Na vida pessoal e na vida colectiva há coisas que não são negociáveis. Cumprir a lei é uma delas.
Bastava que o Ministro das Infraestruturas tivesse dito que o sindicato devia retirar a exigência prévia do aumento de 50€ e que, quanto às horas extraordinárias, elas também podiam cair porque o governo iria fazer uma auditoria através da Inspecção Geral de Finanças, e da Autoridade para as Condições de Trabalho, no sentido de apurar o que tem havido de ilegal, ou de violação do ACT, pondo fim aos invocados pagamentos por fora da folha de salários, ... e teria desarmadilhado o impasse.
Estou convencido de que uma frase discreta sobre este ponto, num tom diplomático como é seu timbre, seria bem recebida pelos trabalhadores e teria como efeito uma mudança na posição intransigente dos líderes do sindicato.
Ao colocar o Governo totalmente alinhado com os patrões - aceitando que no âmbito da mediação também se pode negociar pagamentos por fora - o Ministro falhou como governante e falhou como mediador. Mas ainda pode mudar o seu discurso, mesmo a contragosto de António Costa.
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11 comentários:
É nestes momentos que se vê quem é confiável e tem estofo para vir a merecer o nosso voto. No caso, parecia promissor, mas está a estoirar esse crédito muito rapidamente.
O JBateira está a sugerir que o governo deva abrir uma nova frente de conflito, é isso ?
MRocha
Ou teria provado,uma vez mais,que as leis são uma coisa e a sua aplicação e fiscalização uma coisa bem diferente.No meio laboral,bem entendido,como vai ser possível observar,na greve que oporá trabalha dores à Ryanair.
Quando um ministro aparece sucessivamente, mais uma vez, tentar na qualidade de mediador explicar-se mostra carregar um fardo que parece não lhe pesar.
O que tem feito é diz sempre sem se envergonhar ser parceiro e porta-voz da luta dos patrões borrando toda a pintura.
Notável é como o Dr. Costa consegue rodear-se de figuras de corpo presente para aguentarem o balanço e lhe darem cobertura.
Caro Anónimo:
Acho que é isso.
Um novo conflito que consistiria em o governo mostrar (musculadamente como fez com os motoristas) que não abdica de obrigar ao cumprimento da lei. Com o é seu dever.
Manuel Santos
Musculadamente : recordo o Hércules de Boliqueime e o seu super ministro Dias Loureiro a dar tiros e pancadaria nos motoristas,exatamente, nos motoristas,na Ponte !
É isto que os direitolas querem ? Porrada e tiros ? Então elegei novamente essas sumidades do BPN, dêem-lhe o poder,tragam a Maria,tragam a polícia de choque,as G3,e cumpram o vosso destino de escaravelhos:morrer com os cornos enterrados no estrume!
"Bastava que o Ministro das Infraestruturas tivesse dito que o sindicato devia retirar a exigência prévia do aumento de 50€ ..."
O sindicato acrescentou explicitamente esta condição prévia ao documento inicial e bastava o ministro dizer?!
Quanta ingenuidade.
Caro Manuel Santos,
Então no caso em apreço ( leia-se: o cumprimento escrupuloso das regulamentações do trabalho ) sugere que a tal intervenção musculada fique pelas empresas de serviços de camionagem ou "varre-se" tudo de cima abaixo sem olhar a estragos?
Em que país vive vexa ? Que sabe vocelência dizer-me do pessoal a contrato que mete férias em agosto para receber por debaixo da mesa o pagamento pelos serviços que não podem parar ( exp: manutenções várias na hotelaria ) ? Achará mesmo que há virgens nestes enredos e que o diabólico é um exclusivo do patronato, mesmo quando se chama patrão ao desgraçado que está a pagar o leasing de dois camiões cisterna e trabalha mais numa semana que os tres empregados num mes ?
MRocha
Não seria mais estrutural legislar no sentido de obrigar a que ''todo complemento salarial pago constantemente'' e que de acordo com o que se sabe não estão sendo tributados sejam obrigatoriamente tributados na mesma taxa do restante salário de maneira a não afectar os descontos para a reforma? Digo mais estrutural porque pretenderia resolver o problema específico dos camionistas mas resolver problema equivalente noutros sectores. Obviamente que outros problemas deveriam ser discutidos numa revisão da lei laboral, mas avançar com algo mais imediato não é (seria) possível?
Jorge Bateira, isso não é aplicar a Lei, seria ameaçar fazê-lo se a ANTRAM não for mais flexível, qualquer que seja o tom em que tal frase fosse formulada.
Se a ANTRAM ou o SNMMP escolhessem divulgar tal conversa, o Ministro não teria apenas supostamente falhado nas negociações, teria era que demitir-se imediatamente...
Se há suspeitas fundadas de violação da Lei, elas devem ser investigadas por quem de direito, respeitando o princípio da separação de poderes. Nem mais, nem menos...
É que a investigação de um delito não é negociável num Estado de Direito...
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