sábado, 21 de dezembro de 2019

50 maneiras de deixar o seu amor


"Existem muitas maneiras de matar. Pode se espetar uma faca na barriga de alguém, tirar-lhe o pão, não o curar de uma doença, fazê-lo viver numa má habitação, atormentá-lo no trabalho até a morte, levá-lo ao suicídio, obrigá-lo a ir à guerra, e assim por diante. Poucas destas maneiras são proibidas no nosso Estado."

A citação foi retirada de um post do jornalista Thomas Fischer no Facebook, a propósito da condenação a um ano de prisão do antigo presidente Didier Lombard e  a oito meses de dois directores da France Telecom pelo suicídio de 35 pessoas, no início dos anos 2000, vítimas de assédio em larga escala e institucional.

Os casos surgiram após a privatização da empresa - hoje denominada Orange - que foi acompanhada da intensão de cortar 22 mil postos de trabalho e reafectar outros 10 mil, tendo muitos dos trabalhadores sido transferidos para longe das suas famílias.

Em 2009, uma mulher de 32 anos matou-se no seu posto em Paris. Outra tentou matar-se em Metz, ao saber que ia ser transferida pela terceira vez num ano. Em 2011, um trabalhador de 57 anos matou-se quando chegou ao seu novo posto de trabalho, perto de Bordeaux.

O capitalismo e os mercados (o que quer que isto seja) são perigosos e menos eficazes do que o mainstream político-economico os pintam. Está na hora de refazer a sua história recente. Com exemplos e imagens. Talvez as chefias dos jornalistas comecem a deixar transmitir mais casos desses. 

8 comentários:

Paulo Marques disse...

Podem começar pelos "casos de sucesso" da Troika e do FMI...

Anónimo disse...

Inacreditável...um ano de prisão...e a isto que se chama-se justiça...estão por todo o lado estes assassinos silenciosos, muitas vezes na própria televisão e as pessoas fingem que não os vêem, todos os que vivem a sua vidinha inconsequente e inútil são também responsáveis por esta vergonha a que chegamos, não há moralidade nem decência só há poder e subjugação.

Jaime Santos disse...

Inteiramente de acordo, o Capitalismo é um sistema ineficaz, predador, injusto. Tende, em estágio de crise, progressivamente para o patrimonialismo e para o monopólio. Os sistemas políticos tendem todos, sem os devidos contra-poderes, aliás, para formas progressivamente mais oligárquicas.

Mas infelizmente as alternativas históricas, o Fascismo e o Comunismo ao estilo soviético, são piores ainda, pela número de vítimas, pelas guerras de agressão que engendraram, pela destruição ambiental, pela tirania sobre as pessoas (aspectos que não faltam também ao imperalismo colonial capitalista, como é óbvio).

Pelo que, se a Esquerda se ocupasse com a restauração da social-democracia, a forma mais justa de governar os homens, já não era mau.

Quando isso estivesse feito, aí poderia começar a experimentar em pequena escala com modos alternativos de produção, cooperativismo agrícola e industrial, etc. Seguramente, a solução não será regressar ao estatismo que prevaleceu até aos anos 70 e que parece ser a posição defendida nestas páginas.

Convençam lá o PS a introduzir alterações na Lei Laboral que beneficiem os trabalhadores e a negociação colectiva, a co-gestão industrial, o fim da exploração de petróleo, a regulação devida da extracção do lítio senão mesmo a sua eliminação, e não se ponham a atacar a UE que fornece afinal um módico de protecções sociais e ambientais, mau grado o carácter recessivo da sua política económica. Um mundo em que os Estados Europeus entrem em competição acerbada, como parece desejar o Sr. Johnson, será sempre um mundo em que os fortes dominarão os fracos, como a Inglaterra dominou Portugal durante o sec. XIX. É mesmo isso que querem?

Jose disse...

A todo o pressuposto irreal corresponde uma muito real angústia.
A imutabilidade das empresas ou do emprego é um deles.
Mas a propaganda da imutabilidade como um direito, que pela sua transgressão devam as empresas arruinar-se em indemnizações, é fonte de desilusões e de expedientes que, sem deixarem de ser imorais, são resultado das tretas esquerdalhas acolhidas por Estados que se dizem sociais e que não são mais que promotores de idiotias e empecilhos ao progresso.

João Ramos de Almeida disse...

Caro Jaime,

Mas por que é que de cada vez que se critica o capitalismo, o Jaime vem alegar com o Fascismo e o Estalinismo? Pense de forma mais alargada. Alguém disse que essas foram as experiências ideais? Temos de pensar com o que temos hoje: Séculos de capitalismo larvar, uns quantos de pleno capitalismo e umas decadas de outras experiências.

Sejamos ousados a pensar, não lhe parece?

E sobre isso, está completamente equivocado. Não há solução na actual armadura institucional-administrattiva da UE, qual guarda-avançada burocrática de um sistema ineficaz e corrupto, aberto à lavagem de dinheiro ilegal, ao branqueamento de capitais a baixo preço fiscal e patrona de offhores que dão cabo de qualquer justiça social, enquanto os seus escribas exigem aos governos dos países mais fracos que cumpram um esconso e obscuro Tratado Orçamental, a que os países estão dispensados porque são o que são.

Pensemos mais alto e mais amplo.

Jose disse...

Pensemos mais alto e mais amplo.

Sendo o capitalismo o único sistema que pode imaginar-se poder desenvolver o bem-estar e a tecnologia que o sustente.
Absorvendo os Estados uma enorme fatia da riqueza produzida.

Pensemos mais alto e mais amplo, propondo acções que criem riqueza e aumentem a eficácia de quem a gere.

Paulo Marques disse...

Ora bem, ó Cruz, pense lá e envie o relatório, tá bom?

Jose disse...

Para o herdeiro do Cuco, e para começar:
Relatório 1: Que a cada funcionário público, cuja função inclui o uso de um teclado de computador, seja associado o tempo que leva a escrever (erros corrigidos pelo programa) um ditado de uma folha A4; calcule-se a eficiência para um tempo padrão e registe-se; suspendam-se as promoções até atingirem os 80%.
Mude-se o texto e repita-se a operação a cada 2 meses.
Lá vai o Marques entrar no choradinho da exploração dos trabalhadores, dos direitos à ineficiência já adquiridos e demais ladaínha....