quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Res Privata: chegou a vez das matas nacionais

Vale a pena ler o artigo de Vitor Louro sobre o «liberalismo florestal» no Público de hoje. Duas passagens que me parecem muito relevantes: «O que está em causa é a possibilidade de entregar a entidades não públicas a gestão das matas nacionais (Pinhal de Leiria, dunas do litoral, Valverde, Herdade da Parra e outras), a maior parte das quais com uma fortíssima vocação de protecção. E isto em nome da alegadamente demonstrada incapacidade de gestão pelo Estado das suas próprias matas. Antes de mais é bom lembrar que o Estado tem vindo a perder essa capacidade em consequência das políticas que têm orientado as nomeações de dirigentes e o esvaziamento dos serviços. Assim, os governos fazem o mal e a caramunha (. . .) O que se passa é que sempre o Estado geriu essas áreas, com resultados que as tornam apetecíveis à ‘iniciativa privada’, especialmente se continuarem a pingar os apoios financeiros estatais. Trata-se de nacos muito apetecidos. Mas a verdade é que empresas cujo objectivo é a maximização dos lucros, não se perdem com ‘ninharias’ de protecção do Ambiente (erosão, paisagem, recursos hídricos, desertificação...)». O neoliberalismo, na sua dimensão mais predatória, é assim: destruição progressiva das capacidades de gestão do sector público e do conhecimento profissional acumulado em instituições e entrega aos privados dos recursos que são de todos e com a ajuda do esforço fiscal de todos. É claro que a defesa da Res Publica não passa por estas engenharias de mercado do «socialismo moderno». É por esta e por muitas outras que o «tanque» das políticas públicas de Sócrates e de Vitorino tem mesmo que mudar de nome: Res Privata.

6 comentários:

Anónimo disse...

laurindaaac.blogspot.com

Anónimo disse...

O ministério da agricultura começou à mais de um ano a privatizar serviços que eram da sua competência, a partir do momento em que fechou todos os viveiros do país e deixou na mão dos viveiristas privados o fornecimento de árvores florestais.

Jmendes

Anónimo disse...

Épa temos que arranjar um nome para este PS ...

Que tal neoliberalismo pseudo-socialista, neosocialismo liberal, ou mesmo neosocioliberalismo ?

Anónimo disse...

... mais uma coisa:

Tudo menos serem apelidados de "esquerda moderna". Até soa bem, mas não lhes assenta realmente. Só se ser moderno significa um caso de amnésia em termos de essência política.

Bem, não brinquemos com a senilidade ... é deprimente.

Anónimo disse...

Mas quem é que autorizou esta canalha deste PS dito socialista moderno a entregar aos privados aquilo que não lhes pertence mas antes ao país, a todos nós.!!!!?
É preciso,urgentemente, correr com esta gente que é do piorio.!!!
São de facto malfeitorias a mais e nunca vistas neste país depois do 25 de Abril .!!!

Anónimo disse...

Este não é, infelizmente, o primeiro exemplo:

Veja-se a inacreditável situação nos Parques Sintra- Monte da Lua, que apesar de ter como accionista o Estado ( Min. Ambiente - ICN-B- , Turismo de Portugal, IP, Min. Cultura a par da CMSintra)e portanto, não configurar uma verdadeira entrega aos privados, veio a "privatizar" o direito de acesso a algo que já é pago pelos contribuintes.
Resultados, tendo o parque da Pena como exemplo : Ordenados milionários, metade do Parque fechado, como que varrido para debaixo do tapete, preços absurdos de entrada no Parque; Negócios com uma estação de televisão para realização de reality shows com a suposta contrapartida de recuperação de uma área do Parque (a tal que está fechada) que até à data não aconteceu. O Parque é hoje quase exclusivamente visitado por turistas, que só visitam a zona circundante do Palácio - o que pode justificar o franco abandono do resto do Parque...