quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A mesma história

Há já algum tempo (anos, mesmo) que é muito claro que uma das condições necessárias para viabilizar a Zona Euro é colocar o BCE a agir como um verdadeiro Banco Central, como um credor de última instância capaz de travar a especulação em torno de dívida incorrectamente designada por soberana. O BCE tem de garantir directamente uma parte da dívida dos Estados, mesmo que tal processo possa ter de ser mediado numa primeira fase, e para salvar as aparências, por uma qualquer instituição reconfigurada para o efeito, mas com acesso directo ao poder financeiro do BCE: um embrião das euro-obrigações emitidas e garantidas pelo Banco Central, como deve ser. As elites políticas dominantes recusam dar tal passo, agitando a “independência” do BCE e a sua obsessiva missão que é manter uma estabilidade de preços com um viés deflacionário: independência face aos poderes democráticos, dependência face ao capital financeiro; estabilidade dos preços no meio da ruina económica e do desemprego de massas. De resto, a performativa teoria económica que esteve por detrás da criação do euro nestes moldes é a mesma teoria que pode acabar com ele. Para esta tarefa também contribui um FEEF bem amanhado para gerar toda a instabilidade financeira, incapaz de fazer face às pressões especulativas, até porque depende dos tais Estados só formalmente soberanos e que caem uns atrás dos outros. É claro que temos o reconhecimento tardio da ruína grega gerada por uma austeridade que continuará a causar a mesma destruição, acompanhada de calculada pilhagem, em periferias estranhamente passivas. E temos um novo momento do tal Estado bombeiro, uma “recapitalização” de um sector bancário moribundo, mas sem aparente aumento do controlo político, única forma de o reformar e colocar ao serviço da economia. Em suma, mais uma cimeira histórica...

3 comentários:

Joana Lopes disse...

O reforço político é este, João...

Diogo disse...

«um sector bancário moribundo»


Um sector bancário moribundo? Como é que «instituições» capazes de criar dinheiro do nada (out of thin air) e emprestá-lo a troco juros que elas definem, podem estar moribundas?

Anónimo disse...

www.paraummundolivre.blogspot.com