Conraria sabe muito bem que o Centro de Estudos Sociais, de que sou investigador há quinze anos, lidou de forma exemplar com “indícios de ‘padrões de conduta de abuso de poder e assédio por parte de algumas pessoas que exerciam posições superiores na hierarquia do CES’”, identificados por uma Comissão Independente. Sabe muito bem que esta forma de lidar com um assunto difícil e doloroso, sobretudo para as vítimas, não tem paralelo no sistema universitário português. Conraria sabe muito bem que estes padrões existem em muitas outras instituições. E sabe muito bem que, por exemplo, Boaventura de Sousa Santos já não é investigador do CES.
E até julgo que intui que não foi por acaso que, num contexto de denúncias diversas de situações de assédio na academia, foi no CES que essas denúncias deram lugar a medidas concretas da instituição. Não é de esperar que instituições que preservam zelosamente ordens hierárquicas e o status quo, desincentivando o pensamento crítico e exigência cidadã, tenham a capacidade e a energia para responder de forma consequente a situações idênticas, sobrando o manto de silêncio, opacidade e complacência cúmplice
Sabendo isto, porque escolheu mentir, exibindo o seu ódio a supostos “esquerdistas”? Simplesmente porque não tem argumentos para as críticas que alguns de nós lhe dirigimos. Jamais se aguentaria num debate de igual para igual, aliás foge dele como diabo da cruz. Conraria é tão perigoso quanto poderoso. O seu calibre intelectual e moral faz lembrar os autodenominados liberais que se bandearam para o fascismo nos anos 1920, produzindo no processo toda a sorte de mentiras. Já fomos alvos dos seus herdeiros no Parlamento e já lhes respondemos.
Não sei o que vai acontecer. Sei que aqui estaremos, com toda a frontalidade, defendendo a integridade e o bom nome de instituições científicas e não só.
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Expresso, liberdade para caluniar
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