quinta-feira, 18 de março de 2010

Onde ir buscar recursos para a consolidação orçamental

O gráfico ao lado reflecte os dados publicados pela Comissão Europeia sobre os auxílios dados pelos vários Estados Membros da UE aos respectivos sectores financeiros (nos dados relativos a 2008 não estão incluídas as medidas de combate à crise). As barras a vermelho correspondem a Portugal, as azuis à soma dos restantes países da UE.

O gráfico diz-nos que, nos últimos anos, o Estado Português tem gasto mais com apoios ao sector financeiro (só em 2008 foram 1,3 mil milhões de euros, principalmente através de vantagens fiscais) do que todos os outros países da UE juntos. Perante isto é mesmo muito difícil aceitar que o governo peça tão pouco ao sector financeiro para o esforço de consolidação orçamental, apostando antes na contenção das prestações sociais, na redução real dos salários e em privatizações sem fundamento.

5 comentários:

Anónimo disse...

Este PEC e o OE são o assalto puro e simples á bolsa e aos mais elementares direitos do cidadão.
Lamentável vindo dum partido que se tem dito socialista.
Neste momento, diz João Cravinho, Paulo Portas dá lições de socialismo a José Trocas-te, ops.., Socrates.

Luís disse...

I. O conluio entre o Governo do Partido Socialista e o Sistema Bancário Português é hoje uma realidade inultrapassável. (Basta ver que no último congresso do PSD, certos discursantes pretenderam fazer a divisão com o partido do governo justamente aí!; curioso, vindo de quem vem).

II. Governo e Banca estão hoje objectivamente coligados; e a estratégia predadora existe sobre toda a sociedade com um rating de crédito admissível para os avaliadores de risco; não só sobre os monopólios naturais e PPP. O Estado tem sempre que favorecer o negócio bancário, porque quando o auto-financiamento das unidades económicas indústrias e outras perdeu as base de sustentação(vulgo, financeirização), a banca, + q em qulquer outro período da história do capital) é a condição sine qua non da acumulação burguesa. Trinta e cinco anos depois do 1974, toda a burguesia portuguesa (o q inclui toda a classe média acima de certo rendimento, os aspirantes e quejandos) foi feita a partir da banca e do Estado.

III. A situação social engendrou um problema financeiro insolúvel. Inegavelmente, tal afirmação terá de fazer tese. O PEC, documento com validade de 6 a 8 meses, é um exercício de desmobilização social. Basta obersvar os gráficos: as medidas corrigem tendências, trajectórias, como num voo qualquer de aeronave que se programa com antecedência, sem considerar uma inversão de sentido. Este é um exercício econométrico padrão; é um exercício falho. IV. A latitude do problema carece mais uma vez de ser posta em termos realistas (realpolitik). Os problemas são encarados, como se há-de dizer, com um certo ar bonacheirão. A começar pela questão alemã. Ao jeito do "convencionalismo" que dizem rejeitar, o problema económico alemão é a procura interna; bravo!, qualquer analista financeiro (daqueles mt convencionais) não diria outra coisa. O nosso problema (atraso, subdesenvolvimento, dependência, clientelismo) passa a ser medido por um diferencial de custos com a Federação do Norte (+++ convencionalismo!). Por último, a solução: é os bávaros abrirem os cordões à bolsa (eu n sei se Mundell era convencional ou não!; não me parece é lá mt esperto.

V. Do fim para o princípio:

a. A UE transfere, hoje, para Portugal o equivalente a 2% PIB/ano à pala do QREN, claro que se forem fazer os cálculos desde 1980 deve dar uma soma substancial. Muito desses € são simplesmente desbaratados e destinam-se em grande parte a financiar o défice exterior (q, retroactivamente é tb alimentado por essa tranf. financeira);

b. os bancos dos países da UE financiam de há 15 anos para cá um défice das transações correntes entre 8 e 10% do PIB, todos os anos, gasto grante parte dele em consumos espúrios e redundantes (o caos urbanístico e territorial é em 90% causa directa deste financiamento, que ignorou o edificado instalado e desatou a construir nas periferias a preços exorbitantes, q porém tinham cobertura ("último saldo) no crédito exterior; por isso o programa do BE de requalificação é mt bem intencionado, mas sem um aumento da população iria somente contribuir para o excesso de oferta do imobiliário em Portugal;

c.agora a coisinha boa da união política, e fiscal, e monetária não passa de + um desejo que a realidade não vai oferecer (deixo as razões para outro dia) e tout court não quererá de todo significar outra coisa que passássemos todos a receber o subsídio de desemprego de Bruxelas; q construíssemos dois ou três elefantes brancos (vulgo TGV sem redistribuição populacional) e perdessemos, finalmente, a capacidade de comandar os destinos nacionais.

-- continua algures.

Luís disse...

d. quanto à famosa repressão salarial alemã - é um facto! um grande problema para os sindicatos alemães, mas pouco terá q ver com a competitividade da economia (+++ convencionalismo!!). porque uma coisa é a competitividade (que se mede - ou não se mede - em múltiplas variáveis), outra são os lucros das empresas que realmente só se medem em euros! ainda há pouco se falava no famoso Mittelstand, a espinha dorsal da capacidade exportadora alemã, onde os operários são qualiicados e felizes, a gestão familiar e a inovação permanente, para dar lugar ao enegrecimento do país que e basicamente (a par do japão) o maior produtor de bens de capital do mundo. os senhores atentem que quem tem capacidade para produzir bens de capital, além de conseguir extrair uma boa renda a médio prazo, consegue refazer uma indústira do nada em menos de nada! (vide Der Nationalsozialismus);

e. derivado do facto de ser uma economia com grande intensiadade capitalistica (dado estrutural) é uma pena (um tradeoff) que a procura interna esteja cicliclamente deprimida, justamente por depender tanto do investimento!, que é a componente do PIB com + volatilidade; e depois podem sempre subir os salários aos alemães, desde que também lhes reduzam as horas de trabalho e aumentem o período de férias que é para eles virem passar mais tempo a Portugal!,)

-- continua algures.

maria povo disse...

Acho que isto ainda vai acabar mal!!! ou bem....!!!

com tantas injustiças sociais... a malta não aguenta!!!

porque não se (deve) pode aumentar os sacrificios aos mais desfavorecidos e em quem tem muiiiiiito não se mexe!!!! NÃO PODE SER!!! BASTA!!!

imposto às mais valias (porquê adiado?????), imposto IRC igual para todas as empresas, a Banca paga por metade das PME's, que tanto encheram a boca à direita na campanha eleitoral mas que foi a primeira coisa que deixaram cair quando negociaram o OE... pois é!!!!

Privatizar, ainda mais, empresas que deveriam era voltar na totalidade ao erário publico!!!! nacionalizar já!!! GALP, REN, CTT, TAP, Estaleiros navais, EDP, REFER, etc. são DO POVO PORTUGUÊS!!!! que raio de governantes são estes que vão vender os aneis e os dedos!!!

1º de Maio tem de ser uma Jornada de Luta muito forte. Se antes do 25 de Abril não tinhamos medo, porque na Democracia não o fazemos sem medos???!!!! na RUA!!!

Isto vai acabar mal!!!! ou BEM!!! não podemos é continuar a aceitar tudo isto de braços caidos!!! anda tudo a xanax ou quê????

João Aleluia disse...

O mais criminoso nos apoios à banca em Portugal é que estes nem sequer eram necessários. Nem o BPN nem o BPP representavam qualquer risco sistemico. Nem sequer as garantias que foram dadas à banca em geral foram necessarias, uma vez que os incompetentes do BCE já andavam a emprestar dinheiro a qualquer banco de qualquer maneira.