O regresso aos mercados não assinala o fim da intervenção da
troika em Portugal? Confuso? Não é para menos. É nesta confusão que o
Governo joga as suas fichas. Portugal prepara-se para regressar ao
financiamento dos mercados através de uma emissão de obrigações a cinco anos. O
Estado recapitalizou a banca nacional com o empréstimo da troika, com o
compromisso, explícito no caso do Banif, de a banca comprar dívida pública portuguesa.
É portanto provável que seja a banca portuguesa a ficar com o grosso da emissão
agora anunciada.
Que importa que seja a banca portuguesa a comprar? O que interessa é livrar-nos do financiamento e da austeridade da troika. Aliás, é excelente para a nossa economia que se dê uma substituição dos credores estrangeiros por domésticos (o serviço da dívida deixa de ser uma sangria de rendimento para o exterior). Pois. No entanto, se a banca portuguesa pode substituir os agentes estrangeiros em algumas emissões, duvido que tenha arcaboiço para aguentar o exigente calendário de obrigações a refinanciar nos próximos três anos, mesmo com as facilidades de liquidez do BCE. Aparentemente, não sou o único a duvidar se tivermos em conta a extensão das maturidades do financiamento europeu também hoje anunciada.
Mas então isto não passa de uma vã manobra de diversão para enganar os mercados financeiros? Também não. O que o governo português consegue com esta jogada é obedecer a uma das condições fixadas pelo BCE para as operações de compra de dívida comunicada em Setembro. O BCE só compra títulos de dívida pública de um determinado país se este tiver efectivo acesso aos mercados. Ora, é exactamente isso que Portugal poderá agora apresentar em Frankfurt. Posto de forma muito simples, com o apoio do BCE, a banca portuguesa poderá comprar dívida, vendê-la ao BCE e em seguida comprar mais dívida ao Estado.
Portugal continuará a estar dependente de financiamento oficial, desta feita de um dos elementos da troika, mas agora não haverá memorando nenhum a cumprir. Teremos financiamento sem austeridade? Não. As operações anunciadas pelo BCE estabelecem explicitamente condicionalidade aos países “ajudados”, no quadro do FEEF e do FMI. Trocado por miúdos, teremos novo financiamento associado a nova austeridade desenhada pela troika. Bem-vindos ao segundo resgate.
Que importa que seja a banca portuguesa a comprar? O que interessa é livrar-nos do financiamento e da austeridade da troika. Aliás, é excelente para a nossa economia que se dê uma substituição dos credores estrangeiros por domésticos (o serviço da dívida deixa de ser uma sangria de rendimento para o exterior). Pois. No entanto, se a banca portuguesa pode substituir os agentes estrangeiros em algumas emissões, duvido que tenha arcaboiço para aguentar o exigente calendário de obrigações a refinanciar nos próximos três anos, mesmo com as facilidades de liquidez do BCE. Aparentemente, não sou o único a duvidar se tivermos em conta a extensão das maturidades do financiamento europeu também hoje anunciada.
Mas então isto não passa de uma vã manobra de diversão para enganar os mercados financeiros? Também não. O que o governo português consegue com esta jogada é obedecer a uma das condições fixadas pelo BCE para as operações de compra de dívida comunicada em Setembro. O BCE só compra títulos de dívida pública de um determinado país se este tiver efectivo acesso aos mercados. Ora, é exactamente isso que Portugal poderá agora apresentar em Frankfurt. Posto de forma muito simples, com o apoio do BCE, a banca portuguesa poderá comprar dívida, vendê-la ao BCE e em seguida comprar mais dívida ao Estado.
Portugal continuará a estar dependente de financiamento oficial, desta feita de um dos elementos da troika, mas agora não haverá memorando nenhum a cumprir. Teremos financiamento sem austeridade? Não. As operações anunciadas pelo BCE estabelecem explicitamente condicionalidade aos países “ajudados”, no quadro do FEEF e do FMI. Trocado por miúdos, teremos novo financiamento associado a nova austeridade desenhada pela troika. Bem-vindos ao segundo resgate.
24 comentários:
abre os olhos mula, que a carroça vai cega.
Se o problema do desenvolvimento económico do país fosse falta de credito, nos últimos 25 anos ter-nos íamos tornado numa grande potência económica.
Claro como uma água turva.
Boa análise, parabéns!
Embora deva ter no futuro o cuidado de colocar menos nas entrelinhas para ser mais acessível a quem não tem tantos conhecimentos.
Daí, o maior cego é o que não quer ver, anónimo ou não.
Este repentino regresso aos mercados, inesperadamente “já” em Janeiro de 2013, é a pretensa bóia de salvação que os troikanos lançaram a este governo em queda livre. E já apareceram os comentadores de serviço a tecer loas a Passos e Gaspar e a outros amigos do peito!
Simulacros, enquanto a Constituição é vilipendiada e a economia definha…
Será preciso "esmiuçar" esta iniciativa económica mas, as aldrabices
- destes GRANDES ALDRABÕES ! - têm o seu requinte, é no atirar de
areia para os olhos do... " melhor povo do mundo " !
Estão a entrar em casa... as consequências do OE 2013!
Estes artistas,são uns campeões da demagogia.
"É portanto provável que seja a banca portuguesa a ficar com o grosso da emissão agora anunciada."
por muito menos ja vi gente a atirar-se da ponte abaixo....
MAIORIA DA PROCURA DA EMISSAO ESTÁ A CHEGAR DO ESTRANGEIRO!!!!!
http://www.jornaldenegocios.pt/mercados/taxas_de_juro___credito/detalhe/maioria_da_procura_da_emissao_esta_a_vir_do_estrangeiro.html
Para todos os efeitos Portugal não voltou aos mercados.
Isto não passa de uma encenação do BCE e dos bancos nacionais.
Reality Check:
Investidores internacionais não compram dívida cotada como lixo.
Assim sendo, a dívida está a ser comprada pelos investidores nacionais.
Gaspar Fail.
Caro Anónimo,
1- convém não confundir a procura com quem vai de facto deter os títulos de dívida. A relação é de 4 para 1.
2- a notícia segue uma fonte anónima. se a banca portuguesa não tiver ficado com boa parte da dívida cá estarei para me "atirar da ponte"...
nuno
A fonte anónima deve ser o João Moreira Rato.
Enfim, ninguém acredita como é óbvio.
Caro Nuno,
Qual a ponte que tenciona escolher?
INVESTIDORES ESTRANGEIROS ABSORVEM 93% DA EMISSÃO.
http://economico.sapo.pt/noticias/portugal-regressa-ao-mercado-com-juro-de-4891_160947.html
João Veiga
Qual ponte? A verdade é que a grande parte da emissão foi tomada por investidores nacionais.
Grande derrota que o Gaspar sofreu.
Os investidores estrangeiros não compram dívida com rating de junk.
Temos pena mas não é assim que a realidade funciona.
Sorry Gaspar.
O João Veiga devia aprender a não acreditar nos press releases do IGCP.
Sinceramente,fazem desta treta dos mercados ,algo de excelente.na prática,só vamos vender a única coisa q já temos :dívida. Mas isso de vender dívida,agora passou a ser bom? Se for ,tamos ricos . Na verdade ,os ricos ,Nao tem dívida ,logo tão pobres pk Nao podem fazer está coisa boa q é vender dívida! Se calhar,fazem algo mau : compram dívida dos ricos q a vendem como nós. Acordem pf...quando Nao tem mais nada ,vendem dívida e fazem disso um êxito ,seja lá o exercício bancário q for preciso.na prática ,ficamos é com mais dívida ainda,mas c mais dinheiro para derreter nós bancos,q ,serão pagos novamente por todos nós.acordem .Nao vão em fintas
Muito boa gente por aqui deveria ter umas quantas aulas de Economia e... realidade!
A operação foi um sucesso e grande parte da dívida foi comprada por investidores americanos.
Abram os olhos.... !
Nós precisamos é de um novo Salazar, está visto.
A colocação de dívida foi maioritariamente colocada em investidores externos. a recapitalização do BANIF não servirá para comprar dívida pública em mercado primário, mas sim para resgatar as garantias emitidas pelo Estado.
Os mercados não acreditam em Portugal.
Os ratings continuam com a perspectiva negativa.
A emissão foi tomada por bancos nacionais.
O post das 10.27 é mentira seguida de mentira.
Espero que o Gaspar se esteja a atirar da ponte.
É que a emissão foi tudo menos um sucesso.
Se virmos a manifestação de intenções do BCE de compra de títulos de dívida com maturidade a inferior a três anos (yield curve):
Assim:
1. Países de "programa" terão que ter conseguido acesso pleno ao mercado. Ora, tal está posto de parte para a Grécia, porque o "programa" continua. E por cá também continuaria.. A Irlanda é a Irlanda, como a Islândia é a Islândia.
2. A jiga-joga do "credor/devedor/emprestador de último recurso" ainda está para ser provada, tanto à esquerda como à direita.
3. À "luz do seu mandato" o BCE quer, diz que vai, actuar na parte inferior da curva, porque "o mecanismo de transmissão" não está a chegar à periferia...
4. E depois: se geograficamente o "money" veio mais do USA e do UK, mas que diabo; porque esses não fazem operações com o BCE . E o mercado secundário nem sequer está assim tão líquido, mas que importa...(serão os "quantitative easing" locais?)
5. Aliás a "fé" do Gov. no "regresso ao mercado", seja lá qual for o múltiplo da procura face à oferta nesta "colocação" em particular não parece ela mesma plena, visto o pedido de extensão das maturidades. E agora: extende-se as maturidades dos resgates mais curtas e de juro mais alto; vejam lá; e vai-se a mercado financiar acima da nossa "taxa comportável" face a toda esta "carga" divinal.. de dívida.
6. Aquela Sec. Estado é uma parola da finança internacional. E aquele Sec. Estado é um activista do seu direito local.
7. Um currículo é um currículo, mas tem que se perguntar se o IGCP anda a gerir bem as suas finanças: pois aquele swap de dívida (já ninguém se lembra do reclame que causou) foi afinal um swap de diferença negativa (em valor) em face das yields geradas. E neste não "havia necessidade" o que se revela um cambalhota monumental.. pois é capital que vai ser preciso fazer girar [alguém quer arriscar um cabaz de moedas?].
My god.
"Os investidores estrangeiros não compram dívida com rating de junk."
"A emissão foi tomada por bancos nacionais."
Olhe que não, olhe que não...
http://www.ifre.com/hedge-funds-weigh-in-on-portugal/21064818.article
IsabelPS
Eu acho pelos Comentários anteriores que que são fetos por Pessoas com conhecimento previo, é experiencia extenciava dos Mercados Financeiros Internacionais, Os meus 20 Anos de experiencias No Maior mercado do Mundo(New York), e especialista em Dereved´s, Acho uma Injustiça o Texto, é tambem os comentarios, ao Exito irrevotavel do regresso aos Mercados Segundarios com emições de medio Prasso, é atribuir o mérito a todos Menos ao Governo é em Especial Ao POVO PORTUGUES, EM GERAL OS SACRIFICIOS DE 12, MILHÕES DE PESSOAS.
iSTO DE SEGUNDO RESGÁTE PELA SUA PALAVRA, MOSTRA A SUA Ignurancia que é o seu principal enemigo....VIA PORTUGAL
Posso dizer aqui os dados apresentados pelo IGCP não passam de uma farsa.
O regresso aos mercados não passou de uma encenação.
Mas nos mercados ninguém acredita em Portugal.
O haircut é algo que é inevitável e reconhecido pelo próprio FMI.
Desta maneira, não é muito seguro deter dívida portuguesa.
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