sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Um jornal que não esvazia


Portugal foi um dos países do mundo mais atingidos pelos impactos económicos da pandemia da Covid-19 em 2020, com uma queda de 7,4% do PIB. Este impacto é sobretudo explicado pelas características estruturais da economia portuguesa, nomeadamente a crescente dependência de um dos sectores mais afetados pela pandemia no campo internacional, o turismo, e pela relativa inação do Estado português refletida na parca despesa pública contra-cíclica. Quando comparado com outros países europeus, o esforço orçamental português foi dos mais modestos na Zona Euro. O défice orçamental de 2020 cresceu 5,8% relativamente a 2019, inferior ao crescimento médio na Zona Euro de 6,6%. No entanto, a profunda queda do produto não se traduziu no que seria um natural aumento do desemprego ou queda acentuada do rendimento disponível. O desemprego cresceu ligeiramente até atingir 7,1% em 2020 e o número de falências chegou mesmo a cair nos primeiros meses de crise pandémica. Se é certo que programas de emergência como o lay-off simplificado, envolvendo gastos públicos, tiveram um papel central no controlo dos efeitos económicos da pandemia, o programa de moratórias de crédito, um programa de reduzidos custos imediatos para o Estado, explica o aparente paradoxo, tendo-se revelado particularmente eficaz numa economia sobre-endividada como a portuguesa, com o somatório da dívida de empresas e famílias a representar 137% do PIB em 2019, um valor superior à média de 125% para o conjunto dos países da União Europeia.

O resto do artigo, O balão das moratórias esvazia-se, escrito em co-autoria com Catarina Frade e Nuno Teles, pode ser lido na edição de Agosto do Le Monde Diplomatique - edição portuguesa. Entretanto, não percam o editorial de Sandra Monteiro sobre desigualdades digitais.

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