quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Leituras


«Como é óbvio, não se trata de considerar impróprio um abstrato museu sobre o salazarismo. Creio que o ponto fundamental é outro: é que os museus têm contexto e estão inseridos num território. O discurso produzido no local – e a experiência da visita – ficará determinado pelo complexo memorial onde o museu se inscreve: a antiga escola, a casa e os seus objetos domésticos, os espaços onde o ditador se fez moço, a campa rasa para atestar a imagem desse político que se representou como antipolítico e como humilde e desinteressado servidor da nação.»

Miguel Cardina, Ainda a história do «Museu Salazar»

«O sobrinho neto do ditador português, Rui Salazar, é o grande entusiasta da iniciativa. Conheci Rui Salazar há uns anos. Vive num mundo paralelo. Solitário, rodeado dos livros do tio, das garrafas que o tio guardava na adega, dos sapatos e roupas velhas do tio, dos relatórios e contas dos quase 40 anos que levou de presidente do conselho (números que sabia de cor). O homem era simpático e lunático. (...) Confesso que ao ouvir um autarca avançar com a ideia do Museu Salazar, nos mesmos moldes que o sobrinho defendera numa conversa comigo vinte anos antes, me arrepiei.».»

Luís Osório, Postal do dia

«Há sete anos, estive em Gori, na Geórgia, terra onde nasceu Estaline e se pode visitar um Museu que lhe é dedicado – grande, cheio de fotografias, documentos e objectos bem-apresentados. Mas, da primeira à última sala, passa-se por um verdadeiro «monumento» laudatório e glorioso, no mínimo aterrador e que me dispenso de descrever… (...) A maioria dos «filhos da terra», orgulhosos do seu herói, bem ao contrário dos outros georgianos que conheci, querem que o Museu e a casinha logo ao lado, onde Estaline nasceu e se guardam alguns dos seus pertences sem qualquer interesse, continuem a homenageá-lo como sempre.»

Joana Lopes, Museus de Ditadores

«Se o museu sobre Salazar em Santa Comba Dão se apresenta, como li, como um "centro interpretativo do Estado Novo", gostaria que os promotores me esclarecessem se: 1. Terá uma secção, explícita e sem rodeios, sobre as torturas e encarceramentos pela PIDE; 2. Terá uma secção, explícita e sem rodeios, sobre o corporativismo que reprimiu os sindicatos, e sobre o apoio dos e aos monopólios das grandes famílias empresariais; 3. Terá uma secção explícita sobre pobreza e analfabetismo, sem uma desculpa histórica, considerando que tais problemas não se verificavam em muitos contextos europeus de então; 4. Terá uma secção, explícita e sem rodeios, sobre o racismo oficial das primeiras décadas do regime, o trabalho obrigatório nas colónias, o estatuto do indigenato, e a guerra colonial; 5. Terá uma secção, explícita e sem rodeios, sobre o tratamento das mulheres como cidadãs de segunda, tuteladas em tudo por pais e maridos; 6. Terá uma secção, explícita e sem rodeios, sobre o tratamento de gays e lésbicas como doentes e criminosos, encaminhados para a Mitra ou para tratamentos psiquiátricos violentos; 7. Terá uma secção que contextualize a ditadura no mundo de então, no qual havia democracias perfeitamente funcionais. Outras questões se colocariam, mas creio que estas são suficientemente - como dizê-lo? - "interpretativas"...»

Miguel Vale de Almeida, O museu de Santa Comba dá?

«É quando o discurso sobre o passado deixa de ser politicamente relevante que esse passado se pode repetir. A memória da nossa ditadura não é o único elemento que trava o crescimento da extrema-direita, mas conta. A democracia não sobrevive quando se instala a ideia que entre ela e a ditadura há apenas divergências de opinião. Não trata os seus inimigos da mesma forma que trata os seus aliados. Tem os seus códigos, os seus rituais, a sua iconografia e o seu discurso oficial. Que podem integrar os que não se revêm nela, mas não lhes dão dignidade simbólica. A tolerância democrática acaba onde começa a sua destruição. Não há temas e personagens tabu. Salazar deve ser estudado e revisitado. Mas um museu sobre o ditador não pode servir para celebrar, branquear e normalizar a ditadura.»

Daniel Oliveira, A democracia recorda a ditadura, não a normaliza

36 comentários:

Rão Arques disse...

"Um povo que se recusa a olhar e meditar sobre o seu passado está condenado a repeti-lo"

Jose disse...

Miguel Cardina - O que incomoda não é tanto historiar o regime; o que incomoda é a imagem de serviço público associada ao seu mais destacado representante.

Jose disse...

Luís Osório - O arrepio é bem historiado, e associar a memória de Salazar a lunáticos uma figura de estilo adequada â distância lunar entre esse modelo de servidor público e o que por ai se vê.

Jose disse...

Joana Lopes - A comparação entre o Estado Novo e a URSS de Estaline faz-se pelo número de excluídos e mortos; entre os excluídos do Estado Novo contam-se maioritariamente os que ao tempo idolatravam o regime de Estaline.
Quanto aos da terrinha, estou certo que mesmo os da terra do inventado Drácula apreciam o seu contributo para a venda de sandes.

Jose disse...

Miguel Vale de Almeida . que o museu tenha secções explicitas e sem rodeios parece-me um bom princípio. Que seja um reportório da sanha ahistórica e denegridora da esquerdalhada, espero bem que não.
Lembro-lhe que o Estado Novo sucedeu à Primeira República, não ao regime parlamentar britânico.

Jose disse...

Daniel Oliveira - Diz muito bem quanto ao papel da «memória da nossa ditadura... elemento que trava o crescimento da ...direita». De facto essa memória traz um país de gente tão diferente, de valores tão diferenciados, em particular ao nível dos servidores públicos, que a direita se vê num país estranho, quase estrangeiro.
Quanto ao museu não «celebrar, branquear e normalizar a ditadura» introduz uma verdadeira intenção: tirar o regime do seu tempo, caricatura-lo, denegri-lo e sempre que possível dramatizar os ganhos do presente. Tudo naturalmente segundo o mais aceso espírito democrático.
Fico curioso do seu pensamento quanto a dar notícia dos Planos de Fomento, da habitação social, da segurança social, do crescimento económico e outras malfeitorias do regime.

DFerreira disse...

Enquanto todos os jornais e noticiários dão enfase a um petição com pouco mais de 5 mil assinatura contra um museu que mexe com o íntimo de alguma esquerda, há um silêncio ensurdecedor perante uma petição com mais de 20 mil assinatura, que basicamente exige o que devia estar constitucionalmente garantido: o direito dos pais escolherem a educação dos seus filhos, protegidos de ideologias de género!

https://peticaopublica.com/?pi=PT94077&fbclid=IwAR3S9hg_66kUwJSRVP34Or_XbmUu4c4HKC-uCxHxxT0H47zyp4vRLriYJdw

Vê-se assim que a liberdade de escolha e a história factual mexem mesmo com a esquerda. E não há dúvidas que lado da barricada domina a comunicação social!

tempus fugit à pressa disse...

a democracia tem Carmona no panteão nacional, não me choca mais um museu 49 anos depois do botas ter partido

Anónimo disse...

Que Na minha opinião Portugal devia ter vários Museus Salazar, museu da PIDE etc. É muito importante preservar essas memórias para as gerações que não viveram nesse período caso contrário é muito provável que o estado novo daqui a uns anos venha a ser idealizado à medida que as gerações que não viveram nesse período se vão tornando mais relevantes.

Anónimo disse...

isto está bonito.

O pimentel Pedro aonio arques Ferreira dferreira esgadanha-se na propaganda ao seu ídolo

Mais o nosso conhecido viúvo de Salazar

Mais uma vez de mãos dadas

Anónimo disse...

Impressiona ver este corropio de declarados ou disfarçados amantes de Salazar

A questão é grave.Propaganda ao fascismo e aos fascistas não pode passar.
Seja esta às claras,ou acobardada, como é próprio de ratos

Anónimo disse...

Jose marca presença, como representante oficial dos viúvos oficiais de salazar

O seu fervor é tal que jose chegou a tentar impingir-nos uma aldrabice para idiotas, que circulava no bas fond fascista. A coisa assumiu proporções tais, que teve que vir dar uma justificação quase tão tola como os factos. Parece que nos antros fascistas praticam a mais absurda das idiotices.

E tentam espalhá-la como quem reza uma novena ou grita "para Angola e em força"

Aqui, a mais incrível novela sobre as balls de Salazar. E sobre o carácter deste, envolvido nas ditas balls. Em discurso directo pelo próprio jose,

http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2018/02/paralelismos-noutra-dimensao.html

Anónimo disse...

A frase de rao arques, mais conhecido por aonio pimentel ou por pedro ou por marco ou por jact ou por joão pimentel ferreira confirma logo a natureza de quem escreve

Cita uma frase,colocando-a entre comas, como se a sua reprodução fosse exacta

Não o é. Mais uma vez as certezas idiotas dão nisto.


Mas vamos ao essencial:

Ao que parece o rao atques aonio eliphis acha que ""Um povo que se recusa a olhar e meditar sobre o seu passado está condenado a repeti-lo"

O que isso tem a ver com o museu com um nome de um pulha?
O que este tipo quer é propaganda. Propaganda a salazar e ao salazarismo. O olhar e o pensar sobre o passado, sobre o fascismo e a bosta que ele constitui, é algo que tem ser obrigatoriamente legado às gerações presentes e futuras.

Não escondido atrás de um canalha. Era o que mais faltava agora termos um local de culto para o fascismo

Anónimo disse...

Jose fica incomodado quando Miguel Cardina aponta um dos objectivos dos viúvos de Salazar.

De forma certeira Cardina denunciara a propaganda rasca e reles a quem tentava fazer-se passar por modesto e por "antipolítivco" ( tal como o rao arques aonio eliphis pimentel ferreira no post ao lado, ou o andré ventura em todos os posts)

"a antiga escola, a casa e os seus objetos domésticos, os espaços onde o ditador se fez moço, a campa rasa para atestar a imagem desse político que se representou como antipolítico e como humilde e desinteressado servidor da nação.»

Um pantomineiro que em privado presidia a chás-canastas com as dondocas do regime e que fazia chás de caridade para obter fundos para os franquistas e para a falange.

Mandava ao que parece matar e morrer em África dum modo muito humilde e rasteiro. Assim do género " para angola e em força"

Anónimo disse...

Veja-se o que vai na alma de quem andou com as balls de salazar na boca

(basta ver o link já referido atrás
http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2018/02/paralelismos-noutra-dimensao.html

Dizia eu que basta ver o que vai na alma de jose:
"o que incomoda é a imagem de serviço público associada ao seu mais destacado representante."

"Serviço público"?

Este, de tanto ler e reler os discursos "lúcidos e claros" do tipo que faz a saudação nazi aí em cima, tenta fazer passar como "serviço público" a canalhada de um regime que condenou o povo português à miséria, ao opróbrio e à guerra

Serviço publico em nome da legião e em nome da pide que jose aqui já elogiou?


( "o mais destacado representante" é relevado como uma manifestação de ternura interesseira e interessada de jose para com o seu ídolo. Manifestações de amor desta índole não devem ser julgadas.Fazem parte do anquilosamento amoroso que os envolve)

Anónimo disse...

Solitário, rodeado dos livros e dos discursos claros e lúcidos de salazar , das garrafas que guardava na adega e com quem confraternizava com os amigos flamengos,dos sapatos e roupas velhas de salazar, dos relatórios e contas dos quase 40 anos que levou de presidente do conselho (números que sabe de cor),com o recorte de jornal dos States que elogiava o génio do perverso salazar colado na parede em frente, quiçá com a própria roupa íntima do ditador misturada na gaveta da cómoda...


Este retrato não parece surpreendentemente colar-se ao próprio jose?

Que não se interroga se o seu "modelo de servidor público" lavava as garras depois de reunir semanalmente com o director da Pide,instruindo-o caso houvesse alguém para abater?

Os modelos são assim. Quem os toma por modelos revelam tanto de si como os modelos escolhidos.E há quem goste de trampa travestida de servidor público

Como o desta foto aí em cima revela, com salazar a fazer a saudação da ordem , a testemunhar a sua qualidade de servidor publico

Anónimo disse...

Depois jose tenta o humor negro através das sandes. Pelo meio acaba por confessar que o "servidor público " arrasta atrás da sotaina um sem número de excluídos e mortos

E, num gesto de vulgar despeito e de cumplicidade com o seu ídolo, revela que entre os excluídos do Estado Novo se contam maioritariamente os que ao tempo idolatravam o regime de Estaline.

Não é um primor, o patrão que aqui num post atrás choramingava pelos pobres grandes empreendedores e pela falta de assistência do Estado à vampiragem instituída, agora vir confirmar que se assume como papagaio salazarento?

E que aqui repete desta forma tão ternurenta a velha máxima do fdp do salazar, que atribuía o título de comunista a quem não lhe bebesse as águas?

Tão deliciosamente em sintonia o mestre e o amestrado.


Uma outra forma de jose repetir o que dissera há tempos, quando assumia que era chegada a hora da vingança e quando, descabelado, gritava fora de si e histérico:

” bem fez Salazar, enquanto a História esteve do lado dele, de aplicar o princípio à comunada!"

( também levantaria o braço, como na imagem aí em cima expressa?)

Anónimo disse...

Jose continua o seu fado de patrão com saudades do capitalismo monopolista de estado e do guarda chuva que a pide e o aparelho repressivo do fascismo concedia aos donos disto tudo e aos pato-bravos empresariais

"Que seja um reportório da sanha ahistórica e denegridora da esquerdalhada, espero bem que não"

Seja? O museu já está decidido?

ahistórica? Como a história da carochinha para débeis mentais inventada por canalhas e reproduzida por jose sobre o plano marshall e as bolas de salazar?

esquerdalhada? Como o ódio de classe assumido por jose e traduzido neste paupérrimo linguarejar com que justifica a péssima opinião que os patrões têm quanto ao seu nível de iliteracia?

Anónimo disse...

E depois jose mais uma vez se descai quando aborda o escrito por Daniel Oliveira

Vejam as realizações do regime:
" Planos de Fomento, da habitação social, da segurança social, do crescimento económico "

Parece ou não o velho pervertido , o dos discursos lúcidos e claros, no dizer propagandista de jose, a repetir as baboseiras da propaganda do regime fascista?

Parece até aquele pedro aonio eliphis pimentel ferreira a fazer a propaganda do legado de hitler ( a tralha neoliberal é terrível), mais a segurança social e o crescimento económico e heil hitel e heil salazar

Anónimo disse...

DF é ainda um outro nickname de pedro ou aonio eliphis ou marco ou jcat ou anónimo ou rao arques ou joão pimentel ferreira

A prova aí está diante de todos

Rão Arques disse...

AOS ANÓNIMOS
Excerto de um escrito muito antigo, seguramente do século passado, de que não recordo o autor, e de que passo a sublinhar a parte que é dedicada a tais sombras negras antes de os atirar para o competente caixote do lixo.
"peroram e denunciam mas, para tanto preferem sempre o anonimato, e sem verdadeiro e autêntico sentido de humor, fabricam piadas ou fazem anedotas.
Consentem, perfeitamente à vontade, o crime, a desonestidade, a violação do Direito, e o gamanço, a que chama esperteza.
Verborreicos e superficiais, por atavismo, continuam a proliferar por aí nos esconderijos onde se acoitam tendo ainda assim o cuidado de cobardemente andarem de cara suja sempre tapada".

Anónimo disse...

Salazar de braço ao alto a mostrar o que é isso de “ serviço público”

Anónimo disse...



O frenesim histérico á roda da ideia "Museu Salazar" é uma pobreza deprimente.

E se fosse um museu da inquisição, ou do tráfico esclavagista ou do contraditório segundo Sebastião de Carvalho e Melo ?

A História não é uma doença contagiosa. Foi e acabou. Censurá-la ou escondê-la é num certo sentido revivê-la no que teve de pior.



Jose disse...

Cuco, comummente Anónimo, JE em raros momentos e locais, sempre tem um ataque psicótico quando lhe falam em Salazar.
No seu discurso, maldizer Salazar é peça essencial à sua paranoia progressista. Não saberá dizer porque é assim, e será isso que provoca o desarrazoado vómito que mais não faz que prova-lo progressista pelo destemor do ridículo.

Anónimo disse...

Mais uma vez se repete: o frenesim histérico em torno do museu salazar não é uma pobreza deprimente.

Tem como objectivo levantar um local de culto atribuído à extrema-direita.

Não vale a pena esconder o facto

Tal como não vale a pena esconder as tretas em letra de forma de que se inicia com "a História não é uma doença contagiosa."

Pois não

Partir daqui para juízos de valor sobre "escondê-la ou censurá-la" é que começa a cheirar mal. Porque se acrescenta que é "num certo sentido revivê-la no que teve de pior" . O que é uma verdadeira idiotice.

Primeiro porque quem esconde não revive nada.

Segundo porque a História não precisa de museus bafientos com objectos do criminoso em questão. O que é preciso é mostrar o que foram os tempos negros do fascismo. E estes não se compaginam com as botas do ditador ou os seus inenarráveis discursos emoldurados em modo de altar

Não se estuda História com museus que mais não são do que rascas tentativas de homenagear os ditadores

Jose disse...

A assombração que Salazar representa para os abrilescos só pode justificar-se pela sua má consciência do realizado em tempo comparativamente igual, com forte ajuda externa, sem guerras e com incomparáveis meios tecnológicos.

Marco disse...

Ó Anónimo, o termo é "marioneta". Já fui moderador de um forum num grande site internacional na internet há uns bons anos e talvez saiba do que falo. Também sei que, enquanto não houver uma ferramenta que consiga alertar para quem é quem, até vais começar a sonhar se este, ou aquele, é uma marioneta deste ou daquele. Dependendo da importância que dás - e diga-se que não é pouca, pois fazes questão de o dizer em praticamente todos os artigos que comentas - irás começar a espumar da quantidade de neurónios conspiracionistas que ficam a saltar na tua cabeça.

"pedro ou aonio eliphis ou marco ou jcat ou 𝗮𝗻𝗼́𝗻𝗶𝗺𝗼"

Sim ... eu sou tu ... lol

No que toca ao artigo. Concordo com o Miguel Vale de Almeida. Desde que se crie um contexto onde o contraditório factual e histórico (ou seja, o que o José chama de "um reportório da sanha ahistórica e denegridora da esquerdalhada", que não o é) do regime, e de salazar, seja também mostrado ao público, não vejo porque não. Sendo anarquista, sempre tive uma ávida curiosidade por tudo o que é político. Li o "mein kampf" aos meus 21 anos - numa fase em que também lia Bakunin, Kropotkin ou Marx - para ter argumentos válidos de crítica ao nazismo, não para me deixar "seduzir" pelo seu esterco ideológico. Já o outro dizia: "Know your enemy!" ...

Por último, creio que devíamos olhar para exemplos similares e, veja-se (!), existe um museu dedicado a hitler na Alemanha, chamado "Hitler e os Alemães":
https://www.theguardian.com/world/2010/oct/14/germany-first-hitler-exhibition-opens

Segundo percebi, hitler é retratado num contexto histórico onde existem suásticas mas também existem fatos de prisioneiros judeus. Ou seja, vai ao encontro do que o Miguel Vale de Almeida propõem: uma análise histórica completa. Diga-se com contraditório e sem glorificar o ditador. Aliás, a exibição não tem qualquer objecto pessoal de hitler para evitar tornar-se num local de peregrinação.

Creio que se poderia fazer o mesmo neste museu de salazar. Colando a ideia ao museu de hitler, talvez fosse interessante dar importância ao contexto do povo português. Do seu sofrimento, ignorância e pobreza que o regime fascista de salazar o votou.

Por último, acho que a proibição em mostrar o fascismo como um todo, no meu entender, só cria mais ignorância e acicata a curiosidade de muitos. Mais, a ideia deturpada que muitos jovens - que não passaram, nem percebem o que foi a ditadura - têm hoje em dia sobre salazar, glorificando-o e exultando a sua pessoa, é o resultado dessa falta de conhecimento. Temos que falar - não promover - mais sobre fascismo, não menos. Temos que continuar a mostrar, através de uma dialéctica válida, o mau que foi para manter vivo o sentimento anti-fascista. De contrário, ele esmorece e não são as comemorações de Abril que resolvem isso. Isso faz-se com conhecimento. Não com a falta dele. E é com potenciais lugares como este que temos uma possibilidade de o fazer.

Anónimo disse...

O marco defende o museu Salazar?

Os neoliberais sempre gostaram de fascistas

Por mais que o marco aonio eliphis pimentel Ferreira tente mostrar-se desta forma verdadeiramente à Pimentel ferreira

Anónimo disse...

A dialéctica válida vai assim, para o marco aonio pimentel Ferreira, da distância que vai de Salazar a hitler

Não era a tralha neoliberal que andou a defender as “boas acções do nazismo ?

Anónimo disse...

Há mais

Como o registo delicioso de josé a defender Salazar

Este patronato que se afinfava na protecção da pide e da legião para singrar na vida e para legar aos filhos o produto do saque

Não era exactamente assim, porque a direita continuou a governar Portugal, mal pode chegar ao poder

Jose disse...

Cuco, é um desastre ideológico, uma catástrofe argumentativa, um desprazer textual.

Anónimo disse...

Cuco?

Falamos de Salazar e dos seus cúmplices, da miséria a que aquele acorrentou Portugal, e vem este sujeito de nickname josé falar em cucos?

O que se faz para esconder a trampa que regurgitou no estado novo?

Sem respeito pela história e pela sua própria família?

Está tão entranhada na alma de josé a figura sinistra de Salazar, que isto só por si contra-indica formalmente um museu que sirva de pasto ao renascer do fascismo

Anónimo disse...

Marco descaiu-se.

Não só na sua comovente sincronia com os projectos de hitler e de salazar( ê patético ver o argumentario da trupe disfarçada de rebolucionario da treta, como também neste aparecimento assombrado por aqui.

Repare-se como ele se assume como um comentador deste excelente post

Infelizmente para ele, antes aparecera com outros nicks

Só agora se lembrou que era o “Marco”

Ainda por cima vindo directamente da Holanda, Lolol

Anónimo disse...

"Os defensores do museu Salazar não estão parados. Agora a sua táctica é dizer debaixo de um chapéu-sofisma, que se trata do «Centro Interpretativo de Estado Novo» ( o nome tem graça porque CIEN é uma marca de cosméticos), e que isso é coisa basto isenta, equilibrada, patati patatá, Mas depois vai-se ver e os mesmos escrevem textos em que chamam a Salazar «o derradeiro patriota» e emitam que «A ONU nunca suportou o nosso estatuto pluricontinental e apoucou o mais que pôde Portugal, diminuindo a sua capacidade de acção internacional na defesa do Ultramar. Muitos compatriotas nossos, de cá e espalhados pelo mundo à conta da oposição a Salazar, juntaram-se a este coro de carpideiras emancipadoras».

Vitor Dias

Umas pérolas, estes do CIEN

Anónimo disse...

Quem apanhou bem "a coisa" foi Walter Hugo Mãe no JN:

"«Um Museu Salazar na casa onde o ditador nasceu não é possível que seja isento de saudosismo. Há uma atmosfera de capela na ideia impossível de apagar. Qualquer que seja o nome que se dê a este espaço, o perigoso enfoque está criado. Por mais que se destituam os conteúdos de ideologia, o gesto corrompe-se por definição. Os malfeitores devem ser lembrados pelos lugares onde mataram e onde morreram, é isso que nos ensina e nos urge lembrar.

Não é verdade que favorecer a memória de Salazar como um "filho da terra", figurão na História do país, seja só uma liberdade democrática, porque não é. É uma desfaçatez. Salazar mandou assassinar, criou campos de concentração, torturou, mentiu, falseou eleições, dispôs do país e das colónias como se fossem sua mercearia e seu jogo de soldadinhos. Por isso, o que diz respeito à saudade de Salazar não é opinião, é desfaçatez. Não é exercício democrático, é branqueamento de um regime que assassinou, torturou, mentiu e empobreceu os bolsos e os espíritos dos portugueses e de todos os povos de que os portugueses tiveram a ilusão de ser proprietários."

(cont)

Anónimo disse...

"O museu que tinha de haver era o que se perdeu com a sede da PIDE. Aí, sim, haveria de se espanar o saudosismo. A simples ostentação daquelas portas e daquelas paredes serviria para se contar a História a partir do prisma da decência; aquele que imediatamente diz que nenhum poder se pode arrogar a perseguir os seus opositores. Ninguém nos pode voltar a diminuir na liberdade de pensamento e de expressão. Não nos podem matar.

O entusiasmo de Leonel Gouveia, eleito pelo PS na autarquia de Santa Comba Dão, é, no mínimo, inusitado. Já sabemos que o diabo encontra meios de colocar os néscios ao seu serviço, também já suspeitávamos que muita da Esquerda trabalhasse na verdade para a mais pura Direita. Que fizesse um favor tão grande ao fascismo é que não estaria à espera. De Centro Interpretativo a lugar de velas é um passo. Com o rumo que o Mundo leva, se não formos mais espertos, o que vemos a acontecer espantados em outros países regressa ao nosso em esplendor. Quero dizer, para matar as saudades dos assassinatos e dos desaparecimentos, e da tortura e da mais elementar mentira. Vai ser uma curiosidade, depois, ver onde nasceu o novo ditador para cuidar de lhe manter a casinha em pé e ir para lá interpretar o raio que parta."

Um brilhante texto, este de Walter Hugo Mãe