sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Não sejas parvo


O filme tem ...73 anos! É um filme de propaganda que mostra uma América idealizada, longe da realidade de 1947. Mas com uma preocupação que, apesar de terem passado 73 anos, está a tornar-se, de novo, actual.

O verdadeiro debate começa a partir do minuto 2m15. Com um americano médio a pregar contra os empregos roubados pelos negros. E esse discurso não se distingue muito de outros praticados uns anos antes.

"Chegou a altura de a Alemanha pertencer-vos, pertencer-vos apenas a vocês. (...) O Partido nazi dará terra aos agricultores, trabalho aos trabalhadores e lucros aos pequenos empresários. Quem é que está agora a ficar com estas coisas? Os judeus! Os judeus que roubaram a nossa nação. Quem fica com o nosso dinheiro e os nossos empregos?"
"Eles devem ser eliminados"

[versão actual: vão para a vossa terra e deixem-nos a nossa terra]

"Uma por uma, atacaram cada minoria e separaram-nas umas das outras. No início, eram alemães. Mas agora separaram-na em grupos diferentes. Suspeitosos entre si. Rivais uns dos outros. (...) Havia muito trabalho para fazer. Havia sindicatos para serem esmagados, porque os sindicatos eram organizados e poderiam oferecer resistência. Havia muitos partidos políticos na Alemanha. Os nazis destruíram-nos. Estavam determinados a destruir todo o tipo de organização em que as pessoas poderiam resistir. Havia judeus para bater e matar. [versão actual: ciganos]. Os judeus não eram poderosos, mas eram a desculpa conveniente para todas as doenças da Nação. (...) Centenas de católicos foram postos na prisão. Porque os católicos tinham treino e poderiam resistir ao Partido Nazi [versão actual: por que não aliar-se às igrejas evangélicas?] Dividiram a nação em uma centena de pedaços. E então, um a um, foram destruindo cada um dos pedaços. Depois de quebrar esses pedaços, os nazis tomaram o poder."

E onde foi que isto começou? Foi no minuto 12. "Juntos poderiam ser fortes. Mas a partir do momento em que foram divididos, perderam-se. Quando uma minoria perdeu, todos perdemos. (...) Esqueçamos os "nós" e "eles".

Mas não nos esqueçamos da História. Porque a defesa destas ideias - inconstitucionais e, por isso, ilegais - tem por trás um projecto político - que, na versão actual, não se distingue muito da agenda neoliberal (contra o que a Constituição prevê quanto ao papel do Estado, contra o Estado Social, contra a escola e saúde públicas e, por isso, pugnando por menos impostos). E esse projecto está a ser financiado para que se concretize, já que esta agenda foi derrotada nas urnas.

E se o CDS e o PSD já não servem, venha o próximo.

13 comentários:

Geringonço disse...

Não há nada mais anti-nacionalista que a extrema-direita dita nacionalista.

Ser contra o SNS e Escola Pública, serviços cruciais para o bem-estar e progresso da população, é anti-nacionalista.

Os Nazis não sacrificaram apenas os judeus e ouras minorias, sacrificaram a própria nação que eles chamavam ariana. Crianças e velhos "arianos" foram carne para canhão.
O culto da morte Nazi se não fosse travado consumiria toda a humanidade.

André Ventura é um narcisista, nós sabemos que ele não está na Assembleia da República para servir os interesses da população portuguesa, é um lacaio da classe dominante.
Em tempos de decadência económica e social (mas também de possibilidade de transformação e renascimento) a classe dominante inventa estes personagens.

Anónimo disse...

Há um cinismo total e absoluto na nossa sociedade, o maior factor de separatismo não é a cor nem a origem é mesmo a condição social, são poucos os que acham que esta condição deve deixar de o ser, mesmo quem fala de igualdade e de humanidade não acha que todos devem ter a mesma condição material, o conforto e a aceitação do modelo capitalista são prova disso mesmo, mentir,mesmo que a si próprio não dá dignidade a ninguém, a larga maioria da nossa gente é intelectualmente diminuída.

Anónimo disse...

Quem lê alguns comentários de algumas pessoas, algumas delas com responsabilidades governativas até pensa que estava tudo bem no nosso país e de um momento para o outro apareceu a extrema direita.Num país onde a desigualdade é gritante, onde um numero considerável de pessoas trabalha mas não consegue ter uma vida digna, onde o desemprego é estrutural, onde os escândalos de corrupção são mais que muitos, onde os rendimentos do trabalho não têm preponderância relativamente ao rendimento do capital, é um país economicamente e moralmente falido , é esta normalidade que defendem os chocados com a barbaridade declarada.

Victor Nogueira disse...

não são só os ciganos mas também e sobretudo os sindicalistas e os comunistas

Anónimo disse...

Quando o "milagre" neoliberal se esgota em crises brutais, que acumulam os efeitos de outras crises brutais, quando os sintomas mórbidos de que falava Antonio Gramsci se multiplicam, as elites que criaram o neoliberalismo, que o fomentaram e financiaram nas escolas, na política, nos media, nos think-tanks, procuram uma saída que lhes garanta a manutenção do poder: essa saída é autoritarismo, nas suas múltiplas faces, incluindo o fascismo.
Eis aquilo que está a provocar a democracia: os mesmos cabeças rapadas de sempre, os assassinos do Alcindo Monteiro, os mascarados das tochas, os da saudação nazi.
Foram presos, foram soltos, formaram partidos políticos, elegeram deputados e já se julgam o KKK.
A nossa democracia está a ser posta à prova.
Esperemos que a DEMOCRACIA reaja com BRUTALIDADE...
...mas há sinais contraditórios.

Jose disse...

:..e como então e sempre, a 'doutrina dos coitadinhos' da esquerda, NADA tem a ver ao caso!

esteves ayres disse...

Em tempos li um livro que tem como titulo "Ética e o Futuro da Democracia", o estudo inclui apresentação e discussão no Simpósio Internacional sobre ética e o Futuro da Democracia, realizado no âmbito do programa de Lisboa 94. Resumindo o que foi feito? Nada! Hoje temos a direita e a extrema direita , no parlamento, ou seja temos os partidos que se dizem de esquerda e que se colocam à disposição de um PS que tem mais haver com uma direta, e com tiques a roçar o fascismo... Ou será que estou enganado?! Espero que esteja...

Anónimo disse...

Os três primeiros comentários tem uma marca. Inconfundível

Parece que ganha à peça. Mas há sinais contraditórios. Já não lhe serve o PSD e o PP

Anónimo disse...

Não há nada mais anti nacionalista que nacionalistas. É nada mais nacionalista que os anti-nacionalistas

Isto é dum texto do RAP não é? Conversa da treta a lembrar isso mesmo

Anónimo disse...

Milagre neoliberal com aspas ? Quem considerou o neoliberalismo como algo de milagroso? Só mesmo um aficionado em fase de tentativa de limpeza ideológica
E quem fala em sintomas mórbidos da forma idiota como fala na criação das elites a chocarem os sinais contraditórios?
Sinais contraditórios a reagirem com brutalidade?
Isto é paleio de holandês travestido do outro

Anónimo disse...

Um verdadeiro membro do partido do Camarada Arnaldo Matos não lê literatura enfeudada a princípios da direita sob a capa da ética e da democracia burguesa Isto é uma fraude provocadora
Quem será este Aires, ou Ayres como os Melos ou Mellos?

Anónimo disse...

É só ler o documento elaborado pelos nazis, "Europäische Wirtshaftsgemeinshaft" para perceber o que os nazis queriam...
Estes movimentos ditos neo-nazis ou nacionalistas são só resquícios de quem não entendeu nada e defendem um nacionalismo torpe e reducionista.
Leiam o documento e tirem as vossas próprias conclusões.

JE disse...

João pimentel ferreira enxameia as caixas de comentários. Podemos falar sobre os vários motivos que o levam a isso, embora nenhum deles seja meritório e tenham a marca intrínseca da podridão

Mas deixemos esta questão para mais tarde.Também não interessa agora falar sobre outros dos seus nicks nesta página.Já alguns se encarregaram de o fazer

Abordemos apenas o seu último comentário de 24 de Agosto de 2020 às 17:05.

Começa por solicitar a leitura de um documento: "Europäische Wirtshaftsgemeinshaft".

Só mesmo JPF para pedir que leiam um documento nazi. Ainda por cima em alemão, para todos ficarmos esclarecidos.

A pedantice rasca não perdoa. Mas esta é ultrapassada pela idiotia