quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Este é o resultado da sua globalização

O centrão político - conservadores, liberais, social-democratas, trabalhistas - anda há mais de vinte anos a liberalizar os movimentos de capitais, a desregulamentar as actividades financeiras, a promover o "comércio livre", menorizando as consequências resdistributivas destas opções. Andaram a promover a ideia de que o mundo é mais bem gerido pela "mão invisível" dos mercados do que pelos poderes democraticamente eleitos. De que é que precisam mais para perceber que este é o resultado da sua globalização: que Marine Le Pen vença as presidenciais francesas?

15 comentários:

Anónimo disse...

Este é o resultado do vácuo que a esquerda criou ao se tornar neoliberal e a favorecer uma globalização que foi estruturada de forma a favorecer o Capitalista e a reprimir o Trabalhador.

A esquerda neoliberal olha com desdém para o Trabalhador, e agora aqueles que foram traídos vingam-se dessa esquerda decadente.

Esta esquerda é tão corrupta que até na eleição para eleger o candidato democrata houve conspiração e marosca, Wikileaks expôs a corrupção.
Podia ter sido a disputa entre um progressista Vs um bilionário narcisista, podia... Mas a Goldman Sachs não deixou!
Foi a disputa entre a corrupta milionária de Wallstreet Vs o bilionário narcisista.

Pelo menos agora não há mais fantoches de "esquerda" com um discurso hipócrita anti-Trabalhador, agora vão ter um bilionário a defender as causas da sua classe como líder supremo da nação, por isso, vejam lá se acordam de vez e começam a ser de esquerda e progressistas de verdade!

Jose disse...

A coisa vista de outro modo, para dizer o mesmo:

«Veem como a globalização sempre nos traz ao ponto donde nunca deveríamos ter partido?»

Se vier a ser o caso, há que dar o mérito à esquerda pelo seu esforço e forte contributo para uma tal desfecho.

Anónimo disse...

"«Veem como a globalização sempre nos traz ao ponto donde nunca deveríamos ter partido?»

Que absurda esta ilacção. Que idiota tal conclusão, parida sabe-se lá por que mecanismos dedutivos a raiar a mediocridade alarve.

A menos...

A menos que tal seja uma espécie de fuga ao comentário conciso, claro e acusador de Ricardo Paes Mamede:
"O centrão político - conservadores, liberais, social-democratas, trabalhistas - anda há mais de vinte anos a liberalizar os movimentos de capitais, a desregulamentar as actividades financeiras, a promover o "comércio livre", menorizando as consequências resdistributivas destas opções. Andaram a promover a ideia de que o mundo é mais bem gerido pela "mão invisível" dos mercados do que pelos poderes democraticamente eleitos".

Tocaram-lhe no ponto fraco. Os mercados, a liberalização económica e o Capital.
E ei-lo a dizer, destrambelhado, estas sandices

Anónimo disse...

Depois, com tempo e paciência, alguém ensine ao tipo das 18 e 58 que nunca se regressa ao mesmo ponto. Nem na política nem tão pouco na economia política, nem muito menos na vida

Porque a globalização,esta globalização conduziu-nos a um mundo pior, mais injusto, mais desigual, mais perigoso. Pelo que não voltámos a nenhum"mesmo ponto". É ver como vivem o tal 1% e como vivem os restantes 99%.

Mas também se percebe que um fanático amante da globalização neoliberal , com créditos firmados na pesporrência como travou debates sobre o tema, precise destas tretas como forma de esconder a realidade.

isso mesmo. Malabarismos a ver se passa o cheiro fétido trilhado por esse mesmo neoliberalismo "globalizador"

prc disse...

O facto é que vista do espaço a "globalização" reduziu drasticamente a pobreza extrema e as desigualdades entre os Países ricos e o 3º mundo. Não é irrelevante.

É verdade que afectou negativamente uma parte significativa das sociedades ocidentais - pelo efeito da relocalização industrial. Porém há outros factores como a tecnologia e automação que também penalizam partes significativas da classe média do 1° mundo.

Porém, da última vez que se criaram barreiras protecionistas anti-globalização no início donséculo XX, o resultado no médio prazo foi pior que mau!

E também nessa altura a diferença entre extrema-direita e extrema-esquerda se esfumou e arrasou o centrão.

E parece um pouco redutor que para combater a LePen se implemente antecipadamente aquilo que ela promete...

Jose disse...

prc disse, e disse bem.

Fê-lo naquele modo algo hipotético-problemático que é o máximo tolerado como contraditório pela esquerdalhada.
Um tom acima, e cair-lhe-iam em cima com o aparelho rotulatório, na máxima força.

Anónimo disse...

Detecta-se algum mal-estar da parte do das 13 e 04 pelo facto de não se rebater prc.

Para além desse mal-estar poder ser confundido com inveja ou com frustração também é sinal de alguma inquietação piegas.

E uma manifesta impotência

Anónimo disse...

A globalização conduziu-nos a uma deterioração do nosso nível de vida, aumentou o desemprego, aumentou a nossa divida, diminuiu a nossa independência, fez diminuir a natalidade. trouxe mais concorrência e mais pobreza, exigiu modelos de trabalho mais incómodos, aumentou a precariedade no trabalho, promoveu a perda de direitos e de garantias.
E ela é louvada por quem? Pelos que foram privilegiados com a dita globalização e que afinal não passam duns mal agradecidos ou por aqueles que ficam a cada dia mais ricos graças à globalização? E que são cada vez mais ricos e cada vez em menor número?

Anónimo disse...

As afirmações têm que se provadas.Mesmo que sob a capa obstrusa de extra-terrestre.

Pelo que a afirmação de que o "resultado no médio prazo foi pior que mau!" é apenas uma afirmação redonda e sem sentido.

O que é essa história do "pior que mau"? A que médio prazo se refere?
Porque motivo a afirmação do "pior que mau" foi a resultante directa das "barreiras protecionistas anti-globalização:"?

Mas a estoria redutora contada do ponto de vista extra-terrestre continua :
"nessa altura a diferença entre extrema-direita e extrema-esquerda se esfumou e arrasou o centrão."
Arrasou? Esfumou? Tem a certeza?

Anónimo disse...

Também não pode deixar de reparo esta misteriopsa frase:
"E parece um pouco redutor que para combater a LePen se implemente antecipadamente aquilo que ela promete..."

Quem diz tal?

O que se quer dizer com tal?

Que espécie de manipulaçãozinha sem sentido atravessa esta afirmação?

Anónimo disse...

"O facto é que vista do espaço a "globalização" reduziu drasticamente a pobreza extrema e as desigualdades entre os Países ricos e o 3º mundo. Não é irrelevante."

Demos a palavra a Prabhat Patnaik:

"A globalização foi anunciada como sendo benéfica para todos, como se fosse um grande passo rumo à melhoria econômica universal. Isto era evidentemente errado e não foram apenas economistas de esquerda que o disseram, mesmo economistas "convencionais" ("mainstream") como Paulo Samuelson disseram isso desde o princípio. A razão para o dizerem era simples: se o regime econômico do mundo permitisse importações livres de bens chineses ou indianos para os EUA, então isto teria necessariamente de prejudicar os salários reais dos trabalhadores americanos, porque estes desfrutando salários muito mais altos estariam então a competir, em seu próprio prejuízo, contra os trabalhadores de baixos salários chineses ou indianos. Portanto o facto de que a globalização necessariamente prejudicaria os trabalhadores nos EUA e em outros países avançados era óbvia para eles, na verdade para todos, de onde também se seguia que ela possivelmente não podia beneficiar todos os segmentos do povo trabalhador do mundo. Mas, de acordo com este argumento, acreditava-se geralmente que a globalização beneficiaria os trabalhadores em países como a China e a Índia, que são países de baixos salários do terceiro mundo".

Anónimo disse...

"Apresentando este argumento de modo diferente, uma vez que o livre movimento de bens e capital através do mundo aumenta a competição entre trabalhadores dos diferentes países, haveria alguma tendência rumo a um apagamento das diferenças salariais entre estes países. E ainda que isto significasse algum aumento nos salários reais dos trabalhadores do terceiro mundo, significaria também uma redução nos salários reais dos trabalhadores metropolitanos.
Mas de acordo com este argumento, possivelmente não se podia piorar as condições do povo trabalhador em ambas as partes do mundo.

Isto, no entanto, é precisamente o que tem acontecido. A globalização certamente piorou as condições dos trabalhadores nos países metropolitanos, um fato recentemente destacado pelo economista Joseph Stiglitz. Quase 90 por cento dos americanos, o que significa quase toda a população trabalhadora daquele país, hoje tem rendimentos reais que estão muito pouco acima do que eram há um terço de século atrás. Hoje os salários mínimos dos trabalhadores americanos estão, em termos reais, pouco acima do que eram há 60 anos atrás. Uma vez que houve algumas melhorias nestas magnitudes na primeira parte destes anos, o que isto significa é que houve uma deterioração no período mais recente, o que coincide com o auge da globalização.

Estatísticas ainda mais impressionantes descrevem o declínio drástico da expectativa de vida entre homens americanos brancos nos anos recentes, um declínio que recorda a queda drástica da expectativa de vida que se verificou na Rússia após o colapso da União Soviética. Um declínio da expectativa de vida, quando não há qualquer epidemia óbvia, é um assunto muito grave. E descobrir um tal declínio no mais avançado país capitalista do mundo testemunha o assalto aos meios de vida do povo trabalhador que a globalização provocou.

Uma história muito semelhante pode ser contada acerca de outros países capitalistas avançados. Sustenta-se habitualmente que os EUA são uma das economias com mais êxito, a primeira sede dos booms dos anos 90 e da primeira década do século actual, originadas respectivamente pelas bolhas "dotcom" e "habitacional", e também a economia que aparentemente está a ver um ressuscitar após o colapso da bolha habitacional. Considerando isto, o facto de que a população trabalhadora naquele país esteja a enfrentar tais dificuldades é extremamente significativo. No Reino Unido, nestes últimos anos houve uma queda drástica nos salários reais dos trabalhadores. Não é de admirar portanto que o descontentamento com a globalização seja generalizado entre os trabalhadores das economias metropolitanas, os quais, uma vez que até agora a esquerda não tomou adequado conhecimento disto, estão a ser explorados pela direita. Fenómenos como a votação do "Brexit" e a emergência de Donald Trump são explicáveis a esta luz".

Anónimo disse...

" No entanto, o que é inexplicável na argumentação que estamos a discutir é o fato de que o povo trabalhador está em pior estado mesmo numa grande faixa dos países de baixo salário do terceiro mundo, dos quais a Índia é um exemplo excelente. A mais irrefutável evidência disto vem de dados de consumo alimentar. Tomando o inquérito do NSS para os anos 1993-94 e 2009-10, os quais correspondem em termos gerais ao período de políticas neoliberais associadas à globalização, as percentagens do total da população rural com uma ingestão de calorias abaixo das 2.200 por pessoa por dia (a "referência" para definir pobreza rural) nestas duas datas foram 58,5% e 76% respectivamente. As percentagens da população urbana abaixo das 2.100 calorias por pessoa por dia (a "referência" para definir pobreza urbana) nestas duas datas foram 57% e 73% respectivamente.

Tão gritante foi este aumento, especialmente durante um período em que se supunha que a Índia estivesse a experimentar taxas de crescimento do PIB sem precedentes, que o governo ordenou um novo inquérito do NSS para o ano 2011-12, o qual foi um ano de grande colheita, com base em que os números da ingestão de calorias de 2009-10, um fraco ano agrícola, haviam sido excepcionalmente baixos devido às fracas colheitas. Quando este inquérito foi completado, os números que ele vomitou, embora sem dúvida melhores do que 2009-10 havia indicado, ainda mostravam um notável aumento nas percentagens de população abaixo destas normas de calorias durante o período da globalização: para a população rural a percentagem foi 68 (a comparar com 58,5% de 1993-94) e para a população urbana foi de 65% (a comparar com os 57% de 1993-94). Tanto a ingestão per capita de calorias como a de proteínas da população mostram declínio durante este período.

Procurou-se explicar este aumento da deficiência nutricional de vários modos, incluindo a sugestão de ser indicação de que o povo estava a ficar numa situação melhor e a diversificar o seu consumo afastando-se da alimentação em direção a outras coisas como educação e cuidados de saúde. Mas estas explicações eram claramente espúrias: por toda a parte do mundo, quando rendimentos reais aumentam o povo consome maiores quantidades de cereais direta e indiretamente (na forma de alimentos processados e produtos animais em cuja produção os cereais entram como rações). Assim, a descoberta de que na Índia havia um declínio real na absorção de cereais para todas as utilizações e portanto declínio tanto na ingestão de calorias como de proteínas durante o período da globalização indicava claramente que os rendimentos reais dos trabalhadores, depois de considerar a inflação, especialmente a ascensão de preços que acompanha a privatização de serviços essenciais como educação e cuidados de saúde, estavam em média a declinar ao invés de aumentar em termos per capita. Por outras palavras, um fenômeno semelhante àquele dos países capitalistas avançados também estava a verificar-se na Índia e em vários outros países do terceiro mundo, o que contraria a argumentação apresentada acima. Na verdade contraria tanto que poucos mesmo acreditam ser verdadeira. Como explicar isto?"

Anónimo disse...

" A argumentação apresentada acima assumia basicamente que a essência da globalização consistia na comutação de atividade dos países avançados para economias do terceiro mundo e que uma tal comutação basicamente esgotaria as reservas de trabalho do terceiro mundo, levando a uma ascensão salarial. O que é esquecido é que a globalização também tem outros efeitos, incluindo acima de tudo um esmagamento da pequena produção pelo setor capitalista. O resultado é que muitos pequenos produtores abandonam suas ocupações tradicionais para migrarem para as cidades em busca de emprego, o que incha o total do exército de trabalho para o capitalismo. Esta migração, juntamente com aumento natural da força de trabalho, não pode ser absorvida dentro do exército de trabalho ativo, porque políticas neoliberais associadas à globalização também levam a uma remoção de todas as restrições sobre o ritmo da mudança estrutural e tecnológica, a qual aumenta o ritmo do crescimento da produtividade do trabalho a expensas do crescimento do emprego.

Desenvolve-se um círculo vicioso aqui. Na medida em que incham as reservas de trabalho em relação à força de trabalho, isto leva a uma estagnação ou mesmo ao declínio da taxa salarial média real (e certamente a um declínio dos rendimentos reais dos trabalhadores, os quais equivalem à taxa salarial real diárias multiplicada pelo número de dias de emprego). A estagnação ou declínio dos salários reais numa situação de ascensão da produtividade do trabalho resulta numa ascensão da fatia de excedente no produto. Uma vez que o excedente, mesmo que assumamos ser plenamente realizado (isto é, que não há problemas de procura agregada deficiente), é tipicamente gastos em commodities as quais são menos geradoras de emprego interno do que aquelas nos quais são gastos rendimentos salariais, tal comutação de salários para excedente tem um efeito ulterior de contração do emprego e, portanto, contribui ainda mais para uma ascensão da dimensão relativa das reservas de trabalho e para ainda mais comutação de salários para excedente; e assim por diante.

Este círculo vicioso, que se agrava ainda mais quando se verifica uma crise (porque as reservas de trabalho em relação à força de trabalho então incham ainda mais), implica que o efeito da globalização em acentuar a pobreza absoluta visita os trabalhadores também em economias do terceiro mundo e não está confinado apenas a trabalhadores metropolitanos tal como economistas liberais como Samuelson imaginaram"



Anónimo disse...

Como uma conhecida feminista (não pertencente à 3ª vaga, obviamente)disse, a "esquerda" (não confundir com a esquerda) tem andado a mudar os móveis à casa enquanto a casa é consumida pelas chamas. A nível do pensamento económico, a "esquerda" engoliu o isco da desregulação neoliberalista: papou o isco, o anzol, a linha, a cana e, se mais houvera para papar, mais papara...
Politicamente, a "esquerda" apostou na revolução dos costumes sem se dar conta que, nesse campo, foi vítima de um roubo colossal por parte do reacionário aparelho neoliberal: a essa "esquerda" foi deixada a histérica ação de rua e o policiamento politicamente correto das mentes e dos discursos enquanto as Hillary deste mundo se puseram a jeito para contabilizar nas urnas os votos "gay", lésbico, feminista, transgénero (e etc., e etc., e etc...).
O que ficou? O que ficou foi uma multidão colossal de gente que não tem pão nem trabalho, um mundo de seres humanos que não têm outra visão do futuro que não seja a de ver os seus filhos e filhas morrerem em guerras "humanitárias" enquanto os filhos e filhas da gente bem e bem pensante se batem corajosamente pelo direito de senhores se transformarem em "senhoras" e de senhoras se transformarem em "senhores". O que ficou foi uma mole gigantesca de desapossados que ninguém representa e que se preocupa com coisas tão pouco importantes como a forma de matar a fome aos filhos e o como há de pagar as contas no fim do mês. O que ficou foi a imensidão humana que outrora se chamou de "o proletariado". As Marine Le Pen deste mundo agradecerão, certamente, os oceanos de desesperados que lhes são atirados para o político regaço...