Respaldada a partir de certa altura pelo magnifico Coro das Mulheres da Fábrica, foi como se A Garota Não sintetizasse em duas frases de canções suas o que me pareceu ter sido o espírito da Festa do Avante! de 2025: “podem decretar o fim da arte e a gente faz uma canção sobre isso”, “é urgente o amor, é urgente permanecer”.
A bandeira da Palestina nunca deixou de ser agitada durante os três dias desta festa internacionalista e patriótica.
Por falar em síntese, mas de economia política, no comício de domingo que precedeu este concerto, no mesmo Palco 25 de abril, igualmente com muitos milhares de pessoas presentes, Paulo Raimundo sintetizou a orientação de política prevalecente e que tem de ser derrotada com a máxima unidade de pensamento em ação:
“Enfrentamos uma política ao serviço dos grupos económicos e das multinacionais, submissa às ordens e à hipocrisia da União Europeia, dos EUA e da NATO, e que abdica da soberania nacional, fragiliza o aparelho produtivo e põe em causa o desenvolvimento do País.”
Nesse comício, o meu filho achou por bem agitar uma bandeira do PCP. Foi de resto como se tivesse sido a sua primeira Festa, dada a cada vez maior liberdade, rumo à maioridade, que isto passa mesmo num instante: “vai ter ao Vietname para jantarmos”.
Jantámos em pleno espaço internacional da festa, ali onde se celebrava os 80 anos da proclamação da independência nacional e os cinquenta anos da libertação integral deste notável país, exemplo de perseverança anti-imperialista e de desenvolvimento: um, dois, três, muitos Vietnames, já dizia o Che. Comemos bem, já antes tínhamos comido muito bem em Coimbra, na Madeira, em Setúbal e no Algarve (nos espaços das organizações regionais). Gastronomia patriótica e internacionalista.
Patriótico e internacionalista foi também o concerto de música clássica que celebrou os oitenta anos da derrota do nazi-fascismo. Duvido que haja em Portugal um concerto de música clássica com mais gente a assistir, como aquele que habitualmente tem lugar à sexta-feira na Festa.
No sábado, ao fim da tarde, tive o privilégio de ter o livro A economia política do antifascismo e outros textos a ser generosamente apresentado por Vasco Cardoso, como, já em 2022, o tinha feito com o livro sobre o neoliberalismo. Feliz de quem tem leitores assim. Estava muita gente a assistir, incluindo muitos camaradas e amigos, em relação aos quais contraí dívidas intelectuais e políticas imensas. Referi alguns, não pude referir todos. Sem as razões comunistas inscritas na história não teria escrito este livro, isso é certo.
Achei por bem carregar umas cadeiras e assim depois das 23h, depois do fecho da Festa, nada de especial: “É [mesmo] urgente o amor, é [mesmo] urgente permanecer”. Saí da Festa já passava da meia-noite, cansado e feliz. Saímos. Voltarei. Voltaremos.
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