sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Half a dozen notes
1. Aquele que era provavelmente o programa eleitoral socialista mais consistente desde a criação da UE foi posto em causa por um europeísmo que quer repetir referendos até o resultado ser conforme em relação à UE, sendo que a prossecução do tal programa obrigaria a romper com a UE.
2. A diferença entre os resultados do partido trabalhista em 2017 e em 2019 parece resumir-se de facto a duas palavras: segundo referendo. Foi penoso ontem ver John McDonnell na BBC, o melhor Ministro das Finanças que o Reino Unido nunca terá e um dos grandes responsáveis no topo pela aceitação do segundo referendo, reconhecer que o essencial passou por um Brexit com enraizamento popular.
3. A tragédia do indispensável Jeremy Corbyn é ter sido sempre fiel à tradição eurocéptica, porque radicalmente democrática, do melhor trabalhismo britânico durante décadas até ser arrastado pelos europeístas para uma posição inconsistente, quando tudo o que importava estava em jogo e pelo menos havia que respeitar a vontade nacional-popular.
4. Hoje, anti-socialistas do PS, como Vital Moreira, conseguem descrever um programa básico socialista democrático, adaptado aos tempos de fracasso total do neoliberalismo de Thatcher e dos seus discípulos trabalhistas, como uma “opção esquerdista” e fazem isto sem nunca referirem a posição em relação ao Brexit como causa da derrota trabalhista. Não é tempo de ser rigoroso na defesa de ideias zumbi liberais por cá. E estas ideias no Reino Unido foram derrotadas, como se viu pelo resultados dos liberais e dos que a eles se juntaram vindos da ala anti-socialista do partido trabalhista.
5. Quem interpreta e dirige o sentimento nacional, associado ao cumprimento da vontade popular, ganha.
6. Da Grécia ao Reino Unido, de diferentes formas e em diferentes circunstâncias, o vírus do europeísmo, que atingiu tantos militantes de esquerda, só gera catástrofes relativamente previsíveis.
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8 comentários:
Nem sei bem o que dizer desta análise dos resultados destas eleições no RU para além de que é apenas a continuação da habitual leitura alucinada do seu autor: ele insiste que a “soberania” é uma exigência para afrontar a EU! E que se o “povo”, o britânico, até não votou n«Aquele que era provavelmente o programa eleitoral socialista mais consistente desde a criação da EU» apenas foi porque o Corbyn não conseguiu «“interpretar e dirigir” o tal “sentimento nacional”!
A perplexidade do João Rodrigues (JR) até nem é uma novidade: já Mussolini, como jornalista marxista, ligado ao Partido Socialista Italiano da altura, acabou por ser expulso do partido pelos seus artigos cada vez mais “soberanistas”, perplexos etc… que o levou, como todos sabemos, a criar o original partido Fascista!
JR não admite reconhecer que a popularidade de Corbyn, em 2017, apenas se deveu a uma onda em que se julgava que ele estava associado a um esquerdismo (e é triste ver o JR indignado com um suposto uso da terminologia “opção esquerdista”, porque “radical” – não era suposto JR. V. defender esse esquerdismo, radicalismo, etc?) mas também a uma exigência essencial de ele lutar por se manterem na europa (EU)? Como é que raio, V. explica, que o Corbyn, um reconhecido “eurocéptico” andou a engonhar sobre o assunto? É evidente que ele até sabia que a vasta maioria dos seus apoiantes que surgiram nas eleições de 2017, esperavam aquele sinal dele que nunca veio a acontecer: que ele lutasse abertamente contra o Brexit!
Golpes de rins demagógicos em que a maioria dos britânicos que votaram contra «Aquele que era provavelmente o programa eleitoral socialista mais consistente desde a criação da EU», a favor de um programa “soberanista”, definitivamente proto-fascista, até podem ser interpretados pelos seus seguidores como uma espécie de vitória (que é o que V. aqui faz!) mas lá está,, é apenas um sintoma do quanto alucinada é a sua (vossa) retórica “soberanista”: todos os espantalhos a que V. resolveu recorrer não conseguem, no seu total, reunir metade das ameaças reunidas pela eleição do Boris Johnson (esse fantasma eternamente ausente no seu discurso!)
Sucede que a principal causa da derrota do Labour não foi o Brexit, foi, João Rodrigues, de acordo com as sondagens à boca da urna, o próprio Jeremy Corbyn. Em terceiro lugar, atrás da saída da UE, vem o tal programa eleitoral 'consistente' de que fala e que mudava de dia para dia, a ponto de alguns candidatos terem omitido as novas medidas quando falavam com os seus potenciais eleitores.
Realmente, os eleitores pareciam entusiasmados com tais ideias...
Ver aqui: https://twitter.com/tpgcolson/status/1205513403466502144?s=21
Claro, o que é uma sondagem em face da ideologia? Só a opinião popular, parece...
Coloque toda a culpa que quiser nos europeístas, João Rodrigues, mas existe uma pequena regra simples, ninguém apanha moscas com vinagre e low and behold, a maioria dos votantes e militantes do Labour eram e são remainers, incluindo na sua ala esquerda.
Pergunte-lhes porque é que eles insistem em pensar assim, mas em democracia, se não se defende o ponto de vista daqueles que votam em nós, eles vão votar noutros...
Corbyn bem tentou manter remainers e leavers a bordo e em 2017 ainda o conseguiu, mas tarde ou cedo, a triangulação deixou de convencer uns e outros... O líder trabalhista cometeu um erro crasso ao não perceber que o Brexit iria irremediavelmente dividir o seu eleitorado e servir como alavanca para a Direita Tory mais reacionária e não se bateu com unhas e dentes pela permanência em 2016, pelo contrário, participou em 10 ações de campanha (!) para defender a posição sufragada pelo seu Partido.
Mas para o João Rodrigues e os seus, como se sabe, a democracia interna nos Partidos é um anátema, prefere o centralismo democrático em que a direção manda e o resto vota de cruz. A soberania do costume, exercida pelos líderes, em nome do povo, claro...
Agora, Corbyn pode regozijar-se com um Brexit cujo neoliberalismo vai fazer o da UE parecer um piquenique. Talvez algum sucessor seu possa, daqui por uns 20 anos, reconstruir o socialismo num só País, a Inglaterra devastada por Johnson e os seus muchachos...
E quanto a McDonnell, figura apesar de tudo mais respeitável, porque mais inteligente, que Corbyn, he would say that, wouldn't he?
Em Portugal, espera-se que a Esquerda, toda ela, perceba uma coisa. É melhor a conquista do poder e manutenção da Direita na oposição por longos e bons anos do que a defesa da pureza dos princípios, socialistas ou outros. E que o 'neoliberalismo' da UE não é, de modo nenhum, a mesma coisa que o nacionalismo xenófobo de Johnson, Trump, Orbán, Putin, etc...
E, já agora, não há outro. O suposto nacionalismo progressista morreu com o colapso da URSS e com a transformação dos novos Estados independentes em puras ditaduras patrimonialistas. Os que a isso escaparam, como a Índia e a China, mergulharam no capitalismo mais selvagem.
Mas prove-me errado. O PCP pode sempre tentar vender tal posição, mas como dizia alguém logo a seguir ao 25 de Abril, para já, 6% não é nenhuma maioria.
Finalmente, quanto a Corbyn, you know what they say, good riddance...
Então: Corbyn é quase um mussolini? Hilariante!
O drama de Corbyn é parecer um chamberlain!
O Brexit não pode ser olhado como uma opção leviana… O UK quer relançar o mundo anglo-saxónico e quer liderar (com o amigo americano) esse renascimento, que significa expulsar os chineses de muitos países aonde estão a "entrar" e que são da antiga Commonwealth. Sobretudo em África.
Para isso conta com uma parceria com a Índia, que é um país mais desenvolvido que a China e ainda mais populoso que esta... O Boris falou nisso várias vezes ao longo da histeria Brexit.
Aparentemente tanto os eleitores de direita como os de esquerda "compraram" a ideia.
O soberanismo, na versão de Jean Bodin, é algo que, aparentemente, permanece vivo desde a racionalidade política vestefaliana (1648). Enquanto a soberania interna evoluiu do Estado absolutista até ao Estado de Direito, a soberania externa permaneceu grociana, incólume, pétrea. No limite, sempre bélica. A globalização, desregulada e parecendo sem sentido, só tem vindo a provocar erosão na soberania, sem tocar na sua essência guerreira, pois faz parte da razão vestefaliana o pressuposto de que o sistema internacional é anárquico. É por isso que as classificações da teoria política interna são diferentes da teoria política internacional. Afinal de contas, quer os EUA, com a sua política do big stick (Teddy Roosevelt) quer a URSS, com a sua doutrina da soberania limitada (Brejnev), e agora os EUA de Trump e a China Xi Ji Ping ou a Rússia de Putin, são, antes de mais e acima de tudo, “realistas”... Falta subir um degrau na escada da civilização. O que, no tempo longo da História, vai demorar...
Como é evidente, o João Rodrigues tem razão.
Surpreende a malta da "coisa", fazer de conta que está em Marte e, continuar a inventar grandes análises à volta da "coisa", inventando argumentos marcianos que, até os tóinos... ficam de boca aberta!
Alguém achava ser possível que, em DEMOCRACIA (...na EUROPA!), o resultado de um REFERENDO, não fosse CONCRETIZADO ?!
Os marcianos ingleses, andam há TRÊS ANOS a tratar o POVO como atrasado mental.
O Jeremy Corbyn, com um persistente empenho na conquista da liderança do Partido Trabalhista, só possível pela FORÇA do voto dos militantes
- apesar de grandes resistências dos poderes instalados -
não tinha o direito de desconsiderar o VOTO do Povo inglês.
PAGOU...e hipotecou!
A malta da "coisa", com a familiaridade marciana que se constata, continua a achar que fala para atrasados mentais e, vai inventando razões de...Saturno!
Toda soberania nacional desemboca, fatalmente, em nacionalismo imperialista? Tretas! Entretanto, sem soberania, lá vai o capital sem fronteiras semeando miséria!
Isso e a estupidez habitual da esquerda, como metade do labour andar a chamar nazis aos judeus, escandalizando a Inglaterra.
Exatamente na linha de estupidez que vos leva a chamar racista ao povo português, garantindo assim a eleição do Ventura, ou a censurar os meus comentários.
Alienar todas as simpatias é o vosso forte.
Só por isso vocês já mereceram a extinção, a chatice é que abriram a porta a outros tão burros como vocês do outro lado do espectro politico.
Vamos ter de levar com o mesmo tipo de gente. Quanto a vocês, boa estadia no museu das causas passadas...
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