quarta-feira, 10 de julho de 2013
Compromisso de salvação da política de Gaspar
Que salvação nacional pode ter por dinamizador um Presidente indelevelmente associado a Maastricht, a Dias Loureiro, à reconstrução política de grupos económicos, que hoje a maioria sabe que governam, ao apoio à troika e à destrutiva austeridade permanente, que esvazia, também com chantagem e medo, a democracia na única escala onde ela existe? A retórica da salvação na boca de Cavaco é só um truque para tentar manter o PS atrelado ao memorando existente e aos que existirão, para evitar o uso das armas de que um país devedor dispõe para defender os seus interesses nacionais. Entretanto, Cavaco aproveita a conjuntura e tenta conquistar uma certa iniciativa de coordenação e de direcção políticas, uma tarefa difícil, mesmo tratando-se de um dos mais hábeis operadores políticos, para aquele que se tornou o mais desprestigiado Presidente da República da democracia. Com o novo e mais populista entendam-se, Cavaco exibe um projecto com tentações pós-democráticas, do qual iniciativas políticas constitucionalmente mais ousadas poderão não estar ausentes. Cavaco ecoa à sua maneira os telefonemas dos banqueiros, e não só, que revogaram a decisão irrevogável de Portas, ecoa os interesses económico-financeiros mais poderosos em Portugal e no estrangeiro, os que prosperam com a tutela externa e que não querem ouvir falar de eleições para já. Eleições só se não houver garantidamente alternativas, não antes de Seguro assinar um papel. É isso que Cavaco também procura assegurar. E, entretanto, Cavaco mantém o governo em funções, dando-lhe um ano de folga e dando o apoio de sempre às políticas de austeridade, qualquer que seja o governo para lá de 2014.
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1 comentário:
E, depois de ouvir o debate do Estado da Nação na AR, parece-me que se desenha a atrelagem do PS a este compromisso Pós-Democrático do Cavaco. O que, aliás, só poderá surpreender os incautos... Razão têm os Verdes ao agendarem para a semana a moção de censura: no que toca ao PS forçará uma certa definição da sua estratégia, principalmente no que diz respeito à chamada "Ala Esquerda" do PS: irá continuar a submeter-se às ordens do "Aparelho" ou ganhará finalmente coragem e votará a favor da censura mesmo no caso da direcção do PS decidir abster-se?
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