terça-feira, 23 de julho de 2019

Não se desiste de pensar Bonifácio: a ratoeira


O artigo racista de Maria de Fátima Bonifácio gerou uma saudável reacção anti-racista, incluindo um apelo legítimo à chamada mão direita do Estado democrático, em nome da defesa das liberdades democráticas, que naturalmente implicam limites e exclusões. Até aqui tudo muito bem.

Os problemas começam na hipótese perversa: um dos efeitos do artigo, ou até mesmo um dos seus propósitos, foi o de gerar reacções favoráveis a políticas identitárias paupérrimas, feitas para favorecer a extrema-direita. Falo da racialização do Censos e de medidas favoráveis a quotas raciais.

Se a racista Maria de Fátima Bonifácio é contra a racialização do Censos e contra as quotas, então a boa posição anti-racista é ser reactivamente a favor. Há quem tenda a pensar assim, ou seja, quem por vezes deixe que as suas posições sejam automaticamente definidas pelo inimigo.

Basta atentar também nos chamados temas europeus: são a favor da UE e do Euro porque diz que as extremas-direitas são contra. A integração europeia e as extremas-direitas são literalmente duas faces da mesma moeda. Assim se esvaziam e destroem esquerdas por todo o lado, da Grécia ao Reino Unido.

Espero que por cá as esquerdas, que têm no seu activo a ausência de extrema-direita, não caiam nesta ratoeira intelectual e política. E espero que aqueles que nela caíram consigam rapidamente escapar.

14 comentários:

Anónimo disse...

"A integração europeia e as extremas-direitas são literalmente duas faces da mesma moeda."

Gostaria que elaborasse mais acerca dessa afirmação e, se possível, que remetesse para algumas fontes.

Obrigada.
Luís Gomes

Anónimo disse...

Um excelente texto

Tão excelente que mais não resta que fazer avançar a dona Luis Gomes, lá dos polderes da Holanda.

Daqui a nada será quiçá o próprio joão pimentel ferreira, a largar o disfarce da pobre do Luis e a vir defender a honra do convento. Essa coisa de dizerem mal da integração europeia é um insulto à Grande Alemanha ( e à Holanda, a reboque)

Anónimo disse...

A excelência do texto passa pelo alerta imprescindível de se não cair na armadilha de ir atrás de "políticas identitárias paupérrimas, feitas para favorecer a extrema-direita".

"Que todos que têm no seu activo a ausência de extrema-direita, não caiam nesta ratoeira intelectual e política. E que aqueles que nela caíram consigam rapidamente escapar."


Nem mais.

Pedro disse...

Com uma esquerda como a deste blog, quem precisa de extrema direita ?

Censuram-me cerca de vinte comentários de uma vez, enquanto atiçam o troll do blog a insultar quem não concorde com tudo o que aqui escrevem.

Dizem que o que o troll diz é "troca de ideias" enquanto os comentários que me censuraram seriam "uma baixaria".

Acontece que eu me limitei a fazer copy paste dos insultos e provocações que o troll do blogue me faz há anos, alterei apenas o alvo, em vez de mim pus o nome de quem aqui defende o troll ou é defendido pelo troll.

Surpresa !

De repente aquilo que, quando é dirigido a mim é "troca de ideias" dirigido a vocês, afinal já é mesmo insultos e provocações!

Uma baixaria... Mas só se for contra vocês.

Revelam-se uns bons hipócritas. Tá bem de ver o que faria esta esquerda á democracia se fosse poder...

S.T. disse...

A ideia de que um blog ou as suas caixas de comentários deve ser um recreio para agentes de obscurantismo e desinformação como Pedro Aónio Pimentel é absurda.

Em nossa casa admitimos quem nós queremos, e o mesmo se deve aplicar num blog que pretenda fomentar a reflexão sobre questões de economia e política. A democraticidade tem o seu lugar próprio.

Encorajar participações construtivas como algumas que vão aparecendo passa também pela redução do ruído que agentes de desinformação tentam fazer reinar.

A tranquila e genuína troca de ideias não pode ter lugar num ambiente de Cabaré da Coxa promovido por trolls salazaristas e falsos-naifs como o "Pedro" que são apenas o produto de trollfarms europeístas apostadas em sabotar a constatação dos verdadeiros interesses dos povos europeus e sobretudo do nosso.

Por isso a redução do ruído é apenas uma salutar medida de higiene de qualquer blog e uma forma de encorajar a participação de genuínos pensadores da coisa pública. Mais! É uma condição essencial para que gente menos combativa mas mais qualificada se sinta livre para expôr os seus pontos de vista.

Pelo exposto não me choca que cortem as asas aos produtos sintéticos de trollfarms europeístas e a "democraticidade" neste contexto específico não passa de uma treta.

S.T.

S.T. disse...

Quanto ao tema do post, não posso estar mais de acordo com o autor no diz respeito à ratoiera intelectual de se estar sistemáticamente contra tudo o que os nossos adversários políticos defendem.

Foi esse o pecado capital das esquerdas europeias ao defenderem acéfalamente o europeísmo só porque as extremas direitas o combatiam. Os resultados estão à vista e é com alguma preocupação que vemos o Labour do UK apostar nessa táctica. É no mínimo um risco enorme.

S.T.

Anónimo disse...

Excelente escolha, o hiperlink no texto do post para a posta de Lee Jones no blog da LSE!

Jose disse...

«A democraticidade tem o seu lugar próprio.
Em nossa casa admitimos quem nós queremos; é uma condição essencial para que gente menos combativa mas mais qualificada se sinta livre para expôr os seus pontos de vista.»

Ladrões de Bicicletas é a casa do ST e seus seguidores, Cuco incluído.

Anónimo disse...

Não deixa de ser cómico que um tipo como jose, admirador confesso dos censores do estado fascista, bajulador documentado dos torcionários do regime, agora venha fazer um exercício de pantomina sobre um blog plural como este.

Há algo que não cola.Não se sabe se é este patuá de jose, um inimigo declarado de Abril, se o esforço esforçado do mesmo para compor o ramalhete da propaganda serôdia do bolor e da decrepitude, que se arrasta assim desta forma tão penosamente militante

Anónimo disse...

Jaime Santos é de facto um provocador. Uma espécie daquela ave tão do agrado de jose, sobretudo do seu lado materno. Põe os ovinhos e foge, com a sensação do dever cumprido.

Vejamos. O tom insultuoso de Santos já mereceu um reparo do autor do post. Numa manifestação de coragem de menino malcriado, a tentar esconder debaixo do tapete a falta de coragem de um neoliberal demasiado cobarde para o assumir, Santos retoma o tema do "ir morrer longe"

É de homem. Um pouco à provocador barato, convenhamos

Anónimo disse...

Os factos são terríveis para pessoas como Santos

Denunciam-se "políticas identitárias paupérrimas, feitas para favorecer a extrema-direita." Fala-se da "racialização do Censos e de medidas favoráveis a quotas raciais". Chama-se a atenção para "a ratoeira intelectual de se estar sistematicamente contra tudo o que os nossos adversários políticos defendem."

Até se exprime o sincero desejo que se espera "que por cá as esquerdas, que têm no seu activo a ausência de extrema-direita, não caiam nesta ratoeira intelectual e política. E que se espera "que aqueles que nela caíram consigam rapidamente escapar.

O que faz Santos perante este post sereno e de alerta de joão Rodrigues?

Espraia-se em prol da intervenção e do aprofundamento do carácter supranacional da UE e das suas políticas , politicas estas que estão a abrir caminho "ao avanço da extrema-direita e de forças fascizantes na Europa". JS saúda desta forma de federalista entusiasmado a
aplicação de sanções à Hungria por parte da União Europeia ,como se esta tivesse autoridade ou legitimidade para actuar como juiz em matéria de democracia e direitos humanos ou o direito de exercer ameaças, chantagens, imposições e sanções contra os Estados e os seus povos

Onde estava esta cambada aquando da intervenção da 'troika' em Portugal? O que se passa com o seu apoio dado a forças fascistas na Ucrânia e as agressões contra Estados soberanos?

Mas a coisa ronda os foros da hipocrisia instalada. O chefe de gabinete do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban escrevia que a Hungria, a Polónia, a República Checa apoiavam oficialmente von der Leyen para a liderança da Comissão.

Por que motivo Santos não se lembrou que os socialistas envergonhados andam de mãos dadas a tipos da extrema-direita?

Anónimo disse...

Infelizmente o "toca e foge" de Jaime Santos merece mais um reparo.

Um reparo a sublinhar a falta de honestidade de Santos e a sua tentativa, parece que perene, de manipular e de distorcer os factos históricos.

"não foi Winston Churchill quem fez um pacto com Adolf Hitler. Foi mesmo José Estaline... "

Pois não. Foi o seu antecessor, Neville Chamberlain, com Édouard Daladier e Benito Mussolini, chefes das grandes potèncias europeias à época, que assinaram um acordo com Adolf Hitler. Antes de qualquer acordo com o tal Estaline.

Foram mesmo o primeiro-ministro inglês, o presidente do conselho francês e Mussolini quem fizeram um pacto com Hitler.

A pantomina sobre Churchill é para esconder a real política de apaziguamento e de colaboração com os nazis, por parte da França e da Grã-Bretanha?

Que necessidade há, por parte de Santos, de se dedicar a esta manipulação grosseira, a fazer suspeitar que essa história dos populismos afinal está muito mal contada?

Jose disse...

Não merecer resposta é o estágio último do provocador...ruído.

Anónimo disse...

O estágio último de jose parece que foi alcançado.

Pelo menos até ao dia de hoje, 2 de Agosto de 2019