terça-feira, 29 de julho de 2014

Dos imaginários e das falácias

 

Quando se ouve o ex-ministro Álvaro Santos Pereira classificar como «imaginárias» - uma «autêntica falácia» - as contrapartidas pela aquisição dos submarinos de Paulo Portas (no quadro de um modelo de negócio que apenas serviu, segundo o ex-ministro da Economia, «para convencer a opinião pública de que a compra de material militar era neutra»), é impossível não recordar outras falácias e imaginários.

De facto, em que termos deveremos então classificar, por exemplo, a política de supressão de feriados, considerada por Santos Pereira como uma das medidas essenciais para o aumento da produtividade? Como não pensar que essa e outras medidas, igualmente demagógicas, não pretenderam senão preparar a opinião pública para fragilizar a legislação laboral, em desfavor do trabalho? E que dizer do famoso «ponto de viragem», proclamado pelo ex-ministro em Junho de 2012? Foi um simples delírio de imaginação ou uma truculenta falácia?

6 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom.

É bom que mantenhamos a memória fresca.A História ainda não acabou

De

Jose disse...

Quando domina a idiotia populista a falácia substitui com mérito a razão objectiva.

Anónimo disse...

A idiotia populista?
Uma boa designação para Álvaro santos pereira, que ganhou curriculum como homem de mão a fazer de clown para a fotografia.

Mas indo ao cerne da questão:
A falácia nunca deve substituir a razão objectiva.Isso é argumento usado por aqueles para quem os fins justificam todos os meios.
E os fins têm geralmente um carácter muito pouco democrático

De

Jose disse...

A maior das falácias é a associação do sistema democrático a um pertenso igualitarismo que figura que todos tenham acesso a participar em todas as decisões.
Por aí se nega a representação que é o essencial do sistema e se presume confiada aos melhores.
Segundo essa falácia todo o cretino tem direito de escolher entre submarinos e senhas de autocarro!

Anónimo disse...

Bem, há quem não acredite que todos têm o direito a participar das decisões mas já se acredita no Pai Natal da "representação confiada aos melhores".

O Carnaval é quando o Jose quiser.

Anónimo disse...

E tanto mais Carnaval quanto mais solene e ruidoso o silêncio cúmplice da forma como privadamente a banca, os banqueiros, os amigos da banca e dos banqueiros se banquetearam com o país e com as pessoas.

Este sistema está podre.

E não há frases semi-ofensivas sobre "cretinos", em que se tenta confundir democracia com simulacro desta, que possam ocultar o que está em causa.

Em que se assume como "essencial"um valor pretensamente universal e que mais não esconde o privado "essencial" para os que lutam para a perpetuação deste estado de coisas.

Precisamente para o bolso daqueles que se apropriaram como "melhores entre os cidadãos", em seu nome e em nome dos interesses que representavam.

Ah ,os tempos em que as vestais do regime( entre os quais cavaco) papagueavam as virtudes da banca e dos banqueiros e a impoluta racionalidade dos privados e a crença absoluta nos mercados

Ah e essa forma tão "característica" de alguém ao não assumir que afinal uma falácia nunca deve mesmo substituir a razão objectiva, indo em busca duma suposta suprema falácia como forma de fuga e de credo ideológico com que se tenta impedir o juízo intrinsecamente democrático dos outros e o julgamento dos responsáveis.

(O "pertenso" é apenas a nota mordaz dos saberes e dos fazeres)

De