terça-feira, 18 de outubro de 2011

O bom aluno


Quem ainda pensa que os credores vão ficar muito agradecidos pelos esforços em cumprir as metas do défice e depois nos vão dar muito boas condições para um novo empréstimo é bom que vá ouvindo o Comissário Europeu Olli Rehn: “Apesar destes esforços, a última informação sugere que há riscos a respeito do cumprimento da meta de défice de 2011”. E rematou: “Isto é lamentável”.

10 comentários:

O rural disse...

Comemos tudo e não deixámos nada!

Quem come fiado...!

meirelesportuense disse...

Eu proponho que todos os Ministros, Secretários e sub-Secretários, todos os Gestores e Chefes de Serviço das Empresas do Estado, o Presidente da República, os Deputados, os Autarcas, os Empresários com lucros superiores a 100 mil Euros Anuais, "ofereçam" como os Funcionários Públicos e Pensionistas, seis meses do seu salário para ajudar a saldar a Dívida Nacional...Mais, que todos os Depósitos a Prazo com valores superiores a 100 mil euros sejam aplicados no pagamento dessa dívida...Nessas contas deve-se deixar a seguinte informação, por conta do Esforço Nacional, muito obrigado!

Maquiavel disse...

Meireles, concordo, mas também que näo se possa usar esse valor em seguida como benefícios fiscais...

... quanto ao que diz o Ollizinho, näo é normal? Os mercados agora sabem que os governos estäo dispostos a sacrificar os seus povos, sem tocar nos lucros dos bancos credores especuladores. Entäo esticam a corda, visto que é bem mais elástica que pensavam, afinal o 15 de Outubro foi um protesto muito pequeno...

António Carlos disse...

Na discussão sobre a situação Portuguesa e sobre a adopção de medidas de austeridade são geralmente invocadas duas falácias:
- a de que pretendemos ser "o bom aluno";
- a de que nos querem punir por termos sido gastadores (perspectiva moral).

Esqueçamos este tipo de análises (que nada significam) e concentremo-nos nos factos.

Portugal tem uma dívida externa que se tornou insustentável.Essa insustentatibilidade é objectiva e aferida pelo facto de que quem nos empresta dinheiro, objectivamente (mais uma vez os motivos pouco interessam para o resultado), exige juros incomportáveis.
Portugal tem um défice público insustentável. Mais uma vez, objectivamente já não conseguimos obter financiamento para manter esse nível de défice.
Portugal tem um défice na balança comercial crónico e insustentável.
Vejamos agora o que alguns propõem.
Entrar em default, e não pagar parte da dívida (em diferentes graus de perdão e de diferentes formas).
Só que mesmo um perdão da dívida não acaba com o problema do défice orçamental nem do défice na balança comercial que continuariam a necessitar de financiamento externo.
Assim, ao mesmo tempo que pedimos que nos perdoem parte da dívida, queremos que nos continuem a financiar mantendo o mesmo nível de despesa. Ou seja, dizemos: "paciência, não podemos pagar tudo o que nos emprestaram até agora, assumam essa perda, mas necessitamos que nos emprestem mais para continuar a gastar o mesmo". Isto tem lógica?

O que estas medidas pretendem alcançar é uma redução da despesa, nomeadamente da despesa pública. Não se trata de sermos ou não bons alunos, ou de uma "moralização" dos nossos comportamentos. Trata-se objectivamente de dizer a quem nos pode emprestar o dinheiro de que necessitamos que compreendemos que não podemos continuar a gastar o mesmo e que estamos a fazer uns esforço nesse sentido, adequando a despesa ao nosso nível de criação de riqueza.
Sem esse esforço não percebo porque nos continuariam a emprestar dinheiro. É tão simples como isto.

Pedro disse...

«Pois mas o que eu disse foi: se você amputar a perna (como amputou), *talvez* eu o deixasse entrar no hospital para tratar desse entorse... Talvez! Portanto não sei do que se está a queixar...»

Paulo Pereira disse...

Qual é a alternativa aos cortes na despesa publica ?

Maquiavel disse...

PP, o que interessa näo é "cortar na Despesa Pública a eito", mas sim, cortar onde se deve.

Näo é cortar na Saúde e Educaçäo a eito, matando quem precisa de ajuda... e depois financiando colégios privados.

Näo é cortar nos ordenados dos que efectivamente trabalham, e depois ver que os aumentos aos administradores ineficientes säo o dobro do que foi cortado!

Näo é fundir 5 ministérios mas depois criar mais 20 secretários de que haviam antes!

É renegociar os contratos de exploraçäo das auto-estradas, que é óbvio que foram feitos para lesar o Estado, que somos nós!!!

É também fechar 1/2 autoestrada, naquelas que estäo vazias, e fazer da outra 1/2 uma estrada normal. Afinal, näo é o que se faz com a ferrovia?

Vós aí no Norte que agora tendes de pagar as auto-estradas (que ficaram vazias), agora é que sentem a falta de ferrovias decentes para exportar para a Galiza. Entäo o alcaträo näo é täo bom?

Até agora só se vê é cortes no músculo, deixando a gordura.

José M. Castro Caldas disse...

O aumento dos impostos, taxas, cortes nos salários e na prestação de serviços públicos não são alternativa. São sacrifício inútil e bancarrota. Será que devemos tentar convencer o porquinho que vai para o matadouro que não há alternativa e que ele tem de ir de "livre vontade"?

- Renegociar com os credores (incluindo o FMI, o BCE e a UE) enquanto é tempo

- Contribuir para/exigir uma solução europeia que não sacrifique os deficitários

José M. Castro Caldas disse...

O aumento dos impostos, taxas, cortes nos salários e na prestação de serviços públicos não são alternativa. São sacrifício inútil e bancarrota. Será que devemos tentar convencer o porquinho que vai para o matadouro que não há alternativa e que ele tem de ir de "livre vontade"?

- Renegociar com os credores (incluindo o FMI, o BCE e a UE) enquanto é tempo

- Contribuir para/exigir uma solução europeia que não sacrifique os deficitários

António Carlos disse...

Caro Castro Caldas,

As suas alternativas que apresenta não dependem só de nós.

"Renegociar com os credores ..."
E se os credores não aceitarem renegociar, o que sugere?
E se as condições que resultarem da negociação forem precisamente cortar na despesa pública, o que sugere?
As negociações com a Troika não foram já uma forma de negociar com os credores?

"Contribuir para/exigir uma solução europeia que não sacrifique os deficitários". Faltou acrescentar, claro, que tal solução implicaria um maior esforço financeiro por parte dos não deficitário. Independentemente da justiça ou não dessa alternativa, a realidade é que alguns países têm colocado cada vez mais entraves a essa alternativa. Mas mesmo que todos chegassem a acordo (mesmo uma discussão a dois - França e Alemanha - tem-se revelado difícil).
De qualquer forma, acha mesmo que é possível obter um acordo conjunto que não implique qualquer tipo de redução da despesa pública por parte dos países deficitários?

Em resumo.
Acha mesmo que qualquer solução negociada (com os credores ou com os nossos parceiros comunitários) alguma vez evitará a exigência de corte na despesa pública?
Assim sendo, é melhor deixar a situação arrastar-se ou tentar antecipar-se?