldade em recriar novos métodos de perversão politica para isso.
Bastou o povo abrir um pouquito a pestana… e adeus “Paf”, Puf !
Como e´ de seu dever saber - o Estado deve a´ Segurança Social alguns milhares de milhão porque
Governo, PSD/CDS, obstruiu transferências legais e obrigatórias para esta S. Social. Défice obliged… de Adelino Silva



Anónimo disse...

cagalhão zé
o que tu não dizes é que os teus amigos foram os que mais medidas tomaram para descapitalizar o fundo da Segurança Social e tinham ainda mais na calha
o negócio da saúde é muito apetecível para as famílas Mello e Espirito Santo - meninos que tu amas
portanto toca de fazer tudo para lhes entregar a coisa

Anónimo disse...

Um tipo aí em cima fala agora numa nova versão para o sistema de pensões. Do fracasso muda para um "assinalável sucesso"
A iliteracia tem destas coisas. A lógica aprendida na escola faz-lhe falta e não consegue ainda entender que a negação de falhanço" não é "assinalável sucesso".

Tudo isto será para esconder o quê? O seu silêncio sobre o denunciado perante a sua defesa do roubo de pensões e de salários? Perante a sua defesa do enriquecimento dos abutres que nos sangram?
O seu reflexo condicionado perante o denunciado (da ex-ministra da agricultura) aparece-nos aqui mais uma vez patente. O odio aos "abrilescos" é testemunha que reage duma forma imtempestiva.Escondendo um verdadeiro comportamento piegas para com esta senhora?
Escondendo isso e mais muito mais coisas.

A conversa não adianta muito. As solidariedes e os seus ódios d eestimação persistem

EU disse...

"fazer aumentar a desconfiança em relação ao sistema público de pensões, sugerindo aos actuais contribuintes que não faz sentido pagar se no futuro não vão beneficiar (e há alguns que caem na esparrela)."

E não há motivos para desconfiar? a relação de contribuinte:beneficiário está de quase 1:1, ou seja, cada contribuinte serve 1 pensionista a pagamento, além dos restantes beneficios.
Com o decréscimo dos contribuintes, a relação vai piorar.

Anónimo disse...

As declarações da srª ex-ministra da agricultura foram bombásticas e isso foi demonstrado.
Foram irresponsáveis e tal também foi demonstrado.

As suas declarações vão no sentido de "fazer aumentar a desconfiança em relação ao sistema público de pensões, sugerindo aos actuais contribuintes que não faz sentido pagar se no futuro não vão beneficiar (e há alguns que caem na esparrela)."
E tal foi também demonstrado

Se o EU pretende tomar as dores da ex-ministra é um direito que lhe assiste, embora tenha que admitir então que o sistema público de pensões vai falhar mas que deve ir estudar o assunto para casa.
Se pretende dizer que tem motivos para desconfiar então deve também na mesma onda atribuir a responsabilidade pela presente situação aos verdadeiros responsáveis por esta e estudar mesmo mais o problema.

É sair da zona de conforto e do paradigma criminoso do neoliberalismo