Contudo, não deixava de ser um pouco estranho observarmos este aumento durante um período de crise económica. Normalmente, os sectores de investigação são os primeiros a sofrer com as flutuações da economia. A minha desconfiança cresceu quando vi a Caixa Geral de Depósitos como a segunda empresa que mais investe em I&D em Portugal. A Caixa não é conhecida pela suas unidades de investigação, por isso pareceu-me mais plausível que a sua despesa em I&D fosse sobretudo resultado da mera transferência contabilística dos investimentos em gestão de risco (com o qual o sector financeiro tem tão bem lidado...), de forma a aproveitar-se de potenciais benefícios fiscais.
Depois de olhar para evolução da despesa das empresas (gráfico abaixo, retirado daqui) e para evolução da legislação dos benefícios fiscais à I&D, percebi que o investimento das empresas está, de facto, sobretudo na criatividade contabilística. Olhando para o gráfico percebemos quando foram introduzidos os benefícios (1997). Mais. Observe-se o ano em que tais benefícios foram suspensos (2004) e depois a evolução com da sua reposição e reforço (2005). Crescimento exponencial em tempos de estagnação económica. Ou os benefícios fiscais têm uma influência inacreditável nas decisões de investimento em I&D ou as empresas andam brincar com o nosso dinheiro.
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5 comentários:
MAIS UMA PÉROLA DA POLÍTICA OCA DO Eng. SÓCRATES
Caro Nuno,
Este assunto é de facto digno da nossa maior indignação, contudo, para sua desilusão, não é provocada pelos "patrões gananciosos" num ambiente de "capitalismo selvagem".
Este números, ridículos, decorrem da manipulação escandalosa dos critérios para a aferição das actividades de I&D realizada por parte de "burocratas", pertencentes ao nosso estado gordo, intervencionista e paternalista.
Passo a contar a história: Os números apresentados decorrem de um inquérito ao qual as empresas respondem, o Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional - IPCTN. Este inquérito é organizado pelo Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais - GPEARI. O escândalo está no facto do GPEARI ter contratado um conjunto de empresas de ROC's, cujo objectivo era "sensibilizar" as empresas para os indicadores de investimento em I&D. Basicamente, caindo, em alguns casos, no ridículo de apelar ao patriotismo e à necessidade de pôr Portugal nos top´s europeus, encorajavam as empresas a colocar nesse indicador, grosso modo, todo o santo custo que não tivesse que ver directamente com produção. Em resumo, o governo, através de uma "subsidiária", andou basicamente, como é costume, a trabalhar para a estatística, atirando, de facto, areia para os olhos dos tugas.
Quanto aos benefícios fiscais nada têm que ver com estes valores. O Sistemas de Incentivos Fiscais à I&D Empresarial (SIFIDE), requer uma candidatura burocrática e exigente, a qual submete os projectos de I&D a uma rigorosa análise por técnicos especializados e é tutelado pela Agência da Inovação (AdI).
Espero ter sido elucidativo. Peço desculpa, porém, se frustrei as suas intenções de "malhar" no patronato.
Lendo o comentário do António Alves torna-se claro o quão tendenciosos, distorcidos e mal informados podem ser os posts deste blog.
nada que eu já não soubesse...
As questões partidárias dividem o país, não percebo que dificuldade intelectual leva pessoas que devem estar relativamente bem informadas a reconhecer o esforço notório que tem sido feito nos últimos anos para aumentar o I&D e actividades conexas.
Por exemplo, o aumento de doutorados e investigadores é um facto. Também se deve a políticas de contabilidade criativas? Ou vão dizer que se deve às Novas Oportunidades?
Please...
Anónimo,
acções como a que descrita no 1º comentário incluem-se naquilo a que designou como "esforço"?
Muito bem!
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