domingo, 21 de julho de 2019
Programa Apollo: o orçamento não era problema
Está ali alguém na RTP3 a dizer que a NASA e o seu Programa Apollo custaram imenso dinheiro aos EUA. O que não disseram é que o programa de combate à pobreza (Grande Sociedade) e a guerra no Vietname também custaram imenso dinheiro e, espantoso, foi mais ou menos tudo ao mesmo tempo. Segundo o senso comum, incutido pelos economistas neoliberais, os EUA deveriam ter caído na hiperinflação porque a verdade é que essa despesa toda foi, em última análise, paga pela Reserva Federal, o banco central dos EUA.
A verdade é que não houve hiperinflação e a razão é apenas esta: o que conta é a existência de recursos materiais e humanos para realizar os projectos de que a sociedade precisa. Para os mobilizar, gasta-se o dinheiro que o banco central credita na conta do Tesouro. Enquanto houver um volume significativo de recursos subtilizados, não haverá aceleração na subida do nível dos preços.
Isto é possível em qualquer país soberano razoavelmente organizado, da Islândia ao Reino Unido. Não depende do tamanho da economia. Depende apenas da eleição de um governo liberto das ideias neoliberais, ou de um governo (caso dos EUA) que, por trás da cortina de fumo da retórica neoliberal, ponha o banco central a fazer o que lhe compete.
Se quer aprofundar este assunto terá de ler, entre outros, Bill Mitchell.
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19 comentários:
Os EUA na altura que puseram o Homem na Lua eram um país consideravelmente diferente do que são hoje… Hoje são um país, um Estado, uma comunicação social, um povo dominados pela doutrina neoliberal.
Se os neoliberais dominassem os EUA nos anos 50 e 60 duvido imenso que alguma vez tivessem alcançado o feito de meterem o Homem na Lua, e duvido que a exploração espacial e todo o desenvolvimento tecnológico subjacente tivessem acontecido.
Os EUA e a Europa estão hoje a viver dos feitos e investimentos do passado, a exploração espacial, aviação, comboio de alta velocidade, telecomunicações, o transístor, etc. Isto se deveu a investimento nas pessoas, na sua formação, em melhores condições de trabalho, em modernização, etc...
O fetichismo pelo dinheiro e concentração de riqueza dos neoliberais estão a destruir o mundo.
Neoliberalismo não só impede o progresso humano como não permite dar resposta ao desafio existencial ambiental.
Mas o mundo não está totalmente dominado pelo neoliberalismo.
“China revela o comboio mais rápido do mundo”
“A companhia de caminhos de ferro chinesa (CRRC) anunciou esta quarta-feira que completou a construção do protótipo de um comboio que vai andar a 600 quilómetros por hora, tornando-se o comboio mais rápido do mundo.”
https://tvi24.iol.pt/tecnologia/comboios/china-revela-o-comboio-mais-rapido-do-mundo
Em Portugal, nem o TGV... e qualquer dia nem ferrovia, vamos voltar ao tempo das carroças puxadas por animais...
Pergunta: serviu para alguma coisa o programa Apollo? Não, não serviu para nada. Alcançada a Lua e batidos os Soviéticos, o país percebeu que não podia continuar a alocar 4% do PIB a uma corrida já ganha e não aproveitou nada, nem sequer as lições tecnológicas (os EUA viraram-se para o Space Shuttle que deveria diminuir os custos da colocação de homens e material em órbita baixa e o programa foi um desastre, literalmente).
Agora, discute-se chegar à Lua, 50 anos depois, recorrendo aos mesmos princípios (a Física afinal é a mesma), quando a decisão racional teria sido apostar na exploração feita, apenas, por sondas não tripuladas, coisa para a qual já um relatório do tempo da administração Eisenhower alertava.
O Jorge Bateira já ouviu falar dos Lunokhod? https://en.wikipedia.org/wiki/Lunokhod_programme. Até eu, por uma vez, tenho que dizer bem de algo feito na URSS :-) ...
Os programas governamentais napoleónicos têm frequentemente este resultado, tornam-se fins em si mesmo e sorvem recursos atrás de recursos, até ao momento tardio em que alguém percebe que é mesmo preciso fechar a torneira.
Quanto mais não seja para evitar estes disparates, os Governos ficam muito bem de mãos atadinhas e com a despesa controlada. Valha-nos São Centeno...
Podemos fazer MMT? Não, uma Economia com o tamanho da nossa nunca teria dimensão para tal coisa. Uma com o tamanho dos EUA poderia, mas seria manifestamente uma estupidez.
Não há nada pior que um académico com a mania que os outros são todos estúpidos, acompanhado por um político armado com um livro de cheques disposto a ouvi-lo...
Boa malha
Este blogue está a ficar um bocado esquisito.
Então para além de atiçarem trolls contra quem discorde nas caixas de comentários, não sabem que a despesa da guerra do Vietname fez com que metade dos objectivos da "grande sociedade" ficassem no papel ?
Pouco depois era o programa espacial que começava a ser em grande parte cancelado por razões orçamentais. O programa original prévia que hoje já houvesse linhas regularesde space shutles, rebocadores espaciais e estações espaciais com centenas de pessoas em orbita e bases permanentes na lua e em Marte. Não há nada porque o programa começou a sofrer cortes pouco depois da ida á Lua.
Mesmo assim pouco depois os EUA tinham problemas de dívida crescente e stagflação. A crise do petróleo veio agravar substancialmente tudo isto, mas o problema (e os cortes) já tinham coneçado antes.
Sem dúvida que os neoliberais não só não resolveram nada como pioraram muito todos os problemas. Mas não parece que seja só uma questão de vontade política para miraculosamentevsevpodervfazer toda a despesa "que se quiser" assim á vontadinha.
Por mim a despesa má foi a guerra do Vietname que levou ao cancelamento parcial da grande sociedade e do programa espacial, mais tarde a inflação provocada pela crise petrolifera. Mas precisamente isso prova que há limites à despesa possível.
Um dos maiores gozos que este blogue permite é contradizer "luminárias" como Jaime Santos.
Vai daí proponho para começar dois ou três videos de Mariana Mazzucato que contrariam a tese de Jaime Santos de que (os USA) "e não aproveitou nada, nem sequer as lições tecnológicas".
Sabiam que o policarbonato de que são feitas lentes de óculos e vidro à prova de bala foi desenvolvido com fundos e para uso no programa Apollo? Isto é apenas um exemplo. Investiguem por exemplo as origens de Silicon Valley...
No primeiro video aparece uma mulher jovem ao lado de uma pilha de papel. Sabem quem ela é e o que era aquela pilha? Investiguem!
The Economics Behind the Apollo 11 Moon Landing — Mariana Mazzucato at Long Now
https://www.youtube.com/watch?v=cMjFh5aC_PE
Mariana Mazzucato: Government -- investor, risk-taker, innovator
https://www.youtube.com/watch?v=3r1IPsldbBg
Mariana Mazzucato: Public Sector Innovation-The Secret of Capitalism's Success?
https://www.youtube.com/watch?v=rT3vc6KbHkk
Não deixem que Jaime Santos e congéneres, com os seus neurónios paralíticos vos enganem.
S.T.
Agora acredito em tudo! o Ladrões a defender os EUA?!
Para mais numa altura em que o anti-comunismo estava no auge?
Ainda mais que foi o sentimento anti-comunista que iniciou a corrida ao espaço, e a guerra do Vietname?
"Pedro" também continua a vir fazer aqui a sua mijinha comentatória (já só falta o José) que básicamente nada acrescenta.
Ao "Pedro" aconselhamos que se informe sobre os efeitos das despesas militares como estímulo à economia. Não que sejamos militaristas, mas Keynes quando nasce é para todos.
O mais interessante é que o sistema "dolar" prova precisamente que nas particulares condições em que o dólar funciona não há limites à despesa possível.
Claro que isto se deve ao facto de o dólar funcionar como a moeda de reserva a nível mundial. Mas adiante...
"Pedro" está mais preocupado que lhe "aticem os trolls". Os seus fracos neurónios estão em modo de vitimização fóbica, quiçá para tentarem conquistar mais um bocadinho de espaço comentatório. LOL
S.T.
Caro Jorge Bateira,
Porquê ficar pelo exemplo da NASA? Elogie também o dinheiro investido ao logo do tempo no complexo Militar/industrial dos EUA. Já na Saúde e Educação ... não vale a pena investir porque gera retorno financeiro, patentes,...
@Jaime Santos
Então, acabam-se os recursos ou o dinheiro? Considerar os dois como a mesma coisa não lembra a ninguém.
Não se escolhe fazer ou não fazer MMT, a teoria aplica-se quer se faça boas escolhas ou más. E explica muito bem o fluxo das (não) poupanças para o superávit e a actual extinção da inflação durante décadas.
Entretanto, o monetarismo atira qualquer coisa à parede todas as semanas, "tecnocraticamente", sem já tentar explicar a nulidade do "senso comum" nas opções que tomam os bancos centrais e fundos de investimento. Continuamos pobres e honrados, por isso vale a pena.
@Pedro
Foi uma opção política gastar os recursos (que supostamente não existiam) no Vietname, podia ter sido outra. A stagflação claramente não foi causada pela dívida, senão tinha regressado de forma muito pior poucos anos depois com o disparar da dívida por Reagan (que seria um comuna radical nos dias de hoje), para não falar dos sucessivos governos republicanos. Sabe que teoria explica o que aconteceu? Dou-lhe uma tentativa.
E não, não promove que o gasto de recursos é ilimitado, mas tão só que a falta de dinheiro não tem nada a ver com isso.
@ST
«Claro que isto se deve ao facto de o dólar funcionar como a moeda de reserva a nível mundial.»
Sob a visão MMT, não estou a ver a relevância de tal facto. Mas posso estar enganado.
O complexo militar industrial para onde vai a maioria dos impostos americanos. A matar pelo globo todo. Já para a saúde pública é que é mais difícil. Uma maravilha de nação.
A relevância de o dólar ser de facto a moeda de reserva mundial reside no facto de o volume de moeda em circulação exceder largamente aquilo que seria normal em qualquer país.
Isto é, como uma enorme parcela de dólares circula fora do território dos USA, um incremento da massa monetária tem muito menos efeitos sobre a inflação do que num país em que a massa monetária está práticamente restrita ao seu território.
Outra vantagem dos USA é que devido à sua dimensão económica, muito difícilmente enfrentarão as limitações externas associadas à necessidade de pagar importações. Recordemos que um banco central é sempre solvente quando pode imprimir moeda para pagar bens e serviços denominados na sua própria moeda. Se a sua dimensão económica é grande e a estrutura produtiva é variada, os limites teóricos e práticos para essa compra de bens e serviços são muito maiores.
Isto faz dos USA o "paciente" ideal para aplicação da MMT.
Quanto à MMT em si, tenho uma posição de abertura por princípio, mas também de prudência e de avaliação das objecções que os seus opositores formulam. A questão é vasta, complexa e necessita ponderação.
S.T.
Já agora, para beneficio da cultura geral dos circunstantes, aqui fica a história de Margaret Hamilton, que é instrutiva até porque, graças ao programa Apollo novos horizontes se abriram para indivíduos talentosos como ela. Sem falar no domínio dos USA em matéria de informática que perdura há décadas.
E dizia o ignoramus Jaime Santos que os USA não tiraram benefícios do programa espacial... LOL
https://www.wired.com/2015/10/margaret-hamilton-nasa-apollo/
Gozem muito e gastem pouco! :)
S.T.
Disse o amigo J.Bateira:
"Isto é possível em qualquer país soberano razoavelmente organizado, da Islândia ao Reino Unido. Não depende do tamanho da economia"
Disse o amigo S.T.:
"Recordemos que um banco central é sempre solvente quando pode imprimir moeda para pagar bens e serviços denominados na sua própria moeda.
Se a sua dimensão económica é grande e a estrutura produtiva é variada, os limites teóricos e práticos para essa compra de bens e serviços são muito maiores."
......
É pena que, muitos daqueles que advogam a saida de PT do Euro e o regresso ao Escudo, se esqueçam dos limites à impressão de moeda própria que o amigo S.T. aqui recorda.
O Sr Unabomber parece não considerar a hipótese de este vosso humilde comentador possa defender a saída de Pt do Euro e reconheça os limites à impressão de moeda própria.
Seria tolo se não reconhecesse os limites e constrangimentos que se colocam à emissão de moeda própria.
No entanto, tanto quanto julgo entender, a própria MMT integra quer as condições necessárias ao êxito da política de "imprimir dinheiro" para pagar a mobilização de recursos internos inactivos, quer os constrangimentos externos que enfrentará uma tal política.
A meu ver a MMT apenas sistematiza muito do que já se conhece do funcionamento óptimo de um banco central nacional, e conceitos que para o neoliberalismo são quase tabus como a livre flutuação cambial e as restrições aos movimentos de capitais já foram por mim advogados nestas caixas de comentários inúmeras vezes. Quoi de neuf?
Os constrangimentos externos são sobretudo relacionados com a balança de pagamentos e é para mim mais do que evidente que é preferível enfrentar tais inconvenientes com um ferramental de restrições aos movimentos de capitais do que de mãos e pés atados como actualmente, integrados numa união económica disfuncional e predadora.
Segundo alguns autores, a aplicabilidade da MMT depende mais do grau de desenvolvimento económico do que da dimensão do país. E faz todo o sentido.
Talvez um linkezinho ajude:
http://neweconomicperspectives.org/2014/02/mmt-external-constraints.html
Excertos:
"What I observe out in the real world is that pegged exchange rates in developing countries are usually in the interests of the elites—who like their luxury imports and vacations in NYC and Disneyworld. Typically somewhere around half the population is either unemployed or “casually” employed (washing windshields of the luxury imports at stoplights). Seems like a bad trade-off to me.
The big bogeyman usually raised is “inflation pass-through”. A floating currency opens the possibility of exchange rate depreciation that raises the costs of imports and “passes through” to domestic inflation. As Brian says that inflation impact is usually vastly overstated."
"I agree with Neil that it is better to float and then deal with the pass-through inflation; and it makes sense to force as much of the “pain” of fighting the inflation on the rich as possible. After all, they are the ones importing the BMWs and taking the kids to Disneyworld. As Neil notes in response to Ramanan, I have argued as follows: “the MMT principles apply to all sovereign countries. Yes, they can have full employment at home. Yes, that could lead to trade deficits. Yes that could (possibly) lead to currency depreciation. Yes that could lead to inflation pass-through. But they have lots of policy options available if they do not like those results. Import controls and capital controls are examples of policy options. Directed employment, directed investment, and targeted development are also policy options.”"
S.T.
Gostaria de fazer ainda algumas considerações acerca de agentes de desinformação como o Sr Jaime Santos ou o ectoplásmico multinick Pedro Aónio Pimentel.
Pode ser reconfortante explicar, com links em apoio, que o programa Apollo lançou as bases da supremacia americana em múltiplos domínios e está na origem de indústrias que hoje valem muitos e muitos biliões de dólares. E podemos pensar que o Sr Jaime Santos é só tolinho e ignorante.
Eu, no entanto, que sou desconfiado ou até paranóico se quiserem, penso de outra forma:
Ninguém pode ser assim tão estúpido!
Ora, se não são casos de estupidez, são algo de ainda pior, que é a tentativa de intoxicar deliberadamente o leitor. Isso prefiguraria a existência de agências de desinformação que teriam por missão entravar a reflexão e a discussão de ideias divergentes das dominantes neoliberal e europeísta.
Esta hipótese, que já se tinha tornado evidente nas discussões com o ectoplásmico Pedro Aónio Pimentel explica também as "mijinhas comentatórias" de outros habitués como o José e até o regressado Unabomber. Não deixa de ser curioso que Unabomber regresse quando Jaime Santos acabou de levar uma monumental ripada que o descredibiliza.
Portanto, quando vir personagens a escrever disparates interrogue-se:
Será que este gajo é genuínamente estúpido ou está só a tentar intrujar cá o patego?
S.T.
Disse o amigo J.Bateira:
"Isto é possível em qualquer país soberano razoavelmente organizado, da Islândia ao Reino Unido. Não depende do tamanho da economia"
Disse o amigo S.T.:
"Outra vantagem dos USA é que devido à sua dimensão económica, muito difícilmente enfrentarão as limitações externas associadas à necessidade de pagar importações. Recordemos que um banco central é sempre solvente quando pode imprimir moeda para pagar bens e serviços denominados na sua própria moeda.
Se a sua dimensão económica é grande e a estrutura produtiva é variada, os limites teóricos e práticos para essa compra de bens e serviços são muito maiores."
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Já quando a dimensão económica é pequena e a estrutura produtiva é fraca (caso de Portugal), os limites teórico e para a compra de bens e serviços externos são muito menores.
No shit, Sherlock Unabomber? LOL
Que eu saiba a MMT não promete que Portugal se transforme num Shangri-La, num novo jardim do Eden. Apenas enuncia os princípios de política monetária que melhor servem os interesses do país nessa perspectiva teórica. E isto, é claro, quando Portugal recuperar a sua soberania monetária. Antes disso estamos no campo da mera especulação.
Se a intenção é contrastar a minha opinião contra a do Prof. Jorge Bateira, desiluda-se.
Com toda a certeza o Prof. Jorge Bateira estudou a MMT muito mais aprofundadamente, e por conseguinte a sua opinião tem peso de autoridade.
Vai daí, seriam bemvindas as participações de outros comentadores sobre este particular. Talvez seja um exercício de reflexão saudável.
S.T.
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