domingo, 26 de novembro de 2017

O pedregulho

O debate organizado pela Universidade de Aveiro, a propósito dos dois anos do Governo, em que cidadãos escolhidos fizeram perguntas ao Governo, se não foi muito excitante como programa, revelou alguns aspectos interessantes e dramáticos.

O emprego, a saúde e, mais longe, muito mais longe, os incêndios e a segurança, foram os temas que concentraram as questões. Mas sobretudo foi o problema de se ser demasiado velho para "o mercado de emprego" e demasiado novo para se reformar; foi o problema dos desencorajados; foi o problema de quem não estuda, não trabalha e não recebe formação; dos recibos verdes, dos baixos salários, como impedir a emigração, das progressões nas carreiras, etc.

Isto dá um pouco a ideia do enviesamento de certas agendas críticas à actuação do Governo, nomeadamente como a do presidente da República e dos partidos da oposição. E até dos programas e comentadores televisivos que nem pegaram nestes temas para comentar o programa. Veja-se a entrevista de hoje no Público ao secretário de Estado Pedro Nuno Santos e procure-se a importância que foi dado ao tema, mesmo estando a assistir-se na comunicação social a mais uma vaga de despedimentos - Cofina e Impresa (Visão, Expresso, eventualmente SIC).

Mas depois, as respostas dadas pelo governo demonstram precisamente que esse dossier está longe das atenções oficiais e que foi adiado para 2019. "Não estava nos nossos planos mexer aí", é o pensamento do Governo.

R: Em matéria laboral, há muita coisa ainda para fazer, não tem de ser feito tudo agora, nesta legislatura. Há muito para fazer na negociação colectiva...
P: Nas indemnizações por despedimento...
R: Não vou dizer nada em concreto porque iria estar aqui a abrir um tópico de discussão para o qual não há interesse. Agora a precariedade é importante para este Governo, começámos no Estado e esse combate continua no privado. Isto preocupa-nos. Na matéria laboral há diferenças, estamos a trabalhar sobre elas,
Para tudo, o primeiro-ministro respondeu com o desajustamento existente entre a oferta e a procura de emprego de que se queixam os empresários, com a necessidade urgente de mais formação profissional - em linha com os fundos comunitários que aí vêm... -, com o estafado chavão de que vamos ter de ter mais profissões ao longo da nossa vida activa, até com a defesa da educação em programação digital nas nossas escolas. O ministro do Trabalho, com respostas mais consistentes e ideias mais estruturadas sobre o emprego, foi tentando responder na ausência de uma estratégia. Mas até respondeu à questão "Sou demasiado velha para ter emprego e demasiado nova para me reformar, tenho formação e não me dão trabalho", aconselhando que não se desista, que aposta na formação, e dizendo que a falta de natalidade tem feito com que o escalão etário com mais de 45 anos esteja a crescer no emprego criado, o que é visto como um indicador de que as empresas estão de novo a contratar pessoal experiente.

Ficou, pois, patente a ausência de respostas do governo para esta realidade, além de tiradas gerais, ideias importadas internacionalmente, do pouco pensamento próprio sobre o que se deveria fazer de mais eficaz.

E, no entanto, esta é a área essencial na vida dos portugueses e que urge atacar.

23 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, fala -se muito dos empregos do futuro mas pouco do desemprego do presente.

António Pedro Pereira disse...

Caro João Ramos de Almeida:
Aceitemos como bom tudo o que diz sobre a ausência de estratégia, de pensamento mesmo, do Governo em relação ao desemprego, em especial dessas faixas que refere, em torno dos 45 anos.
Por exemplo, no jornalismo, a avaliar por quem compra informação em papel (jornais e revistas, ou mesmo esses objectos informativos em formatos digitais), que é cada vez menos face às novas formas de trocar informações (que não são jornalismo mas satisfazem as necessidades de muitas pessoas), que fazer?
Criar jornais do Estado? Empregar jornalistas artificialmente?
Qual a estratégia que preconiza?
Criticar é pouco, os cidadãos têm de emitir opinião.
Não acha que o actual desemprego decorre da profunda transformação que o mundo sofre com a globalização, a informatização, etc., talvez a mais profunda e de consequências globais mais abrangentes de que há memória?
Se for ver a China,o Vietname,o Bangladesh, acha que lá o desemprego está a aumentar?
Quando os portugueses criaram a rotas marítimas para as especiarias do Oriente, nos séculos XV e XVI, as cidades entreposto italianas de Génova, Pisa e Veneza, perderam ou ganharam?

Paulo Marques disse...

Sem planos para o pleno emprego, o resto da economia vai patinando a mascarar os problemas, mas continuam lá. Esperemos que os eleitores percebam o que vale os partidos sérios para o seu próprio futuro.

Anónimo disse...

É imperioso alterar as medidas de ataque aos direitos da governação PSD/CDS. Recuperar a contratação colectiva; alterar as medidas de desregulação dos horários de trabalho; elevação geral dos salários mais baixos, a começar pelo salário mínimo.


Anónimo disse...

Eu creio que um bom começo seria uma maior transparência no recrutamento. Receio que os poucos empregos que existem para os mais de 45 anos sejam preenchidos por amigos dos amigos, o que aumenta o sentimento de exclusão, e inibe a vontade de formação. Paralelamente seria necessário incentivar o trabalho voluntário, de modo a que a experiência dos mais velhos pudesse ser aproveitada, por exemplo nas escolas. Não há no entanto que ter ilusões: haverá cada vez menos trabalho. E isso vai atingir todos, os mais e os menos qualificados. O crescimento económico será cada vez mais uma resposta insuficiente para a questão do trabalho. Quem tem solução para isso? Não há como fugir à ideia de decadência, pelo menos desse modelo.

Anónimo disse...

António Costa tem de patrocinar uma nova síntese entre o PS o BE e o PCP. De contrário BE e sobretudo PCP imporão uma agenda a que o governo não poderá responder, e nessa altura o PS vai reencontrar a sua outra margem, que é a de propor uma política praticamente igual à da direita, sofrendo então o destino comum a todos os partidos sociais-democratas. É preciso que os três partidos entendam que pode haver reformas importantes que não tenham forçosamente a ver com aumentos diretos de salários, e oneração do orçamento do Estado. Para isso é preciso pensamento e criatividade.

Jose disse...


Há questões que são um verdadeiro contra-senso.
A facilidade em empregar varia na razão directa da facilidade em despedir, como é óbvio.
E se falo em facilidade em despedir nem me refiro a impedimentos legais; a carga emocional que se constrói à volta da cessação de uma relação laboral vai no sentido do constrangimento do empregador e da depressão ou revolta do trabalhador.
Um drama de fim-de-mundo que a todos condiciona e que tem um só resultado: menos emprego e pior, quase nenhum emprego para quem não tem 'uma vida pela frente'.
Estranhamente, quando o Estado é chamado para acudir a todo o mal no mundo, nada se faz para que a assistência no desemprego seja usada ou potenciada para reduzir este tão proclamado drama, pelo que o muito que o Estado já faz é geralmemte silenciado ou diminuído.
Bem pelo contrário, a histeria ideológica sempre proclama os dramas do desemprego, e do papel do Estado dá sobretudo relevo à segurança e direitos associados ao emprego público.

A comunada e o seu paraíso estatizado a tanto relevam no abrilesco estado deste misero país!

Anónimo disse...

É acabar com este modelo de sociedade

Monteiro disse...

Com tão bons jornalistas que dizem que vão ficar no desemprego porque não fazem uma empresa jornalística boa e de esquerda? Tem é de saber a Esquerda.

maria disse...

CRIATIVIDADE?!?!
Redução do horário de trabalho.
Voluntariado "à força"?, retira postos de trabalho.
Tecnologia a pagar imposto, p.ex.: portagens sem portageiros, paga para ss; gasolineiras sem gasolineiros, paga para ss. hipermercados sem operadores de caixa, paga ss.

Não é na Finlândia e noutros paises europeus que se estuda a possibilidade de haver um rendimento minimo garantido para toda a população???
E não é na Finlândia que se estudam novas formas de ensino?? nomeadamente o ensino na "rua" (visitas de estudo a todo o território nacional e a descoberta do País onde se vive, onde se trabalha e onde é possivel ser feliz, p.ex.).

CRIATIVIDADE????

OUTRA SOCIEDADE É POSSIVEL!!!

Anónimo disse...

Não é que venha completamente a propósito do post, mas esta noticia ( https://www.dn.pt/sociedade/interior/60-milhoes-de-euros-em-2018--para-proteger-o-litoral-8945708.html ) ilustra bem em que medida a invocação das "alterações climáticas" está a servir para colocar o erário público a pagar interesses privados.

MRocha

Luís Lavoura disse...

Ainda neste sábado vinha no Expresso o grande problema que o turismo enfrenta, que é a falta de mão-de-obra com formação.
É claro que pessoas com 50 anos de idade não são demasiado velhas para trabalhar e, de facto, podem ir trabalhar no setor do turismo. Mas para isso precisam de ter formação - não se sai de uma fábrica têxtil pronta para ir aspirar quartos e fazer camas.
Mas há um desajustamento no mercado de trabalho. Há pessoas sem fábricas têxteis onde trabalhar, mas há falta de mão-de-obra no turismo.

Anónimo disse...

Ao ler as diversas opiniões, dá-me a sensação que o PS o PSD/CDS, e até o PCP e BE, não tem culpas!? E já não vou falar nas confederações patronais e sindicais, nem na entrada para UE e mais tarde , obrigados a levar com a Marco (Euro)!
Mas onde andam os responsáveis? Imigraram? Não... Continuam andar por ai, a espalhar as noticias de que tudo isto esta a (vai) ser resolvido... Mas não está (não vai ser)...! Vamos ficar cada vez mais pobres , na miséria , no desemprego , e com os salários mais baixos da Europa(e provavelmente da Ásia ).
Pergunto eu? Já foram presos os responsáveis? Não!
Então temos que mudar as nossas atitudes, para com esta gente que nos tem desgovernado...
Todos nós somos corresponsáveis , porque deixamos andar sem que víssemos que estávamos a ser enganados e bem enganados...
E não digo mais nada, porque posso ser multado ou preso, como foi o caso da investigadora Maria de Lurdes Rodrigues, que se encontra presa há um ano na prisão de tires, por ter tido a coragem de dizer umas tantas verdades....
A maioria dos jornalistas nem se quer, querem ouvir falar, do que se passou, com medo de perderem o seu emprego....
Por uma Imprensa Livre e Democrática!

Anónimo disse...

"A comunada e o seu paraíso estatizado a tanto relevam no abrilesco estado deste misero país!"

Eis o auto-retrato a grosso, grosseiro, besta, bestial de alguém que não contente ainda com esta frase de traste, ainda investe contra os "dramas do desemprego"dessa forma aí em cima revelada

Personagem com um ódio particular a Abril, afirmando no presente o país como miserável (mas elogiando Salazar e seus muchachos quando o país era muito mais miserável), com odes aos por si considerados "viva la Muerte românticos", abraça uma outra luta em prol dos que exploram sem escrúpulos, quais autênticos vampiros.

Foi perito patronal para a área do trabalho.Foi,é consultor financeiro. Provável que apresente este cardápio no seu curriculum porque esta coisa da finança é a pérola da trampa do modelo de sociedade que defende.

E sempre que lhe apareça na frente qualquer matéria dita laboral, salta desta forma grotesca manifestando a verdadeira carga emocional que acomete os patrões quando lhe falam noutra coisa que não seja o aumento da sua taxa de lucro.

Sobretudo quando se abordam de forma séria e frontal as questões do emprego, dos salários dos que trabalham, dos direitos de quem trabalha

Rui disse...

Não entendo como é possível com:
1) partidos de esquerda (?) na coligação,
2) com o direito ao trabalho consagrado na constituição da República Portuguesa;
3) taxas de desemprego historicamente elevadas (apesar de terem vindo a descer)

não existir na discussão política portuguesa proponentes de um Programa Nacional de emprego Mínimo garantido. Acho que faria todo o sentido pelo menos que se falasse dessa possibilidade. Obviamente que exisitiriam múltiplas propostas e variantes para a sua implementação mas todo e qualquer Português que assim o desejasse deveria ter acesso a um emprego. Inclusive é um direito constitucional, contudo é completamente ignorado.
Do meu ponto de vista um emprego mínimo garantido deveria ser durante 2 ou 3 dias por semana, de forma a permitir a procura ativa de emprego. Talvez 2 dias por semana em que o cidadão receberia 2/5 do valor do salário mínimo ou mesmo menos. Obviamente que isto implicaria sacrifícios financeiros noutras áreas mas quanto a mim um programa desta natureza faria muito mais sentido do que outros apoios sociais que agora existem e que não promovem a integração ativa do indivíduo, nem permitem o acesso ao trabalho.




Anónimo disse...

"A comunada e o seu paraíso estatizado a tanto relevam no abrilesco estado deste misero país!"

Esse aí nunca deve ter saído debaixo das saias da mãe. Se ele tivesse andado um pouco por aí, saberia com as coisas se passam nos demais países, com ou sem comunistas, com a China a puxar a economia mundial, sindicatos nos conselhos de administração das empresas na Alemanha. Para ele as empresas públicas só são boas se foram estrangeiras, como por exemplo a EDF da França a investir na Inglaterra etc. Já a nossa Portugal Telecom melhorou muito depois de privatizada, entre o gripo ES e a Altice, uns primores. Portugal e os portugueses não são piores nem melhores que os outros. Os problemas da civilização são cada vez mais os mesmos em qualquer lugar e o ódio não ajuda a resolvê-los. Já o conhecimento, esse ajuda um pouco.

Anónimo disse...

Em resposta ao que nos "brindou", com:"A comunada e o seu paraíso estatizado a tanto relevam no abrilesco estado deste misero país!". Caro(a) (podia dizer o mesmo, aos salazaristas),esse tipo de filosofia já não convence ninguém, a não ser, à queles que tem tido tudo, sem ter mexido uma palha, e muitos deles, continuam a viver às custa do orçamentos... nunca foi o meu caso , nem de muitos portugueses, que continuam a viver, na miséria, e na fome, no desprego e nos baixos salários...
Por fim: De uma volta por Lisboa, Porto, e não só, onde todas as noites (grupos de cidadãos) dão de comer aos sem-abrigo.
E outros pobres, deste Portugal "Democrático", desloque-se, aos centros (Bancos de alimentos), a solicitar, a sua única refeição, que cada vez são mais, e mais, e mais... No tempo do ditador Salazar e Caetanos, tb tinhas centro de "apoio", mas esses era ÀS ESCONDIDAS... E fico POR AQUI...
Pela Liberdade de Expressão!

Jose disse...

O politicamente correcto faz-se não de ideias mas de palavras-chave.
O uso e consumo de chavões está tão difundido que começo a crer que a leitura se faz à procura da frase e não da ideia.
A questão agrava-se quando encontrada a frase logo lhe junta, não uma ideia, mas nada menos que toda uma filosofia!!!

Anónimo disse...

Mas que nulidade pseudo-intelectual é esta?

O politicamente correcto, mais a não ideia e as palavras-chave. A que se juntam os chavões e o começo da crença na frase que não na ideia. Para se culminar na frase que não na ideia mais toda uma filosofia.

Toda esta vacuidade idiota para tentar esconder o que de facto está por trás de coisas assim vomitadas:

"A comunada e o seu paraíso estatizado a tanto relevam no abrilesco estado deste misero país!"

(Ao melhor estilo dum qualquer borrabotas do regime de antanho, apanhado com as calças na mão, e que agora tenta cobardemente tapar a porcaria que expeliu)

Jose disse...

"A comunada e o seu paraíso estatizado a tanto relevam no abrilesco estado deste misero país!"
a histeria ideológica sempre proclama os dramas do desemprego, e do papel do Estado dá sobretudo relevo à segurança e direitos associados ao emprego público.

Esfalfam-se os candidatos a pastores para demonstrar aos que proclamam tadinhos como seriam tratados se os deixassem espoliar credores e concidadãos.
Uma opereta ridícula a terminar com pastores com cajado e sem orçamento a servirem tretas e pau.

Anónimo disse...

"A comunada e o seu paraíso estatizado a tanto relevam no abrilesco estado deste misero país!"

Apanhado, desmascarado, fora de si, o que faz jose?

Desbobina estas idiotices: O politicamente correcto, mais a não ideia e as palavras-chave. A que se juntam os chavões e o começo da crença na frase que não na ideia. Para se culminar na frase que não na ideia mais toda uma filosofia.

(Ao melhor estilo dum qualquer borrabotas do regime de antanho, apanhado com as calças na mão, tentando cobardemente tapar a porcaria que expeliu)

Mais uma vez apanhado,o que faz agora jose?

Volta atrás. Tenta limpar a porcaria cobarde que fez e montado porventura nalguma pileca de que tira prazer (é ele que o diz) investe de novo contra quem denuncia o drama do desemprego. Sem qualquer vergonha ou pudor. Mas faz mais: tenta lançar o privado contra o público, como vem em qualquer manual da sã gestão empresarial à boa maneira patronal. Esquecido estará dos berros e urros com que recebeu o aumento do salário mínimo e da defesa do corte salarial como medida de defesa do que de facto ele defende, a saber, o lucro e nada mais do que o lucro. Nessa altura não choramingava em defesa dos trabalhadores privados

O resto é um discurso entaramelado em que mistura lugares-comuns da sua horda ideológica com patetices idiotas de trazer por casa. Como estes: "
Esfalfam-se pastores para proclamar tadinhos os credores e concidadãos numa opereta ridícula com mais pastores ainda por cima de cajado com tretas e com pau.

Este ziguezaguear constante, qual verdadeira pluma ao sabor do vento, a mostrar o seu desmesurado esforço sem ter a noção da sua própria figura é paradigmática que está a perder o pé

A equiparação dos seus amados credores ( quantas vezes verdadeiros agiotas) com concidadãos faz ainda realçar mais duas coisas: quer as suas pungentes tretas assim debitadas quer o sentido cómico da coisa

Jose disse...

Esfalfam-se ...

Anónimo disse...

Agora "esfalfam-se"?

Tudo o que se quiser mas tal qual uma pluma ao vento...

Faz falta por aí uma coluna vertebral