segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Os governos não jogam futebol

“O governo não ganhou 3-0 à greve porque, se quisermos ir pela analogia futebolística, era árbitro e não equipa no terreno. O seu papel era o de impedir que o direito à greve não colidisse com a satisfação de necessidades fundamentais e a sua alegria por tê-lo conseguido deveria ficar contida a ter sido um árbitro eficaz” escreve, num blogue que vale sempre a pena visitar, Paulo Pedroso.

A meu ver, o problema coloca-se melhor da seguinte forma: se o primeiro-ministro afirma implicitamente que ganhou é porque, ao invés de arbitrar, jogava; se estavam duas equipas em campo, patrões e camionistas grevistas, e se os camionistas grevistas alegadamente perderam e o Governo ganhou, de que lado jogou o Governo?


A formulação de Paulo Pedroso confunde o papel que o Governo devia ter tido com aquele que teve: não “era árbitro”, era equipa.

13 comentários:

Konigvs disse...

Passado pouco tempo deste governo ter tomado posse, ouvi alguém, comentador provavelmente, dizer que bastava às pessoas que compunham este governo não serem incompetentes (como o anterior governo) para mostrar uma enorme diferença e parecer muito competente.
A marcação desta greve, a um mês da campanha eleitoral para as legislativas não pode ter sido inocente, quando ainda para mais ouvi qualquer coisa (mal acompanhei este tema da greve dos motoristas) que o líder sindical já ia para o partido do Marinho Pinto.
Muita gente já salivaria (como salivavam aquando da possível vinda do FMI), mas o que resultou disto tudo é que este governo passou a mensagem: "vão de férias tranquilos, nós estamos cá para resolver os problemas dos portugueses".

Logo, dêem as voltas que queiram dar, é inequívoco que o governo do Costa foi o grande vencedor, demonstrando competência e ganhando (perigosamente) mais terreno para a maioria absoluta (que eu ainda não acredito que consiga).

Anónimo disse...

Infelizmente foram muitos os que acharam tudo isto muito inocente.

Por aqui justiça feita a João Ramos de Almeida que, num excelente post, coloca alguns pontos nos is, não hesitando na catalogação de tudo isto como estranho e desancando num jornalismo que serve os interesses que se sabe.

Hoje Marcelo promulgou o "código Laboral" que aprova normas que agravam a lei para os trabalhadores, dando corpo ao acordo laboral dos patrões com a UGT e o Governo.

Há alargamento do período experimental que passa de 90 para 180 dias no caso dos contratos sem termo celebrados com trabalhadores à procura de primeiro emprego ou em situação de desemprego de longa duração. Esta medida facilita o despedimento, uma vez que neste período os trabalhadores podem ser afastados sem qualquer justificação ou indemnização. Recorde-se que já em 2009, o Tribunal Constitucional tinha declarado inconstitucional o alargamento do período experimental.

Há também uma generalização dos contratos de muito curta duração que passam de 15 para 35 dias, até um máximo de 70 dias por ano. E, a partir de agora, são alargados a mais sectores, quando estavam limitados à agricultura e a eventos turísticos. Abrem-se portas ao atropelo de direitos, porque estes são contratos verbais e não dão acesso ao subsídio de desemprego.

Marcelo Rebelo de Sousa justifica a promulgação com a "amplitude do acordo tripartido de concertação social" e "o esforço de equilíbrio entre posições", mas também com "os sinais que se esboçam de desaceleração económica internacional e sua virtual repercussão no emprego em Portugal - nomeadamente no primeiro emprego e no dos desempregados de longa duração"

O público publica a notícia sem as parangonas que nos tem habituado nos últimos dias. E com ela retomam os comentários inqualificáveis de alguns dos seus comentadores alinhados com a extrema-direita. Mas é breve a informação. Estas questões dos trabalhadores não são mediáticas, não comprometem o país nem arriscam que o país pare.Também não desperta as almas incomodadas dos revolucionários de ocasião. Já não temos direito a chouriços nos telejornais, nem a comentários de comentadores e opinadores sobre o tema, entre o apetite por dar cabo da lei da greve e a demonização de quem trabalha. Não surgem microfones diante de Pardal nem convites a Varela.

O país singra com o amén de Marcelo e os aplausos dos que aplaudem.




Anónimo disse...

 Mediação
Procurar soluções: “um método de condução de conflitos, aplicado por um terceiro neutro e especialmente treinado, cujo objetivo é restabelecer a comunicação produtiva e colaborativa entre as pessoas que se encontram em um impasse, ajudando-as a chegar a um acordo”
 Conciliação
Facilitar acordos, propor entendimentos: “as partes continuam com sua autonomia no que diz respeito à solução proposta, ou seja, aceitam se quiserem, pois o conciliador apenas propõe saídas, quem decide são as partes de acordo com a conveniência para as mesmas”
 Arbitragem
Decidir: “processo onde as partes em conflito atribuem poderes a outra pessoa, ou pessoas, para decidirem por elas o objeto do conflito existente, desde que estas sejam imparciais e normalmente especialistas na matéria a ser disputada”
(*) in A mediação, conciliação e arbitragem: métodos extrajudiciais de solução de controvérsias como alternativas frente a morosidade da justiça estatal brasileira, Ruberlei Bulgarelli

Hélder Rocha disse...

A resposta correta é a C.

Rão Arques disse...

Este governo é uma grande merda.
Depois de os camionistas terem cancelado a greve, condição sem a qual os patrões recusavam negociar, o pantomineiro Costa e sua guarda avançadas não tem tomates para exigir a presença das duas partes frente a frente independentemente da própria presença envergonhada.
Vão para o raio que os parta e levem a própria coluna vertebral a arrastar pelo chão.

Anónimo disse...

O rao arques passou os dias a postar comentários no Público em que saudava efusivamente o código laboral do governo, da direita e dos patrões

Assumindo -se como liberal convicto, daqueles liberais convictos colados às convicções mais neo neo dos ditos.

Identificava-se na altura como aonio eliphis. E pode ser avaliada a sua actividade frenética na altura

Agora vem para aqui fazer estas fitas descabeladas e histéricas

O raio que o parta mais a coluna vertebral a arrastar pelo chão?

Anónimo disse...

( cá para nós... é preciso Rio e Passos estarem mt desesperados, para aparecerem coisas assim como o Rao arques por aqui

A tralha neoliberal é de facto uma grande merda, para usar o seu vocabulário em uso doméstico)

Rão Arques disse...

Sr. anónimo agradeço que me diga e identifique onde estão esses comentários que me atribui. Se não o fizer também é .....
Rão Arques

Anónimo disse...

A língua grosseira de Rao arques dobrou-se significativamente

Da “ grande merda “ e do raio que parta” utilizados a despropósito, ao estilo do Pedro aonio eliphis pimentel Ferreira, passou ao “ sr anónimo” ao estilo do pimentel Ferreira himself

Os comentários estão espalhados por várias caixas de comentários , nomeadamente no Publico, nas notícias sobre o tema referido

O nickname já foi identificado como o do Pedro aonio eliphis Ferreira. E confirmada a sua proveniência.

Da Holanda.

O local escolhido por outro ídolo da tralha neoliberal para fugir aos impostos

Jose disse...

Uma coisa é avaliar a decisão que desencadeia uma acção.
Outra é avaliar o desempenho na acção.

Se quanto à primeira se pode questionar o jogo do governo.
Quanto à segunda compete-lhe reconhecer o seu êxito e transmitir aos seus agentes o reconhecimento pelo seu desempenho.

Anónimo disse...

Com o devido respeito mas isso parece uma espécie de louvor às tropas especiais no terreno. Nos idos tempos da guerra colonial?

Ou outra forma de tentar justificar os meios pelos fins

E os fins aí estão à vista de todos

Marcelo já promulgou as negociatas do código laboral entre os patrões, a direita e o governo.

José, um pouco ingenuamente levanta-se e não consegue esconder o que lhe vai na alma

Um patronato muito básico

Jaime Santos disse...

Aonde é que o PM afirma 'implicitamente' que ganhou? Ele disse apenas, que eu me lembre, que foi possível mitigar as consequências mais nocivas da greve. Coisa aliás que é a obrigação de qualquer Governo quando uma greve pode ter efeitos nefastos na Economia do País. Se acha que é bom que ele pare, eu lamento discordar.

Teríamos todos ganho, isso sim, motoristas incluídos, se não tivesse havido nenhuma greve porque as partes tinham chegado a acordo antes dela...

Parece-me que o Paulo Coimbra está outra vez a deixar-se levar pela imaginação, como quando se lembrou de dizer que o abastecimento à Marina de Vilamoura não deveria ser feito recorrendo aos serviços mínimos e lhe fizeram notar da parte do Governo que não foi...

Parece-me ainda que há quem, à Esquerda e à Direita, se queixe de que as coisas correram demasiado bem, porque tem motivos mais ou menos escondidos para desejar o contrário.

Mais ainda, o 'Der Terrorist' explica muito bem porque essas posições ditas 'de princípio' são assim, a modos que, algo hipócritas:

https://derterrorist.blogs.sapo.pt/tempos-fantasticos-para-se-estar-vivo-3983330

Anónimo disse...

"A formulação de Paulo Pedroso confunde o papel que o Governo devia ter tido com aquele que teve: não “era árbitro”, era equipa."

A formulação do Paulo Pedroso é desajustada em qualquer cenário, pois o conceito de arbitragem em futebol não tem nada a ver com o usado em conflitos laborais, como bem sabe o Paulo Coimbra. Portanto, causa-me alguma perplexidade que não diga com todas as letras que a "arbitragem" em conflitos laborais decorre do desentendimento das partes e implica que etas concedam a um terceiro o poder de resolver por elas. Ora nem sequer foi esse o caso. Portanto, ao governo, a quem compete, entre outras coisas, assegurar o normal funcionamento das instituições e do país, só lhe restava assumir-se como "força de interposição". Foi isso que fez. E confundir essa actuação com jogo de "equipa" revela entendimento enviesado do direito á greve, pois no limite o seu direito constitucional a fazer greve não pode interferir com o meu direito constitucional de não a fazer.

Cump.

MRocha