segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Traição


"A defesa nacional é um dos pontos nevrálgicos da soberania de cada país." (Teresa de Sousa, Público 5 Nov. 2017)

Ao assinarem o Tratado de Maastrchit e suas actualizações até ao Tratado de Lisboa, as elites portuguesas entregaram a soberania de Portugal com toda a tranquilidade, sem discussão pública e sem referendo para que o povo não percebesse o passo histórico, suicida, que estavam a dar. Precisamente o contrário do que fizeram os povos mais desenvolvidos da Europa.

Hoje, com a crise financeira, o progressivo declínio da nossa economia, a venda de empresas e infraestruturas estratégicas (bancos, telecomunicações, rede eléctrica, portos, aeroportos) e a perda total dos instrumentos de política económica, os portugueses minimamente instruídos têm obrigação de já ter percebido que pouco falta percorrer para que Portugal se torne uma província decadente de um continente dominado pela Alemanha. Agora sem ter precisado de usar armas.

E se for preciso usar a força militar contra uma rebelião no seio do império? Sim, falta um passo para a dominação se consolidar, pelo menos assim pensam os federalistas europeus. É por esse passo que Teresa de Sousa anseia, tornar a UE irreversível (à força), sob pretexto de que precisamos de um exército para enfrentar inimigos externos. Agora ou nunca.

Para esta gente, falta um exército "comum" que, protegido pela legalidade dos tratados - mas sem a legitimidade que só pode ser dada pelos portugueses a quem nada se perguntou expressamente - possa intervir também no interior da Europa, sob comando de um Estado-Maior desenhado pela Alemanha e de cujo controlo não vai prescindir através da nomeação da sua quota de generais e da institucionalização das missões e formas de intervenção. O BCE foi feito à imagem e semelhança do Bundesbank. O exército da UE será constituído da mesma forma, não tenho a menor dúvida.

A nota do governo português, em que recomenda à AR a entrega definitiva da soberania de Portugal (com uns floreados de retórica para embrulhar o essencial), é um acto com dimensão histórica. Significa traição.

9 comentários:

Geringonço disse...

Exército europeu para que a “União Europeia” possa distribuir “democracia e liberdade” pelo o mundo, especialmente pelo mundo que não tem como se defender, como fazem os americanos...

A indústria alemã já sonha em ter os contratos de armamento tal como os contratos que o Pentágono faz com a Lockheed Martin, Boeing e outras empresas americanas que produzem armamento.

Para a euro-propagandista Teresa de Sousa tudo vale para atingir o seu ideal falido, é compreensível, a senhora não sofre com o “não há alternativa” e possivelmente não estará neste mundo para assistir a distopia europeísta no seu pior...

Geringonço disse...

Eu aposto que o PS vai, em relação à criação do exército europeu, dizer-nos assim "Portugal apoia a criação do exército europeu, porque Portugal tem que estar no pelotão da frente".

Pois é, o famoso “pelotão da frente” como nos tem sido bom para a saúde...

Anónimo disse...

De facto é traição.

Como outrora a história repete-se- Com também sinais de farsa, ao colocar uma "jornalista" deste jaez a fazer o papel sujo, gritando desta forma que não haverá outra oportunidade.

Eles lá sabem o que fazem. Do TINA que se mostrou ser tão oco, como as preces das ditas "elites" que mais não fazem do que defender os seus interesses de classe.

Não havia alternativa...não há alternativa....Uma trampa de discurso ao som das bombas que nos esperam

Jaime Santos disse...

Gostava de saber qual a opinião do Jorge Bateira sobre essa outra organização euro-americana chamada NATO. Não parece ser muito diferente daquilo que descreve, só que a liderança tem sido norte-americana. E a grande maioria dos Portugueses, igualmente os instruídos, não parece ser contra a nossa presença nela. De onde segue que a dita maioria anda a 'trair' Portugal há décadas. Ou então, pobres de nós, andamos todos enganadinhos...

Tenha santa paciência. Pode não gostar do rumo político presente, assim como pode não ter gostado dele nos passados 41 anos, ou seja, desde que Portugal aprovou uma Constituição da República que consagrou um Estado de Direito com uma Economia de Mercado e Mário Soares decidiu pedir a adesão do País à então CEE. O que não pode é acusar os seus concidadãos de traição por isso.

A não ser que, claro, defenda uma qualquer forma de governo em que os superiores interesses da nação são decididos por um punhado de pessoas verdadeiramente patriotas que se encarrega de eliminar todos os 'traidores'. Assim a modos que, como na RDA...

Anónimo disse...

A Alemanha já é o 4º maior exportador de armamento em todo o mundo.
Que a Alemanha não desistiu de ser uma potência militar ninguém tenha dúvidas.
A ocupação territorial do passado era um modelo mais hostil e mais trabalhoso. O controlo político e económico à distância pela Alemanha (tratados, pecs, semestres europeus) é mais eficaz e transfere para os governos nacionais o odioso (para Passos, Portas, Gaspar, miss Swaps era uma honra) da sua aplicação e o papaguear de que não existe alternativa, neoliberalizando como e quando o capital quiser.

Anónimo disse...

"igualmente os instruídos"

Eis como a máscara cai. Para alguns há os instruídos e os não instruídos.
Fica-se por saber qual a linha que separa uns e outros.
Fica-se também por saber se isto terá repercussão no direito de cidadania. Do voto por exemplo
Fica-se também por saber se será provavelmente por causa disso que se defende um ensino elitista.

Mas Jaime Santos lá saberá porque motivo prefere os instruídos Cavaco ou Sócrates ou Dias loureiro ou Duarte Lima, tanto fdp instruído.

Mas são da mesma classe social não é mesmo?

Anónimo disse...

"outra organização euro-americana chamada NATO".

Não parece ser muito diferente?

Como? Para que foi formada a Nato? O que é e o que tem feito?

Sabemos que a Nato serve quem serve. Sabemos que tem sido acusada de crimes de guerra. Crimes de guerra abafados pelos crápulas dos media ao serviço da Nato. Jornalistas pagos para fazerem o serviço ideológico ao serviço da Nato. E toda a legião de intervencionistas a aplaudirem a Nato mais as suas intervenções.
Mas já lá iremos.

Infelizmente para Jaime Santos as suas invectivas sobre a "maioria dos portugueses parece quererem" esbarra com a realidade fria e crua. Mesmo que se coloque lá "os instruídos" sabe-se lá a que propósito.

Jaime Santos chegou a gozar a priori com os resultados do Brexit. Deu por arrumado Corbyn. Se quiser pode-se pespegar diante do próprio as suas próprias palavras,

Depois foi o que se viu



Anónimo disse...

Jaime Santos pode gostar dos pactos gerados no fascismo à revelia dos portugueses. O grande trunfo operacional chamado base aérea das Lajes, nos Açores, um imenso porta-aviões no meio do atlântico Norte, a meio caminho entre os E.U.A. e a Europa, foi o suficiente para superar qualquer dúvida que pudesse existir sobre o regime salazarista relativamente ao seu compromisso com a liberdade e a democracia.
Também saberá JS o motivo pelo qual no pós 25 de Abril se mantiveram os tratados internacionais.

Tenha santa paciência. Pode gostar do rumo político presente, assim como pode ter gostado dele nos passados 68 anos, ou seja desde a criação da Nato. Pode até papaguear sobre a gesta heróica de Mário Soares mais os seus pedidos de adesão do País à então CEE. Mas não pode esquecer o óbvio.Não houve qualquer consulta aos portugueses. "Ao assinarem o Tratado de Maastrchit e suas actualizações até ao Tratado de Lisboa, as elites portuguesas entregaram a soberania de Portugal com toda a tranquilidade, sem discussão pública e sem referendo para que o povo não percebesse o passo histórico, suicida, que estavam a dar"

Contra factos não há argumentos. Soares morreu não amado e foi quase doloroso assistir ao seu funeral. A grandiloquência que acompanhou o seu funeral esbarrava na indiferença dos concidadãos. Muitos interrogavam-se sobre o seu papel precisamente aí, naquela zona cinzenta em que hipotecou a nossa soberania.Outros interesses mais altos se levantavam. Entretanto o que se viu foi o levantamento de outros interesses que não os do povo português. Foi de resto miserável a atitude da UE face ao nosso processo austeritário.

Mas cedo ou tarde as traições acabam por se pagar

Anónimo disse...

Jaime Santos acompanha teresa de sousa.

Quer que "os superiores interesses da nação sejam decididos por um punhado de pessoas verdadeiramente patriotas" Ainda ninguém nos consultou sobre nada. Quererá provavelmente que o futuro exército europeu se encarregue de eliminar todos os traidores.Os traidores à causa da UE e do federalismo europeu assente no direito do mais forte ao saque

Quer que "Portugal se torne uma província decadente de um continente dominado pela Alemanha. Agora sem ter precisado de usar armas".

Quer, como Teresa de Sousa "tornar a UE irreversível (à força), sob pretexto de que precisamos de um exército para enfrentar inimigos externos. Agora ou nunca".

Quer " um exército "comum" que, protegido pela legalidade dos tratados - mas sem a legitimidade que só pode ser dada pelos portugueses a quem nada se perguntou expressamente - possa intervir também no interior da Europa, sob comando de um Estado-Maior desenhado pela Alemanha e de cujo controlo não vai prescindir através da nomeação da sua quota de generais e da institucionalização das missões e formas de intervenção. O BCE foi feito à imagem e semelhança do Bundesbank. O exército da UE será constituído da mesma forma"

Quer que os portugueses sejam postos às ordens das botifarras alemãs que assim vêem cumprido o seu velho sonho de dominação da Europa sem gastar um tiro.

Quer enfim que não possam surgir vozes discordantes na Europa a contestar a sua trajectória e os seus fins. Os credores e os agiotas têm que ter umas forças armadas adequadas para vigiar e agir em função dos seus interesses.

(O dinheiro gasto em armamento não pára. A sua indústria é uma mina para países como a Alemanha)

Teresa de sousa, Jaime Santos querem que o dinheiro dos portugueses, para além do pagamento duma dívida que foi em grande parte gerada pelos que dela se beneficiam, sirva para pagar uma máquina militar posta ao serviço de potências alheias. Pagar as fardas, tropas, material, armamento, casamatas, medalhas, exercícios militares, fortes, fortalezas, discursos, comezainas e cimeiras.

É de facto de traição que se fala.