Valores médios das sondagens realizadas, apurados pela Marktest |
Fustigado diariamente nas televisões com as rupturas nos serviços públicos, nomeadamente na Saúde, o PS tem achado que o ajuda não ceder um milímetro na estratégia orçamental de direita. Mesmo que isso lhe custe a sua política de unidade. Na realidade, distancia-se da solução que o fez crescer, afasta-se da defesa do serviço público, perde base social de apoio, e parece afundar-se. E ainda nem chegaram os fogos!
Toque a rebate, o líder da bancada parlamentar do PS salta por cima do primeiro-ministro e atira-se em sucessivas provocações aos parceiros do Governo (já criticada devidamente aqui). Os soundbites de Carlos César são pensados, foram devidamente apoiadas pelos grandes interesses empresariais (e aqui) e, ao provocar a reacção simétrica à esquerda, bloqueiam o diálogo e tornam-se eficazes no que pretendem: a divisão. A divisão está, aliás, a ser protagonizada em dois dossiers essenciais, em que o PS se quer mostrar mais à direita do que - dizem - são as bases do partido.
O primeiro, é o mais recente pacote laboral supostamente de combate à precariedade que, rapidamente, o Governo transformou na legitimação do acordo fechado na Comissão Permanente de Concentração Social, e cuja discussão no Parlamento tem gerado a felicidade da direita e a consternação da esquerda do PS. A História do PS distancia-se dos seus parceiros social-democratas de matriz sindical. Aliás, o PS afirmou-se em Portugal por ter pugnado pela divisão sindical (com uma intenção marcadamente partidária), sem que tivesse sido capaz de criar uma forte corrente sindical e acabando, sim, por contribuir para a governamentalização da concentração social. Esse não devia ser o papel do PS em Portugal.
O segundo, é a Lei de Bases da Saúde em que Carlos César, aliás, já abrira um fosso entre a esquerda, que levou a uma crispação que torna quase impossível o recuo de ambos os lados, para gáudio da ala direita do PS e do sector privado. Se o primeiro tema não está na mão da esquerda alterá-lo (unicamente na rua e nas empresas), no segundo a esquerda talvez pudesse ainda reverter a questão, aceitando a formulação proposta pelo Governo/PS para a lei de bases nas PPP e obrigando à aprovação de uma legislação regulamentar - ainda nesta legislatura - que impusesse um vasto conjunto de garantias e condições, blindada por aprovação parlamentar, que tornasse muito difícil o uso de PPP. Talvez isso atenuasse os ímpetos da direita do PS.
De qualquer forma, falta saber o que se passa no PS. Era expectável que, antes das eleições legislativas, o PS - prevendo o arrefecimento económico europeu - quisesse esvaziar a oposição do PSD, mostrando-se mais autónomo da esquerda. Mas essa táctica tem um problema e um risco.
Valores médios das sondagens realizadas, apurados pela Marktest |
O risco é que - a julgar pelas sondagens - pela primeira vez deste afundamento, o PSD não está a beneficiar disso, nem nenhum dos partidos com assento parlamentar. Excepção talvez feita ao PAN que se assume como partido anti-partido, sem programa, nem campanha de maior, mas levado em ombros pela comunicação social que não vê mal nenhum nisso. Aliás, como aconteceu já em diversos países.
Ou será que virá ainda um partido Marcelista?
Será que é isso que a ala direita do PS quer? Ser um Macron português, voto útil entre a direita e a extrema-direita ainda que difusa? Mas o quer que seja que saia desse caldo, não será bom. Nem para o sucedâneo de Macron.
1 comentário:
A incontinência verbal é o problema maior dos políticos abrilescos.
O que prometem ser possível!
O que dizem estar ali, logo ao dobrar do ano, talvez um pouco mais além, mas sempre sem requerer nada mais que tempo!
Até nem dá bem para perceber porque não é já hoje, embora se suspeite que é por causa do PPC.
Se não foi ele foi Bruxelas.
A felicidade tão perto e há uns tipos que, algures, por pura má vontade, estão sempre a atrapalhar! Uma coisa é certa, são de Direita!
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