segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Paradoxos de uma economia financeirizada

O Público de hoje dá-nos conta da dificuldade que muitos cidadãos portugueses têm em aceder a serviços financeiros. São 243 mil famílias, na sua maioria pobres, sem conta bancária. Deve ser claro o quão essencial é ter uma conta bancária. Ela não é só um local seguro para guardar o nosso dinheiro, mas também um importante meio de pagamento de bens e serviços. As contas bancárias permitem uma melhor gestão do orçamento familiar e previnem os potenciais abusos de quem tem de recorrer a mecanismos informais.

Ao contrário do que o senso-comum pensa, a gestão financeira das famílias mais pobres é complexa e muitas vezes sofisticada. Como este livro, sobre quem ganha menos de dois dólares por dia, mostra, os instrumentos, mais ou menos informais, são múltiplos, mas quase sempre abusivos de quem está numa posição vulnerável. Na África do Sul, as famílias chegam a pagar (sim, pagar!) taxas de 40% ao ano sobre os seus depósitos.

Em Portugal não estaremos certamente perante tal cenário. Existe mesmo legislação vigente sobre serviços mínimos que estipula acertadamente coisas como: “A indisponibilidade de certos serviços financeiros e bancários, além de óbice ao rápido acesso ou mesmo entrave à obtenção de bens e serviços, muitas vezes de carácter essencial, é susceptível de consubstanciar factor de exclusão ou estigmatização social.” No entanto, não basta legislar e tornar estes serviços disponíveis. É necessário ir ao encontro de quem está excluído. Já que a banca privada tem pouco ou nenhum interesse em promover este serviço face às lucrativas e escondidas comissões que cobra na miríade de contas à ordem que oferecem (normalmente ligadas ao crédito), a Caixa Geral de Depósitos deveria comportar-se como banco público que é e ir ao encontro de quem precisa.


P.S.: Este livrinho também vale a pena para quem queira ter uma visão mais crítica do micro-crédito, geralmente anunciado como panaceia dos problemas de desenvolvimento.

3 comentários:

Anónimo disse...

Desculpem lá mas não percebi. Silvas Lopes, Ernanis Lopes, Vitores Constâncios, Antónius Borges e outros quejandos são uns crâneos que só visto.! Estes sim são grandes economistas(um deles até se está agora a fazer ao lugar de Vice-Presidente do BCE, é fartar vilanagem....).
Mas se estes fulanos são dos tais grandes e maiores economistas do país, desculpem lá mas eles não vêm um boi seja do que for a não ser do seu bolso e da sua reforma(ah pois...).
Gostava era de os ver a governar uma casa de familia, com um filho ou mais, em que marido e mulher apenas ganham o ordenado minimo nacional. Não duravam seis meses(e é muito).
De certeza que tais sabichões há muito estariam a pedir á porta do metro.
Façam a experiencia ó sabichões das dúzias.!
É pá, gostava mesmo de os ver a pedir á porta do metro ou da igreja.

Anónimo disse...

"Já que a banca privada tem pouco ou nenhum interesse em promover este serviço face às lucrativas e escondidas comissões que cobra na miríade de contas à ordem que oferecem"

Segundo o autor deste Post, os portugueses são um bando de estúpidos.. porque raio não investimos todas as nossas poupanças nas tão "lucrativas" acções da banca??

o velho populismo...

Carlos Albuquerque disse...

Caro anónimo

Os lucros da banca são todos passados para os accionistas na forma de dividendos ou valorização das acções?